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C A P Í T U L O XV

Katherine não sabia por que tinha dito sim.

Foi uma ação impensada e realizada totalmente no impulso. Algo dentro dela tomou posse do controle de seu corpo e pronunciou aquelas palavras com uma doçura imensurável. Acho que sim. Katherine queria dançar com Lord Crentown, por mais que no fundo, ela não soubesse o que estava fazendo realmente. Seu corpo estava agindo por vontade própria, ignorando totalmente a razão que ainda sobrava em Katherine.

Thomas curvou-se e estendeu a mão para ela. Lady Katherine demorou alguns segundos para tocá-lo, um pouco receosa. Os dois aproximaram-se prestes a iniciar a sequencia de passos seguindo a melodia que ecoava no salão da viscondessa.

— Engraçado que há dois minutos você havia dito que nunca dançava.

Lord Crentown começou uma valsa lenta. Dois passos para a direita e depois um para esquerda. Com cuidado e delicadeza, tendo a certeza de que a companheira conseguiria segui-lo. 

— Eu sou péssima nisso. — Ela disse, ignorando totalmente o comentário anterior. — Não irá tardar para que eu pise em um de seus pés.

— Sou resistente à dor — Thomas a rodou — Viu? Não é tão ruim? Você dança bem, Katherine.

Ela assentiu. Eles estavam valsando por pouquíssimos segundos e em uma sequencia muito fácil. Era claro que ela ainda não havia tido tempo para pisar em seu pé, derruba-lo ou cair. Antes que fizesse qualquer uma dessas coisas Katherine parou de dançar. Haviam se passado o que? Trinta segundos? Trinta segundos eram mais do que suficientes. Eram trinta segundos a mais do que ela se proporia a dançar com qualquer outro homem além dele.

— Chega. — Katherine declarou — Está ótimo e foi o suficiente. Provei para mim e para você que posso dançar, porém... — Ela deu ombros, fingindo não se importar — O ponto é que eu não quero.

Kate cruzou os braços. Thomas não se deu por vencido.

Ele aproximou-se novamente de Katherine e institivamente ela recuou um passo. Lord Crentown tomou-a pela cintura e trouxe-a para perto de seu corpo, colando-os e impedindo que ela fugisse dele. Ele era alto e forte, assim, com seus braços ao redor de Katherine e pressionando-a contra seu corpo era impossível que ela se desvencilhasse. Ela arfou, negando-se a continuar.

Crentown afrouxou seus braços e ela pôde afastar-se um pouco, porém não o suficiente para que a tensão existente entre eles fosse totalmente esvaecida.

— Você está me devendo o término dessa dança, Lady Katherine. — Thomas sussurrou.

Katherine assentiu. Ela olhou para cima para fita-lo melhor. Os olhos verdes de Thomas cintilavam naquela noite. O terraço era mal iluminado, mas a luz da lua ajudava a trazer brilho para o ambiente. Mesmo em meia-luz Katherine conseguia definir os traços do rosto de Thomas. A largura das sobrancelhas, o levante do nariz e contorno de sua boca. Ela percebeu quando ele — involuntariamente — mordeu os próprios lábios enquanto a fitava. E talvez involuntariamente também Katherine tenha feito o mesmo.

— Pensei que a dança já estivesse terminado, Crentown. — Respondeu baixo.

Thomas negou. Voltou a aproximar-se de Katherine, porém dessa vez com cautela, como se esperasse por sua permissão. Katherine permitiu. Engoliu seco, mas deixou que novamente as pernas dele tocassem seu vestido com uma proximidade que seria inadmissível nos salões do andar debaixo. Porém eles estavam sozinhos e isso deixava a situação ainda mais provocativa. Não como quando ela estava sozinha com Neval e quis beija-lo. Era uma energia diferente, muito mais poderosa e que gerava um desconforto até então desconhecido por Katherine, porque ao mesmo tempo em que sabia que Thomas era a raiz do problema, ela também sabia que ele era a única solução.

