C A P Í T U L O XIII
— Zeus! — Lady Katherine invadiu a sala.
Lord Crentown estava sentado junto à mãe de Katherine e eles conversavam amigavelmente enquanto Zeus repousava no colo do lorde. Lady Cecile obviamente repreendeu a filha com o olhar por não ter cumprimentado Lord Crentown, mas sim o cão, mas Katherine deu ombros. A vida é feita de prioridades e Zeus era a sua.
— Lord Crentown. — Ela fez uma mesura — Como é bom recebe-lo aqui.
Zeus, provavelmente cansado de ser acariciado pelo dono, pulou de seu colo e foi até Katherine, arranhando seu vestido e abanando o rabo, alegre. Ignorando a todos, Kate abaixou-se e o tomou em seus braços, alisando seu pelo enquanto ele depositava em seu rosto alguns beijinhos.
Lady Cecile quis vomitar.
— Ele está bem empolgado — Thomas sorriu.
Katherine concordou com uma risada. Ela se sentou em uma poltrona bem a frente deles e continuou brincando com Zeus. Ele estava bem limpo, usava algumas fitas de Lady Heather e provavelmente também estava usando o seu perfume. Seu pelo acinzentado chegava a brilhar.
— Vocês não tem nenhum cão? — Lord Crentown indagou, curioso.
— Nenhum. — Cecile respondeu — Não em Londres, pelo menos. Temos no campo. Aqui temos apenas gatos.
— Os do campo são cães de caça — Lady Katherine sentiu a necessidade de esclarecer.
Lord Crentown assentiu. Lady Cecile continuou.
— O falecido Lord Abbey não gostava de cães dentro de casa. As crianças insistiam, mas eu sempre fui bem restrita a respeito disso. Por sorte agora minhas meninas não pedem mais por um mascote canino e conseguem apreciar muito bem a companhia dos gatos.
Se ignorarmos o fato de que Beverly foi atacada por um deles há menos de uma semana, sim, elas apreciam muito.
Thomas mordeu os lábios. Ele olhou para Zeus por uns instantes, um pouco receoso, para por fim voltar-se à Lady Cecile com uma voz passiva.
— Agora não tenho certeza se fiz o certo vindo até aqui. — Lord Crentown pousou sua xícara de chá sobre a mesa. — A verdade é que Zeus, nome dado pela minha irmã para o cãozinho, não se deu muito bem com os outros cães de nossa casa. Nós chegamos a procurar o dono dele, porém sem sucesso algum. Já que não poderíamos ficar com ele em nossa propriedade aqui em Londres eu imediatamente pensei em vocês. Digo... — Ele fitou Kate — Pensei imediatamente em Lady Katherine.
Ela ficou sem reação por alguns instantes. Era estranho como aquilo soava a seus ouvidos. Na realidade era estranho ouvir alguém pronunciar aquelas palavras. Não era comum para Katherine escutar que as pessoas costumavam pensar nela, principalmente, um homem como Lord Crentown, que ela tinha em grande estima.
— Lady Cecile, pelo o que me lembro, há algumas semanas sua filha apegou-se demasiadamente ao cão. Quando analisei onde deixa-lo, não pude deixar de considerar vossa casa como uma opção. Pensei que Lady Katherine iria gostar de tê-lo por perto.
Katherine sorriu. Ela acariciou mais ainda Zeus que chegava a rolar de felicidade.
— É claro que eu gostaria. Ele é maravilhoso, Lord Crentown, obrigada.
Thomas sorriu. Lady Cecile não.
— Temos que conversar com Lady Abbey antes de tudo. A palavra final é dela, Lord Crentown —Cecile explicou — Porém no momento ela está em um ateliê em Westminster preparando alguns vestidos para a temporada. Infelizmente não posso tomar nenhuma decisão no momento.
Thomas se levantou. Por instinto, Katherine fez o mesmo.
— Sem problemas, Lady Cecile. Sinta-se a vontade para o que precisar. — Ele assentiu — Eu estava de qualquer a caminho do Hyde Park para leva-lo a um passeio. Posso voltar aqui quando retornar.
