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27 - Até Meia Noite (Fernanda)

Eram dez horas da noite e alguns minutos, respirei aliviada ao saber que teria algumas horas só para mim.

As vezes estar sozinha em um lugar para pensar é bom. Subi as escadas até o meu quarto, entrei naquele enorme cômodo e reprimi os pensamentos que começaram a me cercar. Fechei os olhos como costumava fazer e deitei-me na cama, eu gostava de reviver os acontecimentos: desde quando aceitei a vingança após ser convidada, a primeira vez que entrei na CRIOANA, os dois anos de treinamento, meu congelamento até a primeira vez que acordei.

Em quando acordei...

Foi estranho, só me lembro de uma grande movimentação, mas não tinha muita coisa diferente, parecia que eu havia deitado ontem naquele lugar. A princípio achei que tivesse dado errado, e comecei a mexer os meus pés, logo senti um formigamento estranho no corpo todo.

—Bem-vinda a 2083 querida!

Uma moça loira com cabelo channel em estilo secretária me disse, suas roupas eram diferentes.

O que ela havia dito? 2083?

Ela estava falando sério?

Já faziam vinte anos?

A confusão na minha cabeça era tão grande que só me lembro de me levantar olhando a minha volta sem acreditar.

—2080?

Perguntei demonstrado que estava assustada afinal aquilo era surreal e um sorriso se abriu em seu rosto ao ver minha reação, a moça assentiu calmamente.

Alguém me acompanhou ao meu antigo quarto, não tinha nada como eu deixei, mas eu percebi que era o meu estilo só que modernizado, uma das diferenças é que agora havia duas camas no meu quarto.

A moça loira que ainda me acompanhava, apenas sorriu ao dizer suas últimas palavras:

—Pode ficar à vontade! Tome um banho, tem roupas para você pronta, e logo logo seu colega de quarto vai chegar!

Tomei realmente um banho e me surpreendi com algumas novidades que nunca em toda minha vida havia imaginado, no banho eu me lembrei de algumas coisas e tudo estava tão vivo dentro de mim, aquele ódio que cercava meu coração ainda estava lá.

Eu me lembrei do rosto jovial de Samuel, uma chama se acendeu tão forte em meu coração, e percebi que ainda estava apaixonada por ele. Não sabia eu que aquilo estava prestes a acabar.

Não demorou muito e meu colega de quarto apareceu, ele entrou no nosso curto apartamento entoando uma canção desconhecida aos meus ouvidos e um tanto estranha. Que coisa mais chata, era melhor que ele não fosse do tipo que ficasse cantando durante os dias, eu não tinha muito saco para aquilo as vezes.

Usava jeans largo até demais ao meu gosto, havia até alguns furos na calça fazendo a parecer velha, usava uma blusa vermelha com um tipo de piada moderna, a qual não entendi. Seu rosto era comum, mas um comum bonito, cabelos pretos e olhos castanhos.

Me recompus, e lancei lhe um olhar duro, não sabia de que espécie ele era, não ia ser cordial com qualquer idiota que aparecesse, tinha que investigar antes.

—Quem você é? E o que faz aqui?

Ele me observou, com um sorriso travesso e deu de ombros começando a rir, respirei fundo me irritando aos poucos.

—Você está rindo de mim?

Exaltei a minha voz enquanto ele ligava a TV, e se jogava na cama.

—Me falaram que você era fria e brava, só não imaginei que ia agir assim.

Ele disso rindo novamente.

—Não tem nada de engraçado, você está aqui no meu quarto e tenho o direito de saber quem você é.

Ele me olhou, pela primeira vez.

—Você é bravinha mas é linda sabia?

O elogio me pegou de surpresa, normalmente os elogios eram todos para Tatiane e eu simplesmente não estava acostumada quando recebia um, ainda mais assim de um estranho.
Fiquei sem reação e o rapaz sorriu triunfante.

—Descobri seu ponto fraco, não está acostumada com elogios.

—E nem com pessoas que se dão de espertas.

O garoto gargalhou, parecia satisfeito.

—Gostei de você! Qual seu nome?

—Fiz essa pergunta primeiro.

Retruquei, ele respondeu.

—Meu nome é Daniel.

