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17 | Chainés

YOU, YOU ARE, MY UNIVERSE!! AND I, JUST WANT, TO PUT YOU FIRSTTT!! Já sabem qual é a música obrigatória pra ouvir lendo o capítulo de hoje, certo?? E ela combina MUITO!! com o capítulo, hihi!

Oi, meus faccionários! Que saudades de vocês, aaaaaaaa!! Vocês estão bem??

O capítulo de hoje tá bem grandinho, viu?? E bom boiola, do jeitinho que nós gostamos!

Boa leitura e não se esqueçam de votar!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

Jungkook engoliu em seco. Sabia que era um momento crítico e que todo seu esquema tinha chances de ir por água abaixo. E não poderia perdê-lo. Fora perfeitamente planejado por Jimin, com esforço e empenho genuíno, e representava tudo que lhe fazia bem.

Passara a vida inteira sem aquilo: sem aulas de dança, sem amizade, sem apoio, sem se sentir querido. E era suportável, porque fizera um ótimo trabalho convencendo a si mesmo de que todas essas vontades não deveriam ser tão boas assim. Com certeza sua cabeça as superestimava, só porque era inalcançável.

Mas agora... experimentara. Provara do sabor e o descobriu muito melhor do que sequer imaginava. Nem seus maiores devaneios conseguiam produzir algo como a sensação boa que regava todos os seus dias e sua existência devido ao seu esquema. Agora, vivia com um calor confortável no peito, constante, como se finalmente fosse capaz de reconhecer e acolher o que era.

E esse era o problema: tendo se deliciado com todas aquelas sensações, seria impossível se convencer de que não era tão bom. Que ser sozinho e frustrado não era tão ruim. Que o Jungkook bailarino animado, falador e intenso que sempre permeava sua cabeça, parecendo um herói, era simplesmente uma projeção do que queria ser e não do que era. Um protagonista que criou, por estar farto de ser sempre um coadjuvante.

Agora, sabia que também era aquele Jungkook. Sempre fora.

A compreensão do quanto o destruiria perder cada um dos detalhes que o tornaram tão Jungkook não ajudou. Nunca foi um bom mentiroso, e o nervosismo cutucava suas costelas, lembrando-o que não conseguiria. Que estragaria tudo. Tinha aprendido tanta coisa com Jimin... Por que não tinha aprendido a mentir também?

Tentou manter a expressão firme, resoluto. Alongou o tempo que usava para observar a cozinha, como se analisasse a rara cena de ter seus pais ali. Tinha que dar um jeito de ser muito convincente. Os dois eram advogados, possuíam um faro aguçado para mentiras.

— Ah... — Olhou para as roupas que vestia, as do pai do Jimin. — São do meu amigo. Resolvi dormir lá depois do meu turno na loja pra gente estudar de manhã, tem uma prova chegando. Aí ele me emprestou pra eu não ficar de uniforme.

— Prova de quê? — a mãe perguntou.

— Física.

— Entendi — ela pontuou lentamente. O clima que pairava na cozinha ainda era estranho: o pai de Jungkook nem parecia estar ali, olhando algo no celular enquanto comia, alheio à conversa; Jungkook mantinha-se em pé, enquanto os outros dois estavam sentados, como uma peça de teatro. Tudo era desconfortável. Eles não tinham intimidade. — E esse seu amigo?

— O que tem ele?

— Quem é?

Jungkook congelou, porém suplicava para que apenas sua mente tivesse entrado em pane. Torcia muito para que o corpo reagisse de forma natural, que não ficasse muito claro sua tentativa de inventar uma mentira. Bem... pelo menos seus pais não o conheciam bem o suficiente para saber das suas manias e tiques.

— Um cara do meu ano.

— Imagino que sim, filho. Mas o nome?

— Hoseok — mentiu, descaradamente.

— Bom menino. A mãe é médica e o pai é aquele arquiteto famoso — Sr. Jeon, deu a graça de sua voz.

— Fico feliz que esteja em boas companhias — a Sra. Jeon concordou. — Nós já começamos, mas... quer jantar?

— Não, já comi, obrigado — Jungkook respondeu. — Posso subir? Tenho que estudar mais para as provas.

— Claro. Bons estudos.

Jungkook não precisou de outra deixa. Deixou a cozinha e começou a subir as escadas, doido para poder lavar para fora de si aquela atmosfera desconfortável e amedrontadora. Porém, interrompeu-se ao ouvir a voz do pai ao longe. Algo o alertava. Algo o amedrontava. Sem acreditar no que fazia, interrompeu seu caminho. Com cuidado, desceu alguns degraus a passos silenciosos.

— Ele não está nos enrolando, Danbi? — A fala era seguida de mastigações e carregava um tom distraído que Jungkook sabia ser característico de quando o homem concentrava-se no trabalho ao mesmo tempo.

— Chinhae! Que coisa horrível de se pensar...

— Então agora você acha horrível...

— As notas dele realmente melhoraram. Você recebeu o boletim parcial no seu e-mail?

— Arquivei para ler depois, estava em horário de trabalho.

— Você sempre está em horário de trabalho...

— E você não? — Uma risada curta. Sarcástica. — Que coisa, achei que a gente trabalhasse junto.

— Chinhae...

— A gente pode ligar para os Jung amanhã para confirmar, se quiser.

— Isso não é demais?

— Por que seria? Se ele estiver mentindo, a gente descobre; se não, agradecemos por estarem cuidando dele.

Jungkook prendeu a respiração e, com o coração martelando de medo e apreensão, voltou a subir pé ante pé até seu quarto. Devagarinho, para não fazer barulho e denunciar sua presença. Tão devagar que ainda ouvia a conversa.

— Não deveríamos confiar no nosso filho? — sua mãe contestou.

— Você conhece seu filho o suficiente para confiar nele? — o homem devolveu e Danbi ficou em silêncio por longos segundos. — Imaginei...

— Mas ele já está com dezessete anos... Quase dezoito. Suas notas aumentaram e ele nunca deu problemas para nós.