Os olhos de Lady Katherine chegaram a brilhar.
— Oh, um passeio no parque, Zeus! — Ela sorriu e normalmente começou a conversar com o animal — Olhe que maravilha.
— Milady deseja nos acompanhar?
Thomas não refletiu muito sobre sua pergunta antes de fazê-la. Foi algo sensato a perguntar, ele imaginou. Era claro pelo brilho no olhar de Katherine que ela gostaria de ir ao Hyde Park. Provavelmente não pisava lá há dias já que havia passado uma semana na casa de campo. Era uma proposta que ele faria á sua irmã, mas talvez não fosse de extremo tato realiza-la para uma moça solteira e filha de um marquês, mesmo que teoricamente ela fosse uma amiga de longa data sua família.
Lady Cecile que também não parecia usufruir de extremo tato, decidiu que seria uma ótima ideia responder pela filha, ela posicionou-se ao lado de Katherine e impulsionou já em direção à porta enquanto, com graciosidade invejável, proferia as palavras que não deveriam ser suas.
— É claro que minha filha gostaria de acompanha-lo, Lord Crentown. Ela adoraria!
Em que mundo que Lady Cecile perderia a oportunidade de exibir sua filha para um conde?
Thomas sorriu fraco.
Katherine apenas segurava Zeus em seu colo.
— Fiquem aqui por um instante, vou chamar a acompanhante de minha filha, não irei demorar um minuto.
— Não precisa se apressar, Lady Cecile. — Thomas enviou mais um de seus comentários corteses.
Provavelmente o Sr. Rodger não viria hoje, Katherine pensou. Tudo bem. Melhor ainda. Se ele viesse Kate não estaria em casa e então infelizmente não poderia falar com ele. Neval certamente não seria obtuso ao ponto de pedir sua mão em casamento sem sua presença e então, ela teria mais tempo para se preparar psicologicamente para vê-lo. Aquilo era reconfortante.
— Você parece aliviada.
Thomas comentou. Seu tom de voz era típico, porém havia algo em seu olhar que beirava a provocação. Ele era um homem sério, gentil, educado e ciente das regras da sociedade, porém era também um mestre na arte da dissimulação. Era impossível que ele fosse sempre tão cortês assim. Tão bondoso e condescende. Em momentos como esses, quando estava sozinho com Katherine, era perceptível que na verdade ele sabia muito bem o que estava fazendo, quem ele era, e principalmente, o que ele queria.
Lady Katherine sorriu com desdém.
— Passeios vespertinos são sempre um alivio, Lord Crentown. — Ela devolveu com a mesma expressão provocativa, só que mais acentuada ainda.
Thomas chegou a rir, obviamente com um tanto de deboche. Chegava a ser engraçado a maneira como a voz de Katherine soava sempre que ela tentava parecer provocante. Bem, de certo modo, para Lord Crentown ela realmente parecia provocante, só que com certeza de uma maneira diferente.
— Quem sou eu para negar? — Crentown arqueou uma sobrancelha.
— Au Au! — Zeus latiu.
— Fiquei surpresa quando soube que você estava aqui. Não sei, tive a impressão de que Lord Crentown não estava apreciando muito minha companhia no último dia que estávamos em sua casa de campo.
— A questão era se você estava apreciando a minha.
Katherine estreitou os olhos.
— Não, essa nunca foi a questão. — Respondeu — Eu sempre fui gentil, mas você foi um tanto rude comigo em alguns momentos.
— Perdão.
Ele se desculpou como alguém comprava farinha. Sua voz não expressava remorso.
— Está perdoado. — Ela também não demonstrou tê-lo perdoado.
Nesse momento a acompanhante chegou. Claro que não estava tão bem arrumada, já que provavelmente havia sido pega de surpresa e forçada a correr o mais rápido possível para não deixar um conde esperando, mas o importante é que estava ali.
Lady Katherine não teve oportunidade de se arrumar muito. Ela não estava feia, usava um vestido comum de dia, com belos babados e mangas com detalhes em renda, só que seu cabelo poderia estar melhor. Algumas mechas que estavam más presas caíam eventualmente em frente de seus olhos e ajudavam-na a tornar-se mais desastrada ainda. Se Kate já tropeçava sem nenhum empecilho, imagine com longas mechas de cabelo cobrindo seus olhos.
