C A P Í T U L O V
— Mamãe, mamãe! — Beverly adentrou correndo na sala. — Eu sei que não devo ler as correspondências que não são minhas, porém ela estava endereçada de Haverstone e eu me contive. É do Dr. Winslet e ele diz que Arthur já está se recuperando e que provavelmente já poderá retornar para casa semana que vem!
Um silêncio mortal invadiu o cômodo. As mulheres estavam sentadas ao redor da mesa, esperando a caçula chegar para iniciarem o desjejum, já que Beverly havia alegado a necessidade de trocar suas meias cinza sem-graça por uma cor de rosa com laços, babados e renda. Nas mãos da pequena estava a carta.
Lady Cecile fechou os olhos tentando lidar com a emoção enquanto as reações ao redor da mesa eram variadas. As mais novas se entreolhavam com sorrisos largos enquanto Katherine tampava a boca igualmente surpresa e feliz. Lady Abbey por outro lado não sabia como agir. Só ela entendia o que significaria para sua vida ter Lord Abbey de volta. Ou melhor, ter Lord Abbey pela primeira vez. Toda a ansiedade que sofreu antes do casamento retornou para seu corpo.
— Que maravilha, Beverly! — A Srta. Foster, que olhava as meninas de longe, foi cuidadosa com as palavras. — Porém peça perdão a sua mãe por ler sua carta e garanta que isso não acontecerá novamente. Ler correspondências que não são suas não é uma atitude correta.
— Esqueça isso! — Lady Cecile abanou no ar. — Isso foi a melhor coisa que você poderia ter dito hoje, Beverly. Começarei meu dia irradiando felicidade!
— Querem que eu leia meu soneto sobre felicidade para comemorar esse momento? — Florence sugeriu.
— Prefiro comemorar comendo esses doces — Beverly sentou-se ao lado da mãe.
Lady Abbey moveu-se em sua cadeira e engoliu seco. Ela mexeu na gola de seu vestido azul escuro — que chegava ao fim de seu pescoço, cobrindo seu corpo por inteiro — e depois de alguns segundos declarou com a voz mais baixa do que o comum:
— Providenciarei um lacaio para ajudar Arthur assim que ele chegar. Ele estará bem, acredito no julgamento do Dr. Winslet, afinal ele está há anos com vocês, porém pouco mais de duas semanas não é o suficiente para uma recuperação total. Ele certamente precisará de ajuda.
— Não se preocupe com isso, Millicent. — Lady Cecile respondeu escolhendo a quantidade de doces que a filha mais nova comeria. Beverly pegava alguns, escondida. — Arthur já tem um lacaio muito responsável. Ele está apto para cuidar de meu filho em qualquer situação.
— Pois bem. — Millie tossiu — Ele precisa de dois.
— Entendemos sua preocupação com o nosso Arthur, porém... — Cecile finalmente virou-se para Lady Abbey. Seu tom de voz despreocupado tornou-se mais formal. — Porém é bom lembrar que quando ele voltar para casa as decisões voltarão a ser tomadas por ele, e vai do julgamento de seu marido quantos lacaios ele precisará. Como conheço meu filho, posso adiantar que a resposta será apenas um.
Millicent estreitou os olhos. Florence chegou a estremecer.
— Também é ótimo lembrar que apesar das decisões serem tomadas pelo marquês, ao seu lado ainda existe uma marquesa, e tenho certeza, Lady Cecile, que ele não gostará de ver a opinião de sua esposa, que somente está pensando em seu bem, sendo contrariada por sua própria mãe em razão de puro egoísmo. Afinal, eu não seria a Lady Abbey se de fato, minha opinião não importasse.
