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C A P Í T U L O I I I


— Por que você está feliz?

— Eu não estou feliz.

— É claro que está. Você não para de sorrir desde o café da manhã.

Florence não costumava reclamar da felicidade alheia, mas quando ela começava de fato a atrapalhar seu desempenho artístico, era um problema. Katherine estava sentada em uma poltrona perto da janela, vestindo um belo vestido rosado e com uma xícara de chá sobre o colo. A pose foi escolhida pela artista, a própria Florence, que deveria levar um quadro pintado por ela mesma em sua próxima aula de pintura.

— Não que eu não goste de vê-la feliz, Katherine... — Florence misturou algumas cores com uma paciência invejável. — Porém o propósito de minha pintura é retratar a tristeza. E eu não posso retrata-la triste quando só o seu sorriso toma metade de meu painel.

Katherine estreitou os olhos e tentou se concentrar. Ainda sem trocar a posição das pernas e dos braços, conforme ordenado pela irmã mais nova, ela endureceu a expressão, tentando parecer abatida e sem qualquer vestígio de felicidade. Mas considerando os fatos da última noite aparentar melancolia era quase uma missão quase impossível.

Parecer triste para Katherine quando na verdade seu maior desejo era gritar aos ventos que estava apaixonada era um insulto. Ela finalmente havia tido a oportunidade de beijar o Sr. Rodger e ele havia praticamente confirmado que iria corteja-la. Desde a noite anterior Lady Katherine estava eufórica, inquieta e ansiosa com a possibilidade de vê-lo entrando por sua porta da frente, tirando os chapéus e entregando flores brancas de seu próprio jardim. Sempre que fechava os olhos ele estava em sua frente usando o típico traje londrino, com o nariz reto, olhos penetrantes e lábios inteiramente cobiçáveis. Todas concordavam que ele era irresistível.

E como consequência, sempre que fechava os olhos e o via, era impossível não sorrir.

— Katherine! — Florence ralhou — Pare de sorrir agora ou terei que colar seus lábios.

— Ah, por Deus, Florence! — Kate bufou — Se quer uma modelo melancólica porque não pinta Lady Abbey? Garanto que ela passará horas com a mesma expressão e sem qualquer vestígio de alegria.

A irmã largou os pincéis e cruzou os braços. Lady Florence sem dúvida não era Leonardo da Vinci, mas com o rosto cheio de tinta, vestido coberto por um avental, com o cabelo desgrenhado e usando uma boina — onde ela havia comprado uma boina? —  ela até parecia uma profissional no assunto, mesmo que nunca tivesse tentado pintar.

— Veja bem, Kate. Odelia irá pintar Lady Abbey e Beverly a Srta. Foster. Infelizmente você foi a única que me sobrou.

Katherine revirou os olhos.

— Se você colaborar logo nós duas poderemos sair daqui para comer alguns biscoitos. — Flory completou.

Lady Katherine tentou se concentrar. Nada de lembrar-se do Sr. Rodger, nem de gatinhos fofinhos, de flores, sapatos bonitos, comida, ou qualquer outra coisa que a proporcionasse momentos de alegria. Seus braços estavam começando a doer de tanto ficar naquela posição e ela ainda tinha muito que fazer aquela tarde. Antes de irem ao Hyde Park Katherine deveria ensaiar algumas frases inteligentes na frente do espelho por pelo menos uma hora para não fazer papel de boba na frente de Neval.

Florence continuou a pintar e Lady Katherine, para se distrair, começou a reparar um pouco nas feições da irmãzinha. Ela tinha quase quatorze anos e cerca de três anos em paz antes de debutar na sociedade. Katherine temia pelo futuro delas, mesmo sabendo que elas eram garotas completamente encantadoras e teriam mais sorte do que ela na hora de encontrar um bom marido. E claro, teriam a companhia de  uma a outra nos bailes. Katherine só temia que houvesse alguma rivalidade. Elas eram irmãs, tinham gostos bem diferentes, mas ninguém sabia o que o futuro as proporcionaria. Seria um desastre se elas se interessassem pelo mesmo rapaz.

