III
Passei o dia pensando na possibilidade de ter visto Alex. Cada lance, cada movimento e o perfil daquele rapaz ainda estavam gravados em minha memória. Não era possível eu estar tão abalada a ponto de vê-lo no rosto de outras pessoas, ou até mesmo ter alucinações quanto isso. Meu passeio com Franz eu tentava focar apenas nos lugares e não nas lembranças. Procurei mostrar cada canto, e informar a ele quais eram os meus preferidos e a cada lugar ele se divertia com as manias dos brasileiros. Tentava sem sucesso imitar algumas atitudes culturais e eu me divertia com sua falta de jeito. Mas o mais engraçado foi a sua reação ao experimentar uma cerveja gelada. Ele achou divina e mil vezes melhor o que o fez beber um pouco demais e acabou ficando mais animado do que deveria. Ótimo. Estava na hora de levá-lo para casa. Franz era fraco para bebida. Prova disso é que ele capotou logo que chegamos.
Eu estava sem sono. Apenas incomodada por não saber o que fazer. Andei pelo meu apartamento pensando se eu deveria ou não tentar mais uma vez falar com minhas amigas. Deslizei minhas mãos pelos celular e fui até as mídias onde tinha nossas fotos, minha e das meninas. Estávamos tão felizes, sorrindo e com alegria estampada nos rosto. Prometemos que colocaríamos essa foto no dia da nossa formatura, mesmo eu tendo terminado meus estudo lá, eu prometi a elas que a festa nós passaríamos juntas. E agora, não sei se posso cumprir tal promessa.
"Só queria que tudo fosse como antes". Não basta só descobrir o amor, você tem que demonstrá-lo, pois do contrário, não importa quantos "eu te amo" você disser, não será suficiente. E nesse momento, eu entendia muito bem o sentido de tais palavras, embora eu não conseguisse dizê-las com tanta precisão. Eram tantas coisas a se pensar que eu não sabia nem por onde começar, mas eu não podia ver as coisas acontecendo sem fazer nada. Aliás, eu sempre corri atrás de tudo o que eu queria. E não poderia ser diferente. Não agora que meu coração estava aberto, embora estivesse desgovernado. Precisava colocar as coisas em ordem.
Mandei uma mensagem ao doutor Eduardo dizendo que estava de volta ao Brasil se ele teria algum trabalho disponível para mim. Já era mais que hora de eu parar de chorar pelos problemas e ir atrás de resolvê-los.
Durante a semana eu procurei por continuar a seguir meus planos. Fui atrás de começar uma graduação e mais pra frente minha intenção seria fazer, quem sabe, uma outra faculdade, ou me envolver com alguma coisa diferente.
Eu seria basicamente a Liza de uns anos atrás, dedicada na carreira profissional, mas agora pronta para amar. Minha rotina voltaria a ser corrida e eu em parte não reclamava, pois o ócio nunca foi meu melhor amigo. Eu faria a pós de manhã, trabalharia a tarde Os finais de semana seria dedicados as pessoas que eu amo e a mim. Tudo planejado, tudo em perfeita sintonia. Não tinha como dar errado.
Com todos esses planejamentos, eu esperava ansiosamente para que a semana passasse rápido, e quando o final de semana deu o ar das graças eu já sabia que eu iria ficar abalada. Eu queria a todo custo ir aquela formatura, mas que jeito? Deixei de pagar o último ano, minhas amigas me odeiam e por causa disso nem sequer um convite delas eu ganharia. Suspirei angustiada por isso, por não poder vê-las em um de seus momentos mais importantes. Quantas saudades.
Ouço a campainha tocar e vou atendê-la. Era papai, que trazia em mãos uma caixa grande.
- Que surpresa boa. - eu sorrio a ele e entra colocando a caixa em cima da mesa.
- Hoje é um dia especial, esqueceu? - ele lembra e eu pressiono os lábios.