— Talvez nunca tenhamos descoberto, apenas. Como ele ainda é menor de idade, se cometer algum tipo de crime, é imputável, e nós provavelmente teríamos que obedecer algumas medidas tutelares educativas. Daria muita dor de cabeça e tomaria muito tempo de trabalho. Poderia atrapalhar nossa carreira também, manchando nosso nome. Não acha que o preço da confiança errônea é muito caro? Sendo que podemos resolver tudo com uma ligação? Quando ele fizer dezoito, aí sim, confie o quanto quiser. Não ligo.

— Você realmente acredita que seu filho cometeria um crime? — Danbi parecia em choque.

— Não posso garantir se ele cometeria ou não. Não estou na cabeça dele para saber. Você sabe bem disso. Ou você esqueceu das vezes que teve que advogar e limpar a merda de pessoas que considerava confiáveis? Qual é o motivo de trocar o certo pelo questionável?

— Porque, como pais dele, não podemos ser só racionais! A gente devia confiar nele também, que tipo de pessoa ele vai se tornar se receber apenas desconfiança?

— Ele já se tornou, Danbi! Já foi! A gente só não sabe que tipo de pessoa é essa. Pare de tentar fingir que é uma boa mãe. Você sabe muito bem que esse seu sentimentalismo barato só veio agora que você sabe que não tem mais nada o que fazer. Você não vai conseguir correr atrás e tapar buraco.

— Que mentira! — A voz dela ficou aguda.

— Mentira? — Mais uma risada debochada. — Então por que você não se preocupou com isso quando ele ainda era criança? Ou no começo da adolescência? Era trabalhoso demais, não era? Ignorar era mais fácil, não era? Agora que ele já é quase adulto, você pode tentar fingir brevemente que é uma mãe de verdade, e, quando não der certo, simplesmente falar "ah, eu tentei, mas não posso fazer nada, ele é um adulto".

— E se você sabe de tudo isso, por que ignorou também?

— Pelos mesmos motivos que você. Era trabalhoso. E você sabe que eu nunca quis ter um filho, que eu sempre quis focar na minha carreira. Mas sou melhor do que você, que tenta entrar em negação, buscar algum tipo de libertação moral e fingir uma preocupação que nunca existiu.

— Eu me preocupo com o Jungkook! — ela devolveu mais uma vez, a voz alta. Chinhae simplesmente deu uma nova risada de escárnio e cruzou os braços.

— Tá gritando para ele ouvir? Para me fazer de policial mal enquanto você é a mãe salvadora? Fique à vontade, não faço a mínima questão de atuar que sou bonzinho que nem você. Ligarei para os Jung amanhã. Não conhecemos esse garoto e não quero nenhum inferno de medida tutelar na minha cabeça.

Aquilo foi o suficiente para Jungkook. Terminou de subir as escadas com a cabeça mergulhada em um turbilhão descontrolado de pensamentos e emoções; tão rápido que nem conseguia distinguir cada um. Pensava e sentia muito, mas não sabia bem o quê.

Fechou a porta do quarto com cuidado atrás dele. Deu passos tímidos, como se não quisesse registrar sua presença naquela casa, no porcelanato branco. Frio, frio como tudo que o rodeava.

Largou a mochila no chão, pegou o celular e trancou-se no banheiro. Deslizou suas costas pela parede até se sentar. O chão gelava seus ossos. Seus olhos encheram d'água. E quando notou que chorava, ficou mais confuso ainda, porque sentia tanta coisa que não sabia qual delas era o motivo do choro. Mas sabia o que fazer.

Seus dedos não hesitaram. Buscaram o contato que sempre brilhava na tela de seu celular, e as lágrimas ficaram ainda mais abundantes ao colocar o aparelho contra a bochecha, tentando conter ao menos seus soluços.

Ei, gracinha. — A voz do outro lado soava mansa e feliz. Jungkook titubeou ainda mais ao ser recebido com tanto carinho. — Que raro você me ligar, já está com saudades de mim?

— Jimin, desculpa... — Jungkook soluçou contra o telefone, agarrando tanto o aparelho para compensar toda aquela intensidade vertiginosa dos sentimentos apossados de seu peito que os nós dos dedos ficaram claros. — Desculpa...

Jungkook, você está chorando? — Jimin alarmou-se. Jungkook conseguia ouvir cada traço de preocupação na voz, deixando-o ainda mais triste. — O que aconteceu?

O bailarino engoliu em seco. Todas as palavras que queria dizer pesavam na sua garganta e toda vez que estavam perto do fim da escalada, escorregavam e voltavam a acomodar-se em seu peito. E, lá, era mais uma luta para fazê-las voltar a escalar, porque queriam se esconder, vergonhosamente.

Ei, gracinha, eu estou aqui, certo? Respire fundo e tome seu tempo, sem pressa. — Jimin deixou a voz ainda mais doce. — Eu sempre vou te esperar e sempre vou te ouvir. Quando você quiser. No seu tempo.

— Desculpa... — Foi a palavra que lhe saiu mais naturalmente, de novo, ainda mais afoita pela compreensão de Jimin. Por um momento, achou-se indigno.

Você não fez nada de errado para eu precisar te desculpar.

— Eu fiz... — choramingou.

O quê? Você deixou minha sombra favorita cair? — brincou.

— Não...

Borrou a unha do meu pé? Me chutou enquanto eu dormia?

— Não...

Então por que eu teria que te desculpar? Viu? Está tudo certo.

— Jimin... Eu te escondi. Desculpa... — conseguiu falar, entre prantos. Houve um breve silêncio do outro lado da linha.

Desculpa, gracinha, mas não consegui entender o que você queria dizer. Você consegue me contar a situação com mais detalhes?

— Meus pais estão aqui... Encontrei eles — disse em um suspiro. Fez uma pausa para segurar mais um soluço de seu choro. Sentia-se tão culpado. Jimin era tão precioso para ele. Jimin era tão gentil com ele, mesmo naquela situação... Arrependia-se muito.

Estou ouvindo... — Jimin sussurrou em uma das milhares pausas do amigo.

