CAPÍTULO ÚNICO
A luz da lâmpada fluorescente refletia na aliança banhada a ouro com duas letras talhadas no seu interior. O pequeno objeto passava várias vezes de uma mão para outra, dançando entre os dedos grandes demais para a pequena e feminina aliança. Um sinal de ansiedade vinda do homem que deslizava o objeto entre os dedos.
Um milhão de pensamentos se misturavam na mente criativa do escritor em horas vagas e arquiteto em horas comerciais. Seus olhos fitavam a aliança, talvez muitos minutos sem piscar.
Incerto sobre o pedido de casamento.
Será que estava cedo demais para se casar novamente?
Nem havia consultado os filhos, afinal, esse casamento também afetaria suas vidas.
Maurício Mendes é divorciado a cinco anos. Sua separação foi amigável
com a guarda compartilhada de seus três filhos, dois adolescentes de 17 e 15 e uma menina de 5 anos.
Morando em um curto raio de distância no mesmo bairro Maurício e sua ex-esposa conseguem administrar sem problemas a guarda dos filhos.
— Pai?
Maurício fechou a aliança na mão ao se levantar para atender o chamado do seu filho mais velho, Diego.
— A Júlia tá perguntando onde vamos colocar a árvore esse ano.
— Árvore? — franziu a testa revelando certa confusão.
— A árvore de Natal, pai! — Júlia apareceu na sala com uma bolsa recheada de enfeites — Faltam três dias e os enfeites estão todos nas caixas. — ela pousou o saco no chão — Se a mãe tivesse aqui, essa casa estaria enfeitada desde outubro.
— Ainda bem que eu tenho vocês para lembrar. — Maurício sorriu guardando a aliança no bolso. — Os pisca-piscas ainda funcionam?
×××
A casa já estava preparada para o Natal, decoração simples e bonita com luzes por toda a parte, exigência da caçula da casa, Yasmim.
— Acho que foi a nossa melhor arrumação em tempo recorde. — brincou Júlia olhando para a grande árvore na sala.
— No próximo ano a gente quebra esse recorde! — falou Maurício conseguindo uma risada, mas o momento foi interrompido por uma buzina de carro.
— Quem é? — perguntou Diego olhando para o pai e a irmã que pareciam tão supresos quanto ele.
— Sei lá. Não tô esperando ninguém. — Júlia deu de ombros.
— Nem eu...
Diego abriu a porta da sala para atender a buzina que insistia do lado de fora e encontrou um carro esportivo vermelho estacionado na calçada da sua casa.
— Deborah?
Deborah saiu do seu carro com um sorriso e caminhou elegantemente até a porta de entrada.
Deborah era a nova namorada de Maurício. Uma mulher bonita e elegante, de cabelos escuros e batom forte.
— Pode pegar as minhas malas, querido?
— Malas?
— Deixo você abrir seus presentes primeiro. — sussurou deixando a chave na sua mão ao passar por ele na porta.
Na sala se deparou com os olhares supresos de Maurício e suas filhas.
— Deborah...
— Você ainda não contou? — perguntou Deborah com as mãos na cintura.
— Contar o que? — Perguntou Júlia.
— Vou passar o Natal com vocês. E esse será o primeiro de muitos, já que iremos nos casar.
— Eu ia contar sutilmente, Deborah. — olhou a aparente surpresa no rosto dos filhos.
Aproveitando a ocasião da época festiva, com a família reunida, Maurício planejava anunciar o noivado com Deborah. Sua namorada.
O relacionamento já de longa data. Dois anos de compromisso e que não era segredo para ninguém.
— Vocês não vão nos dar o parabéns? — Perguntou Deborah abrindo os braços — Prometo que serei uma boadrasta.
— Parabéns. — Júlia foi a primeira a abraça-la e depois ao pai — Quero que seja muito feliz.
Diego foi o segundo — Felicidades. Seja muito bem-vinda a família. — ele também abraçou o pai — Vai dar tudo certo. — finalizou com tapinhas no ombro.
Deborah abaixou olhando para a caçula com um sorriso. — E você?
— Quero que meu pai se case com a minha mamãe! Não gosto de você! Sua bruxa! — Yasmim saiu correndo após deixar claro seus pensamentos em relação a sua futura madrasta e deixando todos no cômodos supresos.
— Me desculpa. — Maurício tratou de se desculpar pela caçula, claramente envergonhado. — É uma criança e não sabe o que diz.
— Imagina. — Deborah pousou as mãos nos ombros de Maurício o impedindo de ir correndo atrás da filha caçula, o virando em sua direção — Vou conquista-la. É só uma questão de tempo pra gostar de mim.