- Pai, eu não vou.
- Como assim você não vai? - Walter tem o cenho franzido.
- Não posso. Minha amigas me odeiam e eu não paguei o último ano - senti as lágrimas se formarem em meus olhos.
- Liza, minha filha, o que está dizendo?
- Eu fiquei todo esse tempo sem falar com elas. Me fechei completamente porque eu queria me afastar de tudo me lembrasse... - encarei o nada.
- O Alex - papai completa falando baixinho com receio de Franz escutar - fiquei sabendo o que aconteceu.Suas amigas estão chateadas sim com você, mas não te odeiam.
- Como pode ter tanta certeza?
- Abre a caixa - ele pede e assim eu faço. Dentro tinha um vestido longo, vermelho e levemente decotado nos seios, algumas rendas no busto que vinham em direção a cintura e uma pedraria super discreta. O vestido era lindo e como se não bastasse havia um envelope. Abri- delicadamente e tirei um pequeno bilhete.
"Essa cor combina muito bem com você então pensamos que você iria gostar. Prometemos comemorar a formatura juntas e promessa é dívida. Esteja linda.
Suas amigas".
Eu não sabia o que dizer. Não era uma mensagem que demonstrasse muito sentimento, mas ainda assim, nem tudo estava perdido, ainda existia uma chance e eu tinha que agarrá-la.
- Eu nem sei o que dizer, mas ainda assim. Não sei como vou... - papai colocou o dedo indicador em seus lábios interrompendo que eu continuasse a falar.
- Está tudo certo. Está tudo pago. Não é porque você já é uma mulher formada que eu não posso bancar algumas coisas a você.
- Papai !!!- o repreendo - Não precisava ter feito isso.
-E perder de ver a minha única filha se formar? Sei que eu não estarei presente, mas eu ainda terei a oportunidade de ver muitos momentos felizes em sua vida.
- O senhor não vai? - preocupo-me.
- Não. Eu estou velho. Não tenho condições de encarar uma festa por muito tempo. E o convite extra pode ficar para seu novo namorado.
- Quem vê assim, pensa que está gagá - zombo e ele ri.
- Eu sei, mas é verdade. Bem, eu também tenho um presente a você - ele tira dos bolsos um pequeno saquinho de pano e entrega a mim que abro no mesmo instante. Era um anel com uma pedrinha vermelha representando o curso de direito. Papai o colocou em meu dedo e beijou minhas mãos.
- Tenho muito orgulho de você - ele diz e eu o abraço com o sentimento mais sincero.
- Obrigada, papai. Eu... Eu te... - "Por que é tão difícil dizer".
- Eu sei. Eu também te amo, milha filha. Mas agora eu tenho que ir. Ele deposita um beijo em minha testa, mas eu o chamo antes de sair.
- Pai! - ele me olha - eu visitei a mamãe semana passada. Tem algo que queira me dizer?
Papai coça a cabeça e encara o chão.
- Ela deve ter te contado de Marta, estou certo?
- Se esse é o nome da sua nova namorada, sim, ela me contou.
- Ela não é minha namorada. Estamos nos conhecendo. Não quis contar nada, antes que fosse oficial.
- E a mamãe. Você me disse que ainda a ama. Não deveria tentar lutar por ela? - ele me olha surpreso.
- Vejo que mudou muito mesmo. Eu e sua mãe somos passado Liza. Eu ainda estou vivo e cada vez mais velho, eu preciso aproveitar a minha vida enquanto é tempo. Sua mãe será sempre muito especial, mas ela e eu não nos damos bem. Estamos melhor separados.
- Sabe - cruzo os braços - Nunca imaginei vocês se separando. E parece que eu não consigo me acostumar com essa ideia, mas enfim. Quero que vocês dois sejam felizes, mesmo sabendo que mamãe terá um trabalho extra - reviro os olhos e solto o ar.
- Já entendi, vocês brigaram.
