C A P Í T U L O VIII
As três fases de uma pessoa traída, segundo Lady Katherine, eram:
1. Tristeza.
2. Raiva.
3. Aceitação.
E infelizmente ela ainda estava na segunda.
Indo para a casa de campo dos Crentown na carruagem isso era ainda mais perceptível. Ela estava sendo acompanhada apenas por sua aia, a Srta. Mary Clinton, que ficaria no vilarejo. Katherine desejava ter feito a viagem na companhia da melhor amiga, mas Heather teve que ir alguns dias antes para ajudar a mãe com os últimos preparativos e para passar mais tempo com o irmão que depois de vários anos havia regressado a Londres.
Agora Kate agradecia por não ter feito a viagem na companhia de Heather, já que ao contrário da amiga, sua acompanhante era bem silenciosa e passava a maior parte do tempo dormindo. Assim, Katherine poderia descontar toda sua raiva durante o percurso sem que ninguém percebesse — se a aia percebeu em algum momento, ignorou.
Katherine estava furiosa. Já não caíam lágrimas de seus olhos. O sentimento de tristeza profunda que havia tomado conta de si na noite passada já dera lugar para um muito mais interessante: a raiva. Ela estava com raiva do Sr. Rodger, estava com raiva da Srta. Foster, com raiva do mordomo que havia o deixado entrar, com raiva até mesmo da humanidade por permitir que ele existisse. Estava com raiva do amor, principalmente.
Como aquilo havia acontecido? Tudo estava tão certo. Eles estavam felizes. Quando ela pousara os olhos sobre ele ela soube que era ele. Deveria ser ele. E quando por fim o beijou achou ter tido certeza. Ela precisava de um beijo de confirmação para saber se era ele o amor de sua vida e apesar do beijo não ter gritado sim ele também não disse não. Por Deus, se não era aquele sentimento que as pessoas sentiam quando beijavam alguém, qual diabo era?
Não tinha importância. Katherine não queria beijar ninguém. Não queria se casar, não queria ver homem nenhum, e nem governanta nenhuma. Queria morar no meio de uma floresta. Ela não precisava de um marido para ser feliz e se realmente precisasse se casar, ela sabia que não seria agora e nem com Neval. Ela não deixaria nunca mais que seu coração falasse mais alto que sua sanidade.
Senhor, ela agradeceria eternamente o fato de que ele não tinha iniciado formalmente a corte. Ela não aguentaria. Katherine ficaria tão agradecida que o beijaria mil vezes, e claro, perderia o controle de si mesma. Ela que agiu tantas vezes de forma irracional poderia ter arruinado sua reputação por um homem que certamente não merecia isso.
Se ela já não estivesse arruinada.
Ela implorava para que não. Os boatos em Londres corriam rápido e se antes mesmo do casamento do irmão já falavam dos dois imagine nos últimos dias no qual eles foram vistos em bailes, no Hyde Park e ele foi em sua casa duas vezes. Três. Ela não contou o dia anterior. Quando aquilo aconteceu.
Não importava mais, repetiu para si mesma pela decima vez. A única coisa que ela queria agora era estar o mais longe possível dos dois e agradecia a Deus a todo o momento pelos Crentown terem decidido fazer uma festa na casa de campo. Ela não aguentaria ficar em Londres tão perto dele por muito tempo. Ela precisava respirar.
— Lady Katherine.
A porta foi aberta. Havia um lacaio pronto para ajuda-la a descer. Em alguma parte do trajeto ela provavelmente havia pegado no sono e não percebeu quando eles chegaram até a propriedade dos Crentown. Kate esforçou-se em parecer sadia e bem acordada. Levantou-se e aceitou a mão do lacaio para descer os degraus da carruagem.
Pembroville.
O ar do campo servia para renovar sua alma. Logo depois que colocou os pés pela primeira vez naquele gramado ela já sentiu como se estivesse nas nuvens e momentaneamente todo seu ódio do universo desapareceu. Por um breve instante ela se esqueceu de sua dor de cabeça, de seu casamento arruinado, de como seu cabelo estava feio, de como ela era terrível em tudo que fazia e de como foi trocada pela exuberante governanta na cara dura. Por um instante tudo pareceu estar... Simplesmente bem. Em ordem. Ela estava bem consigo mesma.
Por um breve instante.
— Lady Katherine!
Era Regina. A que deveria estar casada com um visconde.
— Oh, Viscondessa Backford. Eu não sabia que viria.