Um clima tenso instalou-se na antes serena sala de jantar. Raios de luz da manhã invadiam o cômodo pelas janelas que haviam sido abertas logo cedo e refletiam nas pratarias espalhadas pela mesa. As meninas calaram-se e decidiram evitar o máximo de contato visual, pela primeira vez em anos, concentrando-se verdadeiramente na hora de comer. Millicent ergueu o queixo com seu típico ar de superioridade, e mesmo sem querer beber nada, ergueu a mão pedindo água para uma sopeira, apenas para demonstrar o poder que tinha como a diretora da casa.
— Tenho certeza que minha mãe não quis ofendê-la, Lady Abbey. — Katherine comentou com voz terna, quase condolente, apaziguando os ânimos antes que se exaltassem de fato.
Ela conhecia a mãe a tempo suficiente para saber que seu temperamento não era fácil. E também tinha a mesma impressão sobre a cunhada.
— Está tudo bem, Kate. — Cecile declarou com calma — Lady Abbey sabe que estou apenas a aconselhando, já que antes dela, fui a marquesa por mais de vinte anos.
— Sim, Lady Cecile. — Millicent retrucou com uma rapidez impressionante — Sempre que precisar de um conselho, eu o solicitarei, não tenha dúvidas. Caso contrário... — Levou o copo a boca.
Ela não terminou sua frase. Nem ao menos precisava. E a mãe fazia questão de não ouvir a voz dela por um longo tempo. A marquesa-viúva, durante toda sua vida, não gostou de ser desafiada, e ver uma moça jovem, fazendo isso com ela em sua própria casa era quase um desaforo. Afinal, quem era essa tão prepotente Millicent para agir com tamanha insolência?
Ela estava na casa há duas semanas e não havia dito uma frase tão longa quanto essa durante todo o tempo. Tudo o que Cecile sabia ela que seus país eram umas das pessoas mais ricas de Manchester, que ela tinha uma ótima educação e uma família com um histórico de vários filhos. Sem dúvida, em essência, quando eles propuseram uma união, ela seria uma boa esposa. Talvez fosse, é verdade, mas tudo muda quando você encontra alguém frente a frente. Ela falava, sentia, existia. Millicent era humana, não uma carta no qual todas suas qualidades foram listadas.
Bem...
Ser rica era definitivamente a maior qualidade de Millicent Budigham.
Haviam dito que ela era quieta, não mentiram, ela de fato era silenciosa. Mas quando abria a boca parecia necessário que suas palavras destilassem acidez.
— O Sr. Rodger irá vir aqui amanhã à tarde. Ele me disse no baile de ontem.
Katherine não queria avisar da visita, mas sua prioridade agora era quebrar o clima tenso no ar. Animar novamente era uma ótima opção.
— Vocês vão ficar noivos? — Cecile arregalou os olhos.
— Ele não me fez nenhum pedido oficial. Ainda. Por isso eu peço, principalmente a vocês irmãs, que sejam cuidadosas. Isso é o mais longe que fui durante minhas três temporadas. Não posso passar desta.
— Tenho certeza que a Srta. Foster vai controlar as garotas. — A mãe disse.
Millicent queria opinar, para garantir seu posto de superioridade, mas não podia fazer nada. Ela não tinha filhos nem havia estado em uma temporada para saber.
— A milady quer que eu as leve para um passeio? — Jane Foster indagou.
— Não há necessidade. Apenas as mantenha longe do Sr. Rodger e será o suficiente.
— Ah, que pena. — Odelia fez biquinho — Eu adoraria mostrar minha lagarta para ele.
— Srta. Foster, por favor, se livre desta lagarta também.
— Sim, milady.
— Se a Penny for, eu vou junto. Eu a amo e ela está quietinha no seu vidrinho sem atrapalhar ninguém. Eu até estou pensando em dar a cama de Florence para ela.
— Ei! — Florence protestou.
— Não se preocupe — Katherine disse quase em um sussurro — Ela vai durar tanto quanto o besouro.
— Ou a borboleta. — Florence completou.
— A joaninha. — Beverly acrescentou.
— Ou o grilo... — Foi a vez da Srta. Foster.