- Normal. Bem, espero que Marta seja uma boa pessoa.
- Ela é. Mas ainda estamos nos conhecendo, apenas.
- Tudo bem - sorrio forçadamente.
- Até mais minha filha.
Franz acorda logo em seguida com a cara toda amassada.
- Quem era?
- Meu pai.
- Por que não me acordou. Tenho que fazer um bom papel de genro, já que a gente não conseguiu se entender muito bem aquele dia.
- Ele só veio pra deixar umas coisinhas.
- Que tipo de coisas?
- Veja - mostro a ele o vestido que as meninas me mandaram colocando-o a frente do meu corpo.
- Vai ficar maravilhoso, mas, para quê isso?
- Hoje é a minha festa de formatura.
- Sério. Por que não me contou?
- Por que eu achei que eu não fosse, mas depois dessa...
- Isso inclui a mim também? - aceno com a cabeça.
- Ótimo. Terei a honra de desfilar com a formanda mais bonita da festa - Franz se aproxima e me abraça depositando um beijo em meus lábios.
A noite estava calma, mas eu estava agitada e rezando internamente para tudo ocorresse bem. Estava com o cabelo e maquiagem prontos. Enquanto Franz tomava um banho. Esperando, juntei, embolei minhas mãos e a esfreguei levando-as ao peito. Não sabia se estava ou não preparada para ver todo mundo.
Abri a sacada do meu apartamento e não encontrei pela lua, apenas as estrelas compunham a noite e eu as contemplei, pedindo pela calmaria. "E se ele estiver lá"? "Como será a reação de meus amigos ao ver Franz? Franz sai do banho com a toalha enrolada na cintura e me abraça.
- Uma pena estarmos atrasados. Você está linda – ele sussurra em meu ouvido eu me arrepio levemente.
- Deixa de bobagem – viro-me para encará-lo – Ainda nem coloquei o vestido.
- Você fica melhor sem ele. E com essas peças também, diga-se de passagem - diz se referindo ao meu roupão
- Bobo, vai se trocar – dou- lhe um selinho e sorrio.
Olho para meu vestido disposto na cama e sorrio ao vê-lo. Ele era incrivelmente lindo. Vesti-me e olhei-me no espelho. Senti-me bonita e modéstia parte, eu estava. Meu cabelos estavam ondulados e presos em um coque despojado.
- Agora estou na dúvida – Franz fala me olhando pelo espelho.
- Na dúvida? – estranho.
- De qual jeito você fica mais bonita. Está magnífica – ele sorri satisfeito.
- Me ajuda a colocar a pulseira? – pergunto e ele consente.
- É a pulseira de quando conversamos pela primeira vez – ele relembra.
- Sim, é minha pandora.
- Faz tempo que não a usa – ele observa encaixando o fecho.
- É eu... Nem percebi – menti. Eu não queria usá-la para evitar lembrar de Alex, mas achei que ela combinaria com os detalhes do vestido.
- Quem foi que a deu?
- Uma amiga. Você não conhece - preferi não dizer a verdade. Não nesse momento pelo menos - Vem, deixa eu ajeitar essa gravata pra você.
- Ok, vamos? Já estamos atrasados - ele sorri. De mãos dada saímos em direção a porta.
A fila em frente à entrada do salão de festas estava imensa. Desci do carro com a mesma agonia que desde que cheguei não me abandonava de jeito nenhum. Algumas pessoas acenavam para mim, outras apenas me olhavam discretamente. A cada passo que eu dava meu coração latejava a todo instante e eu sentia meu peito encher a todo momento.
- Engel, você está me deixando preocupado. Acalme-se. - Franz olhava pra mim apreensivo. Respirei fundo e soltei o ar assim que colocamos o pé pra dentro do salão, que por sinal estava incrível - mesas de vidro redondas com toalhas vermelhas sobrepostas apenas no meio. Os enfeites se intercalavam entre flores e velas, assim como todo ambiente com uma iluminação incrível, tendo a presença de luzes avermelhada em contraste com as amarelas. Vi vultos de mãos através do meus olhos, era Kate fazendo sinal que estavam ali, perto do bar. Caminhei até lá, encontrando Mat e Back, e prontamente fui cumprimenta-los.
