C A P Í T U L O V I
Lewis Abbey adorava lilás.
Principalmente quando a filha estava usando.
Katherine não entendia muito bem o porquê, mas sempre que havia uma ocasião especial, seu pai pedia que ela usasse um belo vestido lilás. Ele ficava encantado. Já achava a filha bonita de qualquer maneira, mas sua formosura multiplicava-se por mil sempre que estava usando lilás. Assim, em todo aniversário do marquês, a filha mais velha escolhia um vestido novo para usar, porém sempre da mesma cor. E sempre que ela fazia aniversário, ela recebia outro. Uma saia de grande armação, com alguns babados dando mais volume e detalhes rendados por todo corpete. Era lindo. Ficava lindo nela.
Tanto que o último presente que Lord Abbey deu para a filha antes de falecer era um vestido desses. Majestoso. Os ombros ficavam a mostra e toda a linha do decote era decorada com pequenas flores cuidadosamente costuradas. O resto do corte era o da moda. Bem acentuado na cintura e depois abria-se em esplêndida beleza.
Não era um vestido de baile, mas ela iria usá-lo no próximo aniversário do marquês. Seria uma surpresa para o pai vê-la tão magnífica em homenagem a ele. Só que infelizmente ela nunca o usou.
Já era inicio de primavera quando tudo começou. Lewis sempre foi um homem ativo. Gostava de cavalgar, caçar, passar uma temporada no campo para se aproximar da família e brincar com os filhos. Naquela época todos estavam na casa de campo da família, exceto Arthur que ainda estava em Cambridge. Mas as quatro garotinhas Abbey corriam por toda a propriedade, subindo e descendo escadas, arrancando flores dos jardins, brincando com os patos e cavando na terra. Katherine tinha dezesseis anos, estava em sua primeira temporada e apesar de manter distância de brincadeiras infantis, ás vezes não resistia e ia à brincadeira das mais novas. Beverly, naquela época, estava com sete anos.
Depois de uma semana agitada brincando com as filhas o marquês alegou, certo dia, que não poderia comparecer á busca ao tesouro aquela manhã, pois não se sentia muito bem. As garotas entenderam, porém o caso se repetiu no outro dia. E no outro. No final do terceiro dia, depois da marquesa muito insistir, Lord Abbey concordou em chamar o médico para examina-lo. Ele estava queimando de febre.
Lewis ficou na cama por quatro semanas antes de por fim partir. Tudo indicava que sua febre foi causada por ingerir carne contaminada durante uma caçada. E apesar de que Lady Cecile estava se preparando há tempos para a morte do marido, sua partida foi um baque. Arthur deixou a universidade por um tempo, os filhos ficaram desolados e a viúva mal sabia como proceder depois disso. Mas ela foi firme. Tentou manter-se forte, ajudar o filho - o novo marquês - com seus deveres. Inclusive terminar os negócios que o antigo Lord Abbey havia começado.
Anos se passaram, a saudade continuou, porém ela seguiu em frente. Todos eles seguiram em frente. Katherine nunca se esqueceu dos bons momentos que passou com seu pai. Todos os passeios nos parques, ele a carregando em suas costas, brincando com as bonecas, fazendo travessuras e comendo bolo escondidos da mamãe... Ah, seriam coisas que nunca sairiam da mente de Kate. Assim como aquele vestido.
Ela havia crescido desde os dezesseis anos. Não muito, assim o vestido provavelmente ainda serviria nela. O vestido lilás com as flores. O intocado. O nunca usado estava prestes a ser vestido por ela. Ela colocou o vestido lilás próximo de ser corpo, para imaginar como ficaria nela naquela tarde, quando Neval viesse vê-la. Lindo. Katherine muito tempo havia acreditado que deveria usá-lo para o pai, que não conseguia imaginar deixar qualquer outro homem admirá-lo, mas agora tudo havia mudado.
Neval merecia vê-la assim. Ver sua alma.
- Você não vai usá-lo, vai? - Florence indagou.
Ela estava na porta com os olhos estreitos. Já eram quase onze horas da manhã, mas ela ainda usava a touca de dormir e não parecia muito animada em começar o dia. Katherine não espiou, mas por não vê-la se aproximar, imaginou que a irmã estava descalça. Sem sapatos, porém com um caderno e um pincel na mão. Apenas coisas úteis e essências.