Zeus estava animado. Assim que saíram da casa dos Abbey ele começou a latir. Latia para os pássaros, para as pessoas que caminhavam na calçada, até mesmo para as carruagens. Ele definitivamente estava animado. Algumas mulheres que andavam por ali, assim que passaram pelo grupo, começaram a cochichar. Thomas deu ombros imaginando que o assunto fosse sobre um cãozinho indelicado, porém Katherine ficou intrigada.
— Lord Crentown. — Katherine chamou.
Thomas a fitou.
— Talvez se alguma pessoa nos vir passeando juntos pelo Hyde Park ela pense que você está me cortejando.
— Não há quase ninguém pelas ruas agora, Lady Katherine. Muito menos no parque.
— A Sra. Buttleword acabou de passar por nós com uma amiga. Elas começaram a fofocar logo em seguida.
Lord Crentown respirou fundo. Zeus caminhou mais rápido.
— De qualquer forma não há por que nos preocuparmos com eventuais fofocas. Todos sabem que não a cortejo. Você é a melhor amiga de minha irmã e seu envolvimento com o Sr. Rodger é de conhecimento geral.
Katherine começou a caminhar brutamente. Seus passos tornaram-se pesados e ela esperou que o homem compreende-se seu nervosismo, porém Lord Crentown permaneceu alheio a fúria de Lady Katherine, mesmo que até a acompanhante — que estava há severos metros deles — tenha reparado.
Não aguentando o silêncio diante daquele comentário e percebendo que Thomas não havia compreendido seu erro, Kate pôs-se a defender-se.
— Primeiramente, Lord Crentown, não há envolvimento algum entre o Sr. Rodger e eu. Ao menos não mais. — Afirmou. — Pensei que isso estava esclarecido desde o campo.
— Você recebeu uma carta dele. — Thomas deu ombros.
Katherine estreitou os olhos.
— Como você sabe? Eu não disse de quem era a carta.
Ela lembrava-se fielmente da ocasião. Ele havia inquerido de quem era a carta que Katherine tinha em mãos e ela não havia citado nome algum. Não havia como ele saber que a carta era do Sr. Rodger, exceto se ele tivesse bisbilhotado. Porém parecia tão fora do caráter de um homem como Thomas Crentown bisbilhotar as correspondências de alguém, principalmente as de Katherine, que certamente pouco importava para ele.
— Bem... — Ele inclinou a cabeça — Você me disse que era de rapaz de Londres. E a carta aparentemente abalou seu coração. Eu só poderia concluir que Neval Rodger era o dito rapaz.
— De qualquer forma — Katherine continuou — Não há nada entre nós. Eu não tenho nada com homem algum. Estou totalmente solteira à procura de um bom pretendente e que não é o Sr. Rodger.
Thomas Crentown revirou os olhos discretamente.
— Às vezes eu me esqueço de que vocês, jovens de Londres, só pensam em casamento.
— Não! — Katherine quase pulou na frente do Sr. Rodger — Nós pensamos em muitas coisas, porém como o casamento é algo necessário e que definirá nossa vida para todo o sempre, é um assunto que deve ser pautado. — Ela arqueou os ombros — Não é algo que importe os homens.
— Eu quero me casar algum dia, Lady Katherine. Só que não por pressão. Quando eu sentir que encontrei a pessoa que quero passar o resto de minha vida, me casarei.
Kate suspirou. Um suspiro totalmente sarcástico.
Katherine não sabia até então que algo além de palavras pudesse expressar sarcasmo, mas agora havia descoberto. Ela emitiu um som provocativo, quase um arquejo ofegante, apenas para dar dramaticidade ao seu cinismo. Ela também pensava como ele antes de ter seu coração estraçalhado, porém agora não via o casamento da mesma forma. Ela gostaria de casar-se por amor e viver feliz, porém não podia entregar-se para sempre a fantasia de sentir borboletas na barriga quando beijasse seu amor e que seu coração pararia com seu toque. Foi provado que isso não aconteceria então o que restava era encontrar um marido apenas aceitável.
