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C A P Í T U L O XXII

Quando Katherine acordou ela quis desmaiar de novo.

Por alguns segundos até achou que apenas estivesse dormindo e que havia tido um sonho muito estranho no qual havia acidentalmente ficado noiva de Lord Crentown, porém quando por fim abriu os olhos e percebeu que estava no quarto de Lady Cecile, constatou que definitivamente aquilo não fora um sonho.

E isso era apavorante. 

Ela não estava sozinha. Suas primas Primrose e Pamela estavam ali também. Quando Katherine sentou-se na cama as duas se entreolharam, mas não disseram nada. Foi Katherine a primeira a se pronunciar.

— Que horas são?

— Onze. — Prim respondeu. — Você estava dormindo desde ontem.

— Quer dizer... — Pamela sorriu fraco — Você estava desmaiada, mas depois dormiu mesmo.

A cabeça de Katherine chegava a latejar de dor.

— Vocês ficaram aqui durante a noite toda?

Elas negaram. Katherine não conseguia nem olhar para as primas de tão envergonhada que estava.

— Estamos nos revezando em turnos até você acordar. Primeiro ficou sua mãe, depois a nossa, em seguida Titia Gemina e por último, Lady Abbey. Nós viemos para cá logo após o desjejum. — Pamela explicou.

— Tantas pessoas assim?

— Eu disse que já são onze horas. — Primrose reforçou.

Katherine atirou-se novamente na cama. Lady Primrose aproximou-se dela e sentou-se ao seu lado, acariciando lhe os cabelos. Pamela continuou alheia, apenas observando de longe, como geralmente fazia. Olhando-a tão serena e tão invisível, Katherine até esquecia que ela estava noiva e com o casamento marcado para daqui três semanas.

— Eu... An... — Prim fez uma careta. — Deveria dizer que a felicito pelo seu noivado?

— Você não deveria dizer nada.

Primrose calou-se.

— Certo. — Engoliu seco. — Hum, Pamela? Chame Titia Cecile, por favor. Ela pediu que a chamássemos quando Katherine acordasse.

Pamela a obedeceu. Andou alguns metros até entrar no quarto ao lado, onde a tia repousava, pois havia cedido o seu para a filha. Cecile sentia-se melhor com Katherine em seu quarto. Ele era mais espaçoso, de melhor acesso e bem mais arejado. Tudo que uma garota em recuperação precisaria. Enquanto isso Katherine e Primrose permaneceram em silêncio. Prim insistia em consolar a prima com delicadas caricias, mas aquilo pouco mudava o estado de desolação Kate.

Pouco tempo depois Cecile apareceu. Em outras circunstâncias a mãe estaria no primeiro andar, coordenando os criados e dando instruções para as cozinheiras para que tudo saísse da melhor forma, porém hoje sua prioridade era Katherine. Cecile pairou á frente da porta e sorriu ternamente para as sobrinhas.

— Obrigada por velarem por minha filha durante esse tempo. Vocês são as melhores primas que ela poderia ter. Agora podem ir, aproveitem a festa! Ficaremos bem.

As duas assentiram. Primrose olhou pela última vez para Katherine antes de sair com um olhar que claramente dizia: Eu sei que está ruim, mas olhe, poderia ser pior. Vocês poderiam ter sidos atacados por um urso.

Não haviam ursos em Haverstone.

Lady Cecile fechou a porta. Katherine virou-se de costas para a mãe e escondeu-se mais ainda entre os cobertores. Ela não queria olhar para a mãe. Não, não! Ela estava morrendo de vergonha e não estava nem um pouco interessada em encarar os próprios problemas. Kate conseguiu escutar os passos da mãe pelo quarto. Cecile estava inquieta. Por fim, parou próxima da janela, observando os belos jardins de Haverstone.

— Eu só... — A mãe pronunciou em um tom de voz bem mais baixo que o habitual. — Eu apenas gostaria de entender o que aconteceu ontem à tarde.