— É claro que venho. Agora eu sou parte da família dos Crentown! — Ela declarou com invejável animação — Meu marido é primo em segundo grau da condessa viúva.
— Vocês devem ser bem próximos mesmo — Katherine murmurou.
A alegria de Regina ainda não estava irritando Lady Katherine, mas não iria demorar a começar. Isso acontecia desde quando elas ainda eram debutantes em Londres e agora que Regina havia se casado com certeza ficaria ainda pior. Principalmente pelo fato de que Katherine não queria sentir nenhum vestígio de alegria em qualquer pessoa. A viscondessa sempre tivera uma tendência um tanto quanto indiscreta de revelar muito não apenas sobre a própria vida, mas também a alheia. Ela era o que chamavam de fofoqueira, mesmo que ela não fizesse por mal. Ela só não conseguia manter a boca fechada.
Pobrezinho de seu marido.
— Isso é uma maravilha, não acha? — Lady Backford continuou — Era ótimo quando Heather e eu éramos amigas e agora nós somos mais do que isso. Somos primas. Quase.
— Quase... — Katherine repetiu.
— Você parece abatida. A viagem deve ter sido tão cansativa. Eu cheguei mais cedo.
Lady Katherine assentiu. Ela não estava com nenhuma paciência para ouvir Regina tagarelar, mesmo ela não demonstrando qualquer interesse em parar de falar. A viscondessa tinha uma pele com algumas sardas, olhos grandes e brilhantes, cabelos castanhos e adorava usar chapeis grandes. Agora infelizmente ela tinha uma coleção inteira a sua disposição. E era óbvio que ela os usaria todos os dias.
— Eu tenho certeza que a mãe de Heather decidiu realizar o evento para casar a filha. Não quero ofendê-la, mas ela já está na terceira temporada e não recebeu nenhum pedido de casamento. É desastroso... — Regina suspirou — Oh, não se ofenda Katherine! Eu por um momento esqueci que essa também é sua terceira. Mas você pelo menos foi pedida em casamento, não foi?
Se o visconde Backford não tivesse decidido subitamente aos trinta e três anos que precisava de uma esposa e que Regina era adorável o bastante para o papel, ela com certeza também estaria em sua terceira temporada, mas Katherine decidiu não retrucar. Mesmo com toda sua irritação ela ainda não era ousada o suficiente.
— Sim, fui. — Lady Katherine murmurou com suas lembranças não muito boas — Mas eu não gosto de pensar que rejeitei o pedido. Ele se rejeitou sozinho. Eu não poderia me casar com um homem que não sabe nem mesmo a tabuada do dois.
— Dois, quatro, seis, oito, dez, doze — Regina começou a recitar. Ah não! — quatorze, dezesseis, dezoito...
— Tudo bem, Regina. Eu acredito que você saiba a tabuada do dois.
— Vinte, vinte e dois, vinte e quatro, vinte e seis... — Ela continuou.
— Ótimo. O dia está uma maravilha.
— Vinte e oito, trinta, trinta e quatro, trinta e seis...
— Você pulou o trinta e dois.
— Oh, perdão! — Lady Backford suspirou — Vou recomeçar. Dois, quatro, seis, oito...
Katherine não se lembrava com exatidão de como era a propriedade dos Crentown, mas ela sabia que havia um lago em algum lugar á sua direita — ou talvez esquerda — talvez ela conseguisse ir até lá e se atirar na água para ser poupada daquilo. Quando ela já achava que tudo estava perdido — quando Regina já estava próxima do oitenta e seis — uma moça loira, que usava um vestido rosa e um belo e elaborado penteado apareceu carregando uma mala.
— Olhe, Regina! É a Srta. Farnsworth! — Katherine sorriu — Você disse que queria falar com ela há algum tempo, mas nunca a encontrava em Londres. Tenho certeza que ela tem boas dicas sobre... Hum, o que era mesmo?
— Sobre como usar as fitas no cabelo. Ela fica linda assim. — Regina saltitou — Vou falar com ela. Até mais, Kate. Aproveite a semana!
Sim. Ela faria o possível para aproveitar. Ela participaria de atividades, leria muito na biblioteca, passaria um tempo com Heather, talvez com algumas outras garotas e até mesmo deixaria que Alicia Farnsworth pegasse a melhor fatia de bolo quando elas fossem se servir. Faria o possível para não pensar no passado, apenas no presente e em como amava estar no campo.
