(Bernado na imagem acima)

    Mariana Narrando

Bernado olhava atentamente enquanto eu falava sobre tocar o Piano...

- Tenho uma coisa para te dizer Mariana.
—diz Bernado sério.

Aí meu coração.

- Pode dizer

- Você toca muito bem, eu gostei bastante de te ouvir e você tem talento Mariana.
—diz Bernado com um sorriso

- Você acha mesmo?

- Com certeza

- Nossa, obrigada, ouvir isso é... Muito importante pra mim mas espera, você não está bravo comigo?

- Não, está tudo bem, essa música que você cantou ela é cristã, uma das minhas favoritas.
—diz ele

- Minha também, quer dizer a Ânge me deu um CD cristão e eu me apaixonei nessa música, na verdade em todas.

- Ângela sendo Ângela. Mas você tem o sonho de viver da música?

- Sim, mas isso está bem longe de acontecer

- Não diga assim, isso pode ser difícil de alcançar mas não impossível, tudo que a gente quer com Fé conseguimos e com você não é diferente Mariana, e mais eu apoio você a seguir esse sonho.
—diz Bernado

Fiquei surpresa com o que ele disse, foi a primeira pessoa que me apoia no meu sonho de verdade.

- Muito obrigada Bernado, obrigada mesmo.

- Magina.
—ele sorri e nossos olhares se encontram

- Mas... me diz, por que você está aqui? Quer dizer acordado, eu te acordei?
—pergunto

- Não, eu já estava acordado, mas comecei a escutar o piano e uma voz linda cantando.
—diz Bernado ficando sem graça após perceber o que falou por último

- Aah entendi. Mas uma vez me desculpa ter tocado sem sua permissão

- Está tudo bem, você me trouxe uma boa recordação

- Que recordação?

- Já que adiamos nossa conversa o que você acha da gente conversar agora, pode ser no jardim?
—pergunta Bernado

- Pode sim.

Fomos até o Jardim e sentamos em um banco que tem ali, e o Bernado começa a falar.

- Bom, a recordação que você me trouxe foi da minha avó, ela amava tocar piano e ela sempre tocava para a gente...

- Desculpa atrapalhar mas quem é a "gente"?

- Eu e a Heloísa, Heloísa é a minha irmã.
—diz Bernado

- Que máximo! quando eu era criança sempre quis ter uma irmã ou irmão mas bom eu espero conhecer sua irmã

- Com certeza você vai. Então minha vó sempre gostou de tocar e esse piano era dela, quando ela se foi nós ficamos com o piano, esse piano é muito especial pra mim pois me lembra ela claro, fazia tanto tempo que eu não escutava uma nota musical se quer e hoje você me trouxe o som dele de volta, me fez voltar no tempo de quando minha vó tocava.
—diz Bernado

- Eu realmente fico feliz que eu possa ter trazido pra você essa recordação tão linda, ela deve ter sido uma mulher incrível, mas se quiser eu não toco mais, pois é algo muito pessoal pra você

- Sim ela foi incrível e pelo contrário Mariana quero te ouvir novamente.
—ele diz e sorri

- Se é assim vou tocar até você enjoar de me ouvir

- Hum, será? É difícil enjoar de ouvir uma melódia bonita

- Sabe minha mãe também tocava, ela amava música, ela já havia até me dado um piano com muito custo mas meu pai destruiu ele...

- Sua Mãe também deve ter sido uma mulher incrível não tenho dúvidas, e sinto pelo piano mas você tem algo ainda que te lembre da sua mãe, tipo um bem material?
—pergunta Bernado

- Eu tenho esse colar que era dela, ela me deu, foi a única coisa que sobrou dela, só que ele está quebrado.
—digo pegando o colar do bolso e mostrando ao Bernado

- Ele é lindo, combina com você

- Pena que está quebrado

- Eu posso arrumar pra você

- você acha que tem concerto?

- Eu acho que para tudo tem um concerto, mas assim que eu arrumar eu te devolvo, tudo bem pra você?

