Capítulo 15
Assim que Thomas foi para o banheiro, fui na cozinha. Queria mais vodca.
Depois de pegar, fui para a área do lado de fora, onde havia uma piscina, um jardim bem grande em volta e algumas cadeiras. Precisava tomar um ar.
Não havia ninguém lá, porque estava bem frio, e todos ainda estavam dançando.
O vento frio da noite logo bateu no meu rosto e me refresquei, depois senti o frio me cortar ao pedaços. Percebi que estava sem minha jaqueta, tinha deixado no sofá quando fui dançar, estava apenas com minha blusa de flanela, que apesar de ser de manga comprida não esquentava muito. Mas tudo bem, eu achava a sensação agradável de certa forma, depois do abafamento da sala.
Queria fumar. Percebi que só tinha fumado hoje cedo na escola. A falta de nicotina no meu organismo já estava me causando dependência.
Fiquei parada olhando o céu, depois a piscina, depois o jardim. Eu me sentia anestesiada, lutava para me manter de pé, bambeava vez ou outra para um lado, e eu não sabia dizer porque a lua parecia tão interessante. Eu estava viajando.
-Ah! Você está ai! -Ouvi a voz de Thomas, e me virei para trás. -Estava te procurando.
-Estou aqui, tomando um ar.
Ele assentiu, e ficou ao meu lado.
Depois que o calor da música passou, o vento frio da noite indo e vindo e a sensação de ter Thomas tão perto de mim, e depois ele ter me escapado fez eu sentir murcha, cansada. Me sentei no chão, Thomas fez o mesmo.
- Aceita? -Thomas me ofereceu o cigarro, já aceso. Eu mal havia percebido que ele já tinha acendido.
Fiz que sim com a cabeça, mas não fiz menção de pegá-lo. Apenas joguei minha cabeça um pouco para trás. Estava muito cansada.
Então Thomas chegou mais perto de mim, e uma chama se acendeu, o calor estava voltando.
Sua mão foi para o meu pescoço, ele acariciou a região, do pescoço foi para a minha nuca, de lá ele entrelaçou os dedos nos meus cabelos. Fechei meu olhos, memorizei cada toque, soltei um suspiro.
Ele chegou perto do meu ouvido. Sussurrou para eu abrir meus lábios. Abri, de leve, senti a textura do cigarro na minha boca, traguei.
Tudo foi muito surreal. Sua mão continuava pousada no meu pescoço, então eu abri os olhos, e ele a tirou de lá devagar, meu peito se contorceu. Eu queria que continuasse lá.
O silêncio pairou, mas estávamos nos encarando, então Thomas bateu o cigarro no chão, o apagando. Depois olhou para mim, e pelo seu olhar, ele também estava sob o efeito do álcool, porém não tanto quanto eu.
-Vamos sair daqui? -Ele perguntou.
-Para onde? Tá louco?
- Sei lá, só estou afim de andar um pouco. -Disse, se deitando no chão e olhando para o céu. -Quantas horas são?
Peguei meu celular do bolso e assustei com o horário. Tudo passou tão rápido.
-Nossa! Já são 4:55h!
Então ele levantou em um pulo.
-É perfeito! Daqui meia hora o dia já deve estar amanhecendo. Vamos ver o nascer do sol comigo.
Era tão fofa a ideia dele que nem parei para pensar nas consequências.
Saímos da casa do Fruta. A festa ainda rolava solta, e ninguém ia sentir nossa falta por alguns minutos. Então fomos.
Caminhando na rua, ainda com a brisa fria soprando na gente, começamos a ver o céu clarear.
Então, Thomas começou a correr.
-Por que está correndo? -Gritei. -Onde estamos indo?
-Só vem. Conheço um lugar perfeito. -Então ele segurou minha mão, e começamos a correr num ritmo que eu aguentasse.
De repente estávamos perto de uma rodovia, indo em direção a um viaduto. Seguimos pela passarela.
O sol estava nascendo lá do alto, e tudo estava alinhado e parecia tão perfeito, lindo e surreal.
Eu e Thomas estávamos ofegantes, e rindo como loucos.
-É incrível! -Gritei. Apesar de não saber o porquê, já que estávamos sozinhos.
-Eu sei. -Disse ele sorrindo.
E a partir dos minutos seguintes as coisas começaram a ficar movimentadas. Ainda não havia pessoas na passarela, mas já começava a aparecer mais carros. Apesar de ser sábado, algumas pessoas trabalhavam e isso me deixou cansada e desanimada por elas.
E vendo todas aquelas pessoas, nos seus carros, indo para lá e para cá, fazendo sei lá o que, com problemas para resolver em sei lá aonde, me veio uma vontade de gritar.
Então sem pensar direito comecei a cantar Stressed Out, do Twenty One Pilots, meio que gritando, meio que tentando manter o ritmo. Thomas também me acompanhou. Então paramos, e por final Thomas gritou:
-WALK UP WORLD! YOU NEED TO MAKE MONEY!
Então eu também gritei, e nunca me senti tão leve na vida. Gritar para o nada às vezes pode ser revigorante.
E eu não sei como aconteceu. Em algum momento naquela passarela, no meio daquela rodovia, no meio do nada, meus olhos se encontraram com o de Thomas, e tudo pareceu se encaixar ali.
Com a trilha sonora de Twenty One Pilots na cabeça, fomos chegando mais perto um do outro, suas mãos estavam no meu pescoço, e ele hesitava, então eu fui em direção a ele. E nossos lábios se encontraram, quase como um choque. Meu corpo todo tremia, eu não sabia fazer minhas mãos pararem quietas no seus cabelos. E foi tudo tão estranho, porque era meu primeiro beijo, e apesar de todo o estardalhaço que eu já tinha feito por isso, eu estava feliz com ele. Era uma sensação diferente, meio esquisita, mas poderia me acostumar, ainda mais com Thomas. Sim, ele sabia o que estava fazendo. Eu sorri durante o beijo, ele também. Da minha nuca suas mãos passaram para minha cintura, e nossos corpos estavam colados, e se moviam com sincronia durante o beijo.
Não saberia dizer o tempo que ficamos ali, poderia ser segundos ou horas. E acabou tão repentinamente quanto começou, como um choque. Porém eu queria mais, precisava de mais. O seu beijo era como uma droga, e eu era dependente dela. Meu peito se contorcia de felicidade e desejo.
Estávamos ofegantes, olhando um para o outro, e agora havia tanta tensão sexual no ar que era sufocante.
-Acho melhor voltamos. Podem estar preocupados com a gente.
Assenti com a cabeça concordando, e seguimos o nosso caminho, sem falar nenhum palavra.
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