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37 | Emboîté

Oi, oi, oi, faccionáriessss do meu coração! Como estão?

Aproveitaram bem o carnaval? Eu fui team #caminha, e vocês?

Queria aproveitar para agradecer aos comentários lindos no capítulo passado! Fico muito feliz que tenham gostado da bebê 🥺 

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

 Há uns bons minutos, Jungkook estava sentado, estático, em choque, confuso e todas as outras emoções e adjetivos possíveis. Sentia tanto que, paradoxalmente, não sentia nada. A mão apoiada no próprio peito atestava o fôlego já normalizado, mas era como se sua mente não o tivesse acompanhado. Encolhido contra a parede dos bastidores, a primeira a acolhê-lo ao sair de cena com uma chuva de aplausos, não sabia o que fazer, nem para onde ir.

Resolveu, ao menos, sair dali, do meio do rebuliço e do caminho dos outros competidores. Deu a volta por trás para buscar sua mochila, já flertando com a ideia de ficar sentado em um lance vazio das escadas que levavam às partes comuns do teatro. No caminho, encontrou na fila Hoseok, que o cumprimentou com seu sorriso reluzente de sempre. Jungkook quis abraçá-lo, mas estava todo sujo de tinta preta.

— Como foi sua apresentação?! — Hoseok perguntou, entre a música alta do competidor da vez.

— Boa, acho... Confesso que não lembro de nada que fiz!

— Palcos fazem isso com a gente mesmo! — Gargalhou, de forma contida para não atrapalhar. — Aqui entre nós... acho que isso é um ótimo sinal! Se você percebe demais o palco, ou é porque tá nervoso demais, ou calmo demais. Nenhum dos dois serve.

— Só lembro dos holofotes na minha cara. Não imaginei que seriam tão fortes.

— Não dá pra ver nada, né?

— Não mesmo!

— Parabéns pela sua primeira apresentação em palco! Queria ter visto, mas pelo menos eu sei que o Minnie deve tá gravando tudo, então tudo bem.

— Verdade! — Jungkook olhou os arredores, checando a quantidade de pessoas antes de Hoseok. — Acho que vou conseguir ver a sua! Aliás, eu tô te atrapalhando?

— Claro que não! É muito bom ter alguém pra conversar enquanto espero. O tempo não passa tão devagar.

— Você tá nervoso?! — Percebeu Jungkook, arregalando os olhos.

— Por que o espanto? — Riu Hoseok. — Claro que sim!

— É que você é tão experiente!

— O máximo que acontece quando você é experiente, é ter mais chances de aprender a lidar com o nervosismo, mas eu sempre sinto. Talvez até tenha gente que não sinta, mas nem conheço.

A fila andou mais um pouco. Jungkook e Hoseok deram um sorrisinho nervoso um para o outro com a proximidade da vez do Hoseok.

— Acho que vou lá pra plateia ver sua apresentação... — murmurou Jungkook. Hoseok assentiu com um sorriso. — Queria te dar um abraço, mas acho que vou te sujar todo de tinta preta!

— Pois é, ficou ótimo em você, mas não sei se funcionaria em mim.

— Boa apresentação! Hm... Tem algum jeito melhor de falar?

— Tem o clássico do teatro: "quebre a perna!".

— Nossa, mas não quero que você quebre a perna!

— É um jeito alternativo de dizer: "boa sorte!" — explicou Hoseok após conter uma gargalhada gostosa.

— Hm... Quebre a perna... metaforicamente? Fique com as pernas intactas no mundo real!

— Obrigado, amigão. — Hoseok sorriu e avançou mais um passo quando mais um competidor na frente entrou no palco.

Jungkook sorriu de novo, porque adorava Hoseok. O peito pesou ao deixá-lo sozinho lá, mas talvez fosse bom dar a ele um silêncio nos últimos minutos. Só sabia que estava ansioso para vê-lo dançar.

Desceu as escadas e parou em um banheiro para lavar as mãos sujas de tinta. Depois, contornou o saguão de entrada do teatro — com alguns quadros bonitos expostos nas paredes brancas — até a entrada para a plateia. Esgueirou-se com cuidado para não fazer barulho e desceu alguns degraus cobertos por carpete vermelho para ter uma vista melhor.