Katherine foi guiada até seu quarto que como de costume tinha uma visão privilegiada dos jardins. Como ela já tinha ido outras vezes à casa de campo da família ela já tinha um quarto preferido e sempre pedia para ficar hospedada nele, porque segundo ela, a visão do por do sol daquela sacada era maravilhosa. O nascer do sol ela não sabia. Ainda não tinha tido uma oportunidade de ver.
Guardou suas coisas, deitou-se na cama para descansar de sua longa viagem e fechou os olhos. Permitiu-se cochilar um pouco, mesmo sabendo que provavelmente, seu cochilo seria maior do que o esperado e ela só levantaria da cama no dia seguinte, por isso antes de finalmente relaxar por completo, conseguiu afrouxar o corpete e tirar os sapatos.
🕎🕎🕎
Quando Katherine acordou ela se deparou com o Cronograma para o dia 11 de Junho de 1821 da Família Crentown em cima de seu criado mudo. Nele estava escrito todas as atividades que seriam realizadas no dia, o local e a hora.
E Katherine constatou que já estava atrasada para o primeiro compromisso.
O desjejum em uma casa de campo cheia é no mínimo interessante, principalmente no primeiro dia. Os convidados chegaram há pouco tempo, estão entusiasmados com as festas, atividades e com todas as possibilidades que estar no campo oferece, como por exemplo, um convívio informal. Assim ela se sentiu completamente à vontade ao sentar-se a mesa do café da manhã e esperar que ele fosse servido apoiando a cabeça sobre a palma da mão e os cotovelos sobre a mesa.
Heather também estava ali, mas há algumas cadeiras de distancia. Ela até tinha reservado um lugar para a melhor amiga ao seu lado, mas Katherine havia demorado em descer e ela teve que ceder para a sua prima em terceiro grau por casamento, Regina Backford. Lady Katherine ficou quase ao meio da mesa, ao lado do Sr. Lancaster — filho de um conde e universitário — e a filha de Lady Flemming. E claro, o melhor, bem a frente doces.
A manhã sucedeu-se de maneira natural. Ela devorou o delicioso bolo (e esqueceu-se de deixar a fatia de Alicia Farnsworth), caminhou pelos jardins da condessa e antes que a tarde começasse ela tomou um relaxante banho. Sentiu-se rejuvenescida. Alegre. Estava tão animada que não conseguia contar as horas até a atividade de Decoração e Aprimoramento de Vasos de Flores fosse realizada. Katherine queria decorar e aprimorar vasos de flores. Ela queria muito decorar e aprimorar vasos de flores.
A não ser, é claro, que as flores fossem lírios. Ela não queria nunca mais em toda sua vida ver lírios. Eram as flores que o rapaz cujo nome Katherine não queria nem ao menos lembrar, havia a entregado na semana passada. Oras, se ela conseguia lembrar-se com exatidão das flores que ele havia a entregado como não se lembraria do nome dele? Como ela poderia esquecer que ele se chamava Neval William Rodger? E que seu cabelo tinha um tom castanho indescritível? E que o aroma que ele exalava era de um perfume masculino, mas ao mesmo tempo delicado, com algum toque de lavanda. Era impossível apagar suas lembranças. Até mesmo aquela.
Katherine queria quebrar o vaso na cabeça dele, não decora-lo. Ou talvez decora-lo e depois quebra-lo na cabeça dele. Ou ao contrário. Havia infinitas possibilidades e nenhuma delas era boa para o Sr. Rodger.
Ela caminhou até os jardins e chegou ao local da atividade alguns minutos antes do horário marcado. Não que Katherine prezasse em demasia por sua pontualidade, mas sim porque ela queria finalmente poder conversar com Heather. A amiga estava tão ocupada nas últimas horas ajudando a mãe com os últimos detalhes que mal teve tempo de cumprimentar Lady Katherine.
— Olá, Heather! — Kate aproximou-se.
Heather estava em pé analisando um grande buquê de flores que havia sido colhido recentemente por ela mesma. Ela tentava decidir se deveria misturar todas as flores ou decorar o vaso apenas com rosas.
— Katherine! — Heather quase deu pulinhos de alegria — Como é bom vê-la. O que aconteceu no desjejum? Eu guardei o seu lugar, mas você não apareceu. Minha mãe disse que eu deveria cedê-lo para a minha nova prima.
— Eu me atrasei um pouco, perdoe-me. — Lady Katherine pôs-se a lamentar — Por isso apressei-me agora. Queria vê-la, Heather. Eu sinto sua falta, mesmo que tenhamos nos visto há cerca de uma semana.
— Também sinto a sua. — Lady Heather Crentown sorriu. — Flores brancas ou amarelas?