— Desculpe. — Foi a brilhante resposta de Katherine. — Eu não queria que você tivesse visto aquilo.

Era melhor ter ficado calada. Lady Cecile levou as mãos ao peito, visivelmente ofendida com o comentário da filha. Apenas para testá-la, completou:

— Então você gostaria de continuar, mas em segredo?

— Na verdade sim.

— Katherine! — Bradou — Eu não te criei dessa forma tão, tão...

— Indecente?

— Por Deus! Você mesma sabe o quão errônea foi sua conduta.

Katherine calou-se. Sempre que abria a boca piorava a situação. Aparentemente não havia nada que pudesse dizer para melhorar o humor da mãe a amenizar o escândalo. O que ela poderia dizer? Que havia sido invadida pela fada do desejo e por isso sentiu uma vontade imensa de entregar-se a Thomas, ali mesmo, nos arbustos, mas não fez porque foi pega no flagra e a fada fugiu? Com certeza Cecile não acreditaria.

A mãe aproximou-se. Sentou-se a beira da cama de Katherine e pareceu vacilante em prosseguir com as palavras. Toda a situação era tão constrangedora. Ela precisava entender melhor tudo o que aconteceu, mas era difícil perguntar para a filha coisas que não queria exatamente saber.

— Desde, hum, desde quando vocês estavam tendo um caso?

— Nós não tínhamos caso nenhum, mamãe. Minha relação com Lord Crentown sempre foi muito respeitosa. — Garantiu. — Exceto ontem, é claro... Bem, e aquela vez no terraço de Lady Backford.

— Eu não esperava isso de Thomas. Lord Crentown sempre pareceu tão sóbrio. Se vocês se gostam tanto, porque não apenas marcaram um noivado? Você sabe que nenhum de nós seria contra.

Katherine chegou a rir. Óbvio que as coisas tinham que ser mais complicadas para ela. Ela tinha um quase noivado que deu errado, Thomas parecia ser fechado demais para expor qualquer sentimento, ela era tola demais para aceitar que estava apaixonada e ele era o irmão de sua melhor amiga. É uma regra da sociedade. Irmãos de amigas são intocáveis, a não ser que sejam oferecidos por elas, o que não foi o caso. Heather deveria estar surtando agora.

— Era mais complicado do que isso mamãe. Thomas e eu nunca fomos abertos em relação a isso e.. Mamãe! Onde está Thomas? — Katherine sentou-se na cama com uma onda repentina de entusiasmo — Tenho que falar com ele!

— Ah, pois nem pense nisso Katherine Valentine! Você está acamada até segundas ordens e eu não posso permitir que ele entre em seu quarto.

— Mas, oras. Você está aqui mamãe. Não há com o que se preocupar.

— Pois pensa que eu não te conheço? Conheço-te há dezenove anos, Katherine. Sei que assim que ele chegasse você pediria para que eu saísse para uma conversa em particular. E claro, eu teria que negar na frente do conde...

— Eu ao menos posso comer alguma coisa?

Cecile fitou a filha como se não tivesse entendido a ligação entre conservar com Lord Crentown e se alimentar.

— Estou há mais de doze horas desacordada. Preciso comer algo antes que eu desmaie de novo de qualquer forma.

— Trarei um pouco de desjejum par você. Menos peixe. Não quero minha filha, noiva, cheirando a peixe.

Katherine revirou os olhos.

— Qualquer coisa, mamãe.

— Volto em alguns instantes. Não saia da cama.

— Não vou.

— Pedirei para que Primrose a faça companhia enquanto eu cuido da sua alimentação. Pobrezinha, não faz nada o dia inteiro. Aproveite que em breve irá conhecer novas pessoas e recomende sua prima para...

— Mamãe!

— Certo. Estou indo.