Não deixou, é claro, de observar os arredores em busca de Jimin, de Momo, de Yerim e, talvez, só talvez, sua mãe. A vontade de encontrá-la era um sentimento agridoce e ambíguo. Não sabia se tinha vontade ou medo. Então, quando, de todas as pessoas que conhecia, reconheceu logo o perfil de Jeon Danbi sentada na poltrona da ponta de umas fileiras, Jungkook deu as costas e decidiu assistir a Hoseok de algum dos mezaninos.

Era um covarde e sabia disso, então usaria do pretexto de querer muito ver a apresentação de Hoseok — e queria mesmo — para aproveitar e tomar coragem também. Seus pés de sapatilha mal fizeram barulho ao se afastar a passos largos e macios. Olhou para trás algumas vezes, temeroso, e um suspiro aliviado deixou seus lábios quando se escondeu atrás do guarda-corpos requintado do mezanino.

Com a vista privilegiada de cima, procurou qualquer conhecido que não fosse sua mãe. Foi fácil encontrar Jimin e seus cabelos rosa. Por consequência, identificou rapidamente Jina e Bongcha, além de Yerim, Momo e algumas outras pessoas conversando entre si, parecendo do mesmo grupo; provavelmente familiares e amigos das garotas.

Mesmo rodeado de pessoas, Jimin era o foco compulsório de Jungkook. Ainda passava-lhe uma sensação como se nunca houvesse saído de seu lado e ela era puro conforto. Contudo, ele parecia agitado, mexendo no celular. Entendendo, Jungkook buscou o próprio, abandonado na mochila.


💩inho de 🐌💗🍓 [16:13]

Te amo.

Era a única mensagem. E ela fazia tempo também. O contato de Jimin variava entre "digitando" e "online". A única reação de Jungkook foi sorrir, porque o namorado era fofo demais.


Gracinha 🩰💗 [17:46]

te amo

docinho

tá preocupado?


💩inho de 🐌💗🍓 [17:46]

Eu?!

Por que estaria?!

Namoro o melhor bailarino do mundo, não poderia estar melhor!


Gracinha 🩰💗 [17:47]

uhum, sei kkkkk

me escondi no mezanino e te vi mexendo no celular como se fosse uma bomba relógio


💩inho de 🐌💗🍓 [17:47]

Namoro um bailarino espião?!

Por que você se escondeu? Está bem?


Gracinha 🩰💗 [17:48]

🕵️🕵️🕵️

espião demaissss


💩inho de 🐌💗🍓 [17:48]

Estou apenas observando você se desviar da minha pergunta...


Gracinha 🩰💗 [17:48]

zzzzzzzzzzzz

achei minha mãe sentada na plateia

e saí correndo pro mezanino

vc namora um bailarino cagão*

mas juro q vou falar c ela

só assistir a dança do hobi primeiro e tal


💩inho de 🐌💗🍓 [17:49]

Quer que eu vá aí me esconder com você?

Posso ajudar?


Gracinha 🩰💗 [17:49]

obg, docinho, mas acho q não

eu meio q preciso fazer isso sozinho

ah... talvez vc possa só ficar c seus pais

tipo, se eu for falar c minha mãe e eles nos virem, pedir pra passar reto e tals

falar sobre o balé já é... complicado

acho que preciso contar as coisas aos poucos

n faço a mínima ideia d q minha mãe acharia sobre eu ser bi

desculpa


💩inho de 🐌💗🍓 [17:50]

Claro, gracinha.

Pode deixar que fico com meus pais.

E você está pedindo desculpas por quê?


Gracinha 🩰💗 [17:50]

por te esconder d nv

me odeio por isso


💩inho de 🐌💗🍓 [17:51]

Pode parar de se odiar!!!

Imediatamente!!

Gracinha, eu nunca, nunca mesmo, te chutaria para fora do armário. Ninguém tem direito disso. Nem sugeriria, tem que partir de você. Eu não teria começado a te namorar se não me sentisse confortável em namorar alguém não assumido. Ou seja, relaxa. Eu sei disso desde o começo.

