07 | Fondu
Olha só quem voltouuuuuu!! Que saudades que eu tava de vocês, meus faccionários lindos!
Muito obrigada pela espera, pelo carinho, por lerem, por comentarem (amo demais saber o que vocês acham da nossa duplinha do barulho kakaka) e votarem, sério mesmo! Sou muito sortuda por ter vocês
Acho que vocês vão gostar desse capítulo, hein~ Hihi
Boa leitura e não se esqueçam de votar!
#EstrelandoOCoadjuvante
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Me encontre na terceira esquina à direita depois do ponto de ônibus após a aula, gracinha 💕 Se você me der um bolo, já sabe...
Foi a mensagem carinhosa que Jungkook recebeu na segunda-feira, a canetinha brilhosa cheirando a morango formando a caligrafia caprichada com a qual já estava ficando estranhamente familiarizado. Será que se desse um bolo levaria um chute nas bolas ou teria o vídeo dançando balé vazado em grande estilo? Não pagaria para ver de qualquer forma.
A aula passou extremamente devagar e percebeu, após pensar mais um pouco, que provavelmente o maior motivo para aquilo era estar acordado e sem sono, deixando o raciocínio fresco o suficiente para notar que as aulas eram uma merda. Quase arrependeu-se de ter descansado apropriadamente no final de semana.
Quando finalmente o sinal tocou, anunciando o final da aula, Jungkook esperou cinco minutos desde a saída do Jimin da sala para levantar-se e ir até o ponto de encontro misterioso. Mesmo com ordens claras, ficou com medo de perder-se e ir no lugar errado, mais nervoso a cada passada que se aproximava da terceira esquina.
E era a certa. Encontrou Jimin sentado em cima de um muro baixo de um estacionamento, esperando-o tranquilamente. Naquele dia em específico, usava um vestido rosa de florzinhas, especialmente delicado, principalmente comparado à costumeira jaqueta por cima e as botas pretas de plataforma. A sombra rosa nos olhos combinava com o gloss cativo de seus lábios, aquele que Jungkook já até sentia o cheiro, apesar de estar longe demais para fazê-lo de fato.
— Olá, gracinha! Saudades de mim? — Jimin levantou-se em um salto gracioso e começou a caminhar pela calçada, embrenhando-se entre as ruas pacatas e residenciais dos arredores. Jungkook apenas foi atrás.
— Pra onde vamos?
— Desconfiado de mim? — Jimin deu uma daquelas risadinhas maliciosas. — Acha que o líder de facção malvado vai te levar até um beco e deflorá-lo? Ou quem sabe obrigá-lo a vender drogas... Hm... Você é alto, acho que com um pouco de exercícios de força, você é o empregado ideal para me ajudar com as surras por encomenda.
— Só te perguntei pra onde vamos... — Jungkook suspirou. Por que Jimin sempre parecia divertir-se tanto em falar da facção misteriosa? Parecia gostar dela, mas além de histórias e provocações, não dava o ar de sua graça em nenhuma de suas outras ações.
— Almoçar. — Jimin aproximou-se para cutucar as costelas aparentes de Jungkook por baixo do uniforme, recebendo um resmungo de volta. — Magro desse jeito, vai ser levado pelo vento antes de subir em um palco.
Jungkook apenas continuou seguindo o garoto em silêncio, ainda confuso sobre a situação, mas confiando que aquilo era outra forma de apoiá-lo em prol de seus interesses pessoais. Então caminhou em silêncio até Jimin parar na frente de uma casa que a própria estrutura parecia alegre, abrindo um portão sem cadeado que levava a um pequeno quintal da frente. A tinta branca descascava, porém aquilo era mais um detalhe belo e pitoresco junto ao muro pintado de azul bebê.
Caminharam nas pequenas lajotas de pedra dispostas na grama já pisoteada até uma porta branca, a qual Jimin abriu com uma chave daquela vez. Limpou os pés do sapato no tapete de entrada, que Jungkook percebeu ter escrito "aqui tem amor" em letra cursiva. Aquilo pareceu especialmente engraçado para ele.
— Fecha a porta depois que você entrar — Jimin, que já tinha descalçado as botas e colocado-as em um porta sapatos, falou enquanto adentrava o local.
Um pouco tímido porque era a primeira vez que entrava daquele jeito na casa de alguém, Jungkook apenas assentiu. Fechou e trancou a porta atrás dele antes de tirar seus sapatos, seguindo todos os passos de Jimin para tentar ser o mais educado possível.