E Cecile foi. Quase instantaneamente — como se Primrose estivesse ao quarto ao lado sem nada para fazer — a prima apareceu. Ela sentou-se em uma cadeira próxima a cama de Katherine, esticou os pés em cima do colchão e começou a mordiscar alguns biscoitinhos dentro de um fundo pote de porcelana. Eles pareciam apetitosos.

Muito apetitosos.

— Ah, você quer? — Prim estendeu o potinho em direção à Katherine. Quando ela levava as mãos em direção a porcelana, a prima afastou — Não, melhor não. Sua mãe vai brigar comigo. Ela está preparando uma refeição cheia de vitaminas para você e esses deliciosos biscoitos infelizmente não vão te deixar forte.

Katherine fitou a prima como se esperasse o momento no qual ela iria engasgar com as gotas de chocolate. O momento não aconteceu.

— É uma pena — Prim continuou — Eles são tão gostosos...

— Imagino. — Katherine murmurou.

— Na verdade são os melhores biscoitos que eu comi em meses. Talvez em anos...

— Primrose! — Kate rangeu os dentes. Em seguida tentou retomar a compostura. — Você poderia me fazer um imenso favor?

— Se estiver ao meu alcance e não envolver meus biscoitos, certamente sim.

— Chame Lord Crentown. Eu sei que não é o momento mais adequado, mas você me compreende, não? Nós precisamos conversar, afinal, estamos noivos.

A prima assentiu. Katherine pensou que seria mais difícil, que ela teria que chorar, espernear e simular outro desmaio, porém Primrose não parecia demasiadamente preocupada com convenções sociais de moralidade. Ela não tardou em retornar para o quarto, porém desta vez, acompanhada de Thomas Crentown.

— Quando terminarem me comunique. Estarei em meu quarto fazendo... Bem, provavelmente nada, como sempre.

Thomas fez uma mesura. Prim incialmente pareceu disposta a retribuir, mas desistiu no meio do caminho e apenas acenou no ar, afastando-se deles sem prolongações. Lord Crentown estava indo em direção à cadeira em que antes se encontrava a prima de Kate, mas a mesma ralhou antes que ele pudesse se sentar.

— Feche a porta.

— Não seria inadequado?

— É inadequado com a porta aberta ou fechada. O que mudaria seria apenas o nível de inadequação.

Thomas riu. Ele caminhou em direção a porta.

— E já estamos noivos. — Katherine completou — O que poderia acontecer? Seriamos noivos duas vezes?

— Olhe pelo lado bom: nós teríamos dois casamentos. Duas festas, dois bolos, duas orquestras, duas valsas...

Lord Crentown fez uma careta, reconhecendo o erro.

— Tudo bem, talvez a parte da valsa não seja verdade.

— Não me leve a mal, Thomas, mas a última coisa no qual quero pensar agora é em qualquer valsa. — Ela suspirou — Isso tudo aconteceu tão rápido. Em um instante estávamos competindo freneticamente em um jogo infantil, no outro você estava dizendo coisas tão bonitas à respeito de mim e no outro...

— Eu estava em cima de você. — Completou.

— Sim, mas certamente não foi sua culpa. Eu permiti isso. E se não fosse você, com certeza seria eu em seus braços.

— O que não seria algo ruim... — Thomas sorriu de lado. — Porém tampouco impediria o que aconteceu de acontecer.

— Sem dúvida. — Katherine murmurou.

O que impediria isso de acontecer? Não ter se escondido no mesmo lugar que Thomas? Não ter participado do jogo? Não ter ido à casa de campo? Ter se casado com Neval? Por Deus, não conhece-lo? Agora tudo parecia tão predestinado, tão previsível, tão inevitável.

— Oh, Katherine, por favor, não me entenda mal. Não é e nunca será uma lastima me casar com você. Nosso matrimônio não foi impensável, pelo contrário, por tantos dias fui surpreendido com sua imagem em minha mente, sua figura tão viva em meus pensamentos que parecia impossível tira-la de minha cabeça. — Explicou-se — Porém, como deve imaginar, eu desejava que isso fosse feito por outros meios, não por um escândalo onde isso virou uma obrigação.