—E o seu original?

Perguntei, me referindo ao nome verdadeiro de nascimento.

—Daniel mesmo, gosto do meu nome e acho que não vou mudar, e o seu?

Saí do pequeno espaço que servia como uma pequena cozinha, era um quarto dividido por um balcão que dava espaço para uma pequena cozinha, e uma única porta para um banheiro. Pequeno e prático.

—Meu nome é Fernanda, e meu original Coraline.

—Gosto mais de Fernanda mesmo, você tem um bom gosto.

—Obrigada. —Eu disse começando me sentir a vontade e sentindo um dos meus primeiros sorrisos. —Você é de quando?

—Sou de agora mesmo. —Ele disse tranquilamente, seus jeitos despreocupados e simples me atraíam. Ele estava ali, então deveria ter algum motivo, mas sua aparência não demonstrava, ele era tão natural. —Eu moro aqui desde os meus nove anos, descobri esse lugar e parecia perfeito para o que eu queria, cresci aqui sabendo que quando estivesse maior, teria uma família pronta para voltar ao meu lugar. Vou aproveitar a vingança dessa família para minha missão.

Estranhei aquela história, então ele não tinha um pacto? Ele simplesmente ia sair por aí brincando de se vingar, sem nenhum compromisso sério?

—E o Conselho aceitou?

—Claro! Vou ajudar a família na vingança e no disfarce, aliás também vou ajudar em muitas coisas.

Assenti, ainda não muito conformada.

—Então, é assim? Você não tem pacto nenhum? Sai a hora que quiser?

—Eu não vou sair! Eu tenho objetivos.

—Só que eu paguei um preço por tudo isso, não é? Tive que fazer um pacto e não quero nem imaginar o que acontece se resolvo sair, para você é tudo mais fácil.

—Nem tanto, você pôde dormir e esquecer tudo por algum tempo, eu tive que aguentar doze anos.

Ao dizer aquelas palavras, eu até tentei entender porque no fundo realmente aquilo era verdade. Eu não teria aguentado aqueles anos, mas não fazia sentido, eu pagaria um preço um pouco mais alto, se não me enganava.

—Está bom então. —Eu disse, e normalmente o ignoraria pelo resto da noite, mas aquele rapaz me dava curiosidade. Uma vontade de saber mais e não me contive. —Qual é sua história?
Eu disse apoiando meu rosto nas mãos, deitada na cama, o observando.
—Fui abusado, sofri bullying pelos meus colegas. E também, eu era apaixonado por uma menina quando tinha nove anos, e meu amigo Rodrigo, o mesmo que abusou de mim me jogando em latas de lixo e privadas, acabou começando a namorá-la. Vim para cá, cresci aqui até a hora de dar a volta por cima.

—Só isso?

Perguntei, um tanto decepcionada.

—É pouco, mas Sabrina é a minha vida e não consigo esquecê-la em nenhum momento e o Rodrigo me deixou muito mal. Os sentimentos humanos são muito fortes. Entende?

—Talvez eu tente entender... Mas você sabe que eles dois já podem ter se separado, não é?

—Estão juntos. Acredite, essa sempre foi uma das minhas maiores esperanças.

Houve um silêncio entre nós, até que Daniel resolveu falar.

—E você? Qual é a sua história?

—Bom, eu tinha uma irmã e ela era minha melhor amiga, se chamava Tatiane, sempre foi amiga de muita gente, até que um dia ela começou a namorar com o meu ficante, e o pior foi que ela sabia que eu o amava. Que eu o amo, aliás, nunca esqueci o Samuel.

—Espera um pouco... Tatiane e Samuel?
Conheço um casal com esse mesmo nome... de onde você é?

—Sou de Paraty, no Areal do Taquari.

—CARACA! EU SOU DO MESMO LUGAR QUE VOCÊ! Sério... Você é irmã da Dona Tatiane e do Pr. Samuel?

—Ele se tornou pastor?

—Sim, os dois estão casados!

Aquelas palavras doeram, eu não sabia daquilo e naquele momento, a traição se tornou bem maior do que já era. Me fez saber, que minha irmã e nem mesmo o Samuel se lembravam de mim.