- Vou. - A mais velha respondeu ainda admirando-se no espelho - Ele é lindo.
- Foi papai quem o deu.
- Sim, Florence. - Katherine a observou. - Ele me deu para usar, não para guardar.
- Sim, mas... - Ela tentou sorrir, cabisbaixa - Ele lembra o papai. Você o guardou por tanto tempo e só vai usá-lo hoje por causa daquele rapaz, que me perdoe, mas não sei se vale tanto quanto você pressupõe.
Katherine estreitou os olhos.
- Vamos nos casar, Florence. E você nem está em condições de opinar. Tem treze anos...
- Quatorze daqui poucas
semanas.
- E não tem a mínima noção de como as coisas realmente acontecem. Eu estou apaixonada, pois eu o amo e ele me ama... Além de que, eu preciso me casar esse ano.
- Então você não quer se casar com ele porque você o ama. - Florence constatou com um sorriso completamente irônico. - Você quer se casar com ele porque você precisa.
- Nós nos beijamos, Florence! Quero me casar com ele em razão de nosso amor!
A caçula calou-se. Mordeu os lábios, mas não disse nada. Seu olhar exemplificou toda a empolgação que sentiu ao ouvir a afirmação, porém com os segundos se passando ele foi tomando um ar mais julgador. Ela espremeu os lábios e permaneceu ali esperando por mais informações.
- Saia daqui! - Katherine bradou - Deixe-me sozinha e sem suas intromissões. Quando você amar alguém poderá opinar.
Florence revirou os olhos e enviou para Katherine um olhar repreensivo. Estava em algum ponto entre raiva e decepção, mas não a contestou.
- Como quiser, Katherine. - Ela fechou a porta.
Ótimo.
Lady Katherine estava sentindo-se péssima. Estava se sentindo tão mal depois por ter gritado com a irmã que nem conseguia mais olhar para seu vestido lilás. Ela não era mais digno nem ao menos de tocá-lo mais. Ela o deixou em cima de sua penteadeira e atirou-se em sua cama, afundando o rosto no travesseiro e segurando o choro.
Era injusto.
Era injusto toda a pressão estar sobre ela. Ela queria gritar, correr, sair de Londres e voltar para a casa de campo. Eles não iam para lá desde a morte de seu pai. Ela não sabia se seria forte o suficiente para voltar para aquela casa, mas ela precisava respirar, ela precisava sair dali. Precisava espairecer. Se pudesse, aceitaria qualquer convite para ficar na casa de campo para uma confraternização de solteiros, mesmo apaixonada por Neval, apenas por uma vez depois de muitos anos descansar.
Descansar de Londres.
🕎🕎🕎
Há cerca de três meses Florence Abbey havia definido o desejo de um casamento imediato pela irmã como uma Tentativa Desesperada de Escapar de Atividades Sociais - em letra maiúscula. Não que Katherine não gostasse de bailes ou saraus, mas ela não gostava de ser o centro deles.
Todos sabiam que ela tinha um histórico terrível. Suas tias, suas primas, todas as mulheres de sua família eram talentosas ou no canto ou tocando algum instrumento e sempre dançando. E Katherine afinal de contas não era muito boa em nada disso. Se ela ao menos conseguisse ficar noiva no começo da temporada, pouparia a si mesma de frequentar tantos bailes como uma pretendente desajustada, e iria neles com muito prazer, mas como a futura Sra. Rodger.
Era isso.
Ela colocou seu vestido lilás. Passou maquiagem. Arrumou o cabelo e pôs-se a descer as escadas para espera-lo na sala de estar.
- Katherine! - Cecile apareceu.
Estava demorando...
- Mamãe.
- Recebemos hoje esse convite. Olhe que maravilha!
Kate sorriu. Ficou na ponta dos pés para espiar melhor o convite que a mãe levava nas mãos.
- Ah, sim. É de Heather. A mãe dela pretende fazer uma confraternização na casa de campo.
- Sim, sim! Uma maravilha... - Cecile comemorou. - Você adora campo. Já que não podemos ficar lá durante a temporada você pode ter um descanso, mesmo que de apenas uma semana.
- Hum... - Katherine fez uma careta - Não posso ir, mamãe. Não agora. Não com o assunto do Sr. Rodger pendente. Apesar de Heather ter insistido, sua mãe não conseguiu encaixa-lo nos convidados, era ele ou o filho dos Browdish.
