Capítulo 3 - Luxos e sais de banho ࿊
Acordo de um sono tranquilo e leve, agraciado com uma cama macia e lençóis caros. Um fecho de luz se atreve a entrar por uma das persianas e logo o quarto bem decorado e grande toma conta da minha visão. Não tem excesso de itens no quarto. Uma cama grande e espaçosa, uma pequena prateleira com livros novos, closet espaçoso por trás de uma porta discreta, uma mesa de cabeceira, quadros abstratos na parede e um banheiro só para mim. Por enquanto este é o meu quarto e ainda não me atrevi a bisbilhotar a acomodação de casal.
Eu sei que parece loucura, me enfiei de cabeça em um casamento por contrato, mas tenho os meus motivos. E motivos sérios para abrir mão de um pouco da minha liberdade para casar com um idiota rico. E que idiota... Ao menos era um cara gostoso, com um porte físico alto, braços fortes, veias saltadas nos antebraços, um cabelo fininho e bagunçado, olhos puxados e roupas de um completo bad boy que parte corações. Ele era uma delícia de mau caminho, mas igualmente babaca. Quem pensa que é para falar comigo daquele jeito? Eu estava esperando outro tipo de comportamento, mas aquele... Como irei dormir sob o mesmo teto que ele? Eu realmente não sei, mas já tive que suportar muitos ordinários de graça, farei um esforço já que estão me pagando.
Depois de tomar um banho quentinho, seco o cabelo e o escovo lentamente, repassando alguns momentos de ontem. Eu abri a porta para Jae, na verdade, estava o esperando. Não imaginei que ele chegaria tão bêbado, isso me deu forças para confrontá-lo por causa do efeito do álcool. O modo que sentei em seu colo, brincando com sua masculinidade, o cheiro de whisky atrelado ao cigarro e o perfume dele... Foi imprudente, mas eu odeio ser subestimada e Jae começou a fazer isso desde que colocou os olhos em mim. É como se eu fosse a razão de todos os problemas dele, mas é apenas um casamento por contrato, nada mais. Ele deveria ficar grato por ter a liberdade de dormir com quem quiser, mas o gatinho beberrão prefere contrariar o papai.
Enquanto inspeciono minha nova casa, desço as escadas com cuidado, agora bem vestida e menos ousada, com uma calça jeans, uma regatinha branca, chinelas e o cabelo com uma simples trança na lateral. Procuro algum vestígio do meu noivo pela sala, mas não encontro nada. Suspiro baixo, como se estivesse prestes a acordar um gigante faminto e vou em direção à cozinha. O magnata poderoso falou alguma coisa sobre os funcionários que ajudariam na limpeza, mas esqueci os minuciosos detalhes, só lembro que preciso ligar para eles quando necessitar dos serviços. Por enquanto, prefiro fazer as coisas sozinha, não estou acostumada com todo esse luxo.
Busco na geladeira de inox um pouco de leite, queijo, frutas, pães e ovos para compôr o café da manhã. Estou distraída fritando os ovos numa frigideira pequena, cantarolando minha música favorita da infância. Não percebo quando a figura alta, desgrenhada e com cara de poucos amigos aparece na cozinha, indo pegar água na geladeira.
— Bom dia... — afasto uma mecha do meu cabelo do rosto e o coloco atrás da orelha, sem olhá-lo nos olhos. Tento manter a firmeza na voz, mas estou vergonha do que fiz ontem, talvez ele se lembre... — Eu fiz... Bem, você... Quer café?
— Não — responde abruptamente, fazendo com que a voz grave se espalhe por toda a cozinha. — Eu não tomo café pela manhã.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Jae some do meu campo de visão e escuto quando ele bate a porta, deixando claro que não está afim de fazer amizades com sua esposinha. Talvez eu tenha sorte e ele não lembra do que eu fiz ontem, minha ousadia... Os lábios entreabertos, as pupilas dilatadas e brilhantes por causa do álcool... Espero que ele seja ao menos gentil na cama, ou quem sabe, um arrogante gostoso e... Afasto os pensamentos safados da minha mente e suspiro fundo, desligando a chama do fogão. Não posso me deixar levar por uma fantasia, não estou há tanto tempo sem transar para ficar pensando nesse desconhecido... Preciso de foco e aproveitar todas as oportunidades que terei de agora em diante, não sei mais uma frustrada que abaixou a cabeça para o mundo, está na hora de ser uma nova versão de mim e eu vou aproveitar cada segundinho dessa nova vida.
***
A rotina não era algo que me agradava muito, mas como eu ainda não conhecia meu futuro marido, não entendia bem como nós devemos nos comunicar. Era bem tedioso não saber quando eu poderia dar uma volta, explorar, a hora que ele chegaria em casa, se voltaria...
Tentei não pensar nisso por enquanto, uma das condições no contrato é que eu mudasse de emprego, abdicando de cada laço com a minha vida antes de fazer parte dessa família tão importante. E, claro, eu não pensaria duas vezes antes de largar aquele lugar que quase usurpou minha sanidade, para viver com regalias e luxos de uma dondoca rica. Talvez eu tivesse ganhado na loteria. Um cara gostoso, rico, de boa família, uma oportunidade de vida. Eu não era mais a garota que sonhava com um amor, uma família e viver feliz para sempre.
O amor foi o que me destruiu, o maior motivo da minha ruína...
