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28 | Échappé

Oiiiiiiiii, meus faccionáries!! Como vocês estão? Como amoooo postar pra vocês! E fiquei muito feliz que tenham gostado do capítulo passado 🥺 

Com o coração preparado pra esse?

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

Jungkook deveria ter suspeitado. Sua vida andava feliz demais.

Ele não queria viver sua felicidade à espera de um mau presságio. Contudo, chegar em casa domingo, depois de tantos momentos maravilhosos com Jimin, e encontrar sua mãe na cozinha foi um balde de água fria.

Tentou pegar um pedaço de pão e responder apenas o pouco que a mulher perguntava antes de subir até seu quarto. Estava certo de que funcionaria, mas a mãe disse que precisavam conversar.

Seu corpo gelou.

Começou a suar frio e nem conseguia olhar para o pão com apetite, seu estômago revirava. Era uma pessoa que gostava de conversar, mas aquele conversar de sua mãe, tão raro e em tom tão austero, não cheirava bem. Concordou com um acenar de cabeça lânguido, sem ter para onde fugir.

Será que ela tinha descoberto sobre o balé? Ou pior, tinha descoberto sobre Jimin? Ela tinha descoberto algo, mas o quê? Para ela lhe dirigir a palavra, algo acontecera.

Todas as possibilidades empurravam o mundo de Jungkook à beira de um precipício. Tentou firmar as pernas trêmulas enquanto a acompanhava até a sala, depois que ela verificou escada acima. Talvez buscasse de seu pai, mas, pelo visto, ele não estava lá. Pelo menos o pai agia como de costume. Era muito estranho ver a mãe em casa; assustador, talvez.

Ela se sentou em uma poltrona da sala que, até então, Jungkook considerava meramente ilustrativa. Depois, apontou para o sofá em frente. O filho obedeceu e se acomodou, lutando contra a vontade do corpo de se sentar na ponta, pronto para fugir. Cogitou se deveria parecer mais confuso do que amedrontado com a situação; vai que a mãe interpretasse sua atitude mal? Como se houvesse feito algo errado? Não fizera nada de errado.

— Jungkook, olhe para mim. — A voz dela quebrou o silêncio, e Jungkook fez força para não pular no próprio assento. Mexeu as mãos nervosamente, mas obedeceu. Era tão estranho olhá-la nos olhos. Viu o vislumbre de um suspiro cansado na expressão, que morreu antes mesmo de crescer. — Não vou te enrolar, certo? É o seguinte: eu e o seu pai vamos nos divorciar.

Jungkook piscou os olhos, confuso sobre o que sentir. Deveria se sentir triste ou preocupado, mas aqueles sentimentos nem vislumbraram seu coração. Apenas... não ficou espantado. Talvez achasse mais estranho eles estarem casados. Por mais que não conhecesse a dinâmica deles no escritório, duvidava muito ser diferente das poucas vezes em casa — frios, impessoais. Assim como não achava que seus pais se preocupavam consigo, não achava que se preocupavam um com o outro.

A mãe o encarava com algum tipo de expectativa. Uma resposta mínima que fosse, talvez. Jungkook respirou fundo, pensando em algo para falar, mas a única coisa que deixou seus lábios foi um:

— Ah, o.k.

Ela suspirou pesadamente e ajeitou os longos e ordeiros cabelos pretos para trás de uma orelha, deixando à mostra um grande brinco de pedra verde-escura. Caro. Tudo em sua aparência demonstrava ordem, meticulosidade e luxo. Desde a maquiagem discreta, mas marcante, até as roupas sociais de mangas brancas bufantes, calças perfeitamente ajustadas e scarpin reluzente.

— Estou te contando porque isso vai acarretar mudanças na sua vida, Jungkook. Entende?

O suor frio de Jungkook virou uma cachoeira gélida ao notar que sim, a mãe estava certa. Não era possível manter a mesma vida com os pais divorciados. Não sabia que espécie de mudança viria. Então, apenas engoliu em seco e assentiu com a cabeça devagar.