— Eles perguntaram da onde eram minhas roupas. Falei que era porque eu dormi na casa do meu amigo pra estudar.

Uhum... — Incentivou, ainda sem entender por que Jungkook sentia-se tão mal com a situação, mas preocupado com o encontro dele com os pais. Cada dia entendia que aquilo era pouco frequente e, decerto, uma situação tensa.

— Eles me perguntaram quem é esse amigo. — A voz falhou e ele teve que pausar para enxugar um pouco os olhos, tão marejados que nem enxergava direito. — E eu falei que era o Hoseok.

Foi uma boa resposta — Jimin comentou, pensativo e impressionado. Jungkook de pouco tempo atrás não conseguiria pensar em uma mentira tão convincente. Será que aprendera com ele? — Que orgulho, gracinha! Você aprendeu a mentir!

— Não, não! — Jungkook retrucou, frustrado, aumentando a voz, mas logo voltou a baixá-la, com medo de seus pais ouvirem. Chorou mais. — Eu te neguei, Jimin. Eu não sou diferente daquelas pessoas que te abandonaram quando você assumiu quem era. Eu sou medroso. Eu sou vergonhoso. Eu não mereço sua amizade. Desculpa, desculpa, desculpa... de verdade.

Ah... Então é isso que está te fazendo chorar e pedir desculpas desse jeito, gracinha?

— Uhum. — Seus palavras eram mais um engasgo. — Desculpa te trair. Você faz tão bem pra mim... Como que eu pude te esconder?

Porque tem riscos nisso, Jungkook. E você sabe, por isso escondeu — Jimin disse, o tom de voz tomado por aquele jeitinho racional dele que Jungkook sempre amava ouvir. — Eu não estou magoado com você. Também não te culpo por isso. Também continuo achando que não tenho nada a te desculpar.

— Eu queria ser que nem o Hoseok... Eu queria nunca deixar o seu lado. Desculpa, Jimin, desculpa.

Pare de pedir desculpas, gracinha, de verdade — falou, manso e compreensivo. Seu peito pesou com a culpa injusta que Jungkook se atribuía. — Não vou mentir e dizer que eu não gostaria de um dia poder ser assumidamente seu amigo e tudo mais. Mas eu não estou magoado, mesmo. Eu entendo sua situação. Do jeito que estamos agora, se você contasse a verdade, faria com que a gente não pudesse se ver mais, e você não pudesse mais fazer balé. E tudo iria água abaixo, não concorda?

— Uhum...

E, sinceramente, sua presença é muito importante para mim. Então você fez a melhor escolha por mim também, porque eu quero continuar ao seu lado, Jungkook.

— Mas o Hoseok... — choramingou.

Os pais do Hoseok são maneiros. Isso não conta, Jungkook. A situação do Hoseok é diferente da sua. Não faz sentido se comparar com ele.

— Os pais do Hoseok! — Jungkook arregalou os olhos ainda marejados ao ser atingido pela lembrança. O choro até parou por um momento de tão alarmado que ficou.

O que tem os tios?

— Enquanto eu subia as escadas... — Jungkook murmurou contra o aparelho, agora estranhamente atento aos sons do ambiente ao seu redor, o peito martelando. — Eu ouvi meus pais falarem que iam ligar pra eles, pra confirmar se eu realmente passo tempo lá.

Ai... — Jimin suspirou pesadamente do seu lado da linha, tentando suprimir a onda de raiva que quebrava em seu corpo inteiro. Não acreditava que os pais de Jungkook, que não faziam a mínima questão de ficar perto do filho, passariam tempo investigando-o. Que passassem tempo com Jungkook! — Sabia que eles eram escrotos, mas não nesse nível.

— E agora?

Relaxe, gracinha. — Vestiu na voz aquele tom jocoso, tão familiar nos primeiros dias passados juntos e que se dissolveu tcom a amizade cada dia mais profunda. Riu, porque lembrava os velhos tempos. — Eu resolvo isso para você.

— O famoso Jimin que consegue resolver tudo tá de volta à ação? — Jungkook permitiu-se rir, mesmo entre lágrimas.

Ele nunca fez uma pausa — falou, pomposamente. — Continuo sendo perfeito, a única coisa que mudou é que você precisa menos dele.

— Eu sempre preciso dele... — Jungkook confessou baixinho, as bochechas já vermelhas de choro pareciam queimar mais ainda.

Não precisa, Jungkook... — Jimin respondeu, com a voz tão doce que Jungkook jurava receber um abraço mesmo que uma grande distância os separasse. — Cada dia você precisa menos dele, porque está caminhando em busca de seus objetivos com sua própria força. De um jeito tão, tão lindo que quero te gravar toda aula de balé, para assistir depois. Mas fique tranquilo, gracinha, mesmo que você não esteja precisando muito, ele continua aqui para qualquer emergência. É só você chamar.

Um silêncio se fez ouvir na linha, e Jimin começou a ficar nervoso. Seu peito martelava e as bochechas coravam. Falou demais. Ter falado dele mesmo em terceira pessoa foi uma armadilha na qual jogou-se de bom grado, sempre vergonhosamente desesperado em corresponder todo o carinho que recebia do Jungkook, mas sem saber como fazê-lo. Tinha saído tão fácil... Mas agora temia se não soara estranho.

— Jimin...

Então, gracinha, fique tranquilo. Vá tomar um banho, lavar esse rosto de choro que eu sei que você está, e eu te mando uma mensagem quando terminar de resolver tudo.

— Jimin...

Ah, quanta vergonha Jimin sentia. Tanta que queria pular da janela. E ele jurou que seria bom se abrir daquele jeito.

Vou mandar um vídeo de balé também, para você se distrair, mas tenho que pesquisar primeiro e...

— Jimin! — Jungkook falou mais firme. Seu choro lamentável já transitava para uma risadinha boba. Jimin era muito fofo, do jeito dele.

Oi? — perguntou baixinho, temeroso.

— Obrigado. De verdade. — Jungkook riu mais uma vez. Jimin era adorável. — Eu te amo.