- Olá - digo timidamente. Elas se levantam e param na minha frente.
- Vestido ficou lindo em você - Kate constatou não muito animada.
- Obrigada meninas. De coração. Sei que eu não mereço, mas isso aqui - faço sinal me referindo ao lugar - Não tem preço. Nada seria tão especial se vocês não estivessem aqui - levo o indicador a meu canal lacrimal, tentando esconder as lágrimas.
- Você sabe que precisamos conversar, não sabe? - Back pergunta.
- Eu sei sim - balanço a cabeça.
- Mas hoje é momento de festa e viemos comemorar. Teremos tempo ainda para conversar. Isso se você não resolver sumir de vez - Kate era direta quando queria.
- Não vou. Eu prometo.
- E quem é o rapaz? - Back não conteve a curiosidade.
- Esse é o meu namorado, Franz.
- Achei que não queria um relacionamento sério, Elizabeth. Não foi você que disse que não acreditava em amor e fugia de todos? Veja só, acho que você queria na verdade era um alemão e não teve coragem de assumir – Jhony chegou com Sam ao seu lado e seu tom de voz era de total irritação – Ainda bem que Alex não virá, pelos menos ele vai se poupar ver essa cena ridícula – cospe as palavras.
- Jhony! – minha amiga o repreende, já que todos estavam olhando constrangidos.
- Desculpa Sam, mas não vejo motivo dela estar aqui.
- Liza é uma das formandas e também é... - ela abaixa a cabeça com receio de falar a palavra "amiga" - enfim. Desculpa Liza – ela sussurra – você está linda - Sam assim como Kate constata sem ânimo.
- Tudo bem. Obrigada – digo um pouco sem jeito e vejo Franz completamente intimidado. Percebi certo desconforto nele, e evolvi-me em seus braços sussurrando:
- Vai ficar tudo bem. Não se preocupe, eles só não estão acostumados em me ver com alguém – Ele apenas consente.
- Olá, Liza. Não vai me cumprimentar? - Mat vem me abraçando.
- Como vai Mat?
- Muito bem, obrigada - ele sorri.
Sentamos-nos a mesa e Jhony fez cara feia.
- Não acredito que ela vai sentar conosco - revira os olhos.
- Eu posso...
- Não Liza. Os lugares já estão reservados. Vocês se sentarão conosco - Sam me interrompe
- Tudo bem eu posso me sentar no bar - já sentia um nó em minha garganta.
- Não se preocupa. Sente-se.
Constrangida eu me encolho na cadeira. Era como se eu estivesse cometido um crime muito grave e estivesse sendo apedrejada pelos olhares das pessoas a minha volta. Repeti pra mim mesma quantas vezes forem necessárias que eu não deveria ter vindo. Eu já estava aqui, não tinha como fugir, mesmo que minha vontade fosse essa.
- Não acho isso certo Sam. Ela é a causadora de tudo o que aconteceu com meu melhor amigo e ele não está conosco. Não mantém contato, enquanto ela fica aqui, conversando com vocês. Não dá pra acreditar que depois de tudo você ainda queira a presença dela - Sam não diz nada e uma vontade de sair correndo toma conta, mas me contenho. De certa forma ela concordava com as palavras de Jhony.
- Não sabia que não estava mais se falando - praticamente sussurro.
- Alex depois que casou se afastou cada vez mais. Ele está trabalhando em casa pra não ter que comparecer a empresa. Não me pergunte o porquê. Mas ele se recusa. Não sai mais conosco nem manda notícias. Jhony de vez em quando aparece em seu apartamento para vê-lo - Explica Kate.