— Então, você já tem dezoito anos. Ou seja, não precisa se sujeitar mais ao poder familiar e também extingue o conceito de guarda. A guarda significa que, se seu pai também quisesse ficar com você, eu e ele teríamos que entrar em um processo judicial — explicou, sem pressa. Jungkook a encarava cada vez mais confuso. Não conseguia imaginar nenhum deles lutando pela sua guarda. — Agora que você possui dezoito, pode escolher ficar comigo, com seu pai, ou se virar sozinho sem impedimentos. Se nem eu e nem seu pai quisermos acolhê-lo, você, como futuro estudante universitário, pode pedir uma flexibilização judicial até os vinte e quatro anos para a questão de sustento e educação.

— Hm... — Jungkook apenas emitiu o som. Não entendia o ponto da conversa, nem o que acontecia. Teria de se sustentar sozinho ou dar um jeito judicial de que seus pais o sustentassem?

— Enfim, só estava explicando as possibilidades e como funciona... — Ela deu de ombros e enterrou as mãos de unhas impecáveis entre os joelhos. — Não sei o seu pai, você pode conversar com ele depois, mas queria te convidar para morar comigo. Eu posso te sustentar até o fim da faculdade...

A faculdade de Direito, claro. Jungkook não sabia o que pensar da proposta. Não confiava na mãe. Não entendia a vontade dela de continuar o sustentando sem ter a obrigação legal para isso e podendo se safar de uma vez por todas do dever com o divórcio. Seus pais já não precisavam cuidar de si há alguns meses, ele sabia; mas ainda frequentava a escola e a situação continuava a de sempre. Seguia a inércia. Porém, apareceu o divórcio. Em vez de Jungkook simplesmente permanecer, como fazia, ele teria de ir a algum lugar.

— Entendi — ele disse apenas.

— Te dou um tempo para pensar — ela reiterou. — Para você também poder falar com seu pai e tudo mais... Se quiser tirar outra dúvida, pode me chamar.

— Entendi. Obrigado.

— Tem certeza que não quer perguntar nada, filho? — ela acrescentou, em um tom mais doce, mas com a tez franzida. — Você parece nervoso. Pode perguntar qualquer coisa, sabe?

Jungkook assentiu com a cabeça, pouco convencido. Não se sentia compelido a perguntar nada, apesar de ter vários questionamentos: até o fim da faculdade de Direito? E se quisesse outra coisa? E se, por acaso, namorasse outro garoto?

Mas uma, a maior de todas, rondava sua cabeça. E, dessa forma, apesar de poder encrencá-lo, acabou soprando:

— Por quê?

— O quê? — ela rebateu, confusa.

— Você quer minha guarda?

— Filho, não é guarda, lembra? Você pode fazer o que quiser, na hora que quiser, sem intervenção da gente. — No fim, ainda não dera a resposta à pergunta de Jungkook. Depois, ela ajeitou o cabelo e acrescentou: — Por que eu não iria querer ficar com você?

Jungkook encarou-a, meio perplexo, meio magoado. A resposta atravessada respondia muito bem o motivo dele achar que ela não iria querer: porque ela nunca demonstrara e, naquele instante, não era nem capaz de insinuar, gostar dele. Xingou-se ao ver a mãe baixar o olhar; provavelmente fora um livro aberto de novo.

— Filho... — ela chamou, baixinho. Como se chamá-lo de "filho" fosse capaz de aproximá-los, pensou Jungkook com um amargo na língua. — Me desculpe, sei que não fui uma mãe exemplar para você. Entendo também sua falta de confiança em mim. Eu quero que você fique comigo para eu poder cuidar de você... de verdade. Sei que não vai compensar minha ausência nos últimos anos, mas aceite minha garantia de uma vida confortável a você nos próximos. Eu... me arrependo de muitas decisões que fiz e atitudes que tomei. Resolvi parar de acumular anos me arrependendo, sabe? E fazer algo diferente. Por isso o divórcio também...

Jungkook assentiu de novo, sem soltar um pio. A expressão dela mostrava desânimo e frustração com o silêncio. Jungkook quase se sentiu mal, mas qualquer outra reação seria falsa. Uma conversa bonita não mudava os anos de (falta de) convivência, não construía confiança. Ainda não se sentia capaz de contar-lhe sobre sua paixão pela dança, muito menos pelo Jimin.

— Tem alguma comida que você goste? Eu posso pedir — ela ofereceu, tentando quebrar o silêncio. Jungkook acenou a cabeça em negativa.

— Não tenho muita fome.

— Mas você está se alimentando bem? — Ela arregalou os olhos, aparentemente preocupada. Jungkook quase riu. Riu de tristeza.

