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20

Chegamos na praça, sentamos em um dos bancos em frente à ciclovia.

-Pega o patins. -Entrego a ele. -São que horas?

-17:00 -ele olha no relógio em seu pulso.

-18:00 vamos para casa, ok? Tenho que me arrumar.

-Tá! -Ele fala terminando de colocar o patins, ele se levanta. -Quem chegar no final da ciclovia vai ser atacado por Verdugos.

Ele dispara na frente, pego meu skate, alcanco-o.

-Não valeu! -Falo dando um tapa em seu braço. -Quer saber... os Verdugos vão te visitar à noite.

Falo e saio na sua frente, acho que estava me esforçando demais para ganhar. Sem querer marquei um "encontro" com o chão.

-PQP! Cai! -Xingo vendo o machucado enorme no joelho.

-Becky! -Ian chega. -Você está bem?

-Ah claro que estou bem! Uma pessoa com o joelho sangrando está muitissima bem! Cara, me ajuda! -Estendo a mão.

-Você é sempre assim quando se machuca? -Ele pergunta.

-Só quando vejo sangue, você lembra da ponte? Sangue me lembra aquilo, que me lembra o Lucky... -Ele me interrompe.

-Está tudo bem, Becky. Vou te levar pra casa e a gente faz um curativo. Tá? -Ele fala me abraçando.

-Tá.

Fomos para casa, mais uma vez ele me fez um curativo, o deixei ir para casa, ele precisava ir para o seu jantar e eu também.

Fiz minhas higienes, coloquei um vestido vermelho com um decote de coração nas costas e um salto bege, fiz um coque alto e fiz uma make básica, delineado e um batom.

Faltava mais ou menos meia hora para a hora do jantar, então fui ler um livro. Pego meus fones de ouvido, coloco em uma playlist e começo a ler. Um tempo depois ouço o celular tocar.

Ligação on.

-Alô?

-Sou eu!

-Eu quem?

-Lucy.

-Ah tá. Oi mãe.

-Oi! Tenho uma notícia para te dar, talvez não goste, na verdade duas notícias.

-Ai meu Deus! Fala.

-Acho melhor te contar só no jantar mesmo né?

-Conta logo!

-Deixa pra lá! Já estou indo pro restaurante, vem logo!

-Tá...

Ligação off.

Peguei um táxi e fui até o restaurante. Quando cheguei lá estava minha mãe com o "namorado" dela, seu rosto me era familiar mas não lembrava de onde. Era alto, olhos verdes e uma aparência madura, me aproximo da mesa, eles se levantam para me cumprimentar.

-Oi mãe! -A abraço.

-Oi meu amor! -Ela se desfaz do abraço -Esse é o Gilson, acho que você já o conhece. -Ela aponta para ele.

-Acho que não. Não costumo ir muito lá. -Ele fala a minha mãe. -Prazer. -Ele fala estendendo a mão.

-Não posso dizer o mesmo. -Falo de maneira rude, recusando o aperto de mãos.

-Filha, mostre a educação que lhe dei! Você é uma menina educada não é? -Ela pergunta com um olhar fatal.

-Sou... -Falo revirando os olhos. -Prazer em conhece-lo, creio que já saiba meu nome. -Dessa vez estendo a mão, ele aceita.

Me sento em uma das cadeiras da mesa. Vejo uma desocupada.

-Porque essa cadeira está desocupada? Não podiam pedir uma mesa para três?

-Mas se pedissimos uma mesa para três um de nós ia ficar em pé. -Gilson fala.

-Como assim? Vem mais alguém?

-Vem sim. Meu filho, aliás ele está atrasado.

-Hum. Mãe... o que você ia me falar mesmo? -Pergunto.

-Ah sim... o apartamento está dando muitas despesas, não posso mais banca-lo. Então... você tem duas opções, trabalhar para pagar as contas ou morar comigo.

-Trabalhar? Nem aqui nem em Marte! Tudo bem que tenho 17 anos e tal mas quero ter meu primeiro emprego no estágio da faculdade! E sem falar que com essa idade, e sem terminar o ensino médio não poderia sustentar todo o apartamento! -Falo irritada.

-Então vai morar comigo, não vou mais sustentar o apartamento! Ou paga as contas, ou vao te expulsar do apartamento! Simples! -Ela fala virando o jogo.

-Argh! Tá! Começo a encaixotar às coisas amanhã. -Falo revirando os olhos.

-Ah! Olha ele aí! -Gilson fala quebrando o gelo. -Essa é a Lucy. -Ele aponta.

Me surpreendo com a pessoa que aparecera, não podia acreditar em como minha vida estava indo para o fundo do poço! Era o Ian, no momento lembrei de que Gilson era o dono da escola.

Ele cumprimenta minha mãe, depois a mim, de uma forma que dava para perceber o quanto estava assustado e ao mesmo tempo 'nossa como você tá linda'.

Ele senta ao meu lado, depois de algum tempo de conversas bobas, chega o jantar. Peço uma água.

-Nós queríamos anunciar uma coisa a vocês. -Lucy fala se levantando junto com Gilson.

Pego minha taça, e bebo um gole. No mesmo momento Gilson fala.

-Nós vamos nos casar!

Cuspo bem no vestido da minha mãe a água que estava na minha boca, Ai Meu Deus! Ian vai ser meu irmão!

-O que foi, filha. Pensei que fosse gostar da notícia! -Lucy pergunta.

-Não é isso mãe, só fiquei feliz demais. -Minto.

-Nossa pai, que legal! -Ian fala com um pouco de ironia na voz.

-Tá, tá. Mas quando vai ser o casamento? -Pergunto para adiantar as coisas, queria ir embora, mas tinha que perguntar antes.

-Daqui três semanas. -Gilson fala selando Lucy.

-O que? Como assim? Não vai dar tempo para organizar as coisas direito! -Falo quase gritando.

-Está tudo sobre controle e você não tem moral para interferir nas minhas escolhas. -Lucy fala.

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