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C A P Í T U L O I I

— Não é tão ruim — Jane riu enquanto saboreava os biscoitos que havia pegado emprestado da cozinha sem que Donna Roberts percebesse. — Quer dizer, ela não parece ser tão má assim.

Katherine levou as mãos ao peito, demonstrando estar ofendida.

— Ela é terrível. Você diz isso porque não viu a cara que ela fez quando descobriu que nós iriamos continuar morando em Londres.

A Srta. Foster deu ombros.

— Você não tem escolha, Kate. Uma ordem de Lady Cecile não deve nunca ser descumprida. E você quer ir nesse baile, não quer?

Katherine cruzou os braços e atirou-se no sofá novamente. É claro que ela queria ir ao baile. Era um dos mais importantes da temporada e ela não poderia perder a oportunidade. Não que ela estivesse em uma competição com a prima Primrose, mas ela não aceitaria que ela tivesse mais forte com os partidos aquele ano, então deveria acelerar o processo. Imagine se Prim casasse-se primeiro do que ela? Seria terrível!

— Você lembra sobre o que as garotas comentaram na carruagem? — Kate sussurrou — Indo à Haverstone.

Jane ficou desconfiada. Ela encarou Katherine com os olhos estreitos, mas alguns segundos depois sua expressão voltou a se suavizar.

— Oh, Katherine. Elas não param de falar por um segundo. Seja mais específica, por favor.

— Sr. Rodger.

— Ah, sim. — A Srta. Foster concordou com a cabeça — Lembro-me de alguns comentários.

Katherine olhou para os lados, com medo de estar sendo observada, mas por fim, voltou a conversa para a governanta. Jane estava atenta. Os olhos azuis vidrados nos de Katherine, o cabelo loiro preso no topo da cabeça com um coque de governanta, e o vestido negro, pousado delicadamente sobre o sofá. Como sempre, Jane Foster estava maravilhosa, porém transbordando humildade.

— Eu conversei com ele de novo no último baile. Ele foi simpático demais e até Heather percebeu que ele estava com uma inclinação comigo. O Sr. Rodger e eu conversamos muito, mas ele teve que ir cumprimentar outras pessoas, porém garantiu para mim que ficaria mais se não fosse inapropriado. — Lady Katherine chegava a suspirar ao lembrar-se daqueles momentos — O que eu quero dizer é que eu tenho que ir de qualquer forma encontra-lo. Ainda mais que o baile é na casa de minha melhor amiga. Com certeza assim será mais fácil para que eu converse mais com ele. Ela o convidou apenas porque eu pedi.

Jane suspirou. Ela não era a melhor em dar conselhos sobre relacionamentos. O único rapaz pelo qual ela já teve qualquer sentimento ela não via há mais de dez anos. E ela nem lembrava o sobrenome dele direito. Seria Gibson ou Gibbons. Ou talvez McCartney.

— Eu tenho certeza que Lady Abbey não irá negar a companhia dela, afinal, agora é uma mulher poderosa de Londres. Todos estão ansiosos para conhecer a nova marquesa de Mansfield.

Katherine suspirou. Não se importava. Se ela não tinha muita escolha, Millicent também não tinha.

— Ela está na sala do andar de cima. Vá lá, vou checar como as meninas estão nas lições de piano.

— Boa sorte com Odelia. Dá última vez que eu a vi ela estava irritada pela morte de seu besouro.

— Oh, Deus! — Jane estava quase chorando.

— Ah, e eu não terminei. Ela ameaçou jogar o animal em Beverly no desjejum.

— E Florence? É a única que nos traz tranquilidade?

— Disse que além de piano também queria ter aulas de violino.

A Srta. Foster subiu as escadas. Estava na hora de encarar o trabalho com muito pesar.

— Deseje-me boa sorte. — Ela disse antes de desaparecer nos degraus — Faço o mesmo por você.

Katherine assentiu.

— Obrigada. — Sussurrou em um agradecimento rouco.

E subiu a outra escadaria. O segundo andar estava no mais completo silêncio, mas como a porta da sala estava com uma fresta aberta, ela constatou que Lady Abbey ainda estava por ali. A marquesa estava sentada em um divã rodeada de alguns editais desconhecidos, provavelmente de Manchester, onde morava antes de vir para Londres. Ela deveria ser aquele tipo de pessoa que adora manter-se informado sobre todos os assuntos, mesmo que haja dezenas de quilômetros entre ela, e a notícia.