Carter e Daniel chega em seguida.
- Oh meu Deus Liza, meu coração não aguenta. Como consegue ficar ainda mais linda, estou me segurando. Por favor, levante-se para que eu possa dar uma conferida.
- Não precisa Carter - sorrio totalmente desconfortável.
- Ah, Liza, deixa disso, por favor - ele segura minha mão me ajudando a se levantar.
- Maravilhosa - conclui.
Franz se levanta e agarra minha cintura e olha com cara de poucos amigos a ele.
- Está tudo bem, Engel. É só uma brincadeira – tento confortá-lo e ele relaxa as mãos.
- Vocês estão namorando? – Daniel concluiu e aponta um dedo para mim e para Franz.
- Sim, estamos – sorrio.
- Por essa eu não esperava – surpreende-se Daniel – Quero dizer, espero que sejam felizes.
- Obrigada – Franz agradece.
-Mas me conta, como vocês se conheceram?– Carter quis saber. "Pelo menos alguém não me odeia, eu acho".
- Bem, logo que eu cheguei ao meu apartamento na Alemanha nos esbarramos. Ele foi super grosso e minha primeira impressão era a de que ele era arrogante – sorrio por lembrar.
- Na verdade, ela estava distraída. Eu estava com a cabeça quente e acabei descontando nela. Desculpe Engel – ele olha para mim e deposita um beijo em minhas mãos.
- Mas daí, eu esbarrei nele novamente, e ele mais uma vez foi mal educado.
- Você não me pediu desculpa em nenhuma das ocasiões – Franz deu de ombros.
- Tá legal, nós dois tivemos uma impressão ruim um do outro no começo – resumo.
- Onde foi que eu já vi isso? – Back franzi o cenho tentando se recordar – Ah, você e o Alex não se davam bem tamb... – Sam a interrompe colocando a mão em sua boca.
- No dia do seu aniversário ela tentava colocar um berloque de coração em sua pulseira e parecia triste. Resolvi ajudá-la e começamos a nos entender – Franz completa.
- Não foi a pulseira que o Alex te...
- Que uma amiga me deu e Franz me ajudou a colocar o pingente – interrompo o pensamento de Back para que Franz não descubra que eu estava mentindo.
- Elizabeth sempre teve uma péssima coordenação. Vai se acostumando meu rapaz. Só não queira vê-la bêbada.Mas me conta Franz, o que faz? - pergunta Jhony nem um pouco a vontade com Franz
- Direito - ele responde
- Direito! - exclama Jhony - Vejo que os dois tem muita coisa em comum.
-E como é a Alemanha, Liza? – Kate pergunta
- É maravilhosa. Fiquei completamente apaixonada por tudo lá. Aprendi muita coisa não só profissionalmente, mas na alma também. Consegui repensar o rumo com o qual estava levando as coisas. Resumindo, consegui abrir meu coração novamente.
- E deixou que o alemão aí, entrasse rapidinho, não é mesmo? – Jhony tem o cenho franzido e o sarcasmo nas palavras. Sam o olhava em sinal de repreensão. Eu não o culpava, ele estava magoado pelo amigo e era natural agir assim.
O jantar foi tranquilo até certo ponto. Conversei o máximo que eu pude com Franz e tentei enturmá-lo com o pessoal, mas eu mesma me sentia excluída. Minhas amigas conversavam sobre um assunto completamente desconhecido a mim e pelo jeito não faziam questão de me contarem. Mas depois de quase dois anos, o que eu esperava? Que tudo estivesse normal? Seria pedir demais.
Back se retirou e pediu licença voltando logo em seguida de mãos dadas com um rapaz.
- Gente, esse é o Marcus. Estamos namorando – ela deu pulinhos – Desencalhei finalmente – sorriu.
-É Carter, seremos um casal nessa relação – Daniel brincou colocando uma de suas mãos no ombro do amigo.