Ela queria estar com ele. Ela por algum motivo queria ele.

Lord Crentown a girou. Por sorte, ela não caiu. Na verdade nem se desequilibrou. Pela primeira vez em toda sua vida ela pôde momentaneamente se considerar magnifica. Não uma eximia dançarina, não sem errar nada, mas estava magnifica de sua forma. Confundindo a sequencia, pulando passos ou tropeçando em seus próprios pés. Era seu charme.

Infelizmente a música não durou para sempre. Eles pararam e em seguida ouviram aplausos ecoando do andar debaixo. Enquanto as moças procuravam os pares da próxima dança, no terraço tanto Katherine quanto Thomas permaneciam juntos, bem como desconfortáveis. A dança havia terminado e eles ainda estavam ali. Perto o bastante para sentir a respiração um do outro, mas em completo silêncio.

Thomas engoliu seco. Pensou em agradecer Lady Katherine por ter-lhe concedido a honra desta dança, porém não o fez. Ele estava paralisado. Seus olhos fixaram-se nos de Katherine e decidiram repousar ali. Estava tão enfeitiçado por sua presença, por seu cheiro e por suas mãos em seu ombro que ele não seria obtuso ao ponto de dizer qualquer coisa que poderia quebrar aquele estado aparentemente eterno de primazia. Por mais que soubesse de todos os compromissos do dia seguinte, ele não se importaria de permanecer para todo o sempre ali. Apenas com ela. Tranquilo, sereno, aproveitando com ternura cada segundo que passasse com aquela mulher.

Katherine por outro lado estava surtando.

Ela pensou em sua lenda. Aquela lenda que achou ter desvendado há dias com Neval Rodger. A sensação de borboletas no estomago, o nervosismo e o sentimento interior de certeza quando estivesse com a pessoa certa. A sensação foi descrita como apaixonante, mas Lady Katherine não tinha tanta certeza assim. As borboletas que teoricamente deveriam estar brincando em seu estomago na verdade estavam armadas e travando uma guerra civil em seu interior.

Kate estava inquieta. Os olhos não conseguiam fixarem-se completamente nos de Lord Crentown, apesar de que os dele fizessem isso nos dela. Sua respiração estava descompassada, as mãos trémulas e o coração palpitando. E as borboletas, além de serem completamente indiscretas em seu estomago, também conversavam com ela. Diziam insanidades. Katherine sabia que não deveria dar ouvidos ao seu lado sensível. Em Lady Katherine operava tanto a razão quanto o coração. E sempre que Katherine deveria agir com razão ela usava o coração.

Era no mínimo previsível que isso aconteceria. A impulsividade que foi culpada de todos os problemas da humanidade havia operados nas veias de Katherine e a fizeram esquecer-se de toda sensatez que ainda a restava. Já não bastava ter se arruinado com um rapaz que não queria nada dela, ela teria que fazer isso com dois.

Obviamente Katherine o beijou. No exato momento em que uma nova música iniciou-se no outro cômodo ela ficou na ponta dos pés e o beijou. Pela segunda vez em sua vida havia feito isso.

Katherine a garota que nunca havia sido beijada.

Nunca um homem havia a beijado. Não que ela beijasse muitos homens, mas até agora os dois que haviam tocado seus lábios foram porque ela quis. Foram porque ela tomou a atitude e em um terraço selou seus lábios. Assim como com o Sr. Rodger ela teve a atitude. Era igual.

Bem, era igual só que totalmente diferente.

O toque de Neval nem se comparava a voracidade no qual Thomas Crentown apropriava-se de seus lábios. Ele a pressionou contra si pela cintura e precisou de apenas uma deixa para invadir a boca de Katherine de maneira feroz. A urgência que Katherine sentia em beija-lo provavelmente nem se comparava a dele. Em uma batalha despretensiosa os dois despejavam todo o desejo retraído naquele beijo.

