- Não adianta tentar Milena, ele não vai acordar - Olho para trás me deparando com o maldito feiticeiro que havia congelado todo mundo.

- O que fez com ele seu traste de Voldemort gostoso e com nariz! - Gente me desculpem, eu dei o meu melhor mas é que ele era gostoso mesmo.

- Nada apenas fiz com que ele dormisse um sono bem pesado para que a gente pudesse conversar.

- O que quer falar comigo, já não estragou a minha vida o suficiente?

- Vim fazer uma proposta para você - Ele que até ao momento se encontrava flutuando se aproxima de mim. Oh homem gostoso da ***** - Se aceitar vir comigo, eu libero todo mundo e ninguém mais vai precisar sofrer.

- E o que pensa em fazer comigo?

- Vou levá-la até meu castelo e te mostrar toda a verdade sobre você.

Meu primeiro instinto foi pensar em recusar, mas após olhar para Domenik que dormia tranquilamente, me toquei que já o havia o prejudicado bastante e já tinha feito as pessoas sofrerem demais por mim. O melhor que eu tinha a fazer era ir embora com esse feiticeiro Voldemort gostoso com nariz e liberar todo o mundo.

- Tudo bem eu aceito sua proposta - Ele sorri. Magicamente com gestos abre um portal e me estende a mão.

- Venha comigo Milena - Eu nem sabia quem era essa tal de Milena, mas se era ela que eu precisava ser para que ele libertasse todo mundo então eu seria ela sem problema nenhum. Estendo minha mão para ele e entro com ele para o portal.

Quando atravessamos o portal paramos em uma espécie de castelo, todo rochoso e pouco iluminado, me senti como se estivesse em um filme do Drácula.

- Vou direcioná-la até seus aposentos para que possa trocar de roupa e descansar - Ele diz me direcionando até uma enorme escada de mármore - É só subir essa escada e curvar a direita o primeiro cômodo que encontrar é o seu.

Subo a escada em silêncio até encontrar o cômodo que ele se referia. Não parecia muito diferente do meu quarto anterior, parecia ter sido projetado para uma princesa assim como o meu antigo.

Vejo o vestido que estava sobre a cama ele era vermelho e dourado, parecia ter vindo diretamente da era renascentista.

Ouço o bater da porta e com um "entre" não muito animado da minha parte entra uma mulher, ela era bem branca e seus cabelos eram brancos que nem a neve.

Ela estava vestida com trajes de criada e sua expressão facial era neutra, não expressava nem felicidade nem descontentamento.

- Bom dia senhorita, sou Heria, estou encarregada de ajudá-la com o vestido e do que precisar.

- Podia me preparar um banho por favor, a água no estado morno, essência de Lírio e óleo Mincar das rochas de Mondolia - Ela acena positivamente com a cabeça e se retira.

Minutos após o meu banho, ela me ajuda a colocar o espartilho e enquanto isso aproveito para fazer algumas perguntas.

- Quando começou a trabalhar aqui? - Em seu rosto se abre um sorriso.

- Faz muitos, muitos anos, princesa.

- E porquê começou a trabalhar aqui?

- O senhor Mariano salvou a minha vida e desde então eu decidi trabalhar para ele.

- É incrível como alguém pode ser generoso e ao mesmo tempo um completo babaca.

- Eu sei que as atitudes do senhor Mariano podem não parecer as melhores para a princesa, mas quando ele lhe explicar tudo sei que a princesa vai mudar de opinião.

Fico em silêncio, precisava ser uma explicação boa mesmo. Ele havia congelado todo o meu reino.Assim que terminamos Heria me leva até um escritório com uma grande biblioteca, nesse momento me senti que nem a Bela de Bela ea Fera.

- Aguarde o senhor Mariano aqui, ele não deve tardar muito - Ela se retira e eu aproveito para explorar a biblioteca, quando vou tirar um livro da estante escuto uma voz atrás de mim.

- Se eu fosse você não faria isso - Ao me virar me deparo com Mariano,ele estava tão próximo de mim que podia sentir sua respiração - Esses livros estão aí faz tempo e devem estar cheios de poeira.

- Que pena, eles eram as únicas coisas que poderiam me tirar do tédio - Digo ironicamente e me afasto dele - Vai me explicar porquê congelou o meu castelo ou vou ter que descobrir sozinha?

Ele novamente se aproxima de mim e encara o meu rosto, olhando profundamente para meus olhos, como se estivesse tentando me mandar uma mensagem mas por algum motivo eu não conseguia entender.