— Amarelas. — Kate respondeu — Irei me sentar aqui mesmo.
Katherine sentou-se na cadeira mais próxima. A amiga fez o mesmo, mas sentou-se na cadeira da frente. A mesa era estreita, então elas podiam conversar normalmente e ninguém escutaria a conversa. Até mesmo porque a maioria das garotas ainda não havia descido e as que já estavam nos jardins espalhavam-se pelo ambiente admirando as flores, a decoração, ou até conversavam enquanto caminhavam.
— Minha mãe quer que eu converse com Liam. — Heather logo começou a contar — Ela foi tão cruel com as palavras, Kate. Ela disse que ele é o único homem que pode se interessar por mim e que se eu perder a oportunidade serei uma tola.
— Você não é uma tola. E o que sua mãe disse não é verdade. Vários homens ainda vão se interessar para você, eles apenas não perceberam ainda o quanto você é uma jovem incrível.
Lady Heather remexeu-se, desconfortável. As palavras e a tentativa da amiga de tentar apoia-la eram louváveis, porém ela sabia que não era tão incrível assim. Apesar de ter um bom conhecimento matemático, ser ótima com piano e violino e ter um senso de humor no mínimo intrigante, ela não despertava muito interesse em ninguém. Culpava a si mesma por estar gordinha, por ser tímida e desinteressante demais.
— Obrigada. — Murmurou. E então, subitamente, lembrou que as atenções não deveriam estar voltadas para ela — Ah, que egoísta da minha parte começar a despejar minha melancolia quando deveríamos estar falando de você. — Heather sorriu com um entusiasmo repentino — E o Sr. Rodger? Como estão as coisas com Neval? Eu não posso esperar para saber das novidades. Ele realmente a visitou como prometeu?
— Sim. — Katherine não mentiu.
Mas também não disse mais nada. Calou-se completamente. Engoliu seco e olhou para a mesa, passando os dedos sobre a toalha bordada colocada para a decoração. Ela contornou um querubim com os dedos e permaneceu em silêncio, enquanto reunia todas as forças na missão de não chorar na frente de Heather.
— Oh, Deus. — Lady Heather percebeu — O que houve?
— Nada. — Dessa vez Katherine mentiu.
— Não minta para mim, pois eu estou vendo. Katherine Valentine Abbey, diga-me agora o que aconteceu caso contrário eu mesma escreverei uma carta para o Sr. Rodger pedindo os detalhes. — A ruiva afirmou — Ele a pediu em casamento?
Katherine chegou a rir.
— Prometa que não irá contar para ninguém. Até mesmo para Regina. Se Regina souber com certeza Londres inteira saberá também.
Heather assentiu.
Katherine aproximou-se. Olhou para os dois lados, certificando-se de que não havia nenhum bisbilhoteiro ao redor, e cochichou em uma altura suficiente apenas para Lady Heather ouvir.
— Ele estava beijando a Srta. Foster.
— Cafajeste! — Heather gritou.
— Shiu.
— O que você fez?
— O que eu poderia fazer? Mandei-o embora de minha casa e corri para meu quarto. Eu estava sem reação. Foi horrível. — Ela choramingou — Pensei que o amava, mas agora não tenho mais certeza. Só em escutar seu nome já sinto arrepios. E sobre a Srta. Foster até agora estou sem palavras. Eu nunca imaginaria que ela faria isso para mim. Ela sempre foi tão boa.
— Oh, Kate. — Heather estendeu as mãos para a amiga. Katherine pegou-as. — Não vamos mais falar sobre isso, por favor. Não quero vê-la triste, pois se você ficar triste, eu fico também. Vamos decorar nossos vasos com muitas flores, corações...
— Anjos gordinhos. — Katherine completou.
— Sim. Ele não te merece. Você encontrará um homem melhor do que ele.
Katherine soltou as mãos e deu de ombros.
— Não faço questão — disse — Não quero nunca mais passar por isso. Não quero ceder-me a romantismos. O amar entorpece e eu prefiro estar sóbria.
— Terá que se casar.
— Não me importo.
Heather estava prestes a protestar quando foi interrompida pela própria mãe. A condessa viúva aproximou-se do ambiente com as mesas e todas as jovens que ainda estavam de pé sentaram-se. Ela agradeceu a presença de todas, explicou como a atividade seria feita e por fim, disse que estava disposta a ajudar todas com suas sugestões, já que era especialista em decoração de vasos.