Lady Florence era em disparada a mais responsável e sensata das três. Talvez isso se devesse ao fato dela ser a irmã mais velha. Ela e Katherine pareciam-se muito — pelo menos em aparência. As duas tinham o mesmo tom de cabelo castanho-claro, os mesmos olhos azuis acinzentados e sorriso jovial. Beverly, por outro lado, parecia uma cópia feminina de Arthur. Seus cabelos eram um tom de loiro-escuro, os olhos também claros e os lábios completamente travessos. E Odelia... Odelia era única entre os irmãos, mas não na família. Seus cabelos escuros, os olhos em um azul gélido e o olhar marcante lembram todas as formas o seu pai.

Devia ser por isso que sempre que Lady Cecile buscava acalentar o coração era Odelia seu porto-seguro. Mesmo com certeza não sendo a mais carinhosa das irmãs — enquanto Florence e Beverly transbordavam emoções a filha do meio sempre fora mais reservada — era lá que a viúva encontrava o amor de seu falecido marido. Afogando-se nos fios negros de Lady Odelia. 

— E o Sr. Rodger? — Florence perguntou, jogando conversa fora.

— O que tem ele, Flory? — Katherine estreitou os olhos.

— Ele estava no baile de ontem? — Ela pintou o nariz da irmã no quadro. E deixou mais bonito também.

— Sim.

— E você conversou com ele?

— Florence! — A mais velha ralhou. — Por que você está fazendo um interrogatório?

Lady Florence sorriu.

— Oras! Eu a fiz duas perguntas e agora a estou interrogando? — Flory começou a colorir os olhos de Katherine. — Você está estranha. E tensa. Se você estiver escondendo algo de mim não se preocupe, pode contar. Minha boca é trancada com uma chave.

— Apenas pinte, Florence. Eu tenho muito que fazer depois disso.

— Vamos ao Hyde Park depois. — Lady Florence relembrou. — Você sabe.

— Sim. Fique tranquila. Eu não perderia esse evento único, que nós repetimos três vezes toda semana, por nada nesse mundo. — Lady Katherine declarou — Mas é claro que antes eu preciso me preparar. Eu nem escolhi meu chapéu ainda.

— Coloque o que ganhou de Titia Mary. Pronto. — A menor respondeu como se fosse a decisão mais fácil do mundo.

Não que Florence não se importasse com coisas fúteis, porém suas prioridades sempre eram maiores do que um chapéu. Lady Florence ainda era jovem, mas algo definitivamente a diferenciava de suas irmãs. Sua essência era única demais para ser ao menos comparada com de outra qualquer.

— Eu preciso combinar com o meu vestido, com o meu sapato, provavelmente com algum laço, estou pensando em usar um colar com...

— Florence, suba para seu quarto agora e tire esses trapos! Coloque um vestido descente. Rápido! — Lady Cecile invadiu o cômodo, — E Katherine, por Deus, venha para a sala de recepções agora. O Sr. Rodger está no andar de baixo.

Florence quase deu pulinhos de alegria. Ela sorriu para a irmã que estava pálida.

— O Sr. Rodger? — Odelia apareceu ao lado da mãe.

— Sim, sim! — Cecile movia as mãos freneticamente no ar. Ela se virou para a outra filha. — Você não o conhece, mas ele é filho de um duque! De um duque!

— Sim, eu sei. É o terceiro ou quinto filho do Duque de Ramberry. E eu ouvi dizer que eles estão quase falidos, a propósito.

— Bobagem! — Lady Cecile afastou a menina com a mão.

Odelia pestanejou.

— Tenho certeza que a fortuna de um homem é indispensável.

— Venha, Katherine. Agora!