- Ei, tá me estranhando? – Carter ergui as mãos querendo se afastar.
- Ah, para, vai querer negar nossa relação agora, querido? – Daniel faz bico.
- Ei rapazes, já estão tendo a primeira discussão – tento entrar na brincadeira a fim de me interagir.
- Meu Deus, Liza, até você me abandonando – Carter fingiu estar bravo.
- Esqueceu que a Elizabeth tem doutorado em descartar as pessoas? – Jhony se dirige ao amigo criando um silêncio absurdo na mesa.
Minha vontade era de pegar as minhas coisas e sumir dali agora mesmo. Sentia meus olhos pesarem e respirei fundo várias vezes para não deixar que as lágrimas saíssem. Distraí-me quando ouvi um ruído vindo do microfone.
- Atenção, gostaria de pedir a todos os formandos para que se dirijam ao centro do salão a fim receberem uma singela homenagem da instituição – a coordenadora do curso se manifesta em cima do palco.
Minhas amigas se levantam e eu permaneço no mesmo lugar.
- Ei Liza, você não vem? – Kate pergunta.
-Claro que não. É só para os formandos.
- E você é uma delas. Vem, o seu nome está incluso.
Peço licença a Franz que consente com a cabeça e levanto-me acompanhando minhas amigas.
- Gostaria primeiramente de agradecer a presença de todos – a coordenadora continua – e dizer que é com grande honra que subo aqui para parabenizar essa turma que com todo o seu esforço, dedicação, cumplicidade, conseguiram vencer seus obstáculos, as dificuldades durante o curso, e agora podem com orgulho, sentir o gosto da vitória. Afinal, quando se tem um grande sonho, você faz o impossível para realiza-lo, e toda essa dedicação nos torna grandes o suficiente para lutar com as intempéries da vida. Nos faz amadurecer não só pessoalmente, mas pessoalmente – aquela palavras pareciam serem ditas a mim como forma de me fazer sentir menos culpada por tudo o que aconteceu, mas ainda assim o remorso andaria comigo por um bom tempo - Gostaria de chamar aqui, alguns alunos que se destacaram durante o curso por toda a sua garra e dedicação para receber os aplausos dos colegas e uma lembrança da universidade.
A coordenadora começou a citar alguns nomes os quais eu conhecia muito bem. Eram excelentes alunos que gabaritavam todas as provas e achei de grande merecimento.
- Elizabeth Walker – a coordenadora me chama e eu me assusto. Minhas amigas me empurravam soltando um "vai lá", enquanto eu, abobada, dava passos firmes e contidos, completamente surpresa – Aluna extremamente dedicada, se destacou em muitos programas da faculdade como o projeto de iniciação científica, atingiu nota máxima no exame de proficiência, com um boletim exemplar com notas acima de 9,7, mesmo reprovando numa matéria, conseguiu concluí-la com sucesso e se mostrou determinada a participar de todas as palestras e trabalhos realizados pela universidade. Chamou a atenção de muitos professores pela sua personalidade forte e pela sua espontaneidade diante da apresentação dos trabalhos acadêmicos. Concluiu seus estudos na Alemanha, mas continua sendo um exemplo a nossa universidade. Sendo assim, uma salva de palmas a Elizabeth Walker e a todos os alunos aqui em cima.
Com um buquê em uma mão e uma caixa tamanho médio na outra, senti meu peito vibrar com os aplausos e com toda essa conquista. Preparava-me para as fotos e para mais uma lembrança. Sentia orgulhosa de mim mesmo naquele instante, papai também ficaria orgulhoso.