— Está tudo bem. Não será um escândalo. Apenas minha família sabe.

— Certo. Preocupe-me apenas com o seu bem-estar moral.

— Obrigada. — Katherine respondeu. Era isso que deveria responder, não era? Nunca havia tido essa conversa antes. — Porém... — Seu sorriso travesso voltou a seus lábios — Quando eu estava em seus pensamentos como era? Estávamos no altar?

— Não, não. — Thomas gesticulou. — Bem, é complicado. Durante a festa de aniversário do Browdish mais velho, vendo a duquesa cuidando de tudo com tanta ternura e amor, não pude evitar imagina-la em uma posição como aquela, tão dedicada a tudo e a todos. No parque, sozinho, pensei em nós dois, andando por aí com nosso filho em minhas costas, alimentando os pássaros, correndo entre as árvores, e no fim da tarde, nos sentando no gramado para um delicioso piquenique. E em minha cama, a noite, bem... Acho melhor não comentar como eu te imaginava.

Katherine não entendendo muito bem, apenas suspirou, endireitando-se e sorrindo.

— Ah, porque não? Eu adoraria saber.

Thomas arqueou uma sobrancelha de maneira maliciosa. Katherine entendeu.

— Oh... Sim, compreendo. — Sua face corou.

Ele riu de seu rubor e cruzou os braços.

— Prometo que depois de nosso casamento eu te dou todos os detalhes. Você vai adorar ouvir.

— De certo que sim. — Katherine mordeu os lábios.

Thomas abriu a boca para falar algo, mas calou-se antes de emitir qualquer som. Havia alguém no corredor. Era Lady Heather. Katherine sabia, pois a voz adocicada de sua melhor amiga poderia ser reconhecida há metros de distância. Inevitavelmente Kate sorriu, sorriu ao pensar em Heather, mas sua expressão transformou-se assim que a Srta. Foster veio em sua mente.

Onde estava Jane? Eles nem ao menos haviam a procurado e agora que sabiam que ela não estava com o Sr. Rodger as coisas conseguiam piorar. Para Katherine em seu casamento Jane seria uma das convidadas mais especiais, que assistiria tudo lado a lado com a noiva e no fim, a acompanharia até a carruagem. Agora as duas estavam de mal e a governanta desaparecida. Até agora seu casamento andava bem distante de suas antigas expectativas.

Thomas tocou a borda da cama, chamando a atenção de Kate.

— Sim — mentiu — Um pouco cansada. Mas me diga: sua irmã esteve aqui?

— Infelizmente não, Kate.

— Oh — ela deu ombros — Pensei que ela me acordaria com biscoitos feitos por ela mesma e uma cartinha desejando minha recuperação.

Thomas evitou contato visual com Katherine. Ela estreitou os olhos. Era claro que ele estava escondendo alguma coisa. Lady Katherine continuou fitando-o de maneira invasiva, apenas esperando que ele dissesse o que tentava a todo custo esconder.

— Heather está um tanto triste com a situação. — Confessou.

— Mas oras, triste por quê? Nós deveríamos ter contado antes, porém ela nos ama.

— Ela se sente traída. — Thomas disse — Por nós dois.

— Bobagem.

— Ela disse. Pareceu bem sério.

— Heather irá superar. Só está um tanto magoada porque nós não vamos crescer como solteironas juntas. É terrível, mas eu acredito que ela também vá encontrar alguém.

Lady Katherine disse, mas tentando convencer antes de tudo a si mesma. Ela sabia que não havia sido completamente justa com Heather, mas os últimos acontecimentos se sucederam de uma forma que nem Katherine conseguia compreender com facilidade. Tudo ocorreu muito rápido e ela estava confusa.