Além disso, acho que você está certo em contar as coisas aos poucos. Ela tem que, primeiro, aceitar o que você quer fazer da vida. Depois você vê o resto, não dá para resolver tudo em um piscar de olhos.


Gracinha 🩰💗 [17:52]

queria me assumir q nem vc...


💩inho de 🐌💗🍓 [17:52]

Mesmo eu não sou "tão" assumido assim, você sabe.

Deixo tecerem boatos sobre mim porque eles são mais convenientes, protegem-me.

É o que eu disse: até visto as plumas do pássaro azul, mas não o deixo voar de verdade. A gente vive o mesmo sentimento, mas sob perspectivas diferentes. Relaxe, gracinha. Também não acho uma boa ideia você se assumir de cara. Mas vou estar por aqui para quando quiser. É uma decisão só sua.


Gracinha 🩰💗 [17:54]

te amo


💩inho de 🐌💗🍓 [17:54]

Também te amo.


Gracinha 🩰💗 [17:54]

já é a vez do hobi!!!!


💩inho de 🐌💗🍓 [17:54]

Bom espetáculo, gracinha.

E boa conversa com sua mãe.

Estou aqui por você. Para qualquer coisa.


Com o peito aquecido de ternura e agitado de adrenalina, Jungkook reconheceu as primeiras batidas que marcavam o início da música do Hoseok, logo seguidas pelo ritmo agressivo de sua primeira parte — de krump. Sob a luz do holofote, a expressão raivosa de Hoseok ficava ainda mais característica e dramática. O smile de sua blusa acompanhava seu estado de espírito.

Toda vez que Hoseok encaixava um movimento mais marcante em uma batida específica, a plateia se agitava, como uma roda de dança, mas no meio do teatro. Jungkook entendeu, de cara, que era aquele o poder de Hoseok. Não fazia a mínima ideia de como fora a reação da plateia enquanto dançava, perdido e isolado demais no palco, seu ninho, mas queria um dia despertar reações como Hoseok, era sua nova inspiração.

Jungkook se juntou aos gritos da plateia, acompanhando a troca das batidas, dos estilos de street dance e das expressões dos smiles de sua camisa. Hoseok arrancava cada camada do tecido de acordo com o estilo da dança — raivoso com krump, em movimentos angulosos com tutting e por aí. Ao mesmo tempo que cada detalhe sobre sua dança era muito perceptível pela técnica primorosa, a apresentação pareceu passar em um piscar de olhos. Quando notou, Jungkook aplaudia animado com o resto da plateia enquanto Hoseok saía do palco oferecendo um acenar de mão animado e seu sorriso de Sol estampado no rosto.

Ao fim da apresentação, deixou seu olhar buscar Jimin, que conversava feliz com os pais e checava o celular de tempos em tempos, talvez verificando se precisava de ajuda. Acabou buscando o seu celular e o ar fugiu de seus pulmões quando viu uma mensagem de sua mãe ali. Perguntando-lhe onde estava.

Seu olhar correu para onde vira a mãe pela última vez. Ela ainda estava lá, mas havia se levantado, talvez aproveitando o intervalo entre os competidores para sair da plateia. Jungkook prendeu a respiração e, apavorado, marcou de encontrar a mãe do lado de fora, perto dos bebedouros.

Com o mesmo ímpeto, aquele embalo de resolver logo, desceu pelas escadas do mezanino, consciente demais da textura do carpete cobrindo a madeira contra suas sapatilhas, da frieza das correntes de ar geladas saída dos ar-condicionados, do burburinho da plateia entre as apresentações. A pele formigava e a cabeça latejava.

Atravessou a grande porta que separava o teatro de seu saguão de entrada. Pausou para respirar mais fundo ainda. Não foi um bom refúgio, pois, de onde estava, enxergava o bebedouro. E, lá, sua mãe o encarava.

Encararam-se em silêncio. Um silêncio de palavras e de emoções. No fim, ainda eram desconhecidos. Jungkook estranhava a ideia de ter passado nove meses dentro dela, pois era como se nunca, nunca mesmo, tivessem compartilhado mais de meia hora juntos.