- Sim, muito obrigada.
—digo e entrego o colar pra ele e volto a falar.
- Me desculpa por ter chegado assim desse jeito na sua vida e na sua casa

- Você não precisa me pedir desculpas

- As vezes eu sinto que só trago problemas, eu mau cheguei e já te trouxe problema que você não tem nada a ver.
—digo ao Bernado

- Está tudo bem, você não tem culpa do que aconteceu, Deus te trouxe até aqui, e pra ser sincero e com respeito eu... Fico feliz por poder te ajudar de alguma forma e por você estar aqui. O que você acha de sermos amigos?
—pergunta Bernado sorrindo

- Eu aceito.
—digo e sorrio

- Fico feliz

- Me conta um pouco sobre você?

- Bom, eu tenho vinte e quatro anos, eu sou cristão como você sabe, gosto bastante de músicas gospel, comida favorita lasanha, ajudo na igreja com trabalhos voluntários, ajudo um orfanato, gosto de aventura como pular de asa delta e assim vai

- Uau, e como que é seus trabalhos voluntários? E no orfanato? 
—pergunto a ele

- Bom eu e o pessoal da igreja, fazemos em alguns dias da semana um grande trabalho voluntário para ajudar as pessoas que estão nas ruas, nós entregamos comidas e algumas coisas para eles, depois fazemos uma oração por eles.
—diz Bernado

- Nossa isso é lindo, você não imagina como isso ajuda as pessoas

- Que bom que pensa assim. E no orfanato eu visito e ajudo as crianças de lá, quando eu vou lá eu volto tão feliz ao ver o sorriso daquelas crianças, é algo maravilhoso demais, elas me tem como alguém especial e elas não tem noção de como são especiais pra mim, meus presentes de Deus, elas me chamam de Tio Bernado.
—diz Bernado sorrindo

- Tio Bernado gostei, e tenho certeza que quando você for pai será um excelente pai e babão também

Ele ri

- Olha tenho que concordar.
—ele diz

- Mas realmente você faz coisas lindas, Deus te usa muito nas vidas das pessoas.
—digo a ele

- Amém. Tenho um convite pra você! O que você acha de ir no próximo serviço comunitário comigo? e visitar as crianças no orfanato em algum dia desses?

- Eu aceito, eu acho que isso vai me fazer bem. 

- Então combinado e eu vou cobrar hein?!

- Tá bom.
—sorrio fraco.

- O que você está sentindo? Eu vejo nos seus olhos uma tristeza desde o dia que te vi pela primeira vez.

Isso é verdade.

- Eu não sei como explicar direito sabe?

- Compreendo mas calma, só me diga se você quiser falar, mas se não quiser eu entendo. Eu só quero te ajudar, ou mesmo só te ouvir.
—diz Bernado

- Muito obrigada de verdade. Sabe Bernado eu me sinto incompleta, sinto uma tristeza, eu sinto um vazio e falo isso também pelo meu pai, eu tenho uma mágoa dele, ele nunca me apoiou em nada pelo contrário só me tentava parar e me fazia "mal" em algumas coisas, eu quero perdoar ele, eu amo meu pai mas está sendo difícil, até eu grávida ele me expulsou de casa, e eu só confiava no Thomas, era pra ele que eu falava sobre o meu pai sobre tudo na verdade, por incrível que seja parecia que eu só tinha o Thomas, eu tinha a Rayssa também e eu confiava nela, eu não estou assim pela traição deles comigo apesar disso ter quebrado a mim também, mas eu digo dele porque ele era o único que parecia que me entendia... Dói aqui dentro Bernado, eu não quero que meu bebê nasce e me veja assim ao decorrer do crescimento dele, eu quero que quando meu bebê nascer eu esteja bem, quero ser uma mãe incrível, mas eu sinto que falta algo na minha vida.
—digo com as lágrimas descendo sobre o meu rosto para o Bernado.

Nesse momento o Bernado me abraça e foi algo reconfortante pra mim, então ele começa a falar

- Ei, eu compreendo o que se esteja passando nesse coraçãozinho, e eu conheço a solução deste vazio, dessa tristeza, do que falta para você, sei o remédio para a sua dor... Mariana eu vou te ajudar

- Me diz Bernado qual a solução? O que vai preencher meu vazio? Qual é o remédio? O que vai tirar de mim essa tristeza?

Continua...

"Não te esqueças jamais que Deus está ao teu lado até nos momentos mais sombrios, sendo teu porto seguro em meio a todo mar de tristeza".