Jimin ficou sem ar. O coração martelava tão, tão forte em seu peito que conseguia senti-lo nos ouvidos. As mãos tremiam. A vergonha desmanchou-se em orgulho. Em muito orgulho, porque ele tinha aberto uma portinha do seu coração assim como desejava fazer e, apesar de todo o medo que sentia, Jungkook olhou para dentro dela e gostou. E correspondeu.

O que se manteve constante era aquele calor que queimava seu corpo inteirinho, principalmente as bochechas. Levantou-se da cadeira em frente à escrivaninha de seu quarto e caminhou até o espelho, sentando-se em uma almofada na frente dele. Encarou seu reflexo curiosamente, aproveitando a chance de ver aquele Jimin diferente.

Jungkook... Eu estou da cor do meu cabelo... — confessou baixinho, permitindo-se compartilhar com o amigo como ele o deixou. Continuou encarando o próprio rosto corado, encantado com a beleza que nunca pensou que veria naquela expressão.

— Queria poder ver... — Jungkook comentou, com um biquinho. Realmente queria muito ver Jimin sendo vulnerável, mas pelo menos ouvia o tremor da voz doce.

Eu vou te mostrar. — Jimin engoliu em seco, determinado. Ambos compartilharam uma risadinha nervosa. — Então você espera a gente se encontrar ao vivo para eu poder te responder direitinho?

— Falar que me ama?

Gracinha, não estrague! — Jimin riu nervosamente mais uma vez, Jungkook riu junto. — É porque falar pela primeira vez com certeza vai ser o mais difícil para mim. Certeza de que vai me transformar em um pimentão. Então quero que seja na sua frente, para você também ver...

— Então eu espero...

Então pare de me enrolar e vá tomar banho! — resmungou, tímido e feliz. Deixou a mão pousar em seu peito, apreciando a velocidade e a força do próprio coração. Tão gostoso. — Quando você voltar, já vou ter resolvido tudo, você vai ver!

— Tá bom — Jungkook concordou, fungando porque o nariz ainda escorria. — Até mais, Jimin.

Até, Jungkook.

— Te amo.

Pare com isso! Me deixe te responder primeiro, gracinha.

— Desculpa, fiquei com vontade. — Jungkook deu uma risadinha e ouviu Jimin bufar fraquinho do outro lado da linha, porém sabia que ele sorria também. — Acho que eu gosto de amor.

Amor é bom mesmo... — Jimin suspirou, momentaneamente rendido. Suas maiores fontes de amor sempre foram os pais e, ao perceber que Jungkook não tinha algo semelhante, conseguiu compreender por que o amigo achava aquele sentimento tão precioso e queria tanto mantê-lo próximo, até por meio de palavras. — E tenho certeza que você vai amar tomar banho. Vá lá, fedido.

— Eu não tô fedido! Só tô com cara de choro... — Levantou-se do chão frio de porcelanato do banheiro e encarou-se brevemente no espelho da pia. Como esperado, seu rosto estava vermelho e inchado. Os olhos ainda estavam úmidos, assim como os rastros de lágrimas em suas bochechas. Mesmo assim, carregava nele uma obra clara causada por Park Jimin. — Jimin... Eu tô sorrindo tanto. Com o nariz vermelho de choro. Tá engraçado.

É bom você treinar para poder sorrir mais vezes. De vez em quando, as bochechas doem. — Jimin sorriu junto, mais tranquilo ao ouvir que ele parecia melhor. — Agora vou desligar para você parar de me enrolar, tudo bem? Até mais, Jungkook.

— Até — respondeu, ouvindo a ligação encerrar com um "bip".

Jungkook apoiou o celular com a tela já apagada na pia, suspirando fraquinho de alívio. E, afoito para experimentar aquele sabor na ponta da língua novamente, deixou as palavras flutuarem para fora da garganta, como se elas mesmas estivessem ansiosas em serem ditas.

— Te amo.

-💋-

Quando Jungkook foi dormir, Jimin já resolvera seu problema. E quando Jungkook acordou, já não havia nem rastros dos seus pais pela casa. Suspirou, desejando que tudo desse certo enquanto saía pela porta branca e pesada. Encarou as pequenas palmeiras em vasos altos e elegantes que ladeavam a entrada da casa e refletiu se alguém aparecia de tarde para regar. A verdade é que evitava tanto seu suposto lar que não saberia dizer.

Caminhou para a aula desperto, apreciando o ar frio da manhã. O único problema de conseguir dormir tão bem durante o final de semana era não conseguir fazê-lo durante a aula, que parecia uma forma milenar de tortura. Bem, sobreviveria. Poderia passar a aula inteira encarando os fios cor de rosa de seu melhor amigo.

Ao cruzar a entrada da escola, sempre muito bem misturado naquela massaroca estagnada, apática e cinzenta de estudantes, teve seu ombro levemente empurrado. Talvez por alguém cinza escuro, no máximo. Um pouco destoante, porém não o suficiente para que a própria individualidade ajudasse a escapar daquela correnteza opressora de indiferença.

— Desculpa... — Jungkook pediu, mas ao olhar para o lado, não encontrou alguém cinza escuro. Nem cinza normal. Encontrou dourado.

— Eu que trombei de propósito com você! — O recém-chegado riu e enlaçou os ombros de Jungkook, que ainda o observava em choque. Dourado. Dourado como o reflexo do Sol na água. Ou nas folhas de papel de seu caderno no segundo horário de aula em dias de verão. Dourado como ouro. Dourado como calor. — Por que tá pedindo desculpas, amigão?

— Bom dia, Hoseok... — respondeu, meio atordoado. Hoseok espantou-se ao perceber que era encarado com tanto encantamento pelos olhos redondinhos e brilhosos de Jeon Jungkook. Deixou um enorme sorriso em formato de coração tomar seu rosto; Jimin tinha achado um novo amigo curioso.

Ambos pararam de andar e quase foram atropelados pelos alunos atrás deles. Jungkook ainda passou um bom tempo fitando o bom humor de Hoseok de perto, quase hipnotizado. De fato, Jimin não se apaixonara à toa. A presença dele era muito gostosa mesmo. Pestanejou, lembrando-se do "amigão".