- Não lembra mesmo de mim não é? Nem um pouquinho? - Abano a cabeça negativamente. Ele se afasta de mim e vai até a escrivaninha e tira de lá uma carta - É pra você - Ele me entrega a carta e a carta estava em nome de Milena.

"Cara eu do futuro fico feliz por ter encontrado Mariano, espero que cuide bem dele e o ame tão intensamente quanto eu o amo agora. Espero que esteja feliz e que não haja mais nada nesse mundo que tente destruir o laço que temos com ele."

- Essa é a minha letra - Observo bem a carta, ela parecia ser bem antiga e seu papel já estava tragicamente danificado - Mas eu não me lembro de ter escrito isso.

- Você não se lembra porque você escreveu essa carta na sua vida passada.

- Como assim vida passada? Não estou entendendo.

- Há muito tempo, um tempo bem distante, eu era apenas um garoto órfão que havia perdido seus pais em um incêndio. Não tinha para onde ir e nem com quem ficar até ser encontrado pelo senhor Beijmel.

Ele diz algumas palavras em uma língua por mim desconhecida e após um raio de luz nos aglomerar entramos em uma espécie de ilusão onde ao decorrer de sua narração tudo ia acontecendo.

- Muitas pessoas tinham medo dele, diziam que ele praticava feitiçaria e de fato não estavam equivocadas, mas ele não era um homem ruim, ele era um homem bom e tudo fazia para ajudar os outros - A ilusão mostrava um homem vestido com roupas da era renascentista na faixa etária dos 60 dando a mão a um garoto que não tinha mais que treze anos.

- Ele me levou para sua casa e me cuidou como se eu fosse seu filho, me deu tudo que precisava sem nunca me cobrar nada.

Uma garota aparece na visão. Ela era idêntica a mim, só que um pouco mais nova. Era estranho ver ela, como poderíamos ser tão parecidas.

- Ele tinha uma filha que tinha a mesma idade que eu, ele nos criou juntos como se fossemos irmãos mas... - Ele sorri - Acabamos nos apaixonando.

Aparecem eles se beijando já um pouco mais velhos, deveriam ter a mesma idade que eu.

- Senhor Beijmel sabia do que sentíamos e nunca foi contra, na verdade ele ficou feliz por saber que sua filha havia se apaixonado por mim, ele dizia que não havia homem melhor para sua filha.

Mais momentos deles dois juntos são demonstrados, eles realmente pareciam felizes.

- Mas infelizmente algo terrível aconteceu - No canto de seus olhos surgem pequenas gotas de lágrimas.

- Por ser filha de um feiticeiro e principalmente por ser uma mulher muito determinada e empoderada, bem a frente do seu tempo, muitas pessoas passaram a acusá-la de bruxaria, até que isso chegou aos ouvidos do rei.

Podia sentir a tristeza enquanto ele falava, já podia prever que algo ruim iria acontecer.

- Então numa noite em que jantavamos os guardas invadiram a casa e prenderam ela.

Enquanto as cenas passavam seu rosto começou a se contorcer em uma expressão de pura dor e desespero.

- Ela foi levada sem que pudéssemos fazer nada e colocada no centro da vila, onde foi condenada à fogueira por bruxaria. Sem sequer ter tempo de se defender. Eu e seu pai tentamos de todos os modos fazer com que ela fosse liberta mas a palavra do rei era lei.

Que filhos da ****, coitada da moça.

- E apesar do seu pai ser um feiticeiro, ele não podia intervir, por uma lei criada pelos próprios feiticeiros. Então antes de ser queimada ela pediu para falar comigo como seu último desejo.

- Eu já havia previsto que uma coisa dessas poderia acontecer, por isso deixei uma carta em cima de minha escrivaninha - Ela diz na ilusão - E com ela um feitiço para que você faça assim que chegar em casa.

Os guardas reais a seguram e a levam para a fogueira.

- Se lembre não importa quanto tempo passe, sempre estaremos juntos - Ela grita olhando para ele e um dos guardas acende a fogueira e assim termina a ilusão.

- Ela já sentia que isso iria acontecer - Ele diz se sentando e tentando segurar o choro - Quando cheguei ao quarto dela encontrei essa carta que você leu e um feitiço de reencarnação. Ele ajudaria ela a não transmutar para o outro mundo e poder reencarnar nesse mundo. Então fiz o feitiço na esperança de voltar a vê-la. Me tornei aprendiz do senhor Beijmel e prometi me tornar o melhor feiticeiro de todos, para poder protegê-la quando voltasse a nascer. E se alguém tentasse se meter no nosso caminho eu não hesitaria em quebrar essa maldita lei e destruir nossos inimigos.