Dezoito anos para receber aquele questionamento da mãe. Ela nem fora capaz de perceber que nos últimos dias estava mais forte, mais encorpado.

— Agora, sim — respondeu, sem dar mais explicações. Respirou fundo e levantou-se do sofá. — Lamento ou parabenizo pelo divórcio. Não sei o quão ruim ou o quão bom tá sendo pra você. Obrigado pela oferta também, vou... vou pensar.

— O.k... — Ela teve de aceitar, abaixando a cabeça. — Pense com carinho, por favor.

Jungkook assentiu, sem expressão, e subiu até seu quarto. Assim que a porta fechou atrás de si, lágrimas escaparam de seus olhos, descontroladas.

Porque carinho não fora algo que aprendera naquela casa.

-💋-

Entrar debaixo da água gelada do banho foi inevitável. As lágrimas quentes contrastavam com a temperatura da ducha, mas logo eram sobrepujadas. No ralo, o que era água e o que era lágrima já não se distinguia. Tal noção ajudava a acalmar Jungkook, mas ainda não era o suficiente.

Estava acostumado, e muito, com a ausência dos pais, com a ciência da sua não importância a eles. Doía, mas era uma dor amortecida de tanta rotina, de simplesmente ter sido sua realidade desde a infância. Mas a proposta recebida o mergulhara em uma grande banheira de conflito. E era esse conflito o culpado da náusea, do nervosismo, das lágrimas e da confusão.

Jungkook sempre amou carinho. Sempre. Era como um filhote de cachorro carente e abandonado; abanava o rabo e se devotava a quem lhe oferecesse o mínimo traço de amor. Sua vontade era de abraçar a mãe, ter uma conciliação bonita e tê-la perguntando como estava a escola, reclamando da falta de personalidade da decoração do seu quarto e oferecendo cafunés.

Jungkook sempre amou confiar. Sempre. Mas passou toda sua adolescência fugindo de olhares e sendo desconfiado, pois seu maior pesadelo era ser desmascarado pelos pais e perder o pouco que ainda trazia felicidade.

As duas coisas que Jungkook mais amava ser e fazer eram exatamente as coisas que não lhe foram permitidas pelos pais. Justo eles. E, do nada, a mãe tentava abrir uma porta para a possibilidade. Contudo, como poderia confiar nela se ela quem o ensinara a não confiar? A não ser carinhoso?

Saiu do banho sem respostas, apenas mais confusão. E, teria de confessar, um pouco de amargura.

Talvez muita amargura.

Por que agora? Por que só agora?

Ele implorara tantos anos por presença; anos o suficiente para desistir mesmo morando no mesmo teto que as pessoas das quais queria o reconhecimento. Muitos anos.

Por que agora? Por que de um jeito que até mesmo seu coração cheio de confiança não fosse capaz de engolir?

Talvez fosse óbvio. Jungkook confiava por teimar a acreditar não ser o único sozinho, não ser o único bobo esperançoso que queria alguém para ouvir sobre sua existência, por sonhar com alguém no mundo que também queria compartilhar doçura.

Nunca, nunca mesmo, acreditou que todas as pessoas eram confiáveis, mas sim que todas eram dignas de um vislumbre de confiança, de uma tentativa, até se mostrar ao contrário. E aquele era o problema: os pais sempre mostraram o contrário. Odiava-os por terem maculado a confiança esperançosa que queria nutrir quanto ao mundo, amargurava-se pela mãe ter embaralhado mais ainda a equação. Eram tantas variáveis.

Enrolado na toalha, encarou-se no espelho. Não sabia o que era aquilo ali. Sua mão buscou o celular no automático. Precisava, e muito, do apoio do Jimin. Porém, com o celular em sua mão, percebeu que não queria conversar sobre o problema.

Enquanto encarava o aparelho, decidindo se ligaria ou não para o namorado, ele vibrou em sua mão. Quase o derrubou com o susto.


💩inho de 🐌💗🍓 [17:23]

Ei, gracinha, você chegou bem?


💩inho de 🐌💗🍓 [17:45]

Ei, gracinha, não se esqueça de me avisar se está em casa e em segurança, o.k?


💩inho de 🐌💗🍓 [18:00]

Talvez eu esteja sendo chato demais, mas até me aguentei até às 18:00 para te mandar mensagem de novo.