Lady Cecile cruzou os braços. Ela sabia como ninguém como seria uma ótima oportunidade um tempo no campo.
- Mamãe, a senhora sabe como ninguém como o campo é o lugar que eu mais amo em todo o mundo, porém... - Ela suspirou. - Temo que tenhamos assuntos com maior eminencia. E deveria me agradecer. Estou fazendo o que a senhora vive me pedindo. Pensando com a cabeça, não com o coração.
- Tem certeza que está?
Katherine assentiu.
Cecile pestanejou.
- Não vou responder agora. - A mãe deu ombros para a constatação da filha. - Você nunca foi a uma confraternização dessas. Passou suas três temporadas dentro de salões de bailes fofocando com Lady Heather. Você precisa de novas amigas.
- Tenho Regina.
- Regina se casou, Katherine! - Lady Cecile estava começando a se irritar com a teimosia da filha - Se casou com um visconde!
Katherine revirou os olhos. Ela ainda achava que Mario Backford não era uma boa opção. Ele era quase quinze anos mais velho do que Regina e cheirava ameixa - e mesmo que a amiga dissesse que gostava do cheiro de ameixas, Katherine recusava-se a acreditar.
- Você também conversava bastante com Hadassa Hughes, não? - Cecile continuou - Casou-se com o filho de um conde.
Katherine não sabia exatamente onde a mãe queria chegar.
- Margareth Lawrence? - A matriarca fingiu pensar por um instante - Ah, está noiva do herdeiro de metade de Dorset.
- É prepotência achar que metade de Dorset pertence à eles.
- Katherine. A temporada passada casou mais de dez casais de nosso circulo. E por mais que eu veja a urgência em seu olhar, você pouco se esforça para aumentar o seu circulo de amizades. Olhe a oportunidade que tem!
- Ele está me esperando no andar de baixo, mamãe.
- Direi para Lady Crentown que sua presença está confirmada e que você não conseguiu conter a felicidade quando recebeu o convite. Ficou tão emocionada que não parou de falar sobre o evento a manhã inteira.
Vendo que não tinha escolha, Katherine cedeu. O que uma semana atrapalharia em seu noivado? Ela ainda teria muito tempo para passar ao lado de Neval. Principalmente quando os dois estivessem casados. Ela até esperaria um pouco antes de decidir ter seus filhos para que eles tivessem bons momentos românticos. Ela só não sabia como...
- O recebemos de tarde, mamãe. A senhora não pode dizer que passei a manhã inteira comentando sobre ele.
- Pois bem. Eu o enviarei amanhã de tarde. A resposta não pode ser imediata se não pareceria que estamos desesperadas.
- Lady Abbey a contou sobre essa regra? - Katherine provocou e arqueou uma sobrancelha.
Dessa vez era Cecile que revirava os olhos.
- Vá receber seu convidado. Vá!
Ela não precisou dizer suas vezes. Com uma velocidade surpreendente Katherine desceu as escadas e pairou a frente à porta de sua sala de recepções. Deu uma última ajustada em seu visual. Ajeitou o vestido lilás, apertou o laço que prendia seus cabelos e esboçou um sorriso jovial. Tudo estava ao seu favor. Até suas bochechas estavam com um corado natural e os lábios rosados mesmo sem batom.
- Boa tarde Sr.Rodger... - Seu tom de voz foi abaixando conforme pronunciava as palavras. - Irmãs e Srta. Foster.
Ela quis vomitar.
Beverly deixou de lado suas bonecas e sorriu para a irmã. Odelia não esboçou nenhuma reação ao vê-la. Ela parecia entediada demais. Florence era a única que não estava com as demais. Lady Katherine não pôde evitar questionar-se o motivo, mesmo sendo ele bastante óbvio. Era claro que Florence ainda estava ressentida com a irmã.
A maneira como eles estavam distribuídos pela sala era interessante. A mesa de chá havia sido posta bem à frente ao sofá onde o Sr. Rodger e a Srta. Foster sentavam. À frente deles estavam as outras duas garotinhas em duas poltronas quem também haviam sido deslocadas. Todos estavam perfeitamente acomodados, exceto a própria Lady Katherine, que nem ao menos tinha como se sentar próxima a eles. O lugar vago mais próximo estava há pelo menos três metros da mesa de chá.
- Perdão, milady. - Jane Foster apressou-se em levantar-se. - Sentei-me ao sofá a pedido de Beverly. Estávamos desfrutando de um chá da tarde feito especialmente por ela.