Desci para ir de encontro com minhas amigas que me parabenizaram pela conquista, sem muito afeto. Franz havia entendido parcialmente o que estava acontecendo, mas Carter o ajudou. Dei a ele meus presentes e fui tirar algumas fotografias com minhas amigas, mas elas já estavam mais apressadas e tiraram várias fotos seguidas sem a minha presença. Senti minhas pálpebras tremerem e mordi o lábio inferior. Virei-me de costas para que elas não percebessem que estava com os olhos marejados e fui surpreendida quando Sam colocou a mão em meu ombro e receosa pediu para tirar uma foto com elas. Era uma foto. Uma única foto, mas pra mim já era de grande sentimento.
- Bem pessoal, está na hora de convidarem seus pares para a valsa dos formandos – comunicou a coordenadora. Minhas amigas encontraram seus parceiros e foram até eles. Procurei por Franz na mesa, mas ele não estava, tentei dar uma olhada no salão, mas um aglomerado de pessoas se juntou a minha frente e eu não consegui enxergar nada. Desisto de procura-lo e olho a trás de mim. Vejo minhas amigas dançando e não muito longe, avisto Daniel e Carter conversando com algumas meninas.
Eu estava sozinha. Sem par e sem nenhuma companhia, enquanto todos dançavam animadamente com seus parceiros. Olhei para o chão e apertei os dedos das mãos. Pressionei os lábios um tanto decepcionada e quando eu cogitei a possibilidade de voltar para minha mesa, vejo uma pessoa passando a alguns metros de distância de mim. Engulo seco e então a pessoa para e se vira em minha direção. Sinto meu pulmão se encher de ar e suspiro com dificuldades. Seus olhos encontram os meus e numa conversa perfeita eles permanecem hipnotizados. Meu coração cavalgava em meu peito numa mistura de várias intensidades diferentes e nem que eu quisesse eu conseguiria sair de lá, minhas pernas estavam fixadas ao chão e cada membro estava paralisado. Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, e em seguida um calor radiante o consumiu, uma vontade imensa de correr em seus braços e abraça-lo. Sentir novamente o calor de sua pele e de seus beijos.
O verde dos seus olhos estava intensos e compenetrados em mim o que me fez cogitar a possibilidade de o sentimento ainda não ter morrido. Seus cabelos encaracolados estava mais curtos e ele estava definitivamente irresistível. Irresistível. Um filme se passa na minha cabeça, como a primeira vez que nos vimos, como quando demos o primeiro beijo no parquinho do seu condomínio e o quanto ele foi persistente por me querer por perto dele quando ele disse que tinha um trabalho importante. Toda a sua arrogância, e até os seus cuidados.
...
"- Viu, eu disse que sou irresistível
- Esqueceu de falar convencido - lembrei
- Eu só disse a verdade - falou me dando um selinho.
- Bem, eu só vou te avisar que talvez eu demore um pouco pra ter dar uma resposta. É muito tempo tentando fugir disso, é um logo histórico de decepções e eu não sei se estou preparada pra me arriscar. Eu ainda tenho certo receio e dar uma resposta assim, sem pensar bem, o arrependimento pode ser maior. Desculpa.
Ele passa a mão no seu cabelo.
- Tudo bem. Sem pressa - ele consente.
- Beleza, agora por favor podemos ir tomar café. Minha boca está implorando - peço juntado as mãos.
- Achei que ela estava implorando por beijo.
Reviro os olhos
- É a minha ou é a sua?
- Tá legal, você me pegou - confessou Alex".
...
"- Lizaaaa, eu te amoooo!!!!!!......"
...
"- Sabe, quando eu era criança, eu vinha pra cá quase todos os dias. Chorava em todos os casamentos que ia e sonhava esperançosamente para o meu dia chegar. Imaginava eu entrando de véu e grinalda, e meu futuro marido me esperando no altar. Era o meu passatempo quando eu estava angustiada e minha casa me sufocava. Quando o rapazes pelos quais eu havia me apaixonado destruía um pedacinho do meu coração eu vinha pra cá, sentia como se estivesse vivendo a realidade e não apenas um sonho. Depois de tudo o que aconteceu eu nunca mais vim. Deixei de ir a muito casamentos - a recordação deixou minha visão embaçada devido as lágrimas que se formaram, mas que eu impedi de escorrerem.