Desculpa... Talvez eu esteja preocupado.

Talvez eu esteja quase perguntando para os meus pais se é o caso de chamar a polícia.

Sabe, você deveria ter aceitado a carona do meu pai. É claro que você faz o que quiser, mas...

Enfim, o que estou falando?

Você me desculpa por ser tão... grudento? Preocupado?

Tudo que eu mandar, você pode responder quando quiser, juro! Mas, por favor, só me diga se chegou bem em casa.


Gracinha 🩰💗 [18:09]

te amo

t amo tanto, tanto

tô em casa!

mas n sei se tô bem :(

sei q a gnt acabou de se ver

mas queria tanto te abraçar agr


💩inho de 🐌💗🍓 [18:09]

Queria te abraçar sempre.

Te amo muito, gracinha. Tanto que não tenho palavras para descrever o tanto que sinto. Obrigado por me avisar que está em casa.

Agora... quer conversar sobre o que aconteceu? Aconteceu algo, não foi?


Gracinha 🩰💗 [18:10]

aconteceu

mas n sei se quero falar

só queria um abraço msm

mas falar c vc já me deixa mto, mto melhor

obrigado por se preocupar cmg


💩inho de 🐌💗🍓 [18:10]

Jeon Jungkook!!!

Agradeça-me por ser um exímio cozinheiro. Agradeça-me por transformá-lo em um projeto de nerd e por colocá-lo no balé.

Mas nunca, nunca mesmo, ouse me agradecer por me preocupar contigo de novo. Estou falando muito sério mesmo! Faço greve de beijo!


Gracinha 🩰💗 [18:11]

nãooooooooooooooooooooooooooooo

isso seria o fim do mundo!

vc n seria capaz de algo tão cruel, seria?


💩inho de 🐌💗🍓 [18:11]

Não teste meus limites! Esteja avisado!

Aliás, sempre fiquei curioso com uma coisa...

Onde é seu quarto na sua casa?


Gracinha 🩰💗 [18:11]

Como assim?


💩inho de 🐌💗🍓 [18:12]

Ué, do único jeito possível. Tem formas diferentes de perguntar onde é seu quarto?

Me faz um desenho dele.

Da sua casa também!


Gracinha 🩰💗 [18:13]

pq?

coisa de maluco

vc tá bem??


💩inho de 🐌💗🍓 [18:13]

Eu estou! Você que não está :(

Você conhece tão bem minha casa e meu quarto...

Queria conhecer o seu.


Gracinha 🩰💗 [18:14]

é td sem graça aqui... n tem nada pra desenhar zzzz


💩inho de 🐌💗🍓 [18:15]

Então desenha sem nada mesmo.

Por favorzinho? 💗💗💗


Gracinha 🩰💗 [18:15]

aff


Jungkook amava muito, muito mesmo, o namorado; mas detestou cada momento tentando desenhar a sua casa e seu quarto deprimente. Sem muito o que fazer, desenhou uma espécie de planta do segundo andar, detalhando os móveis apenas de seu quarto, apesar de poucos também.


Gracinha 🩰💗 [18:25]

[imagem]

especialmente pra vc: um grande nada!!!


💩inho de 🐌💗🍓 [18:25]

Onde está a cozinha?

São dois andares?


Gracinha 🩰💗 [18:26]

aham


💩inho de 🐌💗🍓 [18:26]

A segurança dela é muito forte?


Gracinha 🩰💗 [18:26]

nem tem

mas o bairro é tranquilo até


💩inho de 🐌💗🍓 [18:27]

Entendi...


Gracinha 🩰💗 [18:27]

pq saber se minha é segura é importante pra vc me conhecer como eu te conheço?

tem ctz q tá bem?


💩inho de 🐌💗🍓 [18:29]

Tenho, sim.

Olhe para fora da janela, fazendo o favor.


Jungkook arregalou os olhos. Apesar de estar bem certo do que o aguardava, ainda quase caiu para trás ao correr até a janela e enxergar Jimin em seu quintal, acenando para ele com um sorriso doce, vestido com camiseta e shorts pretos. Ele apontou para o próprio celular e digitou uma mensagem.


💩inho de 🐌💗🍓 [18:31]

Eu queria ser galante e pular por sua janela para te dar um abraço.