Ficou um tempo parado na porta, sem saber se deveria entrar apesar de já estar de meia. Observou o local novo, curioso. Conseguia enxergar da entrada a sala de piso de madeira, protagonizado por um sofá cor de café cheio de almofadas aconchegantes de frente para uma televisão à sua esquerda. Também tinha um tapete felpudo bege, uma mesinha de centro e prateleiras ao redor da TV, exibindo diversos retratos.
Jungkook talvez nunca tivesse visto um ambiente tão... familiar. Do lado direito havia uma mesa de jantar pequena. Alguns resquícios de farelo de pão indicavam que realmente era utilizada pelos habitantes da casa, o que o deixou mais impressionado ainda.
E no meio, porém mais distante, havia uma cozinha americana na qual Jimin encontrava-se, já vestido com um avental que exibia no peito "Melhor Mãe do Mundo" em letras tortas feitas de tinta. Sem ter mais para onde ir, Jungkook caminhou até Jimin.
— Você mora aqui? — perguntou.
— Não, acabamos de invadir uma propriedade privada aleatória — Jimin respondeu, tão sério que Jungkook quase acreditou. — Espero que seus pais sejam bons advogados mesmo.
Jungkook calou-se imediatamente, sem saber mais o que falar. Jimin já tinha colocado uma panela cheia de água para ferver e, no momento, cortava com certa naturalidade algumas batatas.
— Não sabia que alguém cozinhando era tão interessante assim — Jimin resmungou depois de ser encarado por uma quantidade razoável de minutos. — Nunca assistiu vídeo de culinária no YouTube, não? Te mando uns links depois, se quiser.
— Você sempre tem que me provocar por qualquer coisa que eu faça? — Jungkook tomou coragem para perguntar diretamente. Jimin ergueu o olhar cintilante, ligeiramente espantado, antes de sorrir provocador.
— Mas é claro, gracinha. Qual seria a graça?
— Me deixar em paz.
— Mas isso não é engraçado — Jimin pontuou, como se tentasse lembrar Jungkook daquele detalhe. — Tudo pelo entretenimento. Pega uma cenoura na geladeira para mim, por favor.
Jungkook obedeceu, por mais que abrir a geladeira de alguém fosse de fato muito estranho. Porém, tudo era estranho para ele, vide as gavetas cheias de legumes e frutas que raramente existiam em sua casa, já que ninguém passava tempo lá e acabava apodrecendo. Pegou a cenoura e levou até Jimin.
Quando menos percebeu, já estava descascando-a, novamente por ordens do garoto de cabelos rosa. E depois ralando dentro de um potinho, e depois buscando mais uma na geladeira porque Jimin alegou que estava com vontade de comer mais cenoura. Tudo acontecendo de uma forma tão cadenciada, tão natural, que aos poucos parecia engolido naquelas tarefas que pareciam banais, buscando seus novos "e depois" para preencher-se.
Jimin, por sua vez, já tinha habilmente transformado a batata em purê e pegado um pote de vidro da geladeira, do qual tirou dois pedaços de peixe marinado antes de guardar o resto. Jungkook sentia-se ridículo de ainda estar na segunda cenoura enquanto Jimin já tinha feito uma infinidade de coisas.
— Impressionado com meus dotes caseiros? — Jimin riu, percebendo o olhar de Jungkook sobre si enquanto começava a grelhar o peixe. — Me dê um pedaço de cenoura, gracinha.
E abriu a boca para que Jungkook colocasse a cenoura lá, mas ele só conseguiu ficar olhando e olhando, e olhando... Jimin fechou a boca e bufou.
— Achei que depois de sábado eu teria que te ameaçar menos para que você agisse como um ser humano normal... — Jimin virou os filés que preenchiam o ambiente com o barulho da fritura e seu cheiro gostoso antes de afastar-se para ir atrás do pedaço de cenoura ele mesmo. Estava morto de fome e sempre beliscava coisas aleatórias enquanto o almoço se aprontava.
— Também achei... — Jungkook suspirou fraquinho. Achou que seria mais Jey, mas percebia que ainda tinha um longo caminho até lá. Passou a vida inteira guardando seus pensamentos e palavras para ele mesmo, a chave não virou tão rápido.