Depois de alguns segundos de trocas de olhares com a mãe e um esbarrão de alguém entrando no teatro, Jungkook notou a necessidade de se aproximar. Ele o fez. Incerto e receoso. Nem suas roupas, nem sua maquiagem de fênix lhe davam coragem o suficiente. Era frustrante. Mais cedo, ele estava tão Jungkook; aquele que sempre quis ser.

Frente a frente, mãe e filho encararam-se de novo. Jungkook engoliu em seco, as palavras fugiam de sua mente. Se ele, que encarava a mãe como ela sempre fora — arrumada e distante — sentia que não a conhecia, não conseguia imaginar o que ela pensava. Como era ver a sombra cinza que lhe habitara o útero por nove meses e a casa por dezoito anos reluzir com lantejoulas vermelhas, laranjas e amarelas? Jungkook era mais desconhecido ainda.

Ambos suspiraram, mas apenas Danbi pegou ar de novo. Com esperanças, Jungkook ergueu o olhar.

— Parabéns pela apresentação, filho... — ela disse, mas seu tom era neutro como as roupas, o cabelo e as atitudes. Jungkook percebeu que a mãe, como ele, não parecia muito mais do que um objeto de decoração. Talvez, por temer tanto a reação dela, dera um destaque a mais em seus comportamentos. Mas ela era tão cinza quanto ele.

— Obrigado.

Silêncio.

— Você... entendeu que eu quero ser dançarino, certo? — Jungkook insistiu. E quando a frase deixou sua boca, aquela mão lhe sufocando a garganta aliviou um pouco. Falara o que precisava, mesmo que a resposta não fosse positiva.

— Sim. Mas você sabe que isso não vai te dar futuro, certo?

Como esperado, a resposta não era positiva. Apesar de esperá-las, as palavras da mãe minguaram de vez a pouca esperança que cultivava no peito.

— Na verdade, acho que sem a dança, eu não teria nem o presente. É a única coisa que eu tinha prazer em fazer, que eu amava — confessou com a voz embargada. Mesmo amando Jimin, Bongcha, Jina, Taehyung, Hoseok, Yoongi, Momo, Yerim e tantas outras pessoas naquele instante; antes, a dança era seu único refúgio. E a dança trouxera todos seus novos amores. Se não houvesse dançado, continuaria sendo um coadjuvante. Não teria aquela rotina preciosa, que tanto o fazia feliz. Nada era mais claro do que aquilo: amar balé. — Eu não consigo pensar em um futuro sem dança, porque eu não teria vontade nem de chegar lá.

— Mas...

— Dança é tudo que eu quero. — Deixou sua voz encorpar. Porque sim, era uma certeza. — Sinceramente, você me apoiando ou não, vou dar um jeito de ser um dançarino. É por isso que sempre trabalhei na loja.

— Mas...

Dessa vez, Jungkook não a tinha interrompido. Ao encarar a mãe, viu-a tão sem palavras quanto ele no início. Quanto ele naquele instante. Se sua mãe retrucasse algo, Jungkook não saberia responder, porque já revelara todas e mais preciosas verdades sobre si: ia dançar, com ou sem apoio. Tivera que morrer, várias vezes, para encontrar aquela verdade preciosa e não tinha plano algum de voltar a viver como sombra. Se ia passar dificuldades, que o fizesse indo atrás de algo que fizesse sentido para si.

O tempo de silêncio foi longo. Longo o suficiente para despertar de novo o medo adormecido no peito de Jungkook, mesmo certo do que queria e iria fazer. Não mentiria: fantasiava sobre a aceitação. Tinha expectativas sobre uma vida com o apoio ao menos da mãe. Cada segundo de silêncio se acumulava em uma pilha de decepção.

— Vou... esperar o resultado — Jungkook contou. Daquela vez, não saiu correndo. Continuou encarando a mulher em busca de reações.

Nenhuma. Tão cinza quanto ele mesmo. Talvez aquela fosse, no fim, a característica que compartilhava com sua mãe: não os gostos musicais, amar um passeio em específico; mas sim ser um grande coadjuvante. Porém, aquela característica Jungkook se negava a abraçar.