Não foi singelo, nem carinhoso e muito menos romântico. Ele foi necessário. Foi necessário para que Thomas finalmente sanasse com desejo de provar aqueles lábios, necessário para que Katherine voltasse a ser ela mesma, necessário para que ela sentisse aquilo que nunca soube explicar. A certeza de que quando tocasse nos lábios do homem que verdadeiramen... Não. Não. Não era Thomas.

Katherine afastou-se. Ela queria sair correndo dali e ir para o mais longe possível de Thomas Crentown. Por Deus! Ele era o irmão de sua melhor amiga, um cavalheiro, mas nunca poderia ser o amor de sua vida. Ele não era o tipo de homem que Katherine gostava. Ela gostava de homens parecidos com o Neval, mas não o Neval. Katherine definitivamente não estava apaixonada por Lord Crentown e seria terrível se ele pensasse isso. Ele não poderia levar a sério ações de uma garota carente emocionalmente depois de perder para sempre o homem que achou que era o amor de sua vida.

Por isso ela havia o beijado, passado a mão em seus cabelos e deixado que sua mão descesse um pouco mais em suas costas. Por que ela estava triste por causa do Sr. Rodger. Obviamente era por isso.

De qualquer forma a melhor coisa que Katherine poderia ter feito era ter aqueles pensamentos agora. Perceber que estava sendo insana e inadequada de uma forma descomunal salvou sua vida, pois quase imediatamente depois de empurrar Lord Crentown para longe de si, Lady Heather retornou.

Heather estava bem melhor. Quer dizer, sua pele não estava mais verde então era de pressupor-se que ela não estava tão terrível. Porém como nem tudo são rosas sua expressão estava assustadora.

— O-O que houve, Heather? — Katherine indagou.

Por que diabos você gaguejou? Recomponha-se!

— Eu entrei na outra sala sem querer e vi duas pessoas se beijando.

— Devem ser recém-casados apaixonados. Esqueça isso. — Thomas disse.

Katherine o fitou, mas desviou o olhar assim que foi reciproco. Ele parecia bem... Normal. Não estava nada afetado pelo beijo. Ela ainda estava com as pernas bambas.

— Sim. A mulher casou-se há cerca de dois meses, nós fomos ao casamento. — Heather concordou com a cabeça. — Só que o homem não era o marido dela.

— Ah, por Deus, Heather! — Katherine bradou. Ela estava a ponto de um colapso — Vamos voltar. Devem estar preocupados com nós três.

Lady Katherine fez questão de mencionar os três. Era ótimo para ela saber que ela não estava sozinha com Lord Crentown e todos tinham conhecimento sobre isso. Estava ela, Lord Crentown E Heather. Tudo sobre controle.

— Oh, Katherine. Desculpe, mas não poderei ficar até o final do baile com você. Acho que é melhor para todos nós que eu vá para casa descansar um pouco. O que acha de levarmos você até sua cunhada? Depois já iremos.

Lady Katherine assentiu.

— Claro, sem dúvida.

Ela concordou com veemência.

— É uma ótima ideia.

Heather sorriu.

Katherine prosseguiu.

— Uma ideia brilhante!

Lady Heather fez uma careta.

— Provalmente a melhor ideia da noite! — Katherine continuou com um sorriso.

— Certo... — Heather tossiu — Certo, Kate. Acho que nós duas precisamos descansar.

🕎🕎🕎

Se Lady Abbey estava de mau humor todos estavam.

O problema é que ela quase sempre estava de mau-humor.

— Ela precisa de uma amiga... — Odelia sussurrou no ouvido de Katherine.

Todas as mulheres da casa — exceto Lady Cecile — estavam na sala de estar, bordando. Não que elas gostassem de bordar, mas Lady Abbey havia dito que elas deveriam fazer isso para a governanta do mau e as meninas não poderiam desobedece-las. Assim estavam há bons minutos concentradas em terminar as flores o mais rápido possível para poderem se livrar da atividade.