Jimin observou o desânimo e melancolia do Jungkook e acabou suspirando junto. Ele tinha que dar um jeito de fazê-lo ser um pouco mais confiante, ou com certeza amarelaria na hora de subir em um palco. Por ora, pegou um outro pedaço que tinha sobrando de cenoura e enfiou na boca dele, assustando-o.
— Calma, gracinha... É só comida. — Jimin até mesmo adotou um tom mais conciliador, já que Jungkook parecia ainda mais assustado do que o normal. Tentou encará-lo para ver se conseguia decifrar, mas logo teve que voltar ao fogão ou o peixe queimaria. — O que está te deixando tão nervoso?
— Não sei — Jungkook respondeu após alguns segundos mastigando a tal cenoura. Seu rosto permanecia corado, mas toda a atitude tranquila de Jimin denotava que não deveria estar tão encabulado assim.
— Bem, o almoço está quase pronto... Tem um pote de alface na geladeira, bem grandão. Pega ele e um menor que tem beterraba cortada. — Jimin pediu enquanto colocava o peixe e o purê em dois pratos diferentes e os apoiava na mesa de jantar da sala junto aos talheres.
Jungkook novamente forçou-se a obedecer apesar de ainda achar completamente desconfortável abrir a geladeira de alguém. Mas era a geladeira do Jimin e ele que tinha pedido, então... era melhor obedecer.
Demorou tanto para achar os potes que Jimin teve tempo de tirar o avental, colocar dois copos na mesa e aparecer atrás de Jungkook, rindo com a confusão dele em achar o que precisava lá dentro. Só para provocá-lo, dedilhou com as unhas longas as costas de Jungkook antes de se acomodar ao lado dele a fim de ajudá-lo em sua tarefa.
— Aqui, gracinha. — Apontou e observou Jungkook finalmente pegar os potes, parecendo encabulado. — Gosta de suco de laranja?
— Sim...
Junto ao suco, Jimin pegou a cenoura que Jungkook tinha ralado e os dois foram até a mesa. Jimin teve que se sentar primeiro e passar um longo tempo encarando Jungkook até que ele percebesse que deveria sentar também.
Jungkook observou em silêncio o prato em sua frente, o aroma delicioso da comida que parecia realmente muito bem feita invadindo e nublando sua cabeça. Jimin serviu suco para os dois e, honrando o avental de "Melhor mãe do mundo" que utilizava anteriormente, encheu o prato de Jungkook com uma porção generosa de salada, incluindo o grande trabalho de Jungkook: a cenoura.
Jimin começou a comer primeiro, na esperança de que fosse uma deixa para que Jungkook comesse também. Mas ele continuou lá, olhando o prato de comida como se fosse uma espécie de estátua.
— Esqueci de perguntar se tem algo que você não come, gracinha... — Jimin murmurou. — Tem algo ruim aí?
— Não, não... — Jungkook finalmente pareceu despertar-se e pegou os talheres. — Parece tudo ótimo.
Pouco convencido, Jimin ficou analisando o garoto comer, buscando alguma reação que indicasse desagrado. Bunda mole do jeito que era, Jungkook não falaria o que não gostava, então restava descobrir o que era. Porém o caso pareceu ainda mais grave — Jungkook começou a chorar.
— Ei, gracinha... Se você não gosta, não precisa comer... Tem mais coisa na geladeira, o que você gosta? — Jimin perguntou preocupado, sem saber o que fazer. Deveria ter perguntado antes... mas realmente não imaginou que alguém teria algo contra peixe e purê.
Jungkook, estupefato, levou as mãos até a bochecha. Os dedos que ficaram úmidos atestaram que estava, de fato, chorando. Que ridículo... Na frente do Jimin, ainda por cima. Não sabia se ficava puto porque cada vez dava mais munição para que ele o chantageasse ou se ficava aliviado porque já estava sendo chantageado. Bem, de qualquer forma, Jimin já tinha visto ele chorar...
— Desculpa... — foi o que conseguiu dizer fraquinho, enxugando desesperadamente as lágrimas com as costas da mão.
— Ei... Não tem problema você não gostar de algo... Gosto é gosto. — Jimin tentou consolar, ainda completamente desconcertado com toda a cena.
— Não, tá muito gostoso mesmo, eu juro... — Jungkook respirou fundo, revoltado por não conseguir controlar o choro. — Acho que só faz muito tempo que eu não almoço... e com alguém.