Mas confesso que o segundo andar me quebrou, não previ isso.


Gracinha 🩰💗 [18:31]

pera aí


O caminho pelo piso de porcelanato deixava os pés de Jungkook frios. Porém, todo seu corpo queimava. O coração batia tão desesperado no coração que uma força e vitalidade desconhecidas até então tomavam seu corpo. Amor, por Jimin; adrenalina, por esgueirar até a porta do quarto dos pais fechada e tentar captar qualquer som de movimentação ou luz pela fresta da porta antes de ir até o andar de baixo.

Abriu a porta dos fundos como se fosse o portal mais mágico de todos os multiversos e mundos de fantasia possíveis. Encontrou Jimin ali, de carne e osso. Real. Com um sorriso enfeitiçante no meio da expressão inquisitiva.

— Gracinha... — sussurrou ele. E Jungkook gostaria de colocar aquela voz no replay. — Seus pais saíram de casa?

— Não — respondeu no mesmo tom baixo e sorriu enorme, de amor e de nervosismo pela própria ousadia. — Quer entrar escondido?

— Parece uma péssima ideia...

— Quero ter péssimas ideias e fazer péssimas decisões. De verdade. Acho que eu desperdicei minha juventude.

Jimin se aproximou um passo de Jungkook, segurando a mão dele com cuidado e puxando-a para um beijo úmido, mas sem o grude característico de seu gloss. Ao deslizar a mão pelo pulso do namorado, sentiu-o palpitar ainda mais que si. Com a pele de Jungkook ainda contra sua boca, brincou:

— Hm... Bem dramático, gracinha. Está me convidando para ser cúmplice desse seu crime?

— Você quer? — Os olhos de Jungkook brilhavam e eram decididos. Não brincavam, nem tinham dúvidas.

— Claro. — Jimin não se sentia capaz de negar. Não, não negaria nada àquele Jungkook tão diferente, rebelde e firme; ainda sentia a dor de ler cada palavra melancólica das mensagens trocadas. Então, apesar de ser seu papel da relação ponderar os riscos, não ponderou. Decidiu ser inconsequente também. E, para firmar aquela promessa silenciosa consigo, completou: — E aí, o que está esperando, gracinha?

Jungkook sorriu, mas foi um sorriso tão espontâneo que nem ao menos o notou. Deslizou seu pulso pela mão de Jimin até a sua estar entrelaçada à dele, e o puxou para dentro de casa.

Deram de cara com a sala. Suntuosa, moderna e... impessoal. Jimin não conseguia imaginar Jungkook sentado e sorrindo em nenhum dos sofás ou poltronas, muito menos assistindo a qualquer coisa em uma TV de tela plana enorme, que ocupava a parede quase inteira.

Jimin interrompeu a corrida para tirar seus all stars, agoniado com o som da sola contra a cerâmica. Os joelhos quase cederam ao agachar, suas mãos tremeram enquanto desatava o cadarço e, com os sapatos já em mãos, quase os derrubou dos dedos bambos. Jungkook, ao seu lado, ficou em silêncio, atento a qualquer barulho e vistoriando os arredores. Isso é, até Jimin levantar e trocarem um sorriso cúmplice e nervoso.

Houve um momento de silêncio dentro do silêncio. Uma suspensão no ar. Um pedido de próximos passos. Jungkook respirou fundo, inspirando uma lufada ainda maior de coragem, e avançou sua boca contra a de Jimin. Um beijo rápido, necessitado e rebelde. O estalo dos lábios parecia ressoar alto no ambiente.

Delicioso e arriscado.

Jungkook queria mais, muito mais, mas seria demasiada ousadia para uma noite só. Segurou a mão de Jimin e começou a guiá-lo até a escada. Pé ante pé, atento a qualquer diferença no ar estagnado da casa, perturbado apenas pelas respirações afoitas e nervosas de ambos.

Apesar de ser a primeira vez na casa de Jungkook, Jimin perdeu a curiosidade rápido. Depois da sala e das escadas, parou de observar os arredores. Todos eram muito iguais, muito frios. Fixou olhar no único lampejo de vida da cena: Jungkook, à sua frente, puxando-o com a mão suada, encarando-o de tempos em tempos para compartilhar uma expressão de pura satisfação por toda sua rebeldia.