— O que rima com estupefato? — Florence perguntou.

Ela era a única que havia terminado o bordado, mas permanecia ali. Para ocupar-se ela decidiu fazer o que estava sempre fazendo: escrevendo seus sonetos. O problema aparecia quando ela decidia pedir a opinião de terceiros a respeito de sua obra.

Os olhos de Lady Beverly brilharam.

— Pato!

Millicent pensou um pouco.

— Chato.

Lady Odelia também quis sugerir.

— Prato! — Ela sorriu. — Falando nisso estou com fome. Flory já que você está fazendo nada você poderia pedir para nós alguns biscoitos, sim?

Florence levou as mãos ao peito, completamente ofendida.

— Eu não estou fazendo nada? Estou escrevendo meus sonetos! Você deveria ter mais consideração com a sucessora de Shakespeare.

Odelia voltou-se para o bordado.

— Não tenho certeza se Shakespeare faria uma rima com pato e prato, mas tudo bem.

— Vou usar pato e chato.

Beverly resmungou.

— Patos não são chatos. Eles são fofos.

— Não vou usar chato como adjetivo ao pato, Beverly. Tudo estará muito bem encaixado. Deixe-me ver... — Florence levou a mão ao queixo para pensar — Já sei! Com a doçura de um pato você deixou de ser chato. Ficou ótimo!

— Claro que sim... — Odelia murmurou.

— Ela pinta melhor do que escreve. Na verdade ela até que pinta bem...— Beverly sussurrou no ouvido da irmã. — Mas mamãe disse que ela estraga a casa com a tinta.

— E ela estraga meus ouvidos com seus sonetos.

Elas voltaram para o bordado. Beverly havia desistido de desenhar um anjo gorducho há alguns minutos e havia o transformado, por algum motivo, em alguém que Odelia presumiu ser Ana Bolena. Ou pelo menos o corpo dela.

A porta da frente foi aberta e o Sr. Branson começou a conversar com alguém. Como de costume quando alguém chegava à residência dos Abbey todos se calaram na intenção de escutar a conversa. Elas ficaram em silêncio até constatarem que a voz não era de ninguém novo, apenas de Lord Abbey que finalmente havia regressado.

Arthur adentrou no cômodo. Ele usava um colete preto coberto por um belo casaco azulado, mesmo que do lado de fora não estivesse frio. Ele o retirou e entregou para o mordomo, para em seguida, dirigir-se ao sofá onde beijou a testa de cada uma de suas irmãs que o receberam com largos sorrisos.

Millicent respirou fundo e sorriu.

— Onde você esteve por tanto tempo, meu querido? — Sua voz era doce e simpática. Arthur era o único que a tornava assim. — Nós passamos a tarde inteira preocupadas com você.

— E bordando! — Katherine completou.

— E bordando.

Lord Abbey sorriu. Ele foi até sua esposa e a fez como uma de suas irmãs, beijou sua testa.

— Eu nem a vi aí! Está escondida? — Arthur sentou-se em uma poltrona entre os dois sofás — Eu estava na propriedade dos Collins. — Sorriu — Na verdade eu estava buscando meu terno novo no ateliê, como havia avisado previamente, mas no caminhou acabei cruzando com a Sra. Collins. Ela insistiu para que eu os visitasse alegando que o Sr. Collins queria muito me ver.

— O Sr. Collins e a filha dele, eu presumo. — Millicent disse. Sua voz já não tinha nenhum vestígio da simpatia anterior.

As meninas fingiram concentrar-se em seus trabalhos. Indiscutivelmente elas eram dissimuladas. Sabiam como ninguém fingir não escutar quando na verdade não perdiam uma única palavra. Arthur, por outro lado, abriu um sorriso mais largo ainda quando ouviu a última frase da esposa.

Ele aconchegou-se, estendendo os pés.