Katherine não tinha muita escolha. E nem ao menos pôde pegar um chapéu! Da maneira como estava pousando na pintura de Florence — que apesar de animada ralhou por ter sua modelo retirada — foi apresentada ao Sr. Rodger naquela tarde, que a esperava pacientemente na Sala de Recepções, sendo distraído por Beverly e pela Srta. Foster.

A pressão arterial de Lady Katherine estava prestes a cair. Deixar qualquer pessoa sozinha pela primeira vez com Beverly era uma experiência no mínimo assustadora. Logo quando chegou, Katherine percebeu que a irmã tagarelava sobre o ateliê de roupas para bonecas que queria abrir.

— Sr. Rodger. — Katherine fez uma mesura. — É um prazer recebe-lo.

Ele se levantou imediatamente para cumprimenta-la. Com rapidez tomou sua mão e a beijou por cima de sua luva.

— O prazer é meu, Lady Katherine.

— Estou conversando com o Sr. Rodger, Kate! — Beverly sorriu.

A Srta. Foster olhava para Katherine como se implorasse por um perdão.
Está perdoada. Katherine sempre a perdoaria. Por tudo!

— Ah, que maravilha! — Katherine fingiu um sorriso.

— Eu... — Neval Rodger começou — Não sabia que horas seria o passeio, então vim agora. Espero que não seja um momento inoportuno. Se sim, já estou pronto para deixa-las.

Todas — inclusive a Srta. Foster — negaram. Ele poderia vir visita-las ás três horas da madrugada que seria um momento maravilhoso. A presença dele por si própria era maravilhosa.

— Hum, Beverly. — Jane chamou. — Vamos para o andar de cima, certo?

A Srta. Foster levantou-se e pegou na mão de Beverly que não parecia muito interessada em seguir as ordens da governanta, pelo contrário, a garotinha agarrou-se ao sofá e lançou um olhar provocativo em direção à moça.

— Quero continuar conversando com o Sr. Rodger.

— Beverly. — A governanta ralhou. — Vamos trocar seu vestido. Olhe, ele está cheio de tinta. Não é melhor ficar mais apresentável para ele?

Neval parecia estar se divertindo. Ele sorriu e inclinou-se um pouco para sempre, fixando seus olhos na Srta. Foster, quando perguntou:

— Vocês estavam brincando com tinta ou Lady Beverly Abbey é uma artista nata? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Pois veja. Essa garotinha tem talento para a moda e para a pintura? É um dom e tanto.

— Tenho sim! — Beverly estava orgulhosa.

A Srta. Foster riu, segurando a garota mais forte ainda e tentando arranca-la do sofá — e principalmente da sala. Lady Cecile já estava começando a ficar irritada e Lady Katherine próxima de um colapso.

— Sim, ela é uma artista. Uma artista bem teimosa. Ela deve ter adorado a vossa companhia.

— E eu adorei a de vocês, por isso irei acompanha-las ao Hyde Park. — Neval sorriu.

Beverly levantou com um pulo.

— Vou trocar de vestido!

Lady Cecile estava curiosa. Katherine apressou-se para explicar:

— Eu me esqueci de mencionar, mamãe. Ontem, durante o baile dos Crentown, eu tive a oportunidade de mencionar o meu gosto por passeios ao ar livre com minhas irmãs e descobrimos que é um ponto em comum entre nós dois. O Sr. Rodger disse que também frequenta parques com frequência.

— A melhor parte de Londres são os parques.

— Oh, que maravilha! Irei pedir para que uma criada avise Lady Abbey sobre o passeio.

— Lady Abbey irá? — Katherine indagou.

— Mas é claro, Katherine. — Lady Cecile foi no mínimo didática com suas palavras. — A Srta. Foster é responsável apenas por suas irmãs e você não pode andar com um rapaz, sozinha, já que sua acompanhante está em Westminster.

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A Srta. Foster estava surtando.
Nunca, em toda história do Hyde Park, as garotas deram mais trabalho do que naquele momento. Jane havia acabado de perceber que as quatro filhas do marquês tinham algo em comum.