— Ela ficará louca quando descobrir que nós já tínhamos nos beijado antes. — Kate conseguiu sorrir — Eu deveria ter contado, mas não tive coragem.

— Tampouco eu. Não que eu tivesse visto importância em contar, mas... — Ele apoiou um dos pés na cama, relaxando na cadeira.

E Katherine estreitou os olhos. Não disse nada, não moveu um musculo, apenas fuzilou Thomas com o olhar de maneira completamente invasiva e acusadora. Ele moveu-se desconfortável, não entendo muito bem qual era o problema, mas sua noiva não demonstrou nenhuma reação.

— Hum, Katherine? — Ele tentou.

— Como você não viu importância em contar? Ela é sua irmã, eu a melhor amiga dela e foi um beijo. Não é algo que acontece todos os dias.

Thomas deu ombros.

— Por causa do Sr. Rodger. — Explicou-se — Você já havia beijado ele, não havia? Não tenho certeza se você havia me contado, mas eu logo imaginei já que vocês estavam quase noivos e sempre estavam tão próximos.

Katherine não entendeu o ponto. Permaneceu em silêncio por mais alguns segundos, porém Thomas não retomou com o assunto e permaneceu alheio a como aquela situação estava sendo constrangedora para Katherine. Ela, inclusive, não cessou. Atirou seu travesseiro para o lado e aproximou-se de Lord Crentown sem sair da cama.

— O que muda nessa história eu tê-lo beijado ou não?

— Bem, você já havia beijado outro homem, que no caso era o Sr. Rodger. Não havia porque eu dar importância para o que havia acontecido. Pensei logo que era algo irrelevante para você.

E então Katherine o chutou.

Chutou a perna de Thomas que estava apoiada na beira da cama. Ele encolheu-se na cadeira, sentindo na canela a dor de um chute certeiro. Arquejou, mas não chegou a gritar, pensando em não chamar atenção para o quarto. Katherine, por outro lado, ficaria feliz em vê-lo gritar de dor, pois ele merecia.

— Saia do meu quarto. — Ela apontou para a porta — Agora!

Thomas levantou-se, confuso. Geralmente se uma mulher falasse para ele sair de seu quarto ele sairia na hora, sem pestanejar ou hesitar, mas não dessa vez. Ele encarou Katherine como se tentasse entender onde ele havia errado, mas ela não estava para conversa.

— Não acredito que eu passei quase um dia inteiro desmaiada para quando acordar ter que ouvir um homem, que por acaso é meu noivo, insinuar que beijar rapazes para mim é quase como um ato corriqueiro. — Vendo que ele permanecia parado ela bateu nele com o travesseiro. Era macio. — Vá!

— O que? Katherine, não, por favor me escute...

— Vá!

— Você tem que me ouvi...

— Não, eu não tenho que ouvir mais asneira nenhuma! — Ela atirou-se novamente na cama, tampando o rosto e choramingando. Thomas ficou confuso. — SAIA!

Lord Crentown ficou paralisado. Sua mente o dizia que ele deveria obedecê-la, mas ah, seu coração dizia totalmente o contrário. Porém nessa terrível disputa quem ganhou foi Lady Abbey.

— Você tem dez segundos para sair do quarto de minha garota, Lord Crentown. — Millicent apoiou-se na parede ao lado da cama — Quatro, três, dois...

Thomas saiu, mas não antes de fazer uma mesura para a marquesa e sua noiva.

Katherine rolou nos lençóis. Obviamente ficou presa. Contorceu-se por um bom tempo — com Lady Abbey assistindo sem mover um único musculo — até conseguir libertar-se dos tecidos, emergir, e fitar curiosamente a cunhada ao lado de sua cama.

— Você não contou desde o dez.

— É — Millie deu ombros — Eu não quis.

Katherine relevou o último comentário. Lady Abbey continuou.

— Ele fez algo para você?

Millicent perguntou por educação. Ela não era a pessoa mais próxima de Lord Crentown, mas duvidava seriamente que ele seria capaz de fazer qualquer coisa para qualquer mulher.