— Sim, sem dúvida. Danisha foi muito gentil. Inclusive ela me agradeceu por eu ter emprestado meu casaco para ela no Hyde Park ontem e eu nem me lembrava disso. — Lord Abbey fitou Beverly, a guardiã dos biscoitos. — A Sra. Roberts preparou algo para nós hoje?

Millicent soltou suas agulhas.

— Vocês estavam no Hyde Park ontem?

Lord Abbey engoliu seco. Odelia não evitou olhar.

— Com o Sr. Fabian Leroy. Ela estava com Venus Hamilton. Nós caminhamos um pouco, mas logo começou a chover e concluímos que o mais educado á fazer seria ajuda-las. Eu não deixaria que uma senhorita adorável pegasse qualquer gota de chuva. Seria um crime.

Lady Abbey nem se deu ao trabalho de responder.

— Com licença, — Millicent levantou-se — Acabei de lembrar que não respondi a carta que a viscondessa Camberley me enviou semana passada. Devo fazê-lo. Agora.

Florence soltou suas folhas e fitou a cunhada de maneira que beirava a melancolia. Para alguns seria o maior defeito, para outros a maior qualidade, mas em sua filosofia de viver a vida intensamente Florence acabava tomando as dores dos outros para si mesma. Era intrigante observar o excesso de sentimentalismo que pairava ao redor de Lady Florence.

Por Deus, ela nunca deveria ler Os Sofrimentos do Jovem Werther!

De qualquer maneira viver seus sentimentos de maneira tão intensa também significava que Flory conseguia identifica-los nas outras pessoas. Bem, talvez nem fosse por isso. Talvez fosse um talento. O fato de ter um coração tão empático e caridoso que buscava sempre amar intensamente. Sim. Provavelmente era esse o motivo de Florence ser tão artística. Para que seus sentimentos não transbordassem de si ela precisava coloca-los em algum lugar.

— Ei, Mimi... — Ela chamou com cuidado. — Espere...

Millicent fingiu que não ouviu. Ela saiu do cômodo rapidamente deixando até mesmo seus materiais de bordar em cima do sofá. Beverly, aliviada, finalmente os seus caírem sobre seu colo e suspirou de alegria. Ela estava livre do cativeiro de bordados.

Lady Katherine decidiu que iria terminar o que começou. Pelo menos uma pétala da flor que estava tentando fazer. Mas claro, antes de continuar, olhou para o irmão de maneira repreensiva.

Arthur estreitou os olhos.

— O que?

— Você sabe o que fez.

— Eu fiz alguma coisa?

— Com Mimi. — Florence intrometeu-se.

— Ele bateu os dentes no rosto da Mimi quando foi beijar a testa dela? — Beverly quis saber.

— Se ele tivesse estaria saindo sangue. — Odelia explicou de maneira didática.

Katherine pensou em repreender Florence pela intromissão, porém se deu conta de que ela também estava se intrometendo na vida do irmão. Mas é para isso que irmãos servem.

— Flory, você poderia contar para Arthur sobre a ideia de mamãe de realizar uma pequena confraternização em Haverstone em homenagem ao retorno e o casamento dele, sim? Mamãe quer ir adiantando tudo para que consigamos ir ao final da semana que vem já que já temos a decoração pronta. Só precisaríamos dos convites.

Lady Florence concordou com a cabeça. Ela até coçou a garganta para começar a falar... Por um bom tempo.

Katherine subiu ao andar de cima procurando pela cunhada.

Ela chegou a frente à porta do quarto de Lady Abbey. Encostou a bochecha na madeira da porta tentando ouvir qualquer ruído. Aparentemente Millicent estava em silêncio. Katherine estava pronta para dar duas batidinhas na porta antes de abrir uma fresta quando ouviu o estrondo alto de algo se quebrando. Ela ignorou todas as convenções sociais e abriu a porta de uma vez.