Jungkook estagnou no início do corredor. Seu quarto, felizmente, era distante do dos pais; havia dois escritórios, uma biblioteca particular, um quarto de hóspedes e um lavabo separando-os. E, infelizmente, o mesmo corredor amplo que levava ao deles era caminho para o seu. As batidas de seu coração pareciam ter saído do peito para residir na cabeça, ensurdecendo-o.

Se, por qualquer motivo, algum dos pais abrisse a porta enquanto passavam pelo corredor, estaria condenado. Não havia como fugir, nem disfarce a ser feito.

Se já os vira saindo do quarto durante a noite? Nunca, nunca mesmo.

A suíte fazia com que não precisassem sair para ir ao banheiro, e Jungkook tinha quase certeza — só vira o quarto dos pais quando o arquiteto fez uma apresentação do projeto, logo antes de se mudarem — de que havia um frigobar e uma pequena adega acompanhada de um aparador com taças de cristal para deixar qualquer saída do quarto ainda mais desinteressante.

Às vezes achava que os pais já estavam em casa e acordados quando voltava da loja de conveniência de madrugada. Mas nunca, nem mesmo uma vez, foi interpelado no caminho para seu quarto.

Sempre como um fantasma vagando pelos corredores. Indesejável. Ninguém saía do quarto para dar de cara com uma assombração.

Então, esperava continuar sendo um fantasma para os pais enquanto se nutria daquele lampejo de protagonismo ousado. Enquanto conduzia seu amor proibido por cada metro quadrado de riqueza que deveria ser intocado por qualquer sentimento positivo.

Respirou fundo, de novo. E avançou, pé ante pé. Jimin sincronizava as passadas com as suas. Pareciam um só. O som beirava o inaudível, mas, no silêncio e na furtividade, tudo parecia ensurdecedor.

Fizeram uma pausa na frente do quarto dos donos da casa, ouvindo e ouvindo. Nada. Como desabitado. Pela primeira vez, Jungkook amou o silêncio e, então, avançou rápido, quase correndo na ponta dos pés, até o fim do corredor.

Orientou Jimin para que entrasse primeiro no quarto. Acompanhou-o de imediato, fechando e trancando a porta com cuidado atrás de si. Soltou o fôlego e sorriu e desmontou sob os músculos fracos de adrenalina, deslizando o corpo pela parede, trazendo Jimin junto.

Ambos riram de nervosismo enquanto se encaravam, sentados tronchos no chão como dois bonecos de pano. Ficaram ainda mais nervosos ao achar suas risadas tão altas no ambiente, então se ocuparam com a boca um do outro. Deitaram-se no chão frio, mas com o corpo um contra o outro, cada um fervendo de adrenalina, sentiam-se quentes. Tateando cada pedaço de pele com pouquíssimo pudor, crepitavam, por dentro e por fora.

Jungkook levantou e ajudou o namorado a fazer o mesmo, apenas para derrubá-lo de costas na cama e se deitar por cima. Jimin arregalou os olhos e arfou, mas não fugiu da boca contra a sua.

— Se preferir, a gente pode ir pro chuveiro, pra disfarçar o barulho — Jungkook sussurrou contra a orelha emoldurada pelos fios rosa, deixando um beijo no pescoço abaixo.

Jimin suspirou e levou as mãos até o rosto do namorado, afastando-o até poder olhá-lo no fundo dos olhos. Tudo o que via refletido lá era novo e incomum. Não conhecia aquele pedaço de Jungkook, então, por garantia, resolveu perguntar:

— É isso mesmo que você quer?

Jungkook parou para pensar. E, com o tempo, observou Jimin dos pés à cabeça. Roupas todas pretas, para ser discreto. Para se encaixar, mesmo que um pouquinho, naquela realidade triste de porcelanato frio.

Jungkook assentiu com a cabeça.

— Não tô gostando muito das roupas que você está usando agora... Então, preferia te ver sem elas.

— Tudo bem, então. — O consentimento veio com um sorriso manso nos lábios de Jimin e uma carícia na bochecha de Jungkook.

Um último selinho antes de se levantarem. Jungkook pausou por um instante, observando com estranhamento Jimin em seu quarto. Apesar das roupas pretas, os cabelos rosa se destacavam no cenário ao redor, como um teste de cor em um quadro em branco. Era um contraste peculiar. Não sabia muito bem o que achava dos sentimentos que a visão lhe trazia à tona.