Com a falta de respostas e reações da mãe, Jungkook foi viver seu protagonismo.

-💋-

Jungkook passava pelas escadas quando foi sequestrado por Hoseok para assistirem aos últimos competidores e esperarem os resultados juntos. Foi uma surpresa e também um alívio; o calor de Sol do Hoseok derretia o gelado apreensivo de seu peito.

Com o fim das apresentações, os competidores acumulavam-se nas escadas que davam às coxias, assim como orientados, para então, quem ganhasse, seguisse até o palco. Entre os corpos quentes pelo esforço de vários competidores, Jungkook teve certeza de que seu lugar era ali. No meio da correria, dos ofegos, da ansiedade de entrar no palco.

E, ao mesmo tempo, ficava decepcionado por ser tão difícil estar ali. De ter que lutar tanto. Decerto fizera uma cara de tristeza, porque sentiu Hoseok abraçá-lo mais forte e oferecer um novo sorriso. Ao dar abertura, ouviu piadas e começou a fazer parte de uma conversa amena sobre como fora a competição — o calor dos holofotes, a resistência do linóleo contra os pés.

Quase estava confortável quando o intervalo de silêncio entre as músicas dos competidores se alongou demais. Engoliu em seco e o coração voltou a mergulhar num lago frio de apreensão. O aperto do braço de Hoseok ao seu redor ficou mais firme. Olhou para o amigo e o viu morder os lábios, algo inédito. De alguma forma, vê-lo nervoso também fez Jungkook ser melhor acolhido entre seus braços.

Alguém da organização estava ao microfone, fazendo agradecimentos aos patrocinadores e organizadores do evento. Dava pausas para aplausos a todo momento. Jungkook ficou ainda mais nervoso, parecia interminável. Quanta gente tinha feito parte daquilo?

E, o que parecia muito devagar, de um momento para o outro virou rápido. Como um lampejo.

Anunciou-se que o vencedor seria apresentado.

Aplausos.

Um nome.

Mais aplausos.

Jungkook não reconhecia aquele nome.

Os inúmeros competidores deram um suspiro decepcionado coletivo. Exceto uma garota, de peças de roupa da cor de sua pele, que subia as escadas entre a multidão; afobada e desacreditada.

Havia muito mais perdedores do que vencedores; Jungkook sabia. Hoseok, Yerim e Momo também não conseguiram; Jungkook sabia. Aquela não era a única chance de ninguém; Jungkook sabia.

Entretanto, não deixou de ser amargo.

A amargura intensificou-se ao notar o quão rápido era perder. Assim que o anúncio foi feito e o caminho aberto para a ganhadora, todos os outros competidores começaram a descer a escada até o hall de entrada.

Em poucos minutos, Hoseok o guiara, entre grupos de pessoas se cumprimentando e abraçando, até um cantinho combinado de antemão. Lá já estavam todos seus conhecidos. Receberam uma porção de "parabéns" e elogios, mesmo sem terem conseguido nada.

Mesmo sem querer, a irritação lhe subia pela garganta. Queria dizer que não tinha nada a ser elogiado, por não ter conseguido, por se sentir dentro da caixinha da mãe de que "aquilo não dava futuro".

Sabia, sim, o quão detestável era o pensamento. Porque sabia o quão bons eram seus amigos que também perderam. Porque sabia que, quando elogiava a apresentação deles, era verdadeiro. Porque sabia do esforço para estarem lá e do quanto melhoraram para isso. Sabia que aplicava para si.

Mas não se sentia assim.

E detestava não controlar seus sentimentos. O que deixava tudo ainda mais rápido, vertiginoso, porque aqueles parabéns lhe soavam tão superficiais que não chegavam ao coração. Nem os abraços de Jimin, Bongcha e Jina, seus maiores apoiadores, foram capazes de ultrapassar aquela barreira de negatividade; capazes de ultrapassar aquela frase dita uma única vez pela mãe.

Se bem que dita, com palavras, fora apenas uma vez. Mas expressa, com ações e repreensões, fora uma vida inteira.

Tão rápido quanto o anúncio de que perderam, foi o anúncio de um jantar de comemoração — por terem perdido — pelo Hoseok. A família Park e a família Jung deram carona para todos. Tão rápido.