- Você fez tudo Beverly? - Katherine ficou surpresa - Até mesmo os biscoitos?
- Sim! - A caçula exclamou orgulhosa.
Certo. Katherine não iria comer os biscoitos.
- Ela só colocou um pouco de farinha, Kate. A cozinheira fez todo o resto. Ela só está dizendo isso para impressionar o Sr. Rodger. - Odelia disse.
- Você está com inveja porque ele adorou os meus biscoitos.
- Você disse isso para elas? - Katherine riu, sentando ao lado dele, no lugar onde antes a Srta. Foster estava sentada.
- Hum, talvez. - Neval cruzou os baços - Eu disse tantas coisas durante esses últimos minutos que eu não tenho certeza de nada.
- O senhor disse que me daria 10 libras. - Odelia tentou.
- Quer dizer, exceto disso. Tenho certeza que não prometi dez libras para Lady Odelia.
- Valeu a tentativa.
- Estávamos entretendo ele enquanto você não descia! - Beverly trocou repentinamente de assunto.
- Oh, obrigada.
- Eu mostrei para ele minha nova boneca francesa e Lia mostrou o grilo dela.
Katherine estreitou os olhos.
- Onde está o grilo?
- Ele decidiu passear. - Odelia fingiu não se importar.
- Pulando pela janela... - Neval completou, sussurrando próximo ao ouvido de Kate.
Os pelos dela se eriçaram e suas bochechas ficaram mais coradas ainda. E com certeza ele percebeu. O Sr. Rodger moveu-se no sofá, um pouco para que a distancia entre os dois ficasse mais respeitosa e um pouco para abafar seu riso nasal.
Katherine focou na mesa de chá posta a frente deles. Além dos biscoitos feitos com a excelente ajuda de Beverly também havia pequenos sanduíches e claro as xícaras com o chá. Ele já estava frio, Kate constatou assim que o levou até a boca, porém ela não se importou. Só estava bebendo-o para não ter que fita-lo a todo instante. Era bom, de vez em quando, ter um alento para repousar os olhos que insistiam em vasculhar a íris de Neval Rodger.
- Posso pedir para que tragam chá quente, milady - A Srta. Foster sugeriu ao dar-se conta que aquele já estava ali há bons minutos - Provavelmente já deve ter outro pronto na cozinha.
- Não há necessidade, Srta. Foster - Katherine sorriu. Ela pegou um sanduíche. - Sente-se. Não vai ficar de pé, vai?
Jane Foster pairava quase ao lado da mesa. Ela não tirava os olhos das meninas, provavelmente com medo do estrago que as Abbey mais novas poderiam causar na casa, nelas mesmas, na irmã ou no convidado especial.
- Oras, que maus modos os meus! - Neval levantou-se - Sente-se ao sofá conosco. Não posso deixar que uma senhorita fique de pé enquanto eu estou sentado tranquilamente.
Katherine pegou um biscoito. Talvez não estivesse tão ruim, afinal, Beverly só mexeu na farinha.
- Oh, Sr. Rodger, não! - A Srta. Foster exclamou - Sou uma governanta. Estou trabalhando. Não me sento com os senhores.
O biscoito estava terrível.
- Então ao menos se sente no outro sofá. - Rodger insistiu - Não posso vê-la de pé enquanto estou aqui.
Katherine não entendia como apenas a farinha poderia fazer tanto estrago em uma comida.
- Na verdade nós já estamos nos retirando, Sr. Rodger. - Jane disse.
Odelia estreitou os olhos.
- Estamos?
- Vamos ver como Florence está.
- O que houve com Florence, Srta. Foster? - Katherine perguntou, esquecendo-se momentaneamente do gosto horrível em sua boca.
- Ela queria ficar sozinha - Beverly disse descendo de sua poltrona e seguindo a governanta - Escrevendo seus sonetos sentimentais e cheios de significados que eu não entendo. Adeus, Sr. Rodger! O vemos outra hora! Pode vir até nossa casa sempre que desejar. Se você desistir de se casar com Katherine daqui à alguns anos eu estarei disponível.
Kate revirou os olhos.
- Até mais! - Neval até fez uma mesura para as garotas.
Paz.
Agora finalmente suas irmãs haviam partido e finalmente eles estavam em...
Silêncio.