Ao falar aquilo, Jungkook percebeu que estava com vontade de chorar desde que entrou naquela casa. O ambiente familiar parecia tão aconchegante... parecia uma casa e Jungkook quase não se lembrava daquele outro significado da construção além de ser um teto de fato. Não conhecia os pais de Jimin, mas mesmo assim conseguia materializá-los como as pessoas mais gentis do mundo apenas com os retalhos daquele ambiente e a forma carinhosa com que o de cabelo rosa mencionava-os.
E também na naturalidade que Jimin tinha em interagir, em como sua comida parecia cheirosa e gostosa, em como a geladeira estava cheia, porque uma família comia ali; tudo aquilo era desconcertante para Jungkook. Parecia muito legal mesmo.
Jimin levantou de sua cadeira e sumiu. Jungkook pensou que aquele garoto firme tinha cansado de vê-lo sendo patético, mas logo seus pensamentos foram calados ao assisti-lo voltar com papel higiênico em mãos. Seu queixo foi capturado pelas mãos de unhas longas como sempre, mas dessa vez Jimin exibia um sorriso meio triste no lugar do provocativo, tão costumeiro.
— Desculpa... — Jungkook murmurou de novo, sentindo-se culpado por ter instaurado todo aquele clima estranho na casa tão incrível.
— Pare de pedir desculpas, gracinha... — Jimin enxugou as bochechas úmidas com o papel, cheio de cuidado. — Meus pais sempre dizem que aqui em casa o choro é liberado... Choro, peido e arroto para ser mais específico, então fique à vontade.
Os dois deram uma risadinha fraca com a fala e Jimin suspirou, triste pelo Jungkook. O quão sozinho o garoto não era para chorar por causa de uma refeição? Terminou de enxugar as lágrimas e entregou o pedaço de papel ao Jungkook para que ele pudesse assoar o nariz.
— Daqui a pouco você se acostuma... — Jimin arrumou a franja de Jungkook com a ponta dos dedos antes de sentar de volta à mesa e dar um sorrisinho mordaz. — Ou o lobo mau aqui vai te fazer chorar todos os dias, porque você vai continuar almoçando comigo. Eu sabia que meus dotes culinários eram incríveis, mas não tão emocionantes. Agora, coma antes que esfrie.
Jungkook concordou, porque comeria e porque mais uma vez Jimin mostrava saber fazer tudo. Mastigou devagar, apreciando a refeição diferente de um salgado do colégio ou algum tipo de besteira pronta que vendia nas prateleiras da loja de conveniências na qual trabalhava. Não era à toa que Jimin tratava comer como se fosse algo incrível, daquele jeito até Jungkook estava gostando de dedicar um tempo de seu dia.
Jimin terminou antes e ficou observando com curiosidade o garoto à sua frente, ponderando que tinha trazido uma baita de uma encrenca para dentro de casa. Realmente achava que Jungkook, quieto do jeito que era, seria fácil de manipular, porém era exatamente o contrário. O silêncio dele fazia com que fosse muito difícil entender o que passava por sua cabeça, então sempre se via pego de surpresa pela intensidade que às vezes extravasava e isto era péssimo. Fazia Jimin baixar a guarda.
— Tá engraçado assistir minha cara de pateta? — Jungkook resmungou junto a um fungar choroso ao perceber que estava sendo encarado há tempo demais.
— Você está respondão hoje... — Jimin levantou uma das sobrancelhas.
— Bem... Você me provoca o tempo todo, acaba que eu me acostumo aos poucos... — justificou. E se realmente parasse para pensar, o jeito que enxergava e consequentemente respondia Jimin agora era muito diferente do primeiro dia, mesmo que o de cabelo rosa continuasse tão implicante quanto antes.
— Isso quer dizer que vou ter que ficar aguentando cada vez mais uma rebeldia inútil?
— Rebeldia inútil?
— Sim, sim. — Jimin encarou suas unhas bem feitas, avaliando se precisava lixar algum canto. — Não importa o quanto você me responda ou se rebele, ainda está nas minhas mãos, porque o vídeo continua comigo. Isso não parece inútil para você?
— E tem algum problema?
— Claro que não, gracinha. Eu acho muito divertido assistir você se debatendo... É uma nova forma de entretenimento que encontrei. — Sorriu, ameaçador. Seu gloss já tinha ido embora junto com a comida em seu prato, porém Jungkook percebeu que mesmo assim a boca continuava com a aparência cheia.