Jimin o fitou de baixo a cima. Enlaçou a mão dele com cuidado e o guiou até a porta da qual não vieram, imaginando ser o banheiro da suíte. Era. Lá dentro, com mais uma camada de porta fechada e trancada, virou-se para Jungkook.

Quieto. Jungkook estava muito quieto, como se o ímpeto e a animação da adrenalina houvesse se esvaído em um milissegundo, tudo de uma vez. E era verdade. E, sem elas, sobravam sentimentos estranhos no peito, sentimentos sem nome.

Após um suspiro breve, Jimin aproximou-se do namorado, deixando um beijo longo em sua bochecha. Despiu-o da blusa devagar, com zelo e amor incompatíveis com as interações minutos antes. Beijou-lhe os ombros e segurou-lhe os braços antes de unir os corpos em um abraço apertado.

Sem anúncio, muito menos permissão, lágrimas escaparam dos olhos de Jungkook. Silenciosas, sem soluços, pura confusão e desamparo.

Os soluços, os engasgos e os espasmos do corpo tentando conter toda aquela tristeza súbita vieram depois, com a porta do peito de seu dono escancarada. Jungkook sentiu seu ombro ser beijado e seu corpo ser apertado com mais força. Jimin, por algum motivo, parecia entender melhor do que ele mesmo.

— Jimin... — Jungkook detestou ouvir sua voz fina, estrangulada pelo choro. — Acho que menti pra você. Desculpa.

— Shhh... Não fala assim, gracinha. O que você quer fazer?

— Eu... — Tentou recuperar o ar. Nenhuma palavra queria enfrentar o caminho tortuoso provido pelo pranto. — ... quero tomar banho... Só que pra ninguém além de você me ouvir chorar.

— Quer que eu vá junto?

— Uhum...

Jimin, então, terminou de despir o namorado com movimentos ternos, dobrando as roupas e apoiando-as na enorme pia. Tirou as próprias em seguida; se fosse qualquer outra situação, talvez a vergonha o consumisse e o impedisse de se livrar das peças tão rápido. Porém, não sentia nada além de preocupação.

Voltou a olhar para Jungkook, com o corpo nu encolhido e o rosto escondido nas mãos enquanto lutava contra cada soluço. Jimin entrou no chuveiro primeiro para deixar a água bem quentinha para o namorado e, enfim, enlaçou-o pelas costas e o puxou com cuidado até debaixo d'água.

E, protegido pelos braços alheios e pelo barulho da água contra o piso, Jungkook terminou de desabar.

-💋-

Jungkook chorou por um longo tempo. Tanto que não era mais um tempo aceitável de banho, então continuou chorando enquanto saía do chuveiro e deixava-se ser enrolado na toalha. Jimin não emitiu nenhum som durante todo aquele tempo, apenas tocou. Beijou, abraçou, ensaboou, secou, vestiu.

Jimin puxou Jungkook até a cama, acomodando as costas alheias contra o peito. Enlaçou as mãos, beijou a nuca e passou mais longos minutos ouvindo-o chorar. Continuaria ouvindo o quanto fosse necessário, ofereceria presença até não ser mais desejável.

Era difícil definir quanto tempo permaneceram daquela forma. Com o choro menos descontrolado, Jungkook libertou sua mão para enxugar as lágrimas. Jimin, então, ficou acariciando o peito dele com a mão livre e a nuca emoldurada pelos fios negros e ainda úmidos com o nariz.

— Jimin...

— Hm?

— Acho que não tô só triste.

— Como assim?

— Acho que tô com raiva também, mas não sei explicar. Se eu tô com raiva, por que tô chorando?

— Deve ser uma raiva meio triste, gracinha... Acho que você poderia se deixar sentir raiva do jeito que é mais natural para você. Vou estar aqui para qualquer jeito que você quiser sentir raiva.

Jungkook remexeu-se e virou o corpo para ficar de frente para Jimin. A presença dele era, sim, uma grande âncora no meio daquela tempestade de sentimentos, mas encarar de frente o olhar tão amoroso e preocupado... deu-lhe raiva.

Muita raiva mesmo.

— Jimin... Eu amo muito o jeito que você me olha... Mas saber que meus pais nunca me olharam desse jeito me deixa com tanta, tanta raiva. Por quê? Eu não sou tão ruim assim, sou?