Maurício sorriu e concordou recebendo um breve selinho.
— Bom, eu falo com ela... — se ofereceu Júlia — Tentar acalmar a fera.
— Obrigada, filha. — Maurício meneou a cabeça em agradecimento. Júlia sorriu em resposta e foi atrás de sua irmã caçula. Maurício acompanhou sua filha sumir no corredor e então direcionou o seu olhar para o seu primogênito — Você pode ajudar a Deborah com as malas, filho?
Deborah abriu um sorriso — Eu trouxe presentes para todos.
— Já estava a caminho. — ele exibiu a chave do carro de Deborah entre os dedos.
×××
— Como foi?
Diego havia terminado com a "mudança" de Deborah. A mulher havia embalado a casa inteira nas malas, pois eles fez tantas viagens com inúmeras malas que nem podia contar.
No caminho para o seu quarto encontrou Júlia observando Yasmim dormindo abraçada a uma boneca velha de pano, que anos atrás pertencia a própria Júlia.
Boneca que passou por inúmeras cirurgias, resultado das naturais brigas de irmãos, que de vingança destruíam os brinquedos favoritos um do outro.
Maurício havia comprado no aniversário de cinco anos de Júlia, neste dia ela havia se tornado a sua boneca preferida e hoje era a preferida de Yasmin.
— Bem ruim. — respondeu Júlia ainda olhando na direção da irmã — Ela chorou, esperneou... Ela não gosta da Deborah.
— Normal. Ela quer os nossos pais juntos.
— Ele vai ter que conversar com ela.
Diego concordou olhando na direção de Yasmim, que dormia tranquilamente abraçada a boneca velha e coberta com o seu edredom do Bob Esponja.
— Não acredito que ela dorme abraçada a essa cópia da Anabelle. — Diego balançou a cabeça ao fazer menção de uma boneca amaldiçoada.
— Para! Ela não consegue dormir sem a Betty. — Júlia se virou para o irmão — E ela só tá assim por sua culpa.
— Nem começa com essa história! — Diego cortou a irmã observando ela fechar a porta, quando se viraram prontos para seguir em direção a seus quartos encontraram Deborah de pé no corredor os observando.
Os dois irmãos se assustaram com a aparição repentina e silenciosa no segundo andar.
— Vim dar boa noite. — Deborah ofereceu um sorriso amigável.
— Boa noite. — respondeu Júlia forçando um sorriso.
Deborah redirecionou seu olhar a Diego.
— Boa noite, Deborah.
— Durma com os anjos. — brindou novamente com um sorriso e desceu as escadas.
Os irmãos trocaram olhares compartilhando o nível de estranheza da cena que acabaram de protagonizar.
×××
— Estou preocupado com a Yasmim. Essa reação dela...
— Já disse para não se preocupar. — Deborah deixou o banheiro enrolada na toalha branca. — É só birra. Afinal ela não está acostumada a ver o pai com outra mulher. Ela vai se acostumar.
— Não sei se vai ser tão simples assim. Não com a Yasmim.
— Só dizer a ela que o papai pediu uma Madrasta de Natal. — Deborah piscou fazendo Maurício rir. Ela sentou ao seu lado na cama e acariciou seu rosto — Deixa seus filhos comigo. Vou cuidar deles. — Ela se levantou. — Agora mesmo vou me trocar e preparar um café delicioso para todos.
×××
Deborah desceu as escadas em passos vagarosos, degrau por degrau para não errar devido a escuridão da sala.
As cortinas estavam todas fechadas, provavelmente um dos mais velhos ficou até tarde assistindo televisão.
A bagunça de travesseiros, lençóis e pacotes de salgadinhos denunciou a estadia de um deles ali.
Deborah freou seus últimos passos em direção a cozinha ao ouvir algo parecido com um sussurro.
Ela olhou em volta, o aparelho telefônico sem fio estava fora do gancho e os travesseiros e almofadas estavam caindo no chão como se tivesse sido puxados.
Deborah seguiu os sussuros até o cômodo seguinte, a sala de jantar.
Em baixo da mesa havia um montezinho enrolado no cobertores.
— Vem me buscar mamãe? Não quero mais ficar aqui.
Deborah puxou o cobertor fazendo Yasmim rolar no chão e derrubar o aparelho a seus pés. Ela abaixo pegando o aparelho e clicou no botão de desligar.
— Sabe o que o Papai Noel faz com crianças mal criadas e birrenta como você? — ela se aproximou apertando o telefone — Ele põem no saco e desaparece com elas.