Lady Katherine curvou-se antes de entrar e desejou um bom dia para Millicent. A sua acompanhante estava do outro lado do cômodo, sentada sozinha em uma pequena mesinha e lendo uns livros trazidos da biblioteca da família.

Millicent observou a cunhada entrar.

— Bom dia.

— Eu gostaria de fazer uma pergunta. Posso? — Kate sorriu.

Lady Abbey assentiu.

— Além dessa?

— Ah, perdão. Outra pergunta. — Ela tossiu — Milady gostaria de me acompanhar em um baile amanhã? Ele não estava programado, pois pensei que continuaria no campo por alguns dias, mas como voltei o convite  foi reforçado. Minha mãe gostaria que fôssemos juntas, afinal, nada melhor que uma marquesa como acompanhante.

— Não sou muito de bailes, mas podemos ir.

— Será magnífico, Lady Abbey. Pedirei agora mesmo para que o mordomo te traga o cartão com mais informações.

— Não sei como bailes funcionam em Londres. Toda minha experiência foi em Manchester.

— São incríveis, não se preocupe. Você será apresentada a muitas pessoas maravilhosas.

— O Sr. Rodger estará lá? — Millicent perguntou como se fosse a coisa mais banal do mundo.

Katherine parou de respirar por alguns segundos. Ela realmente ficou roxa.

— Como?

— O Sr. Rodger. — Millicent reforçou como se o problema fosse a audição de Katherine. — Sua irmã comentou que ele é seu pretendente.

— Beverly?

— Não. — A marquesa deu ombros.

Katherine insistiu.

— Odelia?

— Não.

— Oh, Deus, eu nunca esperaria que Florence fosse tão fofoqueira.

— Boa sorte com o rapaz. Agradeço por não ter que passar por isso. — Lady Abbey prosseguiu ao ver que Katherine estava um tanto quanto confusa: — Meu casamento não foi arranjado por mim, logo eu fui poupada de participar de temporadas de bailes e buscas incansáveis por maridos.

Katherine respirou fundo. Ela acomodou-se no sofá e deslizou as mãos por seu vestido rosa claro, distribuindo-o perfeitamente sobre a poltrona onde havia se acomodado.

— Eu gosto. Sou uma romântica incurável, eu sei, mas não posso negar o quanto a perspectiva de estar apaixonada me atrai. Sempre que escuto aquelas histórias de sentimentos inimagináveis, a sensação de borboletas no estomago, a vontade de estar com a pessoa amada a todo segundo, todos os sonetos de Shakespeare... Ah, como deve ser maravilhoso poder amar! Um amor de verdade é sem dúvida o que eu mais anseio!

Millicent deu ombros.

— Estou pensando em trocar esse tapete. Sua mãe se incomodaria?

A expressão de Katherine murchou. Como ela poderia ser tão insensível? Havia a tirado totalmente de seus devaneios amorosos para preocupar-se com um tapete estúpido.

Sem se importar muito, Katherine a respondeu:

— Não faço ideia, mas as regras agora são suas. Mamãe a deu a liberdade de mudar tudo.

— Não gostei da cozinheira.

Kate tossiu. Ela só podia estar testando sua paciência.

— Como?!

— A cozinheira. A Sra. Roberts. Não gostei.

Lady Katherine estava transtornada.

— Ela está conosco há mais de quinze anos. Você não pode muda-la!

E pela primeira vez, Katherine viu um sorriso genuíno surgir no rosto de Millicent Abbey — mesmo que fosse interamente cínico.

— Pois muito bom. — Ela sorriu — Então eu não posso mudar tudo.

🕎🕎🕎

Millicent era insuportável.

E Katherine se arrependeu de quando reclamava de que ela não falava nada.

Na verdade, ela implorava para que Deus a fizesse calar a boca.

— Lady Abbey, se me permite dizer... — Katherine a interrompeu — Eu não acho que nossos vizinhos sejam pessoas más. Eles somente gostam de caminhar com o cão toda a manhã. Eles não têm culpa de que seu gato tenha medo de cães. Não é necessário desejar que eles sejam banidos da sociedade londrina por isso.

— Que seja. Estamos chegando?

Ela estava na carruagem há cerca de dois minutos.

