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38 - Vazio Calmo (Fernanda)

O vazio me cobria como uma nuvem que não se importava em derramar sua chuva, aquele vazio era calmo. O mundo em que minha alma descansava era cheio de cores e palavras que não faziam nenhum sentido, um mundo preto e branco que apesar de ser assim, era bom e estável.

Da escuridão, uma claridade veio de longe, vindo para mais perto, e aumentando a medida que se aproximava. Até cobrir toda a minha visão e eu ser obrigada a forçar abrir os olhos.

Quando enfim, estava com os olhos abertos, eu não reconhecia o local, era um quarto amplo e claro, e por algum motivo eu estava sentada em frente a uma moça bonita com cabelos presos em um rabo de cavalo.

—Quem é você? Onde eu estou?

Do lado dela havia duas moças igualmente bonitas. Uma era loira com cabelos longos e lisos, seus olhos eram castanho claro, já a outra tinha cabelos longos ondulados e castanhos, tinha postura mais séria.

—Não sabe como chegou aqui?

A moça de jaleco branco me perguntou com uma prancheta na mão, parecia querer anotar tudo o que eu ia dizer. Eu neguei com a cabeça.

—Pois você veio andando até aqui, depois de passar mal, você desmaiou foi trazida para cá e passou quase dois meses sendo avaliada
comigo. Se lembra disso?

Voltei a negar em silêncio.

—Qual é a sua última memória?

Eu fiquei confusa com essa pergunta, mas de alguma forma, tentei lembrar da última coisa que eu tinha feito.

Eu me lembrava de uma irmã chamada Tatiane, me lembrava do rosto dela. Éramos melhores amigas só que ela havia acabado de sair com meu ficante, e aquilo doía demais dentro do meu peito.

—Meu nome é Coraline, tenho 16 anos e me lembro de uma irmã chamada Tatiane, só que eu estou brava com ela. Não quero vê-la.

—E por que você não quer vê-la?

A moça perguntou, cuidadosa.

—Ela ficou com o garoto que eu gostava e me traiu.

— Então, Coraline... —Ela disse com calma, escolhendo as palavras. —E se eu te disser que isso não é verdade?

—Claro que é. Eu me lembro.

—Seu nome é Fernanda, e você tem uma irmã sim, mas ela se chama Charlotte e  é essa moça aqui.

Eu olhei para quem ela apontava, a jovem loira, ela não se parecia nenhum pouco com a minha irmã, recuei. Aquelas pessoas estavam tentando me enganar.

—Essa moça não se parece com a minha irmã.

—Fernanda, eu sou sua irmã mais nova, se lembra?

Eu não sabia do que ela estava falando. Ela nem se parecia comigo.

—E eu sou a sua mãe.

A outra mulher falou, daí tive certeza que elas estavam me zoando, a moça que falou isso parecia ter a minha idade. Era impossível ela ser minha mãe. Eu ri mas quando o fiz, a moça que dizia ser minha mãe começou a chorar.

Charlotte segurou a mão dela.

—Fernanda, você passou por um trauma muito grande e por isso perdeu suas memórias, se chama Amnésia Psicológica, e você já teve esse diagnóstico uma vez. Sua irmã vai te contar a sua história e pode ser que te ajude a se lembrar mas nos ajude e faça um esforço para se lembrar.

—Nanda, eu sou sua irmã mais nova, Charlotte mas isso eu já disse, a gente cresceu numa pequena cidade do interior do Rio de Janeiro chamada Crioana, mas lá não tinha mar. Nossa avó sempre esteve conosco, seu nome era Katherine... —Ela fez uma pausa e me olhou na esperança que esse nome me lembrasse de alguma coisa. —Minha mãe, meu pai e nosso outro irmão também estavam com a gente, quando eu completei uma certa idade resolvi ir embora para estudar em Curitiba, você chorou muito pois éramos melhores amigas mas no fim, eu fui. Enquanto eu estava fora, não posso dizer muita coisa mas sei que você e nosso irmão se tornaram melhores amigos e estavam sempre unidos. Só que há um ano atrás nossa avó morreu, e a família resolveu vir para a cidade natal dela, Paraty e aqui tinha mar, algo do qual ela sempre comentava, eu também deixei Curitiba para vir morar aqui, e aqui eu conheci meu atual marido, Eliel, me casei faz pouco tempo, no entanto, uma tragédia...

Charlotte começou a soluçar nesse momento do relato, e tampou o rosto com as mãos, não conseguia continuar. Por que ela estava assim? Apesar de não me lembrar dela, eu senti pena.

Eu não gostava de ver ninguém chorar.

Estava começando a me remexer na cadeira, era incômodo ver alguém chorando na minha frente, ela se recuperou, secou as lágrimas e continuou:

—Nanda, não sabemos como aconteceu, mas nosso pai e nosso irmão se envolveram com drogas e contrabando de armas, nosso pai se chama Fausto e ele está preso.