Sem esperar mais uma resposta, Jimin levantou-se, pegando seu prato e empilhando em cima do de Jungkook, que tinha acabado de almoçar também, indo deixá-los na pia. Jungkook pegou os copos e seguiu, observando incomodado Jimin vestir o avental de novo, para lavar a louça dessa vez.
— Eu... eu devia lavar a louça — pronunciou-se por fim. Jimin levantou o olhar, parecendo surpreso antes de voltar à sua expressão zombeteira de costume. Tirou o avental e o passou pelo pescoço de Jungkook.
— Quanta iniciativa... — Jimin colou o corpo no de Jungkook sob o pretexto de amarrar o avental nas costas, enlaçando-o em um abraço. Jungkook apenas engoliu em seco e respirou fundo, sabendo que Jimin só queria tirar sarro de sua cara.
— Você cozinhou... eu deveria fazer algo... — Afastou o olhar. Jimin riu e foi pegar o que sobrou dos potes de salada da mesa de jantar para guardar na geladeira. Jungkook aproveitou aquela deixa para ir lavar logo a louça antes que Jimin pensasse em outra forma de provocá-lo.
Jimin guardou tudo e limpou a mesa antes de avisar que ia se trocar e subir pelas escadas da casa, deixando Jungkook sozinho com os próprios pensamentos. O bailarino não gostava muito daquilo, porque nos últimos dias o silêncio sempre era ocupado por pensamentos sobre Jimin.
Então preferia Jimin por perto apesar de tudo, porque era completamente esperado que pensasse nele neste contexto. Continuar pensando nele mesmo que a presença soberba não compartilhasse mais o mesmo espaço era simplesmente lamentável. Por que Jimin tinha que lhe deixar tão confuso?
Jungkook terminou a louça bem quando Jimin desceu das escadas. E, novamente, ele não era o Jimin imponente em suas roupas que eram vendidas na sessão feminina; era aquele de calças normais, uma blusa lisa e nenhuma maquiagem no rosto. Continuava muito bonito, é claro, mas era muito estranho.
— Por que tá vestido assim? — Jungkook perguntou ao secar as mãos. A verdade é que mesmo que a aparência de Jimin parecesse "normal" daquela forma, a única coisa que conseguia fazer era estranhar.
— O quê? Saudades das minhas roupas curtas? — Apesar das roupas diferentes, Jimin continuava com aquele tom constantemente debochado na voz, como se tudo que ele falasse fosse algum tipo de piada. Caminhou até Jungkook para espalmar as mãos pequenas em seu peito e inclinar-se sobre ele, aproximando os rostos de maneira sugestiva. — Não pensei que você fosse um tarado, gracinha... Quer que eu te mostre um pouco mais de pele?
— É só que você parece mais confortável com as roupas de sempre... — Jungkook suspirou, entendia cada vez menos Jimin. Por que o garoto estava tratando como promíscuas as peças de roupa que tanto adorava? Por que fingia um comportamento devasso acompanhando?
Jimin encarou Jungkook no fundo dos olhos, tentando investigar alguma coisa misteriosa lá dentro. Ficou sério por poucos segundos e logo já estava com seu costumeiro sorriso malicioso no rosto, afastando-se dele.
— Sim, gosto muito de parecer lindo. — E aquilo era verdade. — Não que eu não continue lindo desse jeito também. Vem, é hora de te transformar em Jey.
Jungkook apenas deixou-se ser guiado escada acima — pausando em um banheiro para escovar os dentes — até um quarto que, claramente, era de Jimin. Entrou ainda mais desconfortável, já que nunca tinha nem visitado a casa de ninguém, imagine um quarto. Jimin trancou ele dentro para que trocasse de roupa antes de passar a maquiagem, então Jungkook simplesmente obedeceu.
Já com as roupas para suas aulas de balé, ficou observando o cômodo até que Jimin perdesse a paciência e entrasse no quarto. O de cabelos rosa pensou em reclamar, mas acabou gargalhando com o quanto Jungkook parecia curioso com o ambiente.
— Eu sei, eu sei, meu quarto é lindo como eu, agora senta aqui... — Empurrou Jungkook até a cama coberta com uma colcha branca e macia, sentando-se ao lado dele e espalhando uma infinidade de produtos de maquiagem pelo tecido. Era realmente uma boa ideia chamar Jungkook para almoçar em sua casa, não teria que carregar seus amados cosméticos até aquele McDonald 's estranho e correr o risco de quebrar a sua sombra ou pó compacto.