— Sim. Viramos na próxima rua e então é a propriedade de Heather. Eles moravam mais perto de casa, mas como irmão dela voltou para a Inglaterra há pouco tempo, deixaram a casa para ele. Estão quase implorando para que ele se case.

— Faça-o a levar flores.

Katherine levou a mão até a própria boca, abismada.

— O irmão de Heather? Eu nem ao menos o conheço. Minhas últimas lembranças dele são de quando eu tinha doze an...

— O Sr. Rodgers.

— Rodger. — Katherine corrigiu — Se ele for para minha casa terei que me certificar de que nenhuma de minhas irmãs irá atrapalhar o momento. Você sabe como é. É impossível conviver com irmãs mais novas. Meus pais deveriam ter calculado melhor a idade dos filhos.

Millicent olhou para a janela.

— Sou filha única.

— Oh. — Katherine se deu conta de que não sabia disso — De qualquer forma deve ter tido algum primo ou prima intrometidos. Eu tenho vários.

— Não. — Millicent voltou a negar — Não tenho. Eu cresci sozinha em Manchester com meu pai e minha mãe.

— Certo. — Katherine não sabia o que dizer. — Você é muito próxima deles?

Meu Deus...

— Eu os via raramente.

— Viviam separados?

— Não, na mesma casa.

Katherine estava confusa. Na verdade a diferença de idade entre ela e os irmãos era grande. Para Arthur havia seis anos de diferença e até Florence, a mais velha das outras três, outros seis anos. O nascimento de Katherine Abbey parecia ter sido milimetricamente calculado para estar exatamente entre os irmãos.

Mas isso nunca impediu que crescessem muito próximos. Katherine serviu como modelo para as irmãs mais novas. Adorava ajudar a mãe, a antiga governanta e a Jane a cuidar das garotas, principalmente de Beverly, a mais nova. E Arthur sempre cuidou da pequena Kate e a protegeu. Quando ele tinha dez anos e ela quatro, eles andavam a cavalo, Arthur fingindo ser o príncipe apenas para alegrar a irmãzinha entusiasmada uma vida de conto de fadas.

Ah, Arthur! Kate não conseguia evitar pensar nele. Ela chegava a ficar irritava sempre que olhava a esposa do irmão e percebia que ela não estava preocupada com ele. Mas Katherine poderia culpa-la? Eles nem se conheciam. Eram casados e o pior na opinião de Katherine, eles nunca nem haviam ao menos se beijado.

Katherine sabia que não era certo, mas ela negava-se a acreditar que uma mulher não poderia beijar o marido antes de se casar. Em sua opinião, era assim se descobria se era para ser ou não. O sentimento. A emoção. As famosas borboletas.

Esperava sentir isso quando beijasse Neval Rodger e com sorte, naquela noite. Ela só deveria despistar a acompanhante, encontra-lo em algum lugar indicado previamente a Heather — a futura melhor casamenteira de Londres — e fechar seus olhos. Logo depois aquilo que ela não sabia ao certo o que era aconteceria. Ela saberia que era ele.

Mas como despistar uma mulher que não parecia especialmente interessada em fazer amizade com ninguém?

Millicent tinha vinte e dois anos, porém não parecia estar com a disposição de uma jovem. Na verdade, ela parecia estar sendo torturada. Primeiro, porque ela odiava o vestido que estava usando, e isso era nítido. Uma pena, pois foi a Tia Gemina que havia comprado para ela.

Será que ela já havia beijado alguém? Ela era mais velha que Katherine. Como chegou até os vinte e dois anos sem nunca beijar um rapaz e a Lady Katherine com dezenove estava a beira de um colapso?

A carruagem parou.

— Você está com muito pó de arroz. Deixe-me tirar um pouco. — Katherine levou as mãos até o rosto de Millicent que desviou-se dela como uma leoa.

Katherine investiu novamente.

— Você está muito pálida, Lady Abbey!

Millicent rosnou. Ela tocou nos ombros de Katherine e a fez sentar na carruagem. Agora seu rosto estava com cor. Vermelho.

— Eu estou sem maquiagem, Katherine! Essa é minha cor! — Ela cruzou os braços. — Tente não saltar mais em cima de mim com a carruagem em movimento.

Kate estava prestes a protestar.

— Nem mesmo com ela parada! — Millicent completou.

Katherine deu ombros. A porta foi aberta.