Yasmim gritou com seus olhos arregalados e molhados.
— Bruxa! Minha mãe não vai deixar.
— Eu tenho certeza que ela cabe no saco. — Deborah sorriu.
Yasmim passou correndo e empurrando Deborah que estava no caminho.
— O que houve? — perguntou Maurício abraçando a filha.
— Peguei ela ao telefone, pedindo para a mãe vir buscá-la. Quando disse que você iria ficar muito triste ela gritou e começou a chorar. — Deborah levou a mão ao peito — Até me assustei.
— É mentira! Ela disse que eu vou para o saco! — apontou Yasmim aos soluços.
— O que?
— Ela é má, papai. — fungou Yasmin o abraçando — Manda ela ir embora.
Maurício olhou para Deborah que estava abraçando a si mesma — Ela não gosta mesmo de mim... Talvez seja melhor eu ir mesmo...
— Não. Não. Que isso! — ele estendeu a mão livre na direção de Deborah — Yasmin, minha filha. O que está acontecendo? Por que está tratando a Deborah assim?
— Por favor, Maurício. Não precisa fazer isso. Não brigue com ela. — pediu Deborah balançando a cabeça — Eu vou embora. — ela disparou em direção a porta ouvindo Maurício gritar o seu nome.
— Não papai! Deixa ela ir!
— Já chega Yasmim! Seu comportamento passou dos limites! Vá para o seu quarto! — ordenou Maurício.
— Papai... — insistiu a pequena com voz de choro.
— Pro quarto! — repetiu autoritário desencadeando o choro agudo da filha caçula — Sobe! Vamos conversar mais tarde.
Yasmim subiu correndo aos prantos.
— Pai! O que foi isso? — Perguntou Diego espantando.
— A birra da sua irmã passou dos limites. — respondeu e bateu a porta deixando a casa.
×××
Após quase duas horas Maurício voltou sozinho para casa.
— E aí? — Perguntou Diego.
— E ai que ela não quer mais voltar para casa. Não quer estragar o nosso Natal e aborrecer a Yasmim.
— O que aconteceu afinal?
— Deborah flagrou Yasmim ligando para a mãe e pedindo para vir buscá-la...
Diego ergueu a sobrancelha surpreso com a decisão da irmã, Yasmim adorava passar o Natal com a família unida. Isso era, na casa de um dos pais com os irmãos.
Seu pai continuou.
— Deborah falou que eu ia ficar chateado quando soubesse e então ela começou a gritar e expulsar a Deborah...
— Caramba... — sussurou Diego surpreso. Yasmim nunca tinha feito nada parecido.
— Talvez seja melhor levar a Yasmim pra sua mãe mesmo...
— Vai trocar a sua filha pela sua namorada? — perguntou Júlia incrédula descendo as escadas.
— Não é bem assim. Eu estou preocupado com a sua irmã. Todo esse ciúme, essa birra... Ela não é assim. — ele respirou fundo — Também não quero forçar Yasmim a ficar. Quero que fiquem comigo por escolha. Queiram passar o Natal aqui e ela não quer. — ele olhou para os dois filhos que ficaram em silêncio — Vocês também podem ir, se quiserem. Não se sintam obrigados a ficar.
— Queremos ficar, não é? — Diego olhou para a irmã.
— Sim. Só fiquei um pouco chateada com o lance da Yasmim... — Júlia ajeitou o cabelo para o lado e sorriu — Vamos nos divertir nesse Natal, apesar dos apesares.
×××
Maurício pediu para Júlia arrumar Yasmim e as coisas dela. Ele ia leva-la para casa da mãe e planejava ter uma conversa com ela durante o caminho. Tentar entender esse comportamento tão anormal, já que Yasmim era uma criança muito gentil e doce.
Porém Júlia não aguentou esperar e enquanto penteava o cabelo da irmã decidiu perguntar.
— Yasmim, por que você não gosta da Deborah? Ela te fez algo?
— Ela é uma bruxa! Me disse coisas horríveis!
— O que ela disse?
— Estão prontas? Posso entrar, meninas? — Perguntou Maurício do outro lado da porta.
— Sim pai.
Maurício entrou — Avisei a mãe de vocês que estamos indo. — ele estendeu a mão — Vamos Yasmim?
Yasmim abraçou a irmã com força desejando um feliz Natal e acompanhou o pai.
×××
Diego se assustou ao ouvir a porta do seu quarto ser esmurrada de repente.
As batidas frenéticas não pararam até ele destrancar a porta e girar a maçaneta.
Parada na porta estava Júlia.
— O que foi? — Perguntou erguendo a sobrancelha.