Eu não sabia se era insensibilidade, mas aquilo me parecia uma história distante, triste mas que não me machucava.

—Porém, a tragédia é que o Daniel foi assassinado por uns criminosos de outra facção.

Mas que tragédia era essa? Afinal, quem era Daniel? Charlotte me olhava, esperando alguma reação mas eu não sabia nem o que dizer.

—Quem é Daniel?

Eu perguntei, tentando parecer sensível, as duas moças que diziam ser minha família se assustaram ao ver que eu ainda não me lembrava.

—Daniel é nosso irmão. Você não se lembra dele?

—Desculpas, eu não me lembro de vocês e também não me lembro do Daniel, mas sinto muito pela perda que vocês tiveram.

E então eu pedi que por favor a moça de jaleco branco me levasse para algum lugar longe daquelas mulheres que choravam.

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A noite, eu ainda estava internada no Hospital quando a moça loira que dizia ser a minha irmã entrou no quarto sem dizer nada, ela estava com um casaco e calça jeans, seus cabelos loiros estavam ressecados e olheiras profundas cobriam seus olhos que estavam vermelhos, provavelmente ela havia chorado demais.

Charlotte sorriu para mim, um sorriso bem fraco e tirou seu casaco, colocando pendurado na poltrona que ficava ao lado da cama que eu estava. Eu não sabia o que ela estava fazendo ali, mas não me senti desconfortável, apesar de não a conhecer, ela parecia querer o melhor para mim. Ela se sentou na poltrona e fechou os olhos, eu suspirei, não sabia e nem fazia ideia do que ela estaria pensando.

Eu não reconhecia nada nela, e apesar de fazer esforço, não conseguia me lembrar.

—Estou feliz que esteja de volta, Nanda.

Ela disse ainda de olhos fechados, ouvir a sua voz me fez sentir o coração apertado apesar de não saber ao certo por quê.

—Apesar de você não fazer ideia, você é muito importante para mim, e eu já perdi pessoas demais na minha vida.

E foi nesse momento que ela abriu os olhos e me encarou, sua expressão era serena.

—Você não vai entender nada agora, minha amiga, mas não se force a lembrar de nada, apesar de eu querer você de volta, prefiro a sua felicidade. Aproveite esse momento de forma calma, afinal era essa a sua vontade, e todas as memórias que parecerem confusas, pode acreditar nelas sem medo.

—Mas eu só me lembro de ser Coraline...

—Agora você é a Fernanda, mas guarde essas memórias como Coraline para você, algum dia elas vão fazer sentido

—Mas quem é essa Fernanda? Eu me sinto tão perdida, me conte quem eu sou, eu preciso de um chão para me orientar.

—Tudo o que você menos precisar saber é isso, não use um chão, apenas se mova pelo que sinta. Essa é você.

Tudo bem, me guiar pelo que eu sinto.

Mas eu me sinto tão rancorosa por uma irmã que sequer existe, o que eu tomei para mim é que eu precisava superar aquilo. Superar aquela dor que existia dentro de mim por aquela irmã que eu nem sabia se existia ou se era apenas uma pegadinha do meu subconsciente. Mesmo se fosse falso, eu precisava superar.

—E quem é você, Charlotte?

—Eu sou sua irmã mais nova, estou me divorciando.

—Quem é aquela moça que estava com você?

—Sua mãe, ela te ama mais que tudo mas não pode estar aqui agora porque está se mudando, seu nome é Alice, você é uma boa filha.

—Por que ela está se mudando?

—A antiga casa traz muitas lembranças
dolorosas para nós, não dá para viver lá depois que...

A voz de Charlotte falhou e ela parou no meio da frase, apesar de não saber se era a melhor coisa a fazer eu resolvi completar a frase:

—Depois que o Daniel morreu?

Ela assentiu e abaixou a cabeça.

—Ele parecia ser muito especial mas não devia ter se metido com drogas.

Ela permaneceu calada, parecia não saber o que dizer. Dentro dela parecia ter um conflito interno, impossível de se falar.

—Ele era muito especial. —Depois de um tempo a sua voz voltou a aparecer. —Para você mais do que para mim.

—Ele é só um nome para mim, agora.

—Eu também sou só um nome para você.

—Não, você é uma mulher muito boa que está me ajudando a passar por esse momento, e eu sempre vou ser grata. Também preciso que saiba que estou feliz por ser da sua família mesmo tendo perdido as memórias, sei que não podia ter recebido uma irmã melhor.

Os olhos dela estavam lacrimejados.

Charlotte segurou minha mão, e eu percebi que não tínhamos nada para dizer naquele momento.

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