— É verdade — Jungkook concordou simplesmente.
Apesar de grande parte das paredes ser rosa, era um tom suave e mais puxado para o terroso, que fazia com que o ambiente não fosse desconfortável ou chamativo. Uma delas era branca e rosa, as cores separadas por uma linha diagonal que dava gosto de observar. A maioria dos móveis tinha cores claras, como branco ou uma madeira puxada para o creme. Tinha uma escrivaninha extremamente organizada e também um grande espelho de corpo inteiro apoiado em uma das paredes com algumas almofadas que pareciam confortáveis espalhadas em seus pés.
Jungkook teve que parar de observar quando sentiu Jimin apoiar a mão no seu rosto. Fechou os olhos, já estranhamente acostumado a ser maquiado e sempre muito animado em poder virar o Jey. Junto ao cheiro do pó da maquiagem e o que quer de estranho que tivesse naquele banheiro do McDonald's, agora era imerso no cheiro do quarto de Jimin que, ao contrário dele, não era doce, apenas suave.
Com certeza tinha algum tipo de aromatizador. Seria ideia do próprio Jimin ou da mãe, que era daquelas que gostava de distribuir cheirinhos pela casa? Poderia ser ideia do pai também, quem sabe... Se Jungkook fosse pai de alguém e tivesse uma casa daquelas, definitivamente espalharia aromatizadores tão gostosos. Quando menos percebeu, o bailarino já estava completamente mergulhado em pensamentos e em sua imaginação sobre aquela casa, que parecia tão confortável e familiar.
— Prontinho, acabei. — Jimin já puxava Jungkook na direção daquele seu espelho de corpo inteiro, a moldura branca em um estilo antigo combinando perfeitamente com o resto do quarto e, de alguma forma, com o dono.
Jungkook avaliou-se de cima a baixo, agora tendo a visão de seu corpo também. Seu corpo, aquele que prometeu cuidar e desenvolver pelo bem de sua arte. O cabelo com as pontas vermelhas trançado, a expressão que parecia tão viva junto à sombra nos olhos. Tudo parecia muito, muito certo, então acabou abrindo um sorriso largo.
— Obrigado...
— Você está muito estranho hoje, gracinha. — Jimin torceu o nariz.
— Não posso agradecer suas formas de apoio?
— Ninguém pode te proibir de nada, né... Mas acho que você se esquece que estou te chantageando.
— Ah, é só um detalhe... — Jungkook, um pouco mais relaxado e confiante, talvez por já ser Jey, brincou. Jimin levantou uma sobrancelha, um indício de risada formando em seu rosto também. — Aqui... obrigado pelo almoço e eu vou aceitar ele, mas a gente tem que dar um jeito de dividir os custos.
— Quê?
— Alimentar uma outra boca é caro — repetiu. — Queria pagar minha parte na conta do supermercado.
— Não precisa se preocupar com isso, está tranquilo.
— Seus pais sabem sobre isso? — perguntou e Jimin deu de ombros. Não tinha contado ainda porque tinha acabado de ter a ideia, mas não era como se seus pais fossem do tipo que se importassem. — Então, isso prejudicaria eles, você não quer isso, né? Eu pago minha parte do supermercado sem problemas. E eu ainda vou ficar em dívida, porque tem a parte de cozinhar, e o gás da cozinha, e a geladeira que tá guardando... um monte de coisa.
— Você pensa demais em dinheiro. — Jimin observou.
— Eu economizo pra sair de casa um dia, né... Então você começa a prestar atenção nessas coisas — explicou. — Talvez pra fazer supermercado eu até descole um cartão dos meus pais...
— Então em vez de prejudicar meus pais, prejudica os seus?
— Eles me colocaram no mundo, né — Jungkook riu fraquinho, um pouco triste. Seus pais colocaram ele no mundo, mas ele não sabia para que, já que ele parecia inexistente para ambos. — Cuidar de mim financeiramente é uma responsabilidade deles... ainda estou no ensino médio. Nada mais justo do que eu usar o cartão pra ir ao supermercado.
— Justo. Tenta pegar o cartão deles e me avisa. — Jimin aceitou por fim. Não queria que Jungkook tivesse gastos pessoais a mais porque já achava que aquele emprego dele na loja de conveniências era uma pedra no sapato. Desde que viesse dos pais, estaria tudo certo. — Em geral aqui em casa a gente faz compras no sábado, aí você pode vir junto para escolher o que gosta de comer também.