Passei o dia inteiro sozinha, assistindo, comendo, buscando ler algo interessante de uma das prateleiras entupidas de livros, porém, descobri que todos eles eram apenas enfeites, inapropriados para leitura. Na geladeira, as comidas estão congeladas e separadas em porções de refeições. Coloco no microondas, abro um refrigerante, ando descalça até o sofá e suspiro fundo, imaginando como vai ser minha vida a partir de agora. O timing chega, o macarrão com carne espalha seu cheiro agradável pela cozinha e meu estômago ronca.
Termino a refeição, limpo tudo e refaço meu caminho até o quarto, mas desta vez, sou tomada por uma curiosidade. Paro no meio do corredor extenso e dou uma olhada nas cinco portas. Um banheiro extra, um escritório, um quarto vazio, quarto de hóspedes e o quarto de casal. Sinto algo gélido descer pelas minhas costas quando giro a maçaneta.
Tudo por dentro é incrivelmente lindo. No centro do quarto tem uma cama imensa e com mais lençóis e travesseiros que eu possa contar. Há flores em vasos em ambas as mesas de cabaceira, uma TV 65' ocupada a parede e logo abaixo tem uma pequena estante de livros com títulos famosos. O carpete é macio, a cama convidativa, um cheiro gostoso de flores e aromas críticos que não consigo distinguir facilmente.
À esquerda da cama por trás de uma porta larga e discreta, há um enorme closet com roupas masculinas, sapatos e cintos de todas as cores. Também há um lado para roupas femininas, chapéis, bolsas... Minhas coisas e as do Jae, nosso quarto, nosso espaço, mesmo que sejamos dois desconhecidos sem a menor intimidade. Uma prateleira com perfumes, jóias e acessórios chama minha atenção e uma das fragrâncias masculinas se faz presente mesmo sem que eu tenha tocado na embalagem.
Me aproximo, abro o frasco, borrifo um pouco no ar e o cheiro amadeirado e almiscarado invade todo o ambiente. Aquele era o delicioso perfume do Jae, que sinceramente, fica bem melhor com um toque de cigarro e whisky. Uma sensação gostosa se espalha pelo meu baixo-ventre com a minha mente fantasiando em sentir esse perfume diretamente no pescoço dele. Reviro os olhos e tento punir minha mente safada que só pensa em sexo o tempo todo. Saio do closet antes de tomar qualquer decisão insensata e abro uma porta à direita no quarto.
O banheiro tem um porcelanato tão brilhoso que chega a ser extravagante. Tem flores, velas, toalhas macias, essências de banho e todas essas coisas que só vemos em novelas mesmo. Mas, o que me chama atenção é a grande banheira redonda no centro. Uma sensação me invade, dou uma espiada na porta aberta do quarto e tenho a certeza absoluta de que estou sozinha, ninguém virá e provavelmente Jae não voltará para casa cedo.
Então, tiro as roupas e fico completamente nua, encarando meu rosto pálido no espelho redondo enquanto a banheira enche com água quente e pétalas que encontrei num saquinho plástico. O pai de Jae parece não medir esforços para sensualizar qualquer cômodo desta casa, com tudo sendo extremamente ousado. As paredes deste banheiro emanam sexo. Distraída, quase não percebi que meu banho estava pronto, solto o cabelo e relaxo na água que envolve minha pele. Um murmúrio de prazer escapa dos meus lábios e eu poderia ficar de molho o dia inteiro nesta banheira. Fecho os olhos e deixo minha mente viajar em pensamentos, há muito tempo não tenho preocupações que tiram meu sono, minha paz. Pela primeira na vida me sinto verdadeiramente livre e devo isso a um cara que eu sequer conheço.
Espanto os pensamentos ruins que começam a disputar espaço com a minha paz anterior e observo meu reflexo em um espelho grande na parede, até mesmo a banheira parece sexual e convidativa. Vejo parte do meu corpo, meus seios pequenos, meu tronco abaixo da água, mas de alguma forma, me sinto diferente, poderosa, pela primeira vez, eu me pertenço. Mordo o lábio inferior e toco meus braços, minha pele, como se estivesse desvendando uma nova versão de mim; livre, sexy, gostosa e irresistível. Apalpo minhas coxas finas, porém, torneadas e a água quente se agita ao meu redor, como um convite safado que não tardo em recusar.
Meus dedos deslizam para outro lugar, mais íntimo, mais profano, a pele macia, úmida pela água e por outras questões fisiológicas. Enfio os dedos, me devoro, me invado, uma, duas, três vezes e estou provocando meu corpo, beliscando os meus seios, abrindo as minhas pernas e gemidos escapam pela minha boca de uma forma libertina. Fecho os olhos com força, mordo os lábios mais uma vez e sinto meu coração acelerado e os indícios que estou quase atingindo meu maior objetivo. Um suspiro escapa dos meus lábios, a surpresa não hesita em queimar cada parte do meu corpo, mas não vou interromper isso por nada.
Fecho os olhos mais uma vez e me entrego à sensação máxima de prazer, que me fazer gritar naquele espaço pequeno, o rosto de Jae surge em minha mente, com uma pitada de fantasia sexual onde ele me come nessa banheira, entra e sai de mim quantas vezes quiser. Não espanto esses pensamentos, ele é um idiota, mas é gostoso e é só uma fantasia... Me entrego completamente ao prazer e fecho os olhos, atingindo um ápice que me faz gritar pelo banheiro. Abro os olhos devagar e noto uma figura masculina parada na porta do banheiro. Meu sangue gela, eu me remexo na banheira e os olhos de Jae transitam lentamente pelo meu corpo úmido, como se estivesse queimando de luxúria, a aparição dele me pegou completamente de surpresa.
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