Elas adoravam se exibir.

Florence conversava sobre seus sonetos em uma altura suficiente para todo quilometro ouvir, além de mencionar que estava gostando do resultado de sua pintura e que provavelmente entraria para sua lista de talentos. Odelia desfilava lado a lado com a marquesa de Mansfield como se fossem velhas amigas e Beverly girava a boneca que havia trazido, mostrando os trapos — chamados por ela de Vestidos de Alta Costura de Lady Beverly Abbey — que a boneca usava.

Lady Abbey havia sido designada para ser acompanhante de Katherine, porém ela pouco se importava com a jovem. Talvez ela quisesse tanto as meninas fora de sua casa que se recusava a perder qualquer oportunidade casa-las. Em breve até mesmo Florence poderia estar sujeita a isso, mesmo que ela não aparentasse estar particularmente ansiosa para esse momento.

A questão no momento é que algo estava deixando Katherine intrigada. O fato de que Odelia continuava junto a Millicent e Millicent continuava junto a Odelia. Elas pareciam estar... Apreciando a companhia uma da outra. Como isso é possível?

Quando Odelia finalmente afastou um pouco o passo de sua companheira, Katherine viu a oportunidade para puxa-la e tentar entender como sua mente estava funcionando naquele instante. Ela flexionou um pouco os joelhos para aproximar-se do ouvido da irmã e cochichou:

— Lia, você não desgrudou de Lady Abbey desde que chegamos aqui. — Kate parecia indignada — Você ao menos gosta dela?

Odelia estreitou os olhos.

— É claro, Katherine. Por que eu não gostaria?

— Porque você gostaria é a verdadeira questão. — Florence se intrometeu.

— Ela é agradável. — Odelia respondeu naturalmente e elevando seu queixo com superioridade — Mas não vamos falar de mim, queridas. Estamos aqui para prestigiar o avanço que nossa irmã está tendo, afinal, o Sr. Rodger deveria ser o centro das atenções, porém... — Ela virou-se para a irmã mais velha — Onde está o amor de sua vida?

Katherine não sabia se deveria suspirar ao lembrar-se de Neval ou revirar os olhos com o sarcasmo da irmãzinha. Por fim, ela decidiu responder no mesmo tom ácido.

— Ele está há alguns metros. — Declarou em bom tom, gabando-se — Colhendo flores para mim, pois segundo ele, minha beleza equivale a de uma flor.

Odelia pareceu pensativa.

— Mas eu nunca vi uma flor feia.

Antes que Katherine pudesse esganar a irmã, a Srta. Foster interviu com um sorriso perfeitamente moldado em seu rosto.

— Ora, ora. Florence, Odelia e Beverly. Vamos ver quem é a mais rápida? — Jane arqueou uma sobrancelha — Quem chegar primeiro no lago ganha um biscoito a mais depois do jantar!

A governanta não precisou dizer duas vezes. As garotas dispararam como se a vida delas dependesse daquela corrida — e daquele biscoito. Poucos segundos depois a Srta. Foster também correu. Ela respirou fundo, tentou prender seus cabelos loiros com mais força e avançou erguendo um pouco o vestido para que não tropeçasse em sua própria barra.

Rodger apareceu novamente.

— Essa é para Lady Katherine — Ele estendeu a flor para em seguida curvar-se sem tirar os olhos da jovem. — Esta para Lady Abbey.

Ele estendeu a mão para a marquesa, porém mantendo uma distancia muito maior do que teve com Katherine. Millicent estreitou os olhos, pegou a flor, mas ainda com desconfiança. Cheirou, agradeceu, e no final, não pôde evitar questionar:

— E essa? — Indagou com certa curiosidade.

— Oh! — Neval respirou fundo um pouco decepcionado. — Essa era para a outra senhorita, mas vejo que ela desapareceu.