— Acho que a Deborah não é o que parece ser.
— Aí meu Deus...
— Yasmim disse que ela disse coisas horríveis para ela.
— Tipo?
— Meu pai chegou antes que ela contasse. Mas olha, Yasmin não iria mentir de uma hora pra outra, né?
— Ela está conseguindo te manipular. Yasmim é uma criança de cinco que quer ver os seus pais juntos. Não vamos estragar isso. — ele começou a fechar a porta indicando que a conversa tinha terminado, mas Júlia bloqueou com o pé.
— Vou dar uma olhada nas coisas dela.
— Júlia...
— Não sabemos nada sobre ela! — insistiu Júlia caminhando em direção até o quarto do pai.
— Não precisamos saber. Não somos nós que vamos casar!
— Isso afetar a todos nós! Principalmente Yasmin. — ela parou e se virou para encarar o irmão — Vai vim comigo ou não?
— Não quero ser o responsável pelas próximas merdas que vão acontecer. Eu tô fora! Não vou me envolver.
×××
— Eu te odeio Júlia. — resmungou enquanto tentava destravar a fechadura do quarto trancando do pai. — E me odeio por não conseguir te deixar se ferrar sozinha.
Julia sorriu — Pra isso que servem os irmãos. Fica de boa! Ele ainda vai passar na casa da Deborah para busca-la. Temos temp... — ela se interrompeu ao ouvir um click. A porta estava destrancada.
Júlia girou maçaneta e empurrou a porta entrando no quarto do pai e agora cheio de malas trancadas e empilhadas. Certamente Deborah ainda estava se instalando.
Júlia avançou na direção das malas e começou a abri-las, tirando peça por peça de cada mala.
— O você pensa que está fazendo?
— Procurando pistas. — respondeu Júlia indo para a terceira mala — Coisas que provem que ela é realmente quem diz ser. — ela esvaziou a mala de mão e ao erguer para colocar em cima das outras ouviu algo de chocar dentro da mala vazia. Ela sacudiu alguma vezes para ter certeza e confirmou que ainda tinha algo escondido na mala.
Junto com Diego encontraram o fundo falso da mala com vários bolos gordos de dinheiro recheados de dezenas de notas de 100 e 50 e oito cartões de bancos diferentes, com nomes diferentes.
Júlia olhou para o irmão vitoriosa.
— Ok, tenho que admitir que isso é estranho.
— Muito estranho. — Júlia pegou uma mochila do pai e começou a depositar bolo por bolo, contando quinze bolos e colocando todos os cartões no bolso.
— Júlia, o que está fazendo?
— Duvido que meu pai sabe disso. Vamos barganhar por respostas. — falou Júlia fechando a mochila, a jogando sobre os ombros e seguindo para fora do quarto.
— Deixa eu ver esses cartões. — pediu a seguindo para fora do quarto.
Júlia entregou todos os cartões e Diego analisou todos os nomes diferentes em cada um deles.
Todos os titulares dos cartões eram homens.
— São todos homens... Não tem nenhum no nome dela... — comentou.
— Será que é uma golpista? — sugeriu Júlia.
— Só a um jeito de saber. Perguntando a esses caras. — Diego formou um pequeno leque com o maço de cartões.
×××
Helena, a ex-esposa de Maurício e mãe dos seus três filhos estava dirigindo furiosa em direção a casa do ex. Após ouvir a queixa da sua pequena contra a cretina que teve a coragem de ameaçar uma garotinha de cinco anos.
Com certeza isso não iria ficar assim.
Era véspera de Natal. Vinte e duas horas da noite do dia 23 de dezembro. Helena atravessou a rua barulhenta, onde música alta saia de quase todas as casas pela véspera do feriado. Ela bateu na porta sem delicadezas e cerimônias e foi recebida por Deborah que abriu a porta, estava ofegante e suada, cabelos bagunçados.
— Você é a nova namorada do Maurício?
— Noiva. — corrigiu Deborah e abriu espaço para a passagem. — Entra. Não vamos conversar na porta.
— Eu vou ser breve.
— Eu insisto.
Helena encarou Deborah, que fazia menção para que ela entrasse, Helena finalmente cedeu dando alguns passando entrando na casa.
Ficou surpresa quando percebeu o cômodo todo revirado, móveis fora do lugar. Gavetas fora do lugar com seus conteúdos dispersos no chão.
— Eu vim...
— Eu sei porque você veio. — interrompeu Deborah em um tom grosseiro fazendo Helena se virar em sua direção. Ela sorriu ao receber o olhar da mulher — Você precisa educar melhor os seus filhos. — ela começou a caminhar em direção ao sofá — E não falo só dá pirralha mal educada e birrenta, falo dos adolescentes também.