Katherine não acreditou que estava desejando isso, mas imediatamente após suas irmãs saírem com a governanta ela já estava desejando que elas voltassem. Passou tanto tempo desejando que elas os deixassem a sós que não havia pensado em toda a carga que seria tê-lo apenas para ela. Suas irmãs o entretinham muito bem, porém Katherine com sua típica insegurança, não tinha certeza que sabia fazê-lo bem. Eles já haviam ficado sozinhos antes. Uma vez. E ela havia o beijado. Apenas isso. Todas as outras vezes estavam com amigou ou se sozinhos, ainda assim, rodeados de pessoas há alguns passos de distância.
Ela apenas...
- Chá mais o senhor - Katherine começou a balbuciar - gostaria de um pouco? Na xícara.
Neval estreitou os olhos. Ele estava confuso.
- Chá. - Ela reforçou.
- Se eu quero mais chá? - Tentou.
- Sim, sim.
- Não obrigado. Estou satisfeito. Suas irmãs me serviram cinco vezes seguidas. Eu não sei quem as ensinou como o chá deveria ser servido, mas eu não acho que quando você bebe um gole, a xícara deve ser completada imediatamente até a borda de novo.
Katherine sorriu.
- Parecia um ciclo infinito - Ele continuou.
- Vou para a casa de campo dos Crentown na quarta. - Katherine disse. Ela não sabia exatamente porquê, mas disse. - Infelizmente não vamos mais nos ver durante uma semana.
O Sr. Rodger concordou com a cabeça.
- Espero que seus dias no campo sejam agradáveis. Estou certo de que mesmo que recebesse o convite eu não iria.
- Não? - Katherine estava curiosa.
Como alguém recusaria um convite como aquele? Claro. Ela havia recusado inicialmente. Talvez continuasse recusando se a mãe não tivesse sido firme em sua decisão, porém ela tinha um motivo no mínimo nobre. O Sr. Rodger tinha vinte e seis anos, não precisava se casar agora, tinha dinheiro e muita disposição. Um tempo no campo seria ótimo.
- Não gosto de campo.
O coração de Katherine estava prestes a sair pela boca. Quebrado. Por um instante todo seu encanto por Neval havia desaparecido. Como eles poderiam criar seus filhos se ele odiava campo? Katherine planejava que seus filhos crescessem no campo, assim como ela, e voltassem para Londres apenas na temporada social. Ela mal suportava o tumulto de Londres na temporada, agora imaginem no inverno.
- Gosto de ficar em Londres. - Neval continuou - No campo tudo é tão... Não sei, rustico talvez.
- Sim. É assim que as coisas são no campo.
- Tantos animais, lama e tédio. Aqui pelo menos temos entretenimento e nossos amigos há apenas alguns passos. Isso não é maravilhoso?
- Passei minha infância no campo e eu também tinha amigos lá. Minhas vizinhas, algumas crianças da vila e meus irmãos. E de qualquer forma se precisássemos visitar alguém ainda tem uma carruagem. Ela nos leva para qualquer parte da Inglaterra.
- Depois de dias.
- Faz parte... - Katherine bebeu um pouco de seu chá frio.
- A casa de campo da minha família não me traz lembranças tão boas. A última vez que eu estive lá era no aniversário de minha mãe - contou - o tempo estava chuvoso e as crianças iam para o lado de fora, voltavam e sujavam todo o chão com a lama. Logo depois alguém escorregava. Depois traziam um buquê de flores e minha alergia atacava. Foi terrível.
Lady Katherine estava sem reação. Ela não sabia o que dizer. Ela não via problema algum em sujar a casa com a lama depois das brincadeiras e achava sempre muito engraçado quando alguém escorregava. Ela e Arthur já ficaram de castigo inúmeras vezes por rirem em momentos inadequados.
- Era divertido. - Murmurou para si mesma.
- O que? - Neval perguntou não deixando escapar comentário nenhum de seus ouvidos.
- Minha infância no campo. Com meu irmão. - Ela respondeu - As garotas eram pequenas demais então eu sempre brincava com Arthur. Como irmão mais velho ele era meu herói e eu nunca me importei com suas botas cheias de lama. Nem mamãe nem papai.
O Sr. Rodger permaneceu em silêncio.
- Por isso que eu vou, - continuou - porque o campo me lembra casa.
•••
Não esqueçam do feedback. O que estão achando? Beijos! Vejo vocês em breve.
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