— Que seja. — Resmungou. — Vamos. Temos muito que fazer essa noite.

— Eu não tenho nada programado, na verdade.

— Ali! — Katherine sorriu — É Heather. E ela parece animada.

Heather Crentown era uma jovem adorável. Ela tinha vinte anos, mas estava tão animada quanto uma criança quando convidada para juntar-se a mesa dos adultos. A filha dos anfitriões era ruiva, baixa e estava alguns quilos acima do peso. Exalava otimismo e alegria e estava sempre sorrindo. Agora, na recepção de sua casa, não podia ser muito diferente. Ao avistar a amiga há bons metros ela não hesitou em acenar freneticamente para as Abbey, até conseguir capturar a atenção das duas.

— Oh, Heather! — Katherine sorriu — Você está magnifica. Eu sinceramente acho que essa é sua cor. Verde limão.

Millicent não concordou, mas para não ser degradável, decidiu não dizer nada. Um olhar de reprovação foi o suficiente para expressar seu descontentamento com o visual escolhido por Lady Heather aquela noite.

— Ah, claro. — O ânimo de Kate desapareceu consideravelmente — Essa é minha nova irmã, Lady Millicent Abbey, marquesa de Mansfield.

Heather abaixou-se em uma mesura.

— Ficamos lisonjeadas com vossa presença.

Elas ouviram algumas vozes há alguns metros. Eram os Browdish se aproximando e então Heather deveria cumprimentá-los e encaminha-los para o salão. A conversa entre Heather e Katherine já estava estendendo-se muito além de um olá e Heather percebendo isso, aproximou-se sutilmente do ouvido de Lady Katherine para poder cochicha-la.

— O Sr. Rodger está atrás da mesa com as bebidas, conversando com Brooke Evans e alguma de suas primas. Eu não acho que a conversa vá durar, então se eu fosse você, iria até lá garantir seu homem por hoje.

Millicent fingiu não ouvir. Ela poderia dizer algo, mas não se importava tanto assim.

— Irei vê-lo. — Respondeu no mesmo tom de voz, para em seguida, voltar-se para a cunhada e sorrir — Vamos, Lady Abbey? Heather comentou que os aperitivos dessa vez estão maravilhosos.

E então entraram para o salão. Apesar de terem chegado consideravelmente cedo, ele já estava bem cheio. As primeiras cadeiras ao redor da área de dança já estavam preenchidas e boa parte das mesas já tinha ocupação. Lady Katherine reconheceu muitos conhecidos da família por ali, inclusive alguns que participaram do casamento do irmão.

Os minutos que se seguiram foram fatigantes. Cerca de cinco mulheres aproximaram-se de Katherine e Millicent, duas delas arrastando as filhas recém-debutadas para pedir informações sobre o estado de saúde de Arthur. Katherine foi categórica em dizer que ele estava em recuperação, porém em boas mãos, já que o Dr. Winslet era referencia em toda Inglaterra.

A mais influente das mulheres, Lady Margareth Flemming — condessa e filha mais velha de um duque — não perdeu a oportunidade de adicionar mais uma mulher poderosa em seu circulo de amizades. Ainda mais tão jovem e bonita como Millicent. Era de supor ao julgar por vários outros casos, que quanto mais nova a mulher fosse, mais ingênua ela seria. Ainda mais nova na cidade e sem muitas referências. Não era uma surpresa para ninguém que Lady Flemming ao convidar a marquesa de Mansfield para unir-se ao grupo, ela estivesse na verdade, querendo arrancar todas as informações possíveis de uma jovem bela e inocente.

Pobrezinha.

De qualquer forma, Katherine não disse nada. Ela agradeceu aos céus por Lady Flemming existir. Assim ela retirou-se em direção as cadeiras a margem do espaço de dança, fingindo estar a espera de um convite, quando na primeira oportunidade desviou sutilmente sua rota até a mesa de bebidas. Não exatamente para a mesa. Um pouco mais para o lado. Onde ele estava.

— Lady Katherine Abbey. — Neval curvou-se — Você está demasiadamente bela.

O sorriso de Neval era maravilhoso. Seus olhos azuis eram tão intensos que Kate poderia se perder ali.

— Oh, obrigada. — Kate sorriu — Fico feliz por tê-lo encontrado aqui. Eu não sabia que viria.