— Ah... — murmurou, envergonhado. — O Jimin te explicou que eu...

— Sim, sim! — Hoseok sorriu. — O Minnie explicou tudo e já falei com meus pais direitinho sobre suas idas lá em casa. É no horário do trabalho deles, tá? Só "esqueci de contar". Você tá seguro com a gente.

— Obrigado... — Jungkook abaixou a cabeça de vergonha.

— Ei, tá tudo bem? — Hoseok perguntou, preocupado com a súbita mudança de humor, e puxou Jungkook pelo cotovelo até uma parte do corredor em que não atrapalhassem o fluxo de alunos caminhando para as salas. Jungkook sentiu-se observado. Bem, estava andando com o cara popular, até que era esperado.

— Uhum... — Assentiu fervorosamente com a cabeça, porém sem coragem de cruzar seu olhar com alheio.

— Olha, sei que a gente não se conhece e tudo mais, mas é meio óbvio que você tá mentindo. E acho que a gente é amigão agora, né? Por que não me conta o que tá rolando? — inquiriu, levantando uma sobrancelha. Jungkook corou ao ser desvendado tão fácil. Era mesmo um livro aberto.

— Tem problema se... se eu te pedir dicas?

— Dicas? — Hoseok repetiu, confuso. — Ah, de dança? O Minnie bem que falou que você é apaixonado por balé. Eu faço hip-hop, então não sei se vai ser tão útil assim.

— Não... É tipo... de amizade. Eu queria ser pro Jimin um amigo tão bom quanto você é... — Jungkook respirou fundo e, já que já abrira a boca, aproveitou para despejar tudo de uma vez. — Queria saber como você fez pra ficar do lado dele. Você foi tão incrível... E eu... eu te usei pra esconder minha amizade com o Jimin.

— Não sei se eu sou a pessoa pra quem você deveria perguntar isso, Jungkook. — Hoseok fez uma pausa para ponderar. Sua expressão era engraçada. — Acho que você é quem sabe melhor, atualmente, como é ter uma amizade com o Minnie...

— Mas você lutou pra continuar do lado dele, eu fugi — devolveu, frustrado. Ainda sentia-se afogado em culpa.

— O que você considera estar ao lado dele?

— Tipo, do lado dele pra aguentar os olhares.

— Bem, eu até que tava disposto, mas você deve saber que não deu certo... O Minnie pode até querer, emocionalmente falando, alguém pra dividir os olhares com ele. Mas pelo lado racional, ele nunca vai aceitar isso. E você sabe que o Minnie vai muito no racional.

— Mas só de saber que você ficaria ao lado dele deixava ele feliz, eu tenho certeza.

— Mesmo assim, foi o que nos afastou, Jungkook. Eu tô falando sério quando te digo que você é quem mais sabe o que é estar ao lado do Minnie e ser amigo dele agora. Se não soubesse, vocês nem seriam amigos. O Minnie costuma se afastar dos outros. Você ainda estar do lado dele significa muita coisa.

— Mas eu não tô do lado dele... Eu fugi!

— Talvez não do jeito que você queria estar, Jungkook. Mas acho que você tá do jeito que ele precisa, entende? — Hoseok falou mais firmemente daquela vez. — Eu não posso te dar dicas, porque esse jeito que você quer estar, que eu tinha condições e estava disposto a estar, não deixou o Minnie confortável. Tanto que a gente se afastou...

— Ah...

— Sério, Jungkook. Às vezes, o que a gente quer dar não é o que a pessoa precisa. Nós humanos somos esses bichos complicados. — Ele riu de leve e derreteu um pouco Jungkook com a calidez convidativa de sua presença-Sol. — Sério, eu acho que você tá perfeitamente onde deveria. Sabe... Eu fiquei surpreso com o Minnie me ligando ontem. Pensei que ele se afastaria mais ainda depois do que aconteceu na minha festa, mas... Acho que ele conseguiu por causa de você.

— Nossa... Eu fiz o Jimin ligar pra você! — Jungkook arregalou os olhos, meio preocupado.

— Ei, é pra eu ficar ofendido? — Hoseok riu. — Não sou o bicho papão, não!

— Mas é só que...

— Relaxa, não precisa se explicar. — As gargalhadas ficaram ainda mais altas com a confusão de Jungkook. — Então assim... Não posso te dar dicas, mas quero te agradecer.

— Pelo quê? — Jungkook tombou a cabeça para o lado, sem saber quando que ele tinha feito algo de bom para Hoseok.

— Primeiramente, por inventar que é meu amigão pros seus pais. — Riu e Jungkook ficou completamente vermelho de vergonha. Ainda detestava aquela sua mentira apesar de tanto Jimin quanto Hoseok terem aprovado-a. — Foi muito bom ter um motivo pra voltar a falar com o Minnie. E meu segundo agradecimento... Aquele dia, depois da festa, o Minnie foi chorar com você, né?

— Uhum... — Jungkook assentiu com a cabeça, confuso. Os lábios de Hoseok foram novamente tomados por um sorriso, mas daquela vez não era o grande e bem humorado, e sim um tímido e grato. Puxou Jungkook para um abraço apertado.

— Sério, muito obrigado por estar aí pro Minnie... De verdade, muito, muito obrigado. O Minnie nunca gostou muito de chorar, nem que os outros vejam ele chorando, mas ele obviamente precisa de alguém pra chorar junto. Chorar sozinho é o fim da picada, sério mesmo.

— Mas eu não fiz nada... — Jungkook estava aturdido.

— Fez sim, esteve ao lado dele quando ele precisou. Sinto até uma inveja, queria poder ser esse apoio pra ele também, mas especialmente nessa situação não ia rolar, né? — Hoseok separou o abraço para encará-lo. Fitou Jungkook seriamente e logo aprovou o que via. A expressão dele era tão terrivelmente sincera que chegava a ser palpável. — Eu gosto muito do Minnie, de verdade. Acho ele uma das pessoas mais incríveis que já conheci apesar de tudo que aconteceu entre a gente. Então sério, obrigado por ser amigo dele, principalmente pelo tempo que não consegui. Espero poder mudar aos poucos.