— Porque vocês não a dão um cão de uma vez por todas? — Florence suspirou.
Millicent quis desmaiar com a perspectiva de ter um cão dentro de casa.
— Eu gosto das lagartas de Odelia. — Opinou.
— Sim! — Odelia cruzou os bracinhos — Lady Abbey é a única que me entende!
Millicent forçou um sorriso. Ela só tinha pavor de cães mesmo. Não era nada pessoal.
— Se algum dia eu não me casar vou continuar morando com a Mimi para sempre, pois ao menos sou compreendida.
— Oh, Deus! — Millicent exclamou — Então que tenha um cão!
🕎🕎🕎
— Jane. — Katherine chamou.
A Srta. Foster estava em pé arrumando o vestido que Kate usaria pela manhã, enquanto Lady Katherine já estava em sua cama, prestes a dormir. Ela usava uma camisola longa, sem muitos detalhes, e um gorro touca para os cabelos. Já a governanta, ainda não tinha tirado todos os adereços de trabalho, exceto sua touca, que desde que as meninas haviam dormido, havia desaparecido e dando espaço para seus cabelos loiros ficarem livres.
Jane Foster virou-se para a mais nova. Ela terminou de ajeitar o vestido em cima de uma cadeira e de alinhar os sapatos azuis ao lado.
— Sim?
— Deite comigo. — Kate pediu — Ou ao menos se sente ao meu lado. Eu quero conversar um pouco.
Jane sem dúvidas era gentil e simpática, porém seu trabalho como governanta também exigia rigidez. Ela enviou a jovem um olhar severo e repreensivo, porém que não se estendeu por muito tempo. Os olhos de Katherine brilhavam e ela estava agarrada aos seus lençóis, suplicando a companhia de sua governanta.
— Lady Katherine... — Foster suspirou — Já é tarde.
— Você não está mais no seu turno, Jane. — Kate sorriu — Agora você já pode me chamar de Kate. E pode fazer companhia para mim como uma amiga, não como minha empregada. Vamos, vamos. Por favor. É um assunto... — Katherine hesitou. Ela não sabia como nomear aquele assunto. — Bem, são coisas do coração.
Foi mais forte do que Jane. Ela era a empregada da casa e sabia muito bem seu lugar, mas aquela era Katherine, sua doce Katherine e provavelmente a única pessoa que ela poderia chamar de amiga. Lady Katherine enxergava a Abbey mais velha de uma maneira distinta das outras, para ela, Katherine era como uma irmã mais nova. Era impossível negar companhia para sua irmãzinha, principalmente quando ela a suplicava daquela forma.
— Seremos rápidas? — Jane perguntou sentando-se na cama. — Eu estou um pouco cansada.
— Não prometo nada. Agora tire os sapatos. — Katherine mandou e logo em seguida mergulhou para debaixo de seu lençol.
A Srta. Foster tirou suas botas e ficou apenas com suas meias simples nos pés. Era primavera, quase verão, mas ela ainda sentia frio, principalmente nos cômodos gelados da propriedade dos Abbey. Ela deitou-se ao lado de Katherine, como já havia feito várias vezes, cobriu-se com o mesmo lençol, e imergiu nas profundezas do mundo de Katherine Valentine Abbey.
— Se Lady Abbey me ver aqui é possível que ela desmaie. Isso é tão contra as suas ‘’regras da sociedade’’.
Kate bufou.
— Millicent é uma chata. Não vamos falar dela.
— Vamos falar de quem então?
Katherine suspirou. Estava escuro, mas Jane percebeu que sua face ficou corada. Em meia-luz não era possível reparar em muitos de seus traços, mesmo estando frente a frente com ela. Elas estavam tão próximas que Jane conseguia sentir a respiração dela contra a sua.
— Oh, você nem precisa responder! — Jane declarou, deitando o corpo com a barriga para cima — Começa com Neval e termina com Rodger. Esse é seu assunto principal sempre.