— Ir junto... tipo com seus pais? — Jungkook arregalou os olhos, subitamente nervoso com aquilo.
— Tipo com meus pais — Jimin confirmou, rindo e debruçou-se em Jungkook com seu costumeiro sorriso malicioso, serpenteando as mãos de unhas longas pelo pescoço forte dele. Jungkook reparou demais na falta do cheiro de morango do gloss. — Relaxa, gracinha, eles não vão te transformar em jantar ou qualquer coisa do tipo, são bonzinhos... Você deveria ter medo é de mim.
Jungkook suspirou, encarando Jimin. Deveria mesmo temer um garoto menor do que ele, que fazia almoço vestindo um avental de "Melhor mãe do mundo" e dava remédios para dor musculares junto a um lanche e um bilhete cor-de-rosa? Não sabia, contudo Jimin ainda tinha seu vídeo em mãos e poderia chutar suas bolas.
Jimin devolveu o olhar, ainda sorrindo. Ele não perderia em uma competição de encaradas, não mesmo, era seu ponto mais forte. Admirou que Jungkook não afastou o olhar imediatamente, ponderando se era a confiança por causa da maquiagem. Maquiagem era realmente algo incrível.
— Observando o quão lindo eu sou? — provocou em um tom metido.
— Por quê? Você está observando o quão lindo eu sou? — Jungkook aproveitou sua súbita coragem para devolver. Achou que estaria morto ali mesmo, mas Jimin começou a gargalhar.
— Ah, mas nunca neguei que você é uma gracinha... — Jimin não ia perder aquele pequeno embate. Levou as mãos até o queixo de Jungkook, o puxando para mais perto. — Estou apreciando minha obra de arte também, tenho mãos mágicas mesmo para transformar um garoto tímido em um gostoso.
Jungkook respirou fundo, sabendo que estava perdendo. Normalmente, ele já teria recuado há muito tempo, porém como já tinha chegado até ali, estava interessado nos próprios limites e nos de Jimin. Permaneceu firme.
— O que te faz acreditar que sou um garoto tímido? — blefou com meias verdades. Não era tão tímido assim, mas era, total e completamente, um garoto muito quieto. Principalmente porque não tinha ninguém para lhe ouvir, mas o costume acabou transformando aquilo em parte de sua personalidade para ser mais fácil de lidar.
— E você não é? — Jimin levou as mãos até a nuca de fios revoltos, puxando-o para ainda mais perto. Os lábios quase se encostaram, mas Jimin desviou o toque para acariciar o nariz de Jungkook com o seu, encarando-o no fundo dos olhos. Deu uma risadinha que aqueceu o pouco ar entre eles. — Se bem que você disse que não conseguia ser feliz sem mim... Foi uma declaração e tanto, até com lágrimas para deixar mais comovente. Acho que estou parcialmente errado nesse quesito da timidez mesmo.
— Você sabe que não foi assim! — Jungkook retrucou, afastando-se um tanto ofendido. O tom de voz continuava baixo, mas carregava revolta. Depois de alguns segundos, acalmou-se e ficou quieto ao encarar o sorriso vitorioso de Jimin. — Ah, eu perdi...
— Parabenizo sua coragem de ao menos ter tentado me enfrentar, gracinha... — Jimin carregava aquele sorriso de sempre, mordaz e esnobe. — Confesso que foi divertido, mas agora temos que ir para suas aulas.
Jimin desceu as escadas e Jungkook foi atrás. O de fios rosa acabou percebendo que queria ir ao banheiro antes de sair e largou Jungkook sozinho na sala enquanto isso. Sem mais o que fazer, ele foi explorar como que era uma casa de uma família de verdade.
Foi atraído até as prateleiras ao redor da TV como se houvesse uma força magnética puxando-lhe para lá. Provavelmente eram os porta-retratos. Achava porta-retratos algo muito carinhoso e queria aproveitar aquele carinho, mesmo que de terceiros, para que talvez trouxesse mais vivacidade aos seus sonhos que permeavam aquela manifestação tão bonita de sentimentos.