— Sim. — Katherine suspirou. Millicent chegou a prender o ar. — Não! Quer dizer, sim e não. Ele começou a falar idiotices no meu ouvido e eu simplesmente não estou para escutar essas coisas. Tudo estava indo tão bem...

— Homens, Katherine, homens. Você realmente está surpresa?

Lady Abbey caminhou até uma estante do outro lado do quarto, próxima a janela. Havia uma jarra com água ali e alguns biscoitos que alguma de suas primas havia deixado no quarto. Ela não quis os biscoitos, mas serviu um pouco de água para ela e Katherine.

Kate agradeceu.

— Seu cabelo está molhado.

— Ah, sim. — Millicent deu ombros — Um pouco.

— Onde você estava?

— No lago... — Ela mordeu os lábios espiando a reação de Katherine — Com seu irmão.

Kate ficou confusa. Ela não tinha certeza de por quanto tempo havia ficado desacordada. Quando ela desmaiou, no dia anterior, o irmão e Millicent ainda estava separados, conversando raramente, e agora pela manhã eles já estavam passeios juntos ao lado?

— Agora você está sorrindo. — Katherine arrastou-se para mais perto dela. — Millicent Abbey é seu dever moral me alegrar me contando tudo o que aconteceu. Está tudo bem entre você e meu irmão? Vocês conversaram, entenderam-se?

— Podemos dizer que sim. — Lady Abbey tentou esconder um sorriso que se formava involuntariamente em seu rosto.

— Oh, que maravilha! — Kate bateu palminhas. — Eu durmo por alguns instantes e quando eu acordo o mundo exterior está uma maravilha? Acho que tenho que desmaiar mais.

— Nem pense nisso.

— Eu a assustei?

— Sem dúvida, mas ainda estou feliz por seu casamento.

— Claro que está. — Katherine deu ombros.

— O que você quer dizer com isso? — Millicent deixou seu copo em cima do criado mudo.

Katherine estreitou os olhos. Ela apenas pensava alto, mas raramente estava disposta a verdadeiramente explicar seus sentimentos. Ela encolheu-se ligeiramente.

— Não... É que eu me lembro de quando nos conhecemos. Seu maior desejo era que fossemos embora da Casa Abbey, não sei se seus pensamentos mudaram.

— Olhe Katherine... — Lady Abbey respirou fundo. — Eu realmente admiro Lord Crentown e não tenho duvidas de que ele será um bom marido. Isso me deixa feliz e segura com seu casamento, mas eu nunca permitiria que você se casasse com um homem que não me trouxesse essa sensação.

Katherine não disse nada. Sua cabeça voltou a latejar.

— Você teve a chance de escolher um marido, mesmo que de maneira errada. — Millicent continuou, dando ombros por fim. — Muitas mulheres nem se quer tem a chance de opinar sobre o próprio destino.

Kate não disse mais nada. Ela sabia que Millicent tinha razão, mas tentou não se prolongar nesse tópico. Estava cansada e novamente com a cabeça doendo. Ela deitou-se novamente, cobriu-se e fitou a cunhada. Lady Abbey apenas suspirou.

— Você tem razão, me desculpe. — Ela ajeitou o travesseiro — Eu só estou cansada. E confesso que com um pouco de medo também.

Millicent concordou, afinal, não havia muito que fazer. Ela aproximou-se e depositou um beijo na testa de Katherine.

— Descanse mais um pouco. Pelo menos até sua mãe chegar. — Ela tirou uma mecha de Katherine de sua testa. — Suas irmãs estão loucas para verem as orquídeas que Tia Gemina trouxe e com certeza você será a convidada de honra. Tenho certeza que uma tarde em família melhorará seu humor.

Kate concordou. É, talvez suas irmãs a animassem. Elas sempre animavam.

— Certo. Eu vou adorar vê-las. — Katherine sorriu. — Digo, minhas irmãs e as orquídeas.