— Mas... — Jungkook embolou-se nas palavras de novo. Era estranho receber agradecimentos por estar ao lado da pessoa que mais gostava. Era um privilégio, isso sim.

— Se você é amigo do Minnie, é meu amigão também! — Hoseok concluiu ao ouvir o sinal indicando o início das aulas. Começou a puxar Jungkook pelas escadas. — Sério, pode me chamar pra qualquer coisa. E você pode ir lá em casa de verdade qualquer dia, se quiser. Você gosta de gnomos?

— Gnomos? — Jungkook perguntou, confuso, mas não teve sua dúvida respondida, porque Hoseok só insistiu que visitasse sua casa e deu um tchauzinho antes de ir para sua sala.

Ainda atordoado com os acontecimentos tão rápidos e inesperados, Jungkook entrou na própria sala sentindo-se deslocado. A rotina de simplesmente atravessar o pátio sozinho, subir as escadas sozinho e esperar a aula começar sozinho fora quebrada e o deixou um pouco sem chão.

Voltou para a realidade ao perceber que Jimin já estava na sala, sentado na primeira carteira. Arrepiou-se ao notar que era alvo de seu olhar delineado. Como sempre, estava lindo: a boca coberta do gloss cintilante que com certeza tinha um cheirinho delicioso de morango se chegasse mais perto; a jaqueta grande e preta; o macaquinho de pelúcia rosa clara por baixo, o mesmo que usou no dia que o flagrou dançando balé durante o final de semana.

Parecia que se conheciam há anos tamanha a familiaridade sentida ao olhar Jimin. Era estranho pensar que mal tinham dois meses de amizade. Mais quatro meses e nem estariam estudando juntos. Mais quatro meses e iria naquela competição de dança que tanto o amedrontou a princípio, mas que agora queria muito participar.

Logo afastaram o olhar para não levantar suspeitas, e Jungkook caminhou quieto para seu lugar no fundo da sala, camuflado como sempre. Na escola era apenas mais um aluno monocromático e medíocre. A aula começou logo depois.

Como daquela vez não estava com sono, passou a aula com o olhar perdido nos fios cor de rosa de seu melhor amigo, a cabeça perdida em sequências de passos que tinha aprendido na última aula do balé avançado. Seguia a música em pensamentos, o ritmo sendo acompanhado de levinho por batidas tímidas do pé no chão.

Estava com dificuldade em um trecho específico, em que precisava fazer um grand jeté logo depois de uma pirueta. Sempre se desequilibrava e não conseguia impulso o suficiente. E tinha a parte que tinha que levantar a Momo... A professora Joohyun estava ensinando elevações exaustivamente a ele, pois queria um Pas de Deux completo agora que finalmente tinha um aluno homem.

Apesar da complexidade, até que executava bem o promenade, em que girava ao redor da Momo enquanto ela se mantinha erguida em uma perna, sempre cuidando do alinhamento dos ombros para nenhum dos dois desequilibrar. O apoio durante os saltos também funcionava bastante bem... O problema eram as elevações. Não tinha forças nem para uma normal, em que só sustentava o impulso da parceira, imagine uma pescada que nem a professora queria! Só a ideia lhe assustava.

Um arrepio tomou seu corpo em mentalizar com mais detalhes a ideia de lançar a Momo para o alto e depois ter que acertar o tempo na hora de segurar ela naquele arabesque com a perna de baixo dobrada... Tinha certeza que ia deixar a garota cair e que não ia ser nem um pouco bonito.

Distraído, tomou um susto quando deu a hora do intervalo. Nem viu o tempo passando ao ensaiar os movimentos exaustivamente na própria cabeça. Pegou na mochila uns cookies integrais que os Park lhe deram enquanto davam carona de volta para casa e levantou o olhar para observar Jimin pegar um livro da mochila. Se não se enganava, o nome daquele era 1Q84; tinha visto a trilogia inteira no quarto dele. Era engraçado, Jimin sempre lia, mas até que não conversava tanto sobre os livros com ele.

Verificou seus arredores discretamente antes de pegar o celular, já meio animado.


Gracinha 🩰 [09:17]

n vai comer?


Park Jimin 🍓[09:17]

Agora você é fiscal de café da manhã, por acaso?


Gracinha 🩰 [09:18]

sim, prazer

pfvr, mostre o documento d comprovação do café da manhã

hehe~

isso até q é legal

entendi pq vc me enche tanto o saco p comer direito

vou fazer mais vzs

Jungkook ouviu de longe um som discreto da risadinha de Jimin, mas este logo recompôs-se. Estava no colégio e aquele era um território perigoso, não podia abrir a guarda.


Park Jimin 🍓[09:18]

Como se eu fosse te dar muitas brechas pra isso...

É que meu pai fez rabanada ontem, e eu amo rabanada, sabe?

Aí hoje de manhã não deu outra: devorei tudo que sobrou depois do treino

Acho que estou cheio por três semanas já


Gracinha 🩰 [09:19]

kkkkkkkkkkkkkkkk taí uma informação nova

n sabia q vc era doido assim por rabanada


Park Jimin 🍓[09:19]

Inocência sua achar que me conhece tanto assim sendo que somos amigos há pouco tempo 🥰


Gracinha 🩰 [09:20]

td dia um emoji cheio de falsidade diferente zzz

mas td bem, vou interpretar como um pedido p eu ser seu amg por mais tempo ainda


Jimin titubeou, e Jungkook ficou observando o status passar de digitando para online repetidamente. Riu baixinho, não aguentava o quão fofo ele era.


Park Jimin 🍓[09:22]

Hm... Acho que dá pra interpretar desse jeito

De cabeça pra baixo

Com um olho fechado

Enquanto faz uma pirueta

*Desse jeito* acho que dá pra interpretar que eu quero que você seja meu amigo por mais tempo ainda


Gracinha 🩰 [09:22]

kkkkkkkkkkkk

te amo, sabia?