Suco de caju não faltava. Além dele, caixas enormes contendo pizza, molhos e batatas fritas. Parecia mesmo algum tipo de jantar de consolação, os pais de Hoseok haviam acertado.

Antes dos convidados sentarem, os donos da casa abraçaram cada um deles — em especial, o filho magricela —, parabenizando-os pela competição ou pela ajuda aos competidores. Era surreal para Jungkook ser parabenizado por um fracasso. Esperaria um "eu te disse" da sua mãe. Ser bailarino já era uma profissão desafiadora, e mostrara não ser capaz de se destacar nessa profissão.

Odiava estar preso naquele ciclo: de saber o quão bom Hoseok era, sem ter ganhado também; de saber e se convencer de que aquela era só mais uma chance, e poderia tentar mais; de saber que deveria estar orgulhoso de si e que entregara tudo de mais sincero na coreografia. Sabia, pelo olhar doce e orgulhoso de Jimin, pela forma que ele o puxou para um beijo longo e apaixonado antes de entrarem na casa de Hoseok, que era, enfim, um bailarino. Talvez não o mais grandioso, mas aquele com o qual sonhara. Aquele que era uma etapa para o profissional completo.

Comeram. Jungkook tentava empurrar o nó da garganta com uma fatia de pizza, mas ele não desatava. Queria mergulhar na voz alta de Hoseok e de Jin, que se juntara à comemoração, nas gargalhadas espalhafatosas, nos comentários irônicos, mas baixos, feitos pelo resto dos convidados. Estava em de seus lugares favoritos — entre amigos, entre pessoas boas que o apoiavam — e, mesmo assim, não conseguia se sentir feliz. Era como se aquela felicidade, aquele espaço, não o pertencesse.

Então, sussurrou que iria tomar um ar por ainda estar nervoso pelas competições e saiu da casa. Sentado ao lado do Chucky, chorou, mesmo sem saber exatamente o porquê. Talvez apenas estivesse continuando aquele seu livro em que tudo o que o chato personagem principal fazia era chorar. Até engoliu o choro no clímax, mas, passado ele, só chorava de novo.

A porta da frente pela qual veio abriu, pintando com um feixe de luz amarela a pequena escada de pedra da entrada em que Jungkook estava sentado. Ao ouvir o característico som das plataformas pesadas contra o chão, Jungkook soube quem era.

— Quer que eu te deixe sozinho, Jungkook? — perguntou a voz, doce como o cheiro do gloss de morango que evocava.

Assim como da primeira vez em que Jimin fizera aquela pergunta, há tantos meses, Jungkook não foi capaz de respondê-la de tão tensionada a garganta. Mas daquela vez, Jimin sentou-se do lado dele, colando as laterais dos corpos antes de tirar duas barrinhas de cereal da bolsa e apoiá-las nos joelhos do namorado.

— Você se lembra da última vez que essa situação aconteceu? — Jimin sussurrou, manso. Sua mão subiu pelas costas de Jungkook, incentivando-o a se acomodar em seu ombro. — Você estava treinando naquela sala abandonada no fim de semana. Sem se alongar, sem se cuidar, sem uma sapatilha sequer. Sem saber que o futuro que você está vivendo agora é seu, independentemente do apoio dos outros.

— É verdade...

— Você já não é aquele Jungkook, você sabe, não é? Sua apresentação hoje foi incrível e eu tenho muito, muito orgulho de você.

— Acho não é só ter perdido que tá me deixando triste...

— Quer conversar então, gracinha?

Jungkook ficou em silêncio. Jimin deslizou a mão pelo braço dele, em consolo. Não era difícil apenas para Jungkook ficar triste daquele jeito; era para Jimin também, por nunca saber a coisa certa a dizer. Era um Jungkook diferente.

— Não sei se sei conversar sobre isso, porque não sei direito por que tô triste... Eu tô no meio de tanta gente boa, depois de ter apresentado do jeito que eu queria... Mas sei lá, tô me sentindo deslocado.