— Eu que fico feliz em vê-la. Eu soube do... — O Sr. Rodger abaixou a cabeça mostrando condolências — Soube do acidente de seu irmão. Eu sinto muito, mas peço para que Deus o ajude. Com certeza sua recuperação será rápida.

Katherine agradeceu. Ela já havia ouvido as mesmas palavras dezenas de vezes, mas cada vez que alguém as repetia, uma nova chama de esperança ardia dentro dela. O amor que ela sentia por Arthur pulsava em seu peito. Ver como o irmão era querido por todos a deixava feliz.

E agora ela não sabia o que dizer. O certo seria que Neval continuasse a conversa, já que ela foi a última a dizer algo, porém ele não o fez. Pelo contrário, o Sr. Rodger parecia estar concentrado demais em Katherine, pois ele não desviava os olhos dela por um segundo.

Lady Katherine enrubesceu.

— Gostei do que você fez com o cabelo. — Ele riu, erguendo uma sobrancelha — Quer dizer, os cachos caindo à frente de sua orelha, suas mechas presas no topo. Isso apenas evidencia como você é linda.

Os cabelos castanho-claros de Katherine foram preparados para essa noite com muito mais esmero do que nos bailes anteriores. Sua criada preparou um penteado divino que Lady Cecile viu em uma revista de moda, porém as joias colocadas na tiara e para prender as mechas, foram escolhas da própria Lady Katherine.

— Obrigada. Eu gosto de aproveitar eventos como esses para usar novas ideias tanto em roupas como com penteados. Não seria muito viável realizar penteados elaborados todos os dias para ir ao Hyde Park ou dar uma caminhada por Mayfair.

— Você vai muito ao Hyde Park? — Neval estreitou os olhos  — Eu nunca há vi. Nem St. James Park.

— Ah, definitivamente! — Ela acenou no ar como se espantasse uma mosca, mas apenas estava tentando conter as emoções — Eu estou sempre lá. Eu tenho três irmãs mais novas com muita disposição, Sr. Rodger. Elas adoram caminhar ou ir brincar no parque e geralmente minha mãe pede para que eu as acompanhe. — Continuou — Acho que ela tem um pouco de piedade de nossa governanta.

Neval riu. Perto deles havia uma parede. Rodger caminhou um pouco para o lado para poder apoiar-se no concreto. Mesmo assim seus olhos não se desviavam dos de Katherine.

— Parece divertido.

— E é. Mas às vezes é cansativo também.

O Sr. Rodger deu ombros.

— Eu não me importaria em acompanha-las até o parque. Inclusive, Lady Katherine Abbey, seria um prazer. Eu adoraria vê-la ao menos uma vez fora desses bailes.

Os batimentos cardíacos de Katherine desestabilizaram-se e ela quis desmaiar. Ela só não o fez porque sabia que seria estranho e provavelmente ele ficaria assustado. Porém era digno. Não existia um mundo no qual aquilo não fosse perfeito. Neval Rodger iria até o parque com ela, mas antes disso, ele iria até sua casa. Neval Rodger havia praticamente confessado que estava disposto a corteja-la. Neval Rodger estava há um passo de pedi-la em casamento.

Mas ainda faltava algo. Algo que Heather já havia milimetricamente calculado para a amiga.

— Sr. Rodger. — Lady Katherine chamou — Estou me lembrando de algo. No último baile o senhor mencionou que adorava ver as estrelas e o luar.

Neval sorriu de maneira quase maliciosa.

— Sim. É verdade.

— Bem, minha amiga filha dos anfitriões, a Lady Heather Crentown, disse-me que o terraço está aberto para os convidados. A visão de lá deve ser divina.

O Sr. Rodger sorriu.

— Isso é um convite, Katherine?

Kate parou por um instante apenas para fita-lo. No mesmo segundo ele abaixou o olhar, segurando em suas mãos e pedindo mil desculpas.

— Perdão, Lady Katherine. A senhorita não me deu liberdade em chama-la pelo primeiro nome.

Katherine sorriu.

— Pode me chamar até mesmo de Kate, Sr. Rodger. Eu não me importo, a propósito, eu adoraria. — E para completar, continuou — E respondendo sua pergunta, sim, é um convite.

— Seria um crime negar um convite feito por uma moça como você. Se desejar pode me guiar até. Eu não tenha ideia de onde seja.