Lord Crentown a fitou assim que ouviu aquele som. Um gemido, talvez um suspiro, mas sem dúvida algo melodioso. A voz de Katherine era melodiosa. Talvez não cantando, mas pelo menos para ouvir, era uma poção. Quase um Afrodisíaco. Jovem, feminina, doce e ao mesmo tempo marcante. Assim como Katherine. Ele ficou tão hipnotizado por seu arquejo que até esqueceu-se de parar de fita-la. Thomas poderia até babar olhando para ela — imaginando aquele som nos mais indescritíveis momentos — e não iria perceber o tempo passar.
Ela visivelmente ficou desconfortável. Virou-se e voltou a caminhar, acelerando novamente o passo, acompanhando o cãozinho rápido. Lord Crentown a seguiu, um pouco perplexo com os próprios pensamentos. Ele estava tendo um dia livre depois de uma semana cansativa e sem tempo para si. Era normal que sua cabeça começasse a sugestiona-lo para pensamentos indevidos, mesmo que eles fossem uma pessoa totalmente improvável, a desastrada amiga da irmã.
Uma jovem de voz alucinante, talentos questionáveis para várias artes e com uma personalidade única. E com uma beleza encantadora. Não arrebatadora, nem radiante, nem surpreendente. Encantadora e única assim como ela. Poderia parecer uma garota comum com os cabelos castanhos, olhos claros, alta e magra, porém na imaginação fértil dele — que somente nesse dia Thomas se deu permissão para deixar florescer — irresistível. Vendo-a caminhar a alguns centímetros á sua frente ele não pode deixar de observar as nuances de seu corpo, o espartilho apertando a cintura, o cabelo desgrenhado caindo por seus ombros e por fim, seu rosto em perfil procurando-o na calçada.
— Romântico. — Ela disse, mas ele nem se lembrava do que eles estavam falando.
Ele só observou sua boca se movendo. Assim como fez durante o baile inteiro na casa de campo de sua família de maneira mais contida do que hoje.
— Romântico? — Indagou.
Katherine atrasou um pouco os passos para voltar ao seu lado.
— Suas palavras. Você quer escolher bem uma esposa.
— Não é romantismo, é o normal. Não quero me casar com alguém que não tenho afeto. Seriam longos anos de infelicidade — explicou-se, voltando a sua pose — porém, Lady Katherine, não me envergonharia de ser chamado de romântico. Creio que romantismo não seja um defeito, ao contrário.
— Sim, sim, Lord Crentown. É uma virtude. O sonho de toda mulher. Se um homem à leva flores, mesmo sendo uma pessoa a primeira vista repugnante, esse gesto é capaz de fazê-las repensar tudo. Foi assim que seu primo conquistou Regina, a viscondessa Backford.
Thomas teve que rir. Não era possível que Katherine disse aquilo. Ele riu tanto que seu rosto ficou quase do tom de seu cabelo.
— Oh, não, Kate! Você disse que meu primo é repugnante?
Dessa vez ela quase ficou do tom do cabelo de Lord Crentown.
— Não! Não! — Ela não sabia se ria ou continuava a se desculpar — Eu não quis dizer isso, Lord Crentown. Foi apenas, oh Deus, um exemplo!
Ele riu mais um pouco. Foi contido, para não atrair atenção para os dois que já quase chegavam ao parque, mas continuou se deliciando com as ofensas proferidas ao primo — que cá dizendo, não era bem uma beldade.
— Perdão. — Subitamente ele disse. Estava sério.
— Pode rir, Lord Crentown. — Katherine sorriu — É humano.
— Não, não — ele apressou-se — Peço perdão por tê-la chamado de Kate. Eu não percebi na hora. Foi um impulso.
Katherine estreitou os olhos, ainda com um sorriso nos lábios. Se ele não tivesse mencionado ela nem perceberia que havia sido chamada de Kate. Não era um crime, apenas contra os modos sociais, mas mesmo assim não havia problema, afinal, agora eles já eram amigos. Bem, ela o considerava um amigo. O irmão de Heather sempre seria bem querido por ela e já que sua família a chamava de Kate ele deveria fazer o mesmo.