Fez-se um silêncio. Escutava apenas o eco da igreja. Não sei se Alex não sabia o que dizer ou se não sabia se deveria dizer.
- Eu gostaria de realizar esse sonho com você - finalmente Alex se manifestou".
...
"- Nada disso. Minha garotinha está precisando de colo - Vem, vou te levar pra casa.
- Alex, não precisa. Não quero estragar a sua noite, vai se divertir com eles.
- Nada disso. Vou cuidar de você.
- Mas... - ele me cala com um selinho.
- Sou eu quem decide, está bem"?
...
Todos os momentos que passamos juntos enxiam o meu coração. Como eu sentia falta dele. Como eu o amava e queria estar com ele naquele momento. Sentir a sua pele, o seu cheiro. Era impossível não derramar uma lágrima naquela hora, mas meus olhos estavam apenas molhados e meu peito apertado. Nossos olhos ainda estava fixos como se dependessem um do outro. Queria chorar, voltar no tempo e fazer as coisas de um jeito diferente. Poderia ficar anos contemplando a sua beleza sem enjoar. Ele não tirava os olhos de mim um segundo sequer e o vi engolindo seco algumas vezes, e a possibilidade dele ainda não ter me esquecido, veio como força total fazendo um frio na barriga se instalar, até que um casal esbarra em mim desviando a minha atenção.
Quando volto a olhar, Alex não estava mais lá. Procurei por ele, mas eu não conseguia vê-lo. " Teria tido eu, outra alucinação"?
Sam veio em minha direção segurando meus ombros.
- Liza! Você está bem? Está pálida.
- Eu to bem. Eu... - engulo seco sem saber o que dizer.
- Você viu. O Alex veio - ela disse sorrindo.
- É eu acabei de vê-lo. - "Era ele mesmo. Alex e eu respirando o mesmo ambiente".
- Cadê o Franz?
- Eu não sei. Ele sumiu. Acho melhor ir atrás dele. - Saio em disparada a procura de ar fresco e vou até o jardim do salão o qual estava todo iluminado. Estava sufocada e eu não podia esbravejar, nem gritar o quanto eu amava aquele homem, o quanto eu queria senti-lo novamente. Aquela imagem jamais sairia da minha mente mesmo que passado muito tempo, mesmo que outras imagens viessem, o meu reencontro com Alex seria eterno. Estava desesperada com a ideia, agora ainda mais clara, de que eu o havia perdido, e se de repente ele viesse a fazer novamente parte do meu ciclo de amigos eu teria duas opções: afastar-me novamente ou fingir com todas as minha forças que Alex não me incomodava mais e todas essas possibilidades doíam na mesma intensidade.
Respirei fundo e tentei soltar todo o ar acumulado em meus pulmões, mas senti que não era suficiente. Parei por um instante antes de entrar no salão, algumas pessoas estavam dançando, mas não era mais a valsa, eram músicas aleatórias que convidavam os restante das pessoas para dançarem. Franz estava perdido na mesa, provavelmente me procurando, já que estava sozinho, pois todos estavam dançando. Decido entrar e no mesmo instante, sinto meu corpo se chocar com algo extremamente quente.
....
E então meus amores, como vocês estão?
E agora, como será esse reencontro de Alex e Liza? Estou começando a roer as unhas de tanto nervoso.
Enfim, só pra avisar que provavelmente teremos outro capítulo na quinta-feira.... Ebaaaa!!!
E.... que teremos a presença do mais querido, mais lindo, mais gostoso e mais amado, Alex Becker narrando o seu ponto de vista, em breve. Teremos mais a narração dele no decorrer da história? Sim. E voces poderão sofrer e odiar a Liza junto com ele.
É isso... Espero que tenham gostado e um grande abraço. Até quinta.....
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