Katherine visitou Heather na nova casa apenas quatro vezes. Na segunda ela teve direito a um tour completa pela construção, porém apenas naquele dia. Agora ela teria que tentar se lembrar do caminho para lá, sem rodeios, e sem chamar atenção de ninguém, enquanto o Sr. Rodger a seguia reprimindo um riso e constantemente tocando em seus cabelos quase do mesmo tom de mel de seus olhos.

Ela abriu uma porta grande e adornada. Só poderia ser esta. Não era. Tratava-se de um cômodo com objetos de relíquia e... Duas pessoas no escuro. Oh. Katherine não fez questão de descobrir quem era.

— Hum, você sabe para onde está indo, Katherine?

— Claro. — Mentiu.

Por favor Deus, permita que seja essa!, ela implorou.

De fato aquela porta levava o terraço, que mesmo com o acesso liberado, estava vazio. Um homem que fumava acabava de sair naquele instante e deu nenhuma importância para Neval e Katherine que adentravam no ambiente como se fossem criminosos.

A luz brilhava naquela noite. Eles ainda podiam escutar a música no andar de baixo, mas ela estava horrível. Assim como os aperitivos e as bebidas. Pobres dos Crentown, seriam tão criticados. De novo.

— Bela. Esplendida. Maravilhosa.

Katherine estava revirando os olhos de alegria.

— Obrigada, Sr. Rodger! Obrigada, obrigada!

Porém ele riu. Caminhou até a mureta e continuou rindo. Lady Katherine aproximou-se dele sem entender. Ela apoiou os braços ali e espiou um pouco os jardins. Eles pareciam movimentados.

— Katherine. — Rodger chamou.

— Sim? — Ela estava visivelmente confusa.

— Eu estava me referindo a beleza da lua — Neval riu.

— Ah... — Kate não tinha muito que dizer — Sinto muito. Eu estava distraída. Pensando em outra coisa.

— Não se desculpe. Isso não significa que você não tenha os mesmos atributos que ela.

— Bem, eu não brilho como ela.

— Discordo. Eu a vi entrando no salão. Todos a viram. Você estava ao lado de uma marquesa e mesmo assim foi o centro de todas as atenções. Agora é o centro da minha.

Ele segurou em suas mãos e observou os jardins também. Neval era respeitoso. Estavam próximos, sozinhos, mas ele ainda mantinha uma distância de segurança e apesar de estar sempre a enchendo de elogios, eles não eram comentários impróprios. Fora dos salões ele poderia ter uma fama terrível de libertino, porém pelo menos ali, com ela — onde realmente importava — ele era o Príncipe Encantado de seus sonhos.

Só que nesse conto de fadas não seria o príncipe que beijaria a princesa. Ela faria as honras.

— Neval.

O Sr. Rodger virou-se no mesmo instante. E ela o beijou. Tocou seus lábios por pouco mais de dois segundos, mas para ela, foi o suficiente.

— Oh. — Foi a reação do Sr. Rodger.

— Ah. — Foi a de Katherine.

— Eu... — Ele estreitou as sobrancelhas — Hum...

— Sim, sim. — Ela concordou.

Oh Deus!

— Vamos entrar — Lady Katherine pediu — Estamos sozinhos. Vão sentir nossa falta.

Com a mesma velocidade que foram até ali eles voltaram. Ninguém parecia ter percebido a falta deles, inclusive Millicent, que agora era o centro da mesa das fofoqueiras de Londres. As mulheres pareciam estar interrogando a pobrezinha.

— Eu tenho que dançar com a Srta. Flemming. Desculpe. — Rodger disse — A dança já vai começar. Amanhã eu... Amanhã nós iremos para o Hyde Park, certo? Não esquecerei.

Katherine assentiu.

— Sim. Sim.

E ele correu a procura da Srta. Flemming.

E Katherine o observou ir.

Eles não dançaram aquela noite, mas haviam se beijado. Katherine havia o beijado. Não foi exatamente como em seus sonhos, quer dizer, ela não sentiu nada muito extraordinário. Ela na verdade nem sabia o que deveria sentir. Deveria ser assim para todos. Eles tocaram os lábios, ela ficou um pouco nervosa, mas tudo se saiu como o planejado. O sentimento arrebatador não veio, mas ela não poderia prender-se a histórias encantadas. Nao houve borboletas.

O seu destino era Neval Rodger. Só podia ser ele. Afinal, se não fosse ele, quem seria?

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