— Você é muito bom, gracinha, isso, sim.

— Eu mereço ser amado, não mereço?

— Óbvio. Acho que todo mundo merece. E você, por ser tão precioso, mais ainda.

— Então por que eles nunca me amaram?!

Jimin ficou quieto. Era uma pergunta que sempre se fazia, não conseguia entender. Não conseguia nem achar que os pais de Jungkook apenas não sabiam demonstrar. Era o oposto. Eles pareciam se esforçar em não demonstrar. Sempre mastigou aquele sentimento que naquele instante estava entalado na garganta de Jungkook. Sempre estranhou Jungkook se sentir mais sozinho e melancólico do que raivoso, não sabia o que tinha acontecido para a virada de chave nos sentimentos do namorado, mas...

— Gracinha...?

— Hm?

— Lembra que lá na praia você disse que queria ter sentido raiva quando adolescente?

— Hm... Verdade. Eu disse isso, não foi?

— Quer aproveitar para me beijar com raiva?

Jungkook riu pelo nariz, breve, meio carinhoso. Não carinhoso o suficiente para soterrar todos aqueles sentimentos ruins borbulhando dentro de si. Tanto Jungkook quanto Jimin queriam que estarem juntos fosse cura para qualquer dor, mas a vida de cada um era muito maior do que apenas o namoro. Em alguns momentos, restava apenas aquela pequeneza de estar ao lado, sem ter muito mais o que fazer.

— Acho que só sei te beijar com amor... — respondeu Jungkook, com a voz fraca e com a mão deslizando pelo braço de Jimin até chegar na bochecha farta e gostosa.

— Como você quiser, gracinha. Já falei, vou estar aqui para qualquer jeito que você quiser sentir. Raiva ou qualquer outra coisa.

— Muito obrigado por isso, aliás. Por me aguentar tão... estranho assim.

— Eu aceito os agradecimentos, apesar de ser um privilégio dormir coladinho em você e poder ficar ao seu lado. Porém, quero que você retire sua última frase. Te amo de todos os jeitos, com qualquer humor. Eu sei que não é gostoso se sentir mal, mas você pode mostrar tudo para mim, qualquer suposta estranheza. E, quando você me mostra, não estou aguentando, estou compartilhando um pouquinho mais com você, certo?

— Certo. — Jungkook conseguiu esboçar um pequeno sorriso. — Retiro o que eu disse, então.

— Muito bem!

Antes de ser tomado de vez pelo sono, que tanto queria se aproveitar do cansaço gerado por tantas e tantas lágrimas e pelo conforto de tanto e tanto amor do namorado; Jungkook aproximou-se para beijar Jimin.

Foi um beijo lento e carinhoso por parte de Jimin; salgado e sofrido por parte de Jungkook. Talvez estivessem mesmo beijando com raiva, porque Jungkook não conseguia ignorá-la, e sabia que as lágrimas a tinham como origem também. Talvez sua raiva, no final, fosse meio melancólica mesmo.

Não era o beijo com raiva que imaginou de primeira, mas era o seu. Pelo menos, a boca e os braços do namorado o acolhiam daquela forma também. O que dava mais raiva, porque queria que seus pais também fossem compreensivos, também demonstrassem se importar.

Os beijos com raiva e afeto geraram mais raiva e mais afeto. O ciclo poderia ter sido infinito, mas a Lua bem alta no céu era testemunha do quão longo o dia já fora. Então, em algum ponto, Jungkook caiu no sono, com raiva e afeto também.

»»🩰««

COMEÇOU A TOUR DO CHORORÔ! Não acharam que estavam livres mesmo, né?

Ah, não se esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi a cena mais marcante pra você? Escrever o "surto" do Jungkook foi bem intenso pra mim. Não estava planejado (pra variar) e do nada: Jungkook vida louca!!! Ai, nem sei explicar, ele nesse e nos próximos capítulos começou a mostrar várias camadas e tanto o Jungkook lidando com esses sentimentos e eu os escrevendo ficamos "ué como que isso aconteceu?????????? eu sou fofinho good vibes!!"

Como sempre, muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e dá tanto carinho pra minha bebê!! Vocês são meu lar assim como USFDB!

Beijinhos de luz e até 08/10 às 19:00! Amo vocês!

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