Katherine deparou-se com uma cena deplorável. Um vaso provavelmente muito caro havia se chocado contra a parede e agora estava partido em dezenas de pedaços. Millicent estava à beira da cama, tentando juntar os pedaços, mesmo que eles fossem afiados.

— Solte isso, Millicent! — Katherine entrou com cuidado no quarto. — Isso pode machucar suas mãos.

Millicent pegou mesmo assim.

— Oh! — Kate fechou os olhos. Ela não suportava ver sangue. — Apenas. Solte. Você precisa se acalmar.

— Eu estou calma. Estou juntando a porcelana que eu quebrei.

— Você não está calma. Uma pessoa calma não quebra um vaso caro.

— Nunca me preocupei com o preço das coisas.

Katherine a fitou com cuidado. Lady Abbey estava... Chorando? Ela fechou os olhos de novo. E os abriu de novo. Ela se recusava a acreditar no que estava vendo. Recusava-se a acreditar que Millicent fosse capaz de produzir lágrimas. A cunhada desistiu de juntar a porcelana e sentou ao chão, apoiando-se na parede.

— Eu simplesmente não posso odiá-la.

— Odiar a quem, Millie? — Katherine perguntou. — Danisha?

— Não posso odiá-la, não faz sentido. Ela é boa, simpática, bonita. Ela é a perfeição. E por mais que eu queira do fundo de meu coração eu não consigo odiar alguém assim. Acho que eu até entendo o porquê de Arthur amar tanto ela. Ela é perfeita.. E eu sou eu. Inútil. Sou estou aqui porque ele foi obrigado a se casar comigo, mas eu sei que no fundo nem ele, nem nenhuma de vocês me suportam. — Disse — E eu sinto muito, mas sou assim.

Lady Abbey estava fora de si. Era perceptível que ela não estava pensando no que dizia pela velocidade exorbitante no qual pronunciava as palavras. Seus olhos estavam vermelhos, a mão tremula.

Kate quis chorar. Na verdade ela deixou que algumas lágrimas escapassem. Ela não suportava ver ninguém assim, ainda mais Lady Abbey, que com o tempo havia se tornado uma pessoa que ela tinha tomado carinho. Era sua irmã. O amor incondicional aplicava-se a ela. Por mais que ela fosse por tantas vezes insensível e tivesse sido a responsável por tirar a Srta. Foster daquela casa... Katherine não conseguia não sentir um aperto em seu coração vendo-a assim.

— Millicent. Isso não é verdade. Todos nós amamos muito você, principalmente Arthur. Nunca duvide disso.

— Eu sei que pode parecer um ciúme tolo, mas não é. Sinto isso desde aquele dia no qual você mencionou que ele era apaixonado por ela. — Millicent choramingou. Katherine engoliu seco. Ela sabia que parte daquela situação era culpa dela. — Ele deve ter dormido com ela, já que não faz isso comigo. Por Deus, eu posso ser destruída por isso. Você não percebe? Acha que sofre porque um tolo agarrou-se com sua governanta? Eu passei toda minha vida imersa na infelicidade e quando finalmente achei que as coisas poderiam dar certo... Tudo desmorona em minhas mãos.

— As coisas estão dando certo, Millicent. — Katherine cruzou os braços — Você tem que aprender a ver o lado bom da vida. Você está em Londres, há muitos bailes, festas, e aqui em casa, por mais que sinta que meu irmão não a trata como deve, e sei que não é a intenção dele, minhas irmãs e eu estamos muito felizes em tê-la conosco. — Ela sorriu. — Veja Odelia. Você se tornou um ídolo para ela. Beverly te acha majestosa e Florence poderia escrever uma ode a você. E...— Kate olhou para baixo. Era estranho confessar isso. — E eu sou sua amiga.

Lady Abbey virou o rosto, recusando-se a dizer qualquer palavra. A declaração da cunhada com certeza foi tocante, mas não o suficiente para tirar uma jovem de sua melancolia diária.

Katherine suspirou.

— Falarei com meu irmão. 

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