🕎🕎🕎

Beverly havia destruído as orquídeas.

— Katherine. — Odelia sentou-se ao seu lado.

— Sim?

Elas estavam no jardim durante a tarde. Os convidados já haviam ido embora há algumas horas. Depois de um pequeno acidente envolvendo Beverly, um esfregão e cerca de oito abelhas, a caçula ficou encarregada de replantar as belas orquídeas destruídas de Titia Gemina. Infelizmente suas irmãs foram as escolhidas para lhe fazerem companhia.

Até que Katherine gostava de estar com as irmãs. Era bom. Revigorante. Principalmente agora que elas não passariam mais tanto tempo juntas era indispensável aproveitar ao máximo cada segundo na companhia das garotas. Era assustador pensar que Katherine teria que amadurecer, abandonaria a Casa Abbey, teria uma propriedade própria e viveria longe das amadas irmãs que vira crescer. Como doía. Era uma dor irreparável, incomparável e inestimável, que nunca iria cessar. Ainda mais agora, vendo os brilhantes olhos de Odelia e seu coração tão bondoso, ela mal podia lidar com a perspectiva de deixar aqueles anjinhos para sempre.

— Posso ficar com seu quarto quando você for embora? — Odelia perguntou.

Estava bom demais para ser verdade.

Katherine recusou-se a responder.

— Isso é um pouco insensível de sua parte... — Florence opinou.

Kate estava sentada no gramado, descalça, usando um vestido leve e de veraneio, com os pés em contato com a cálida grama. Ao seu lado havia uma cesta com algumas frutas que ela havia colhido, mas geralmente ela usava-as para atacar para os esquilos ou nas irmãs. Florence estava há alguns metros, deitada ao chão, sem se importar muito com o mundo ao redor.

— Sim, — até Berverly concordou — você deveria esperar ela se casar para depois perguntar isso.

Odelia deu ombros. Seus cabelos escuros brilhavam a luz do sol. Ela usava um vestido leve, as mechas estavam soltas e um chapéu a protegia dos raios solares parcialmente.

— Eu sei, mas preciso garantir minha posição. Ele seria de Florence por direito, já que ela é a mais velha, porém eu preciso mais do que ela.

Katherine cometeu o erro de pedir.

— Porque?

— Preciso de espaços para os meus insetos. Encontrei três novos apenas nesses dias que passamos aqui. — Explicou — Além de que estou me casansando de Beverly e Florence... — Ela começou a sussurrar — Você sabe, com o tempo nossa relação fica desgastada.

— Espere até debutar.

— Posso ou não?

— Você sabe a resposta.

Odelia sorriu em triunfo. Em seguida olhou para Florence que ainda não parecia muito interessada na conversa das irmãs.

— Eu disse que conseguiria.

— A resposta é não! — Lady Katherine teve que esclarecer.

Beverly gargalhou. Ela estava longe, mas sua audição era boa.

— Haha!

— Ria de si mesma, sua tola! Suas mãos estão nojentas! — Odelia retrucou.

Florence resmungou e olhou para a irmã.

— É apenas terra, Lia. Onde a maior parte dos seus insetos vive.

— Eles são limpos.

— Você não.

Ok. Às vezes Katherine sentia um alívio em ir embora. As irmãs eram impossíveis.

— Tenho uma minhoca para você aqui, Odelia!!! — Beverly gritou.

Lady Odelia cruzou as pernas. Ela parecia uma mulher de quarenta anos assim, mas tinha doze.

— Te dou 100 pennies se você comer essa minhoca.

— Não faça isso Beverly! — Katherine gritou a tempo. Em seguida fitou Odelia. — Você nem ao menos tem esse dinheiro.

— Eu não me importaria de tirar de meu dote.

— Quanto há em nosso dote? — Florence quis saber.

— Mil libras. — Beverly palpitou.