— Eu... — Kate começou a dizer — Eu estou nervosa, Jane. O encontro de amanhã pode mudar tudo. Eu tenho certeza de que se ele estiver certo de sua decisão, me pedirá em casamento, e depois, estarei noiva. Estou tentando me concentrar nessas informações, mas parece tão surreal. Depois de três anos correndo atrás de um marido finalmente vou me casar com alguém que eu realmente amo!
O tom de sua voz elevava-se conforme as palavras iam fluindo. Suas frases iniciavam-se com um sussurro, mas ao final, ela contava para a casa inteira suas aflições interiores. Sua sorte era de que o quarto da mãe ficava no final do corredor e as irmãs — que dormiam as três no mesmo aposento — estavam tão cansadas das lições de matemática que fizeram à tarde que provavelmente estavam em sono profundo neste horário.
Jane levou um dedo até o lábio pedindo cautela. Katherine entendeu o recado e fez o possível para se controlar, mesmo sabendo que estava acima dela, afinal, seu coração estava a mil também. Parecia surreal. Um conto de fadas. Ela sempre foi uma garota insegura, atrapalhada, não feia, mas também não uma beldade, e agora finalmente tudo parecia estar indo para seus trilhos.
— Deus queira que tudo dê certo para você, Kate.
— Para você também, Jannie.
A Srta. Foster riu.
— Bem, mas eu não estou prestes a me casar. Você precisa de uma atenção do Senhor um pouco maior.
— Ah, não sejamos tolas. Você é linda e tem um caráter inestimável. Alguma hora deixará o papel de governanta para se casar com algum homem muito bonito, simpático e com uma bela casa de campo com vários cães, gatos, pássaros e crianças. — Katherine piscou.
— Obrigada por planejar meu futuro por mim, Kate. Parece uma proposta atrativa a não ser pela parte dos pássaros. Tenho traumas com pombos grandes demais para considerar criar alguns em minha casa.
— Não diga isso. Ninguém mais se lembra daquele incidente do Hyde Park.
Jane arqueou uma sobrancelha. Kate mordeu os lábios.
— Quer dizer, exceto aquelas quinze pessoas que presenciaram a cena.
— Outro assunto, por favor!
— Como era sua casa? — Perguntou de repente.
Jane estreitou os olhos.
— Antes de vir para Londres?
— Sim. Onde você morava com sua família. Você nunca fala sobre a Ilha de Wight nem sobre sua vizinhança, sua família ou seu lar. Nós conversamos sobre tudinho, exceto isso. Tudo sobre o seu passado ainda parece um grande mistério para mim.
A Srta. Foster suspirou. Por sorte ela já olhava para cima, assim conseguia evitar contato visual com os curiosos olhos de Katherine Abbey, que buscavam de alguma forma, penetrar no mais fundo de sua alma.
— Eu gosto de deixar o passado no passado.
Katherine vacilou por um tempo. Em seguida virou-se da mesma forma que Jane, olhando para o céu vazio do lençol. Por vários segundos o único som que elas escutavam era o de suas respirações e aos poucos, da chuva que começava a cair do lado de fora.
— Desculpe. — Lady Katherine choramingou — Não era minha intenção parecer invasiva.
— Não, Kate. Apenas... — A Srta. Foster suspirou — Eu dormia com minhas duas irmãs. Nós três, no mesmo quarto, sozinhas a noite inteira. Era uma bagunça. Nós brigávamos, brincávamos, conversávamos bastante e no final, uníamos nossas camas e dormíamos juntas. Se você me pedisse qual é minha maior memória eu sem dúvida diria que era essa.
Kate deu um meio sorriso.
— Imagino minhas irmãs de forma parecida. Deveria ser divertido.