— A governanta? — Lady Abbey reforçou sem disfarçar seu desdém.

O Sr. Rodger assentiu com a cabeça.
Millicent não disse nada, mas seu olhar fez com que Neval estremecesse. A Srta. Foster por mais que fosse jovem simpática e inegavelmente bonita — na verdade Lady Abbey não hesitaria em dizer que a mais bonita do grupo todo, pois era de conhecimento geral que Jane Foster era um mulher deslumbrante — ela ainda era uma governanta e em razão de sua posição social ela nunca poderia ser comparada a Lady Katherine e muito menos a ela.

Não eram regras criadas por Millicent. Ela não havia criado nada. Apenas seguia o que já havia lhe determinado há muitos anos. Millie cresceu ciente de sua posição na sociedade e ainda mais de seu dever. Desde pequena fora criada sabendo que estava destinada a ser uma mulher importante e influente.
Para moças bem nascidas fatores externos não importavam muito. A beleza era essencial, porém não indispensável. O fato de ela ter nascido como filha de Adam Budingham já a colocava no topo do mundo. Não que a marquesa fosse feia. Longe disso. Porém sua beleza não era arrebatadora como a da Srta. Foster. Ela não radiava perfeição, seus olhos não eram de um tom oceânico de azul, seus cabelos não eram loiros e brilhantes e seus lábios não estavam sempre estampando um sorriso meigo, mas ao mesmo tempo completamente sedutor.

Ela era Millicent. Millicent um pouco mais alta que a média, de olhos um pouco castanhos, um pouco verdes, em um tom ainda desconhecido. Era Millicent com os cabelos mais negros que noite e de pele tão pálida quanto à neve. Com um corpo desenhado, porém sempre coberto por tecidos grossos e escuros. Era incomparável, única, mas não necessariamente desejável. Já a Srta. Foster... Por Deus, Jane tinha muita sorte de estar morando em uma casa com só garotas. Ela era maravilhosa.

Bem, e Arthur. Mas agora Arthur estava em uma casa de campo se recuperando de um acidente que quase ceifara sua vida.

— ...França. — Katherine riu alto, trazendo Millicent novamente para o mudo real onde estava caminhando pelo Hyde Park com pessoas histéricas. — Eu adoraria conhecer Paris. Os ateliês. O rio Sena. Você já esteve lá?

Neval riu. Pensou um pouco apenas para criar expectativa em Katherine, já que sua resposta era certa.

— Não. Eu nunca nem ao menos saí do Reino Unido.

— Você não quer? — Lady Katherine estreitou os olhos.

— Hum, eu não costumo pensar muito nisso. Acho que sim. Talvez algum dia. Não hoje.

— Meu irmão já passou uma temporada na França, Itália e Espanha. Ele trouxe vários presentes e disse que é maravilhoso. — Katherine sorriu — Mas não sei se ele voltaria para lá. Ele disse que nada se compara a Londres.

O Sr. Rodger olhou para Katherine cravando seu olhar no dela.

— Algumas coisas são incomparáveis.

Katherine corou.

Oh, Deus. Estavam flertando.

— Millicent. — Kate tossiu — Lady Abbey. O que acha de Manchester? Ou prefere Londres?

Millicent deu ombros.

— Eu gosto de Manchester, mas a liberdade de Londres é admirável.

— As coisas em Manchester eram mais rígidas? — Neval pareceu interessado.

— Não exatamente Manchester. Mas... — Lady Abbey suspirou e olhou para o Sr. Rodger com um olhar que Katherine não compreenderia. Talvez nem Neval compreendesse o que ela queria dizer, mas ele era homem, e sem dúvidas, tinha bem mais vivencia do que a doce Kate. — Em Manchester eu vivia sobre o teto de meus pais. Aqui eu vivo sobre o meu. Esse é o ponto.

Ele concordou com a cabeça.