Jungkook levantou o rosto do celular quando ouviu um barulho. O barulho era Jimin levantando da sua cadeira apressadamente, o rosto tão corado e tão quente que parecia brasa. Mandou um olhar repreendedor mas discreto para Jungkook antes de correr até o banheiro.

O bailarino fez um biquinho, refletindo se tinha feito algo de errado. E ficou lá, sentado, esperando Jimin voltar parecendo bem. Porém, seu celular vibrou.


Park Jimin 🍓[09:26]

Sabia

Mas nem pra esperar a hora do almoço?


Gracinha 🩰 [09:26]

kkkkkkkkkkkk não

eu te amo agr

pq esperar a hora do almoço p falar?

se bem q vou falar na hora do almoço tb

to curtindo


Park Jimin 🍓[09:26]

PARA COM ISSO!

É porque no almoço...

Sei lá, espera o almoço


Gracinha 🩰 [09:26]

hmmm

então vc vai falar q me ama tb na hora do almoço

to animado então

a aula podia acabar logo


Park Jimin 🍓[09:27]

Eu não disse isso!

E vou parar de te responder, a aula já vai começar de novo!


Gracinha 🩰 [09:27]

n disse, mas disse

kkkkkkkkk eu to te deixando tímido?

fofofofofofo


Park Jimin 🍓[09:27]

Eu não sou fofo!

E você está brincando com o perigo!


Jungkook observou, espantado, que tinha sido bloqueado e riu mais. Poucos minutos depois, Jimin voltou para a sala de aula, parecendo mais recomposto, e sentou-se na carteira sem encarar Jungkook deliberadamente.

E, droga, Jungkook estava tão animado para o almoço. Tanto que seu coração batia mais forte só de pensar. Também queria dizer que amava Jimin pessoalmente. Ele sentia-se tão cheio de amor para dar que queria experimentar as palavras de todas as formas.

Graças à sua ansiedade para dar o horário logo, o resto das aulas arrastou-se longamente. Jungkook tinha certeza que todos os relógios do mundo tinham quebrado. Os segundos eram tão gritantes, tão demorados que queria simplesmente dormir, mas daquela vez estava sem sono.

Teve um pouquinho de paz quando voltou a pensar em balé. Repassou de novo as sequências da aula anterior e os passos que achava mais difíceis. Depois, mergulhou em lembranças do vídeo que tinha assistido do balé A Filha do Faraó apresentado pelos bailarinos do Teatro Bolshoi. Eram tão bons que doía.

Seu maior arrependimento foi perceber que faltavam cinco minutos para as aulas terminarem. Aqueles cinco minutos conseguiram ser mais lentos do que todos os outros que já pareciam estagnados. Sempre jurou que o tempo passava, mas aquele não, enchendo-o de revolta. Encarou tanto a nuca de Park Jimin que este a sentiu queimar.

Ou melhor, tudo nele queimava, não apenas a nuca. Assim como Jungkook, estava atento ao horário, mas ele parecia passar rápido até demais. Estava tão nervoso. A expectativa que Jungkook nutria só piorava a situação. E se seu amor não fosse o suficiente? E se não conseguisse falar? Precisava abraçá-lo enquanto isso? E se a expressão corada que achou bonita no dia anterior na verdade fosse patética?

Tentava espantar todos aqueles pensamentos de sua cabeça, porque sabia que eram infrutíferos e que ia falar para Jungkook por confiar nele. O amigo nunca acharia patético. Acharia lindo e ficaria feliz. Mesmo assim, os pensamentos voltavam a rodeá-lo. Sentia-se tentando espantar mosquitos com uma raquete de tênis.

Seu coração agitava-se desesperado no peito e, quando o sinal tocou, indicando o final da aula, achou que ele tinha parado. Entretanto, logo voltou a martelar forte, recusando que Jimin não o percebesse. Enfiou seus materiais rápido na mochila de paetê preto e apressou-se para sair da sala de aula, evitando olhar para Jungkook.

Caminhou até aquela esquina na qual sempre o esperava. Pegou seu livro do Haruki Murakami, mas todas as palavras que lia eram imediatamente expelidas para fora de seu cérebro e, no final, a frase não fazia sentido. Insistiu, frustrado, na leitura, mas continuou incapaz de manter o foco.

Logo o motivo de toda a sua distração apareceu na esquina, carregando um sorriso tão puro no rosto que Jimin derreteu. Os dentes da frente avantajados de Jungkook conseguiam deixá-lo ainda mais adorável; assim como os olhos redondos e o nariz grande enrugados de felicidade.

A intensidade do amigo impressionava. Porque Jungkook não só parecia feliz, mas também parecia feliz por estar feliz; se aquilo fazia sentido. Parecia aproveitar cada pedacinho daquele sentimento, recusando-se a deixar qualquer detalhe dele para trás. Era como se degustasse cada colher de uma sobremesa gostosa, fechasse os olhos para apreciar o calor que a luz do Sol criava em sua pele, prestasse atenção em uma música a ponto de notar todos os instrumentos, vozes e batidas de fundo.

Jimin admirou, porque por mais que estivesse feliz também, não gozava do sentimento daquela forma. Talvez por medo de abusar demais da felicidade e perdê-la, como se fosse um mau presságio ou, talvez, por parecer vergonhoso aproveitando.

— Oi! — Jungkook disse, com aquele sorriso bobo, enquanto assistia Jimin guardar o livro na mochila e levantar-se da mureta na qual sentava.

— Oi... — ele respondeu, subitamente temeroso de não ser bom o suficiente para Jungkook.

Mas assim que se pôs a andar em direção à sua casa, na rotina que fora gravada pelas chamas da cumplicidade no coração de ambos, percebeu Jungkook achegando-se ao seu lado, encostando os ombros. Olhou para o outro lado, como se não houvesse notado e ouviu o amigo dar uma risadinha. Jungkook inclinou-se em direção ao seu ouvido.

— Te amo... — sussurrou, travesso, antes de empertigar-se de volta e caminhar normalmente. O rosto de Jimin queimou. — Nossa... Você fica mesmo da cor do seu cabelo!