— Nós não éramos ricos, isso você deve saber — Jane prosseguiu — Porém tínhamos uma vida confortável e todas as filhas do Sr. Foster tiveram uma boa educação. Nós estudávamos grande parte do dia em uma sala sem graça, no último andar, que mais se parecia com um sótão. Os únicos lugares realmente bonitos na nossa propriedade eram a sala de jantar, a sala de estar, e claro, o quarto dos meus pais. Para mim, olhar para as joias de minha mãe expostas perto de sua penteadeira... Oh, Katherine, você nunca entenderia. Era mágico. Era... — Ela engoliu seco — Era tudo que tínhamos.
Katherine não comentou, mas ela viu de canto de olho uma lágrima descendo sorrateiramente pela bochecha de Jane e caindo sobre o travesseiro. A voz da governanta era clara, calma e inteiramente nostálgica. Katherine Abbey nunca esteve na propriedade dos Foster, ela nem ao menos sabia onde ficava, porém ao ouvir Jane contando sobre sua família e sobre sua casa — pela primeira vez de maneira franca em todos esses anos — fez com que ela se sentisse lá. E fez com que ela desejasse que Jane estivesse lá com sua família.
— Se vocês não eram pobres porque você teve que vir trabalhar em Londres, Jane? — Katherine indagou com receio. Sua voz vacilava em cada palavra. — Você não poderia ter ficado por lá, ajudado seus pais com a casa ou talvez se casado?
Silêncio.
Jane se moveu na cama, tirou o lençol de cima dela, e sentou-se na beirada procurando por seus sapatos. Quando Katherine estava prestes a protestar, Jane por fim falou:
— Ás coisas nem sempre são tão simples para todo mundo, Kate. Cada um tem a sua realidade e... — Ela suspirou — Devemos aprender a lidar com a nossa.
— Você não quer poder amar? Viver sua vida com todo coração e alma?
— É o que eu mais quero, Kate. O que eu mais quero.
— Então, por favor, ame. Só quero vê-la feliz.
Ela calçou novamente as botas. Já estavam surradas. Provavelmente precisaria comprar novas. Assim como as meias. Talvez as luvas... Ah, mas o verão estava chegando. Talvez aguentasse até o ano que vem.
— Jane. — Katherine chamou novamente — Eu gosto muito de você. Independente de tudo. Independente de eu ser Lady Katherine Abbey e você minha governanta. Eu não escolho as minhas amizades por posição social, mas pelo coração. E durante todos esses anos você foi, continua sendo, e por Deus, sempre será, uma pessoa muito especial para mim. Eu só quero que saiba disso. Eu te amo.
A governanta sorriu.
— Eu também te amo, minha pequena.
Ela estava preparada para sair, mas deu meia volta, apenas para retornar a beira da cama da senhorita e depositar em sua testa com beijinho carinhoso. Como uma irmã — na posição que ela se colocava — daria na caçula antes de deitarem e terem uma boa noite. Na verdade exatamente como ela fazia com Letice e Charlotte, há anos atrás, antes de tudo acontecer.
Jane sabia que ela não era sua casa, que aquela não era sua irmã e que aquilo, apesar de parecer, não era um mundo de um conto de fadas, porém sua parte emocional que ainda ansiava por ver beleza em tudo, acreditava que depois de tantos anos perdida no mundo, ela estava ao caminho de encontrar o seu verdadeiro lugar.
Ela fechou a porta do quarto da garota mais velha e finalmente poderia ir para sua cama. Poderia ir escrever suas cartas, ou ler algum livro, ou finalmente dormir depois de um dia cheio. Só que antes de qualquer coisa, ela decidiu espiar o quarto das mais novas. Com cuidado Jane Foster abriu uma pequena fresta no quarto das garotas e espiou pelo espaço. Tudo parecia em ordem, inicialmente, exceto por alguns barulhos que só aos poucos foram identificados como sussurros de vozes juvenis.
— Não, Odelia! — Ela conseguiu ouvir Florence gritar — Tire esse animal de perto de mim!
— O nome dele é Edmund. — Odelia respondeu a altura — E ele é uma mariposa.
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