— Muito pouco. — Odelia negou com a cabeça.

— Cem mil libras?

— Muito. — Florence respondeu.

— Odelia, se eu comer a minhoca você me dá seu dote?

Katherine estava mais uma vez ficando maluca. Ela odiava quando as irmãs começavam a falar uma atrás da outra. Ela ficava perdida. Não entendia como o raciocínio das três era tão rápido.

— Por Deus, onde está a Sra. Markham? — Indagou.

As três deram ombros.

— Vocês não tinham que fazer aquele trabalho para a escola sobre... Hum, vegetação nativa da Inglaterra?

As irmãs haviam voltado a frequentar as salas de estudos com outras garotas da idade apenas uma semana antes da viagem. Elas haviam recebido como tarefa uma pesquisa sobre plantas nativas, mas nenhuma das três estava interessada em fazer.

— A Srta. Hawkins derrubou tinta em meu caderno. Recuso-me a usa-lo, então não posso realizar pesquisar alguma. — Florence disse.

— Certamente foi sem querer.

— Humpf! — Ela olhou para a irmã. Seu cabelo estava cheio de grama. — Duvido. Ela se faz de boazinha, mas é detestável. Odelia, diga à Katherine como Bridget é detestável.

Odelia fitou a outra irmã sem expressão alguma.

— Ela é detestável. — Repetiu sem emoção.

Florence sorriu.

— Você vê?

Katherine suspirou.

— Vejo. Espero que você não tenha dito isso para ela.

— Não costumo dizer que as pessoas são detestáveis na frente delas.

Odelia deu ombros.

— Não seria tão ruim.

— Porque vocês não são apenas adoráveis como Beverly? — Katherine perguntou.

Beverly correu até elas. Ela tinha a minhoca em mãos. Katherine fez uma careta horrível. Era um animal, mas ela ainda considerava-o nojento. Como as irmãs podiam ser tão... Arrgh?

— Um presente para você, Odelia!

Mostrando a maturidade de uma menina de onze anos, Beverly jogou o bicho na irmã. Infelizmente Lady Odelia era rápida com seus reflexos. Ela inclinou-se para frente no mesmo instante, desviando. A minhoca transformou-se em uma minhoca voadora.

— Hum... — Arthur tirou uma minhoca de seu casaco — Creio que isso não pertença a mim.

Beverly ficou frustrada. E Odelia olhou para o irmão com um sorriso maliciosamente travesso.

— Quer ganhar cem pennies, Arthur?

Lord Abbey sentou-se ao lado de Katherine. Ela inclinou a cabeça, posando-a sobre seu ombro. Era a primeira vez desde o incidente que eles estavam juntos de verdade. Como previsto Arthur não disse nada, nem mesmo a repreendeu, apenas deixou a cabeça no ombro da irmã e enrolou na ponta de seu dedo uma pequena mecha que havia se soltado de seu penteado.

Sem dúvida seriam momentos como esse que Katherine sentiria falta. A companhia singela de seus irmãos e nada mais. Ali ninguém se importava com títulos de nobreza, papel na sociedade ou qual era a renda anual da família. Eles só queriam uns aos outros. Aproveitar o mais bonito dos amores: o incondicional. Ela os amaria para todo o sempre.

Odelia olhou para alguns segundos para a minhoca. De repente seu sorriso maldoso desapareceu. Ela sorriu como... Como...Como uma doce garotinha entrando na adolescência? Sim, provavelmente, afinal, acima de tudo era apenas isso que Odelia era.

— Qual nome vocês preferem? Edward ou Edmund?

Lady Beverly correu alegremente até o lado da irmã. Ela apoiou-se nos ombros da mais velha e mesmo com as mãos sujas, Odelia não se importou. Ela apenas sorriu.

— Eu acho que ela é uma menina. — Beverly opinou.

Katherine e Arthur se entreolharam, rindo. Sim. Aquela era a família deles. E eles a amariam para sempre.

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