Eu não percebi, mas comecei a chorar em algum momento, apenas senti os braços de Daniel me envolverem num abraço. Este foi o começo da nossa amizade, passamos aquela noite juntos conversando e nos dois anos seguintes que continuamos juntos fizemos muitas coisas. Depois daquela traição por parte da minha melhor amiga e irmã, Daniel foi a primeira pessoa em que confiei.

Abri os olhos, voltando a atenção para a noite escura e vazia.

Dentro de mim senti um anseio por aquele abraço e por aquela atenção que eu tinha só para mim na Crioana. Quando viemos para o Areal, Daniel começou se dedicar totalmente a conquistar Sabrina.

Levantei-me da cama, e sentei em frente a janela, voltei minha atenção para o céu com as suas estrelas e voltei para as minhas lembranças.

Conheci Charlotte e Alice, na semana seguinte.

Na Crioana, todos são muitos fechados, ninguém sai sorrindo para a primeira pessoa que aparece. Normalmente, por terem sido traídos, então me surpreendi muito quando vi Alice pela primeira vez com Charlotte.

Charlotte não fugia a regra, é claro.

Não sorria, e tinha uma feição acolhedora somente porque sabia que eu e Daniel seríamos da sua "família", já Alice veio sorrindo com os braços abertos como uma verdadeira mãe e abraçou a cada um de nós.

—Queridos, mas és um imenso prazer vos conhecer. É uma belíssima moça! A pele tão clarinha...

Ignorei o racismo porque ela era de 1824, não tinha sido traída por ninguém mais que a vida, adquiriu o mal do século, que na época não tinha cura. A tuberculose, estava levando os sonhos de uma moça que naquela época só queria se casar e ter filhos e então foi nesse objetivo que ela assumiu o pacto.

Ser mãe de uma família, manter as aparências enquanto o Conselho só a acordaria se descobrissem a cura para essa doença, demorou um pouco mais que a cura para a acordarem, mas Alice não se importou muito.

É óbvio que não tirou o útero, seu sonho era ter filhos e essa condição estava fora de alcance, ninguém a convenceria. Ela apenas não contava com o fato de que seu futuro "marido", não lhe daria nenhuma chance.

Charlotte se liberou bastante quando nos conheceu, nos cumprimentou e até sorriu alegre. Nós quatro passamos dois meses juntos, e não cheguei a conhecer Fausto.

Me tornei muito amiga de Charlotte, que me contou toda sua história como Katherine mais profundamente do que para todos os outros, e eu também confesso que confiei bastante nela.

Em alguns aspectos até mais que em Daniel, por ela ser mulher como eu.

Infelizmente fomos separados, Alice foi morar com Fausto em uma casa no Sul da Crioana, para conhecê-lo melhor. Eu e Daniel, continuamos juntos o quem em parte foi bom e em outra foi péssima.

Nos tornamos ótimos amigos mas ele era como uma criança as vezes, fazia brincadeiras e pegadinha sem graça que eu simplesmente achava ridículo.

Era um garoto que na minha opinião não sabia muito da vida. E enfim Charlotte ficou sozinha, no lado Norte durante os dois anos que teríamos de treinamento.

Segundo eles, era melhor que não ficássemos todos juntos, em função de evitar brigas...

—Nanda?

Minhas lembranças foram interrompidas por aquela voz tão conhecida, e eu senti uma mão pousar no meu ombro.

Ele se sentou ao meu lado, em silêncio.

Eu o encarei por alguns segundos, o observei, mas desviei o olhar em seguida.

—Você foi embora.

Daniel falou, após um bom período de silêncio.

—Sim.

Eu concordei, sem muita enrolação e drama.

—Por quê?

Não respondi, as vezes era melhor assim.

—Você está brava comigo?

—Por que eu estaria?

Retruquei sua pergunta com outra.

—Não sei... as vezes eu sinto que sou o motivo da sua tristeza.

Ai, Daniel... não faça essas perguntas para mim. Porque eu as evito responder para mim mesma...

—Deixe-me em paz, Daniel! Saia daqui, por favor.

Falei irritada, eu não podia me deixar pensar naquelas coisas e Daniel me confundia muito, o melhor era que ele fosse embora.

Ele suspirou, e me obedeceu.

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