Ele sorri e olha para mim.

- Depois de séculos esperando, você nasce. Eu senti você, senti que estava viva e fui até o local de seu nascimento.

Fofinho mas ao mesmo tempo bizarro. O cara me sentiu viva, que ******* de frase é essa.

- Naquela época eu fiz um acordo com seu pai, que eles te chamariam de Milena, te contariam essa história e que no seu aniversário de 18 anos eu viria te buscar, em troca eu daria prosperidade à monarquia.

- Mas meu pai morreu meses depois que nasci - Não tenho nenhuma memória com ele, só vi seu rosto em fotos, então não me afetou muito o fato de ele ter praticamente me vendido em troca de poder. Minha família sempre foi muito ambiciosa. Houve um tempo que isso realmente me incomodava, mas eu acabei me acostumando.

- Sim e o trato que fizemos nunca foi cumprido, pelo menos a parte dele, já a minha creio que você sabe bem que foi cumprida.

Realmente a monarquia havia progredido notavelmente desde o meu nascimento, com cada vez mais propriedades, ações e apoio do povo. Sendo que um mês antes de eu nascer o povo havia se revoltado contra a monarquia e queria acabar com ela, afinal de contas já quase não tínhamos nenhum papel na sociedade além de ir a eventos e acenar.

- Assim que finalizei o acordo com o seu pai, coloquei um feitiço de proteção sobre você e voltei para cá. Decidi que o melhor seria me enfeitiçar e dormir 18 anos, pois não queria ter que esperar tantos anos e foi o que fiz.

Nossa,18 anos dormindo, quem me dera. Sinceramente daria tudo para dormir um pouco mais além das 5 horas que me são permitidas.

- Assim que acordei fui vê-la mas à encontrei com... aquele garoto.

Garoto não, conde do monte Everest.

- Tudo pelo que havia lutado não havia servido de nada. Você nem sequer sabia o meu nome.

Sua tristeza começou a me dar pena, ele realmente não parecia ter más intenções.

- Vem cá - Abro os meus braços e ele vem me abraçar chorando - Pronto eu tô aqui agora - Digo passando a mão pelos seus cabelos enquanto sentia o perfumado aroma que vinha do seu corpo.

Não sei como ele conseguia, mas ele era muito cheiroso, dava vontade de colocar as narinas diretamente no pescoço dele e ficar inalando.

- Cara que sabonete você usa? - Pergunto distraída com os meus pensamentos.

- O quê? - Ele pergunta me encarando sem entender.

- Nada não, já tá mais calmo agora? - Sorrio para ele e ele fica em silêncio apenas me encarando.

- Seu sorriso, seus olhos, você - Ela passa a mão em meu rosto e eu acabo corando - Você é exatamente igual a ela, você realmente é ela.

Ele tenta me beijar mas eu me afasto. Por muito lindo que ele fosse e por muito que entendesse o que ele havia passado eu não podia permitir.

Ele me olha desacreditado esperando alguma resposta de minha parte.

- Olha eu entendo que deve ser difícil ter perdido o amor da sua vida e ver alguém exatamente como ele, mas a verdade é que eu não sou ela e nunca serei - Precisava fazer ele entender o quão errado estava.

- Eu não sou a Milena que conheceu, até posso realmente ser uma reencarnação dela, mas eu não tenho as mesmas memórias que ela, nem vivi as mesmas coisas que ela e nem amo as mesmas coisas que ela.

Ele abaixa o olhar envergonhado.

- Além de que isso não te dá o direito de congelar todo um palácio e me chamar de sua. Eu não sou de ninguém cara, essa sua fala é bem problemática sabia?

- Eu sinto muito, me deixei levar pela raiva e não acabei notando o quanto inconsciente estava sendo - Ele me responde com um olhar bem triste. Mas que olhos lindo da *****.

- Não precisa ficar triste, eu aceito ficar com você aqui, mas precisa reverter o feitiço e prometer que nunca vai fazer isso de novo - Seguro suas mãos e ele me encara.

- Obrigada por me perdoar, eu vou reverter o feitiço agora mesmo.

Nos afastamos e ele se prepara para desfazer o feitiço mas é impedido por uma luz que aparece no centro do escritório.

- Lia!