— Pare com isso, Jungkook! — Jimin resmungou, tentando esconder o rosto. Jungkook observou com atenção. Estava aproveitando do sentimento porque na ligação do dia anterior, Jimin demonstrara querer compartilhá-lo também, mas, pelo visto, o amigo ainda tinha dificuldades de fazê-lo de fato: as bochechas vermelhas escondidas pelas mãos pequenas eram apenas uma das evidências. Afastou-se um pouco para dar espaço a ele. Ainda estava incrivelmente feliz. O sorrisinho bobo não saía de seu rosto.

Jimin encarou Jungkook ao perceber que ele não estava mais grudado em seus ombros, preocupado em ter magoado o amigo. Porém, a única coisa que recebeu foi aquele sorriso compreensivo e lindo dele. Droga! Gostava tanto de Jungkook que era capaz de derreter só em observá-lo. O medo e as paranoias minguaram e o resto do caminho foi tranquilo.

Começaram a preparar o almoço. Jimin vestindo o avental de "melhor mãe do mundo" e Jungkook um ridículo de espartano sarado que Bongcha comprou supostamente para "agradar sua esposa fornecendo uma visão dele de tanquinho que não poderia ser obtida de outra forma". Jimin caiu na gargalhada, porque Jungkook normalmente utilizava um rosa de babados (a família Park adorava aventais) e a visão era muito engraçada. Jungkook suspirou de alívio ao perceber o amigo menos tenso.

Jimin notou claramente que o amigo se continha para não pressioná-lo sobre a maldita resposta que prometera. Mas, mesmo assim, toda vez que desviava o olhar acabava flagrando Jungkook encarando-o com os olhinhos redondos brilhando cada vez mais de desejo, como se fosse um filhote de cachorro ansioso para receber um petisco.

Focou nos legumes que cortava para poder refogar, assim como estava de olho no peito de frango recheado que Jungkook colocara para assar no fogão. Toda vez que terminava uma tarefa, Jungkook não conseguia evitar olhar para Jimin e ambos foram construindo uma tensão tímida e cheia de nervosismo entre a bancada e a pia da cozinha.

Terminaram o que tinham para fazer e ficaram em um silêncio assustador, pois só faltava esperar o tempo de tirar o frango do forno. Sabendo que, desocupado daquele jeito, não conseguiria parar de olhar Jimin, Jungkook abriu a geladeira em busca de laranjas para fazer um suco. Pegou algumas e, ao virar-se de volta, cheio das frutas nos braços, deu de cara com Park Jimin, fitando-o com as bochechas completamente coradas, mas olhar determinado.

— Jungkook... — ele chamou baixinho, aproveitando o sabor do nome que tornou-se tão familiar na ponta de sua língua.

— Calma, tô nervoso agora! Deixa eu apoiar as laranjas aqui. — Jungkook engasgou-se entre as palavras e correu para apoiar as frutas no balcão de uma forma estabanada. Jimin acompanhou, enlaçando a cintura dele por trás para se acomodar em um abraço.

— Jungkook... — chamou de novo, apoiando o rosto acalorado nas costas largas.

— Posso ouvir olhando pra você? — pediu, baixinho. Jimin concordou e soltou sua cintura, observando Jungkook virar-se em sua direção com certa solenidade. Os dois estavam tão nervosos. Soltaram uma risadinha baixa em uníssono.

— Você está corado, gracinha... — O tom de voz era macio apesar do apelido provocador. Levou as mãos até as bochechas de Jungkook, aproveitando aquela calidez tão gostosa dele.

— Tô muito nervoso — confessou. Correspondeu Jimin, levando as próprias mãos até as bochechas fartas e macias. Elas queimavam, intensas, demonstrando tudo o que costumava esconder. — E tô muito feliz também. Obrigado por me mostrar, é muito lindo mesmo.

— Ai, gracinha, por que você tem que ser assim? — resmungou, mas sua voz era tão doce que parecia um murmúrio manhoso.

— Você gosta que eu sei! — Jungkook retrucou, todo metido, ainda acariciando as bochechas vermelhas. Era tão gostoso, era tão íntimo e tão vulnerável que parecia prestes a explodir. Amava vê-lo daquele jeito também.

Jimin respirou fundo, tomando fôlego para aquilo que deveria ser tão fácil, porém estava desacostumado a fazer. Contudo, queria muito entregar a Jungkook. Queria muito entregar a ele mesmo. Queria carregar no peito o orgulho de viver e demonstrar tudo que sentia.

Seus lábios tremeram de nervosismo. A cozinha pareceu subitamente pequena para ambos. Era como se só os dois existissem ali. Jungkook sorriu, doce, tão nervoso para ouvir quanto Jimin estava para falar. E, naquele momento, entraram de vez naquela sintonia tão particular deles.

— É verdade... Eu gosto. E eu te amo, Jungkook.

»»🩰««

OS BOIOLAS SE AMAMMMMMMMMMMM 😭😭😭😭 SÉRIO, EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO!!!! E ELES NEM SÃO NAMORADINHOS, PELO AMOR DE DEUS!!!

E aí, qual é a parte fav do capítulo para você?? Acho que a minha é o Jungkook triste sendo ajudado pelo Jimin, e a vontade dele de contar que estava feliz e envergonhado por aquilo, SÉRIO, SÉRIO!!! EU NÃO AGUENTO OS DOIS!!

Como sempre, muito muito muito obrigada mesmo a todo mundo que comenta, vota, lê e surta comigo lá no #EstrelandoOCoadjuvante🩰 , amo muito vocês!!! Demais da conta!

Ah, eu avisei no twitter e em empresário, mas vou avisar aqui também: vou tirar férias de postagem em outubro! Obrigada pela compreensão de todo mundo 💜 vocês vão ver que vai passar em um piscar de olhos e vai me permitir melhorar minhas histórias! Estava muito sobrecarregada de revisões para postagem e vou tomar esse tempo pra dar a louca na escrita!

OUÇAM UNIVERSE!

Beijinhos de luz e até 05/11 às 19:00! Amo vocês 💜  

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