Jimin mordeu os lábios e, incapaz de guardar a pergunta por mais tempo, deixou um beijo nos fios cheios de tinta vermelha do namorado antes de soltar:

— Como foi a conversa com sua mãe?

— Talvez seja isso... Eu falei, sabe? Que faria balé ela gostando ou não. Parece que ela não gostou muito, disse que não dá futuro.

— E depois?

— Depois ela não conseguiu falar nada, e fui esperar o resultado.

— Então você ainda não tem resposta... — Um suspiro.

Dois suspiros, porque o humor de Jungkook achou o suspiro de Jimin condizente e quis replicá-lo. Pela primeira vez, Jungkook conseguiu soltar uma risadinha. E Jimin acompanhou. E continuavam melancólicos.

— Bem, vivi dezoito anos assim — Jungkook voltou a falar. — Talvez eu já devesse ter me acostumado.

— Claro que não, gracinha, que bobeira! Só se você fosse uma pedra... ou de cerâmica, como o Chucky.

— Parece bem mais prático.

— Mas tiraria tudo que você tem de mais bonito. — Jimin afastou Jungkook de seu ombro para encará-lo nos olhos. Depois, beijou-lhe o rosto em um caminho carinhoso até sua orelha. — Você sabe, gracinha... Amo o brilho do seus olhos, o jeito que seu coração bate contra o meu, essa vontade que você tem de dançar mais e mais. Amo tudo que você tem de orgânico.

— "Orgânico" parece que você tá falando, sei lá, do meu cocô.

— Bobo! Nem para pensar em verduras? — Jimin riu.

— Sei lá, lembrei de adubo do esterquinho de minhoca, talvez seja isso.

— É horrível você ser tão fofo, não consigo nem fingir estar bravo. — Jimin riu de novo, mas menos. — Estou usando "orgânico" como contraponto de "artificial", sabe? Você não é uma pedra, cerâmica ou um robô, porque é cheio de sentimentos. E eu amo seus sentimentos.

— Quem disse que as pedras não sentem? Você é pedrafóbico? Pare de silenciar elas!

Jimin não riu mais. Afastou-se de Jungkook para encará-lo da cabeça aos pés. E viu o namorado desviar o olhar do seu, envergonhado.

— Gracinha... Você quer que eu pare de falar?

— Não... Mas talvez sim? É só que... Sei lá, é meio difícil ouvir essas coisas agora e aceitar, porque não me sinto assim.

— Tudo bem, te amo e te acho incrível, mas vou parar de falar se isso faz você ser tão maldoso consigo toda vez. Eu vi que você quase não comeu nada. Come as barrinhas, por favor?

— Tudo bem...

A conversa foi trocada por sons de mastigação. Depois, por fungares baixinhos. Talvez não valesse a pena tentar empurrar o choro para dentro com comida, nunca dava certo. O bailarino sentiu mãos delicadas em seus ombros, guiando-o até o colo quente e de cheiro doce do namorado. Enterrou seu rosto, para aí chorar mais. Frustrado, porque o novo Jeon Jungkook chorava como aquele de cinco meses atrás. Frustrado, porque sua fênix já tinha morrido a morte da vez.

Frustrado.

»»🩰««

Alguns de vocês já tinham esse pressentimento, mas nosso lindo não venceu a competição mesmo 😭 Esse final é mais um passo para trás, mas pelo menos foi depois de dois pra frente!

Ah, não se esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua cena favorita? Eu gosto do anúncio do resultado. Na verdade, eu gosto muito desses capítulos que se passam em um teatro de modo geral. O teatro (e, principalmente, os bastidores do teatro) fizeram parte da minha vida direta e indiretamente por muito tempo, então sempre que escrevo sobre, revivo minhas memórias de um jeito muito gostoso. Eu confesso que eu tenho a memória muito, muito ruim. Me esqueço de muita coisa mesmo. Então reviver as coisas desse jeito é gostoso demais para mim.

Muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e dá tanto carinho pra minha bebê!! A reta final tá chegando e fico muito grata mesmo a quem ainda está por aqui.

Beijinhos de luz e até 11/03/2023 às 19:00! (ou talvez adiantado, porque estarei viajando nessa data, vou ver direitinho) Amo vocês!

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