Katherine não mais tão animada com a atividade. A conversa com Heather, como previsto, havia deixado ela para baixo, mas mesmo assim cumpriu com seus deveres. Sujou um pouco as mãos com tinta quando desenhava ramos de flores na porcelana, derrubou cola no vestido e furou o dedo indicador com o espinho de uma rosa, mas não ocorreu nada que já não fosse esperado. Era Lady Katherine. O desastre em pessoa. Era impossível passar um dia inteiro sem que algo minimamente desastroso acontecesse.
Talvez fosse por isso que o destino tivesse reservado um momento especial para ela durante aquela tarde. Quase no fim da atividade a condessa aproximou-se. Ela caminhou com graça em direção a filha do marquês e pairou serenamente a seu lado. Kate virou-se para ela e sorriu. Heather estava curiosa.
— Lady Katherine Abbey. — A mulher sorriu.
— Boa tarde, milady. A atividade está adorável e o seu jardim é maravilhoso.
A viúva Lady Edith Crentown acenou no ar, dispensando elogios. Ela estava acostumada com que Katherine sempre elogiasse seu jardim que não havia mais surpresas.
— A natureza que foi responsável por ele. — Lady Meredith Crentown sorriu. A natureza e a esquadra de jardineiros. — Katherine, sua mãe me enviou uma carta hoje. Ela disse você voltou a fazer aulas de piano.
Katherine estava com medo de onde esta conversa poderia levar.
— Sim, milady. Voltei.
— Eu tinha dito mais cedo para que Heather tocasse o piano hoje à noite, mas agora quando eu as vi juntas tive uma ideia ainda melhor! — A condessa sorriu — Heather, você poderia tocar o violino, já que nunca o fez em público e Lady Katherine Abbey poderia acompanha-la com o piano.
Katherine sentiu-se mal por Heather, porque a amiga realmente era boa com o violino — ou o piano, ou a flauta, ou qualquer coisa que dessem para ela tocar — enquanto Katherine, pelo contrário, seria desastrosa com qualquer instrumento. Não era justo ter que se humilhar na frente de tantas pessoas. Ela havia conseguido fugir da dança no casamento do irmão, será que teria que fingir uma dor de cabeça de novo esta noite?
Desesperada, Katherine fitou Heather, que não tinha nenhuma reação. Com olhar ela pediu ajuda. A filha dos Crentown sorriu.
— Ah, mamãe. Creio que não será possível.
— Eu trouxe seu violino de Londres, Heather. Não há impedimentos.
— Nós nem ensaiamos... — Kate tentou ajudar.
— Não se preocupe, minha querida. É uma sinfonia conhecida. Sua mãe garantiu que você já a aprendeu. Ela foi bem detalhista em seus dotes ao piano.
Ela só esqueceu o detalhe de eu não sei tocar piano?, Katherine pensou.
— Não por isso, mamãe — Heather continuou — É porque... — Ela estreitou os olhos. Por Deus, ela nem sabia o que dizer. — Thomas. Sim, Thomas.
A condessa estava confusa.
— O que seu irmão tem a ver com o piano, Heather?
— Katherine. — Ela afirmou — Eu tinha dito para Thomas que Katherine e eu iríamos acompanha-lo no jantar de hoje à noite. Você nos entende, mamãe. Meu irmão acabou de voltar para Inglaterra e nem ao menos teve a chance de conhecer minha melhor amiga, exceto pelo dia que ele foi buscar Zeus, mas foi uma visita tão rápida... Oh, Senhor!
— O nome do cão é Zeus?
— Eu não concordei com isso. — Lady Edith garantiu.
— Mamãe. — Heather chamou — A senhora compreende, não? Estou com saudades de meu irmão e ele não conhece ninguém. Nós precisamos realmente estar ao lado dele. Thomas é tão introvertido.
Katherine concordou com a cabeça. Ela queria agradecer a Thomas por ele ser introvertido.
— Que pena! — A condessa lamentou — Seria tão belo. Mas estou certa de que teremos outras oportunidades. Sendo assim, vou checar como está o trabalho de... Hum, eu não tenho ideia de como ela se chama. Irei descobrir.
— Tchauzinho! — Heather acenou. Quando a mãe saiu de cena, voltou-se para Katherine — De nada.
Kate quis pular em cima de amiga, abraça-la e apertar aquelas bochechas fofinhas.
— Obrigada! Oh, meu Deus! Nem sei como a agradecer.
— Não, não. Um obrigado já basta.
Katherine sorriu. Heather parou para pensar.
— Mudei de ideia. — Ela cruzou os braços — Quero cinco libras.
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