— Tudo bem, Lord Crentown. Pode me chamar de Kate. Sua mãe, seus primos e sua irmã me chamam assim. Como considero vocês como uma família para mim é justo que você também use esse apelido.
Lord Crentown sorriu. Ele olhou para seus próprios pés, tímido. É, ás vezes era assim. Um homem alto, galante, mas que eventualmente inclinava-se a timidez e ao recato. Ele não era acostumado à Londres nem a intimidades maiores com mulheres como Lady Katherine. Quer dizer, não que nunca estivesse ficado próximo — em vários sentidos — de uma mulher que não fosse de sua família. Já. Várias vezes. Mas nenhuma dessas mulheres era como Lady Katherine. Respeitável, de boa linhagem, educada, próxima de sua família e que estava criando um laço de afinidade com ele.
— Sendo assim, Kate — Lord Crentown arqueou uma sobrancelha — Posso ser apenas Thomas, não Lord Crentown.
— Thomas. — Kate repetiu para si mesma — Thomas. Thomas. Thomas. Sua irmã se referia a você como Thommy, mas acho que isso já é muito intimo. — Riu.
— Deus, não. Nem Heather deve me chamar assim. Thommy me faz me sentir novamente com dez anos e um braço quebrado.
— Lord Thommy. — Katherine provocou — Seria um bom personagem para as brincadeiras de minhas irmãs. Um lorde chamado Thommy e com um braço quebrado.
— Nada como uma inspiração em histórias verídicas.
Katherine suspirou e mordeu os lábios.
— Histórias verídicas nunca são tão boas quanto as ficcionais.
Lord Crentown negou imediatamente.
— Como não?
— Histórias ficcionais, elas... — Kate respirou fundo. Às vezes era tão difícil encontrar as palavras certas. — Elas são emocionantes. Sempre está acontecendo algo, sempre há um romance e no final o amor sempre vence. Na vida real não é exatamente assim. Eu... Eu tento a todo o momento viver uma vida como dos livros que leio, emocionante, cheia de aventuras e de paixão, mas a realidade nunca chega aos pés de meus livros. Em um livro eu seria uma heroína, aqui eu sou apenas a pacata e desastrada Lady Katherine, que a única virtude aparente é o dote.
— Você pode fazer sua vida ser emocionante, Katherine. Você pode amar alguém e viver uma aventura como em qualquer romance de sua biblioteca.
— Eu amei. Fiz como nos livros, tentei viver um romance, mas no final não houve nenhum felizes para sempre. Eu doei meu coração inteiro para essa pessoa e no final ela o destruiu. Foi o pior erro que cometi em toda minha vida.
Lord Crentown pensou por um instante. Em seguida fitou Kate.
— Mas Katherine, se você doa seu coração inteiro para alguém, que parte dele sobra para você?
Ela não respondeu.
— Você viveria sem ele? Não há espaço para sua família, seus amigos, suas aspirações? — Thomas chutou uma pedrinha. — É ótimo amar alguém, mas é melhor ainda amar a si mesma. Colocar-se a cima de tudo. Você se ama, Kate?
Katherine imaginou que responderia sim com a maior facilidade do mundo, mas a confirmação não saiu de sua boca, a única coisa que restou nela mesma foi a incerteza e a hesitação. Crentown assentiu.
— É um bom começo...— Disse — Começar a se amar e perceber que a sua alegria não depende de outra pessoa. O seu amor, Katherine, não deve te trazer felicidade, mas sim acrescenta-la em você. Vocês devem compartilha-la, mas não deixar que a felicidade em si dependa exclusivamente da existência de um do outro.
Um trovão ecoou no céu de Londres.
Thomas suspirou.
— Digo, essa é apenas minha opinião. Não uma verdade absoluta. — Ele deu meia volta — Vamos voltar, Katherine. Receio que Londres deva ver, novamente, uma de suas típicas chuvas de verão.
E finalmente Katherine pôde dizer alguma coisa.
— Sim.
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