A primeira foto era de um casamento. Observou o sorriso daquele casal, que parecia exibir orgulhosamente o fato de ter se comprometido a uma vida com o parceiro. A noiva estava estonteante em seu vestido branco, mesmo que bem mais discreto do que os que Jungkook costumava ver nas revistas da banca ou qualquer coisa do tipo. Ela parecia... equilibrada com seu futuro marido. Jungkook sempre achou os noivos meio apagados do casamento em geral, mas naquela foto os dois tomavam a mesma proporção.
Jimin estava certo, eles pareciam mesmo bonzinhos, regados de uma gentileza e um amor que Jungkook não sabia que uma foto parecia capturar. E, na verdade, era muito claro que aqueles eram os pais de Jimin, porque o filho carregava de maneira quase esnobe o traço dos dois. Os olhos da mãe, o sorriso do pai.
Jungkook gostaria de poder sentir-se metido em carregar pedacinhos de seus pais nos traços do rosto, mas não só achava que parecia pouco eles, como não sabia se poderia orgulhar-se daquilo. Ambos não pareciam ligar se era semelhante ou não com eles, seja fisicamente ou pelos gostos. Com certeza Jimin parecia ser do tipo que a banda favorita é a mesma que a do pai, do tipo que aprendeu a gostar de ler junto com a mãe.
Percebendo que pensava e sentia demais olhando aquilo, Jungkook afastou o olhar para uma nova foto. Era o casal novamente, dessa vez com um bebê igualmente sorridente em seus braços. Jimin. Por que tudo naquela casa parecia tão feliz?
Outra foto, dessa vez ela capturava apenas uma criança. Porém era óbvio que o sorriso que ela dava para a câmera era consequência de quem estava por trás dela. Seria o pai ou a mãe de Jimin? Ou os dois?
De qualquer forma, era adorável, fazendo com que fosse quase impossível acreditar que aquela criança fofa tinha transformado-se em um encrenqueiro chantageador. Mas Jimin ainda carregava as bochechas grandes, a boca que parecia constantemente um biquinho e os olhos pequenos de pálpebras gordinhas da criança.
Jimin voltou do banheiro e aproximou-se de Jungkook ao perceber que ele estava olhando suas fotos de família. Agradeceu a todos os santos existentes ter conseguido convencer sua mãe e tirar a foto dele bebê tomando banho que gostava de exibir para todo mundo por "ser fofo demais" dali.
— Observando como eu sou lindo e perfeito desde bebê? — debochou. Jungkook ignorou o comentário, apontando para outra foto que atraiu sua atenção.
Era Jimin com aproximadamente uns nove anos junto a um outro garotinho que parecia ter a mesma idade. Os dois estavam de mãos dadas e pareciam animados. Aparentava ter sido tirada na frente de uma escola e os dois estavam vestidos com uniformes masculinos. Jungkook ficou impressionado ao saber que houve uma época em que Jimin realmente usava uniformes.
— Esse aqui... é o Hoseok?
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EU NÃO AGUENTO MAIS SOFRER POR BOIOLAS QUE EU MESMO ESCREVOOOOO. Sério, passo mal com a dinâmica dos jikook de USFDB fsfjasghkja quando eles resolveram fazer a briguinha de encarada quase passei mal escrevendo bem mdsgarotospqisso?????
Gostaram do capítulo? Qual foi a cena preferida de vocês? Confesso que gosto de muitas, mas vou ter que dizer Jungkook chorando enquanto comia, porque meu coração parte quando meus filhos sofrem
E ESSE HOSEOKÃO KID COM O JIMIN NO FINAL? TEORIAS?
Enfim, espero muito muito que tenham gostado de ler o capítulo o tanto que gostei de escrever! Sintam-se à vontade de me chamar no twitter @callmeikus e usar a #EstrelandoOCoadjuvante que amo que amo vê-los por lá! E se puderem recomendar a fific pra algum migs jikooker, me ajudaria muito também!
Ah, como uma forma de mimo e agradecimento, estou dedicando o capítulo aos leitores que interagem mais por aqui (em geral vocês recebem uma notificação avisando da dedicatória), se você interage bastante e não ganhou capítulo ainda, calma que tem mais capítulos saindo e amo você hjadslhsladkj
Aliás, aproveitar para mostrar um novo mimo que a fific recebeu feito pela Miss_Read_Again, muito obrigadaaaa, amei saber o que te lembra a fific!
E muito obrigada sempre, Be jikookbisexual, por ter betado essa capítulo, você é um anjo!
Bem, por hoje é só! Beijinhos de luz e até dia 21/05 às 19:00!
Amo vocês
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