— Parece que temos algo em comum, milady. Pais controladores.
Ela riu e voltou a olhar para o percurso. Katherine ficou curiosa.

— Seus pais são muito rígidos, Sr. Rodger?

— São muito tradicionais, Lady Katherine. Minha mãe, por exemplo, segue as regras da sociedade a risca. Nada escapa dela. Está sempre me vigiando.

— E ela sabe que você está aqui? — Katherine arqueou uma sobrancelha.

— Ela já desistiu há pelo menos cinco anos de perguntar para onde vou.

— Oh, Deus! — Millicent levou as mãos até sua boca. — Beverly caiu no lago. Faça alguma coisa, Sr. Rodger!

Millicent estava... Apavorada? Por Deus. Ela nem conseguia respirar.

— Fique calma, Lady Abbey! — Katherine bradou — Ela mal molhou os joelhos e já está indo para perto da Srta. Foster. Nós deveríamos nos preocupar com a reação de minha mãe ao ver que o vestido novo de Buffy está cheio de lama.

Millicent continuou com a mão na boca, mas agora, para abafar seu riso. Quando ela riu, mesmo sem entender, Katherine fez o mesmo. Sua risada era contagiante e alegre. Era um evento importante vê-la rindo e ainda mais tentando afastar o rubro de suas bochechas.

— Buffy? — Millicent respirou fundo. — É um apelido, hum, engraçado.

— Ei! — Kate cruzou os braços — Chamamos Beverly assim desde que ela nasceu. É completamente aceitável.

— Parece o nome de um cão. — O Sr. Rodger deixou o comentário no ar.

— Um cão adorável. — Katherine retrucou — Vocês nunca usaram apelidos carinhosos? Nunca receberam algum?

Millicent negou com a cabeça. Florence aproximou-se mancando, mas ninguém se propôs a perguntar o motivo de seu aleijamento e ela tampouco parecia interessada em comentar sobre. Logo depois apareceram Beverly, Odelia e a Srta. Foster — que tentava tirar a lama do próprio chapéu. Lady Abbey insistiu em sua fala.

— Eu sempre fui a Srta. Budigham. Nada mais.

— Pois bem... — Kate pensou um pouco — Agora você pode ser a Millie.

— Ou a Mimi. — Beverly opinou.

O Sr. Rodger sorriu.

Millicent fingiu ultraje.

— Eu... — Ela nem ao menos sabia quais palavras usar — Eu acho Millie fofo, não posso negar, mas Mimi... Não posso aceitar ser chamada de Mimi. Agora quem parece um cão sou eu.

— Mimi. — Beverly repetiu para si mesma testando a sonância — Mimi. Mimi. Mimi. Mimi. Mimi é ótimo.

— Não levem em conta a opinião de alguém que tem lama até os dentes, por favor!

Katherine sorriu. Colocou os braços em sua cintura e olhou para a cunhada, analisando-a de cima a abaixo. Apesar de mostrar desconforto com a brincadeira, era perceptível que no fundo, ela estava se divertindo com a situação.

Talvez, pensou Katherine, fosse hora de deixar de vê-la como uma vilã antipática que desejava tomar sua casa e seu irmão e passar a vê-la de fato como uma nova irmã. Uma irmã complicada, de personalidade difícil, ás vezes ácida e um tanto insensível. Porém humana e completamente real. Uma pessoa com nuances, nem boa, nem má, apenas alguém. Alguém que querendo ou não estava fadada a passar o resto de sua vida ao lado dos Abbey, afinal, ela era uma.

Millicent Abbey poderia ser muitas coisas, mas a partir daquele momento, Katherine decidiu que a veria de uma forma especial. Uma nova aliada, talvez. 

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Hello! Como estão? Estou passando aqui para dizer olá, agradecer o feedback que recebi, e pedir mais. É importante para mim saberem se vocês estão gostando! Se sim, por favor, deixem o votinho e deixem comentários. Essa doce (talvez nem tanto) autora agradece ❤.

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