— Escuta aqui sua...
— Escuta aqui você! — Deborah elevou a voz se virando após sacar uma pistola com um silenciador da bolsa. — Eu não estava brincando quando falei que ia levar a pirralha para o saco. Eu sabia que ela ia ser a primeira a dar problemas. — ela bateu o cano da pistola levemente no rosto — Acabou que eu me enganei. Os mais velhos me deram verdadeiros problemas. — Déborah apontou a arma para ela — Vai ligar e mandar trazerem todo o meu dinheiro de volta.
— Não.
— O que? — Questionou incrédula.
— Não vou trazer os meus filhos para a linha de fog... — Helena caiu no chão em um grito mudo após receber um disparo na perna direita.
Ofegante ela pousou a mão sobre a coxa, onde a bala estava alojada e o sangue já cobria a sua perna.
— Mudou de ideia?
— Desiste, vadia! — cuspiu Helena ofegante.
Débora agarrou nos cabelos de Helena e puxou para trás com violência e com o seu salto agulha pisou no ferimento a fazendo gritar.
— Está mudando de ideia?
Antes de Deborah pudesse responder, alguém tentando abrir a porta chamou a atenção das duas mulheres.
— Socorro! — Helena começou a gritar e imediatamente recebeu dois disparos no peito.
— Cala essa boca.
Deborah seguiu para a porta com a arma apontada e abriu lentamente, porém ninguém se encontrava ali.
Ela saiu procurando a pessoa e viu uma silhueta masculina desaparecer nos fundos da casa, onde a porta dos fundos estava aberta.
— Merda! — Deborah correu na direção da cozinha e encontrou a porta aberta. Vasculhou com os olhos o cômodo inteiro e não encontrou ninguém. — Querido?
Sem respostas, ela percebeu que uma das maiores facas do faqueiro estava faltando.
— Você tem uma faca e eu uma arma.
— Onde estão os meus filhos? Se você tocou em um fio de cabelo...
— Não fiz nada com as crianças. — respondeu Deborah e acrescentou — Ainda... Estão lá no quarto trancadas. Podemos negociar.
— Negociar?
— As crianças pelo meu dinheiro.
Quando Maurício iria perguntar que dinheiro seu celular tocou, entregando sua posição, que era próxima a ligação da cozinha com a sala.
O arquiteto levantou e correu em direção sala com o telefone tocando, Deborah correu atrás dele e disparou algumas vezes tentando derrubar-lo enquanto ele subia as escadas.
Maurício entrou em um dos quartos da sala despistando a mulher por alguns míseros minutos.
Olhou no visor do celular enquanto o colocava para vibrar. Era uma ligação do seu filho.
— Filho! Fica calmo, já estou perto. Liga pra polícia, vou tirar vocês daí.
— O que? Não pai! Não entra em casa! Fica longe da Deborah! — houve uma pausa.
— Pai? — era Júlia — A Deborah é um tipo de viúva negra. Pula de estado em estado se casando com outras identidade e fazendo vítimas. Quando é descoberta ela é capaz de matar a família inteira, roubar todo o dinheiro e fugir.
— Nós pegamos o dinheiro dela.— Falou Diego. — Vamos a polícia.
— Isso! Façam isso.
— Onde você está?
— Querido? — chamou Deborah em um tom cantarolante — Descobriu meu pequeno blefe. Agora vou ter que te matar e ir atrás das crianças.
— Meus Deus! Pai, ela tá aí? — questionou Júlia claramente desesperada. — Você tá em casa?
— Vão a polícia. — sussurou Maurício e desligou. Sua respiração estava acelerada. Ele enfiou o celular no bolso e apertou o cabo da faca com a outra mão.
O som irritante dos brincos chacoalhando ecoava no silêncio da casa. O som chamava sua atenção porque ele odiava aqueles brincos chamativos e barulhentos.
— Eu vou começar pela pequena. A que eu mais odeio...
O sangue de Maurício começou a ferver. Ouvi-la ameaçar a sua caçula que tanto avisou sobre a pessoa terrível que ele colocou em casa fez seu coração balançar.
Se tivesse ouvido Yasmim, agora ela e seus irmãos não estariam sem mãe.
— O triste vai ser que você não vai poder ouvi-la gritar e chorar.
Maurício respirou fundo, não podia deixa-la desconcerta-lo. Precisava racionar para que seus filhos não fiquem órfãos e ainda corram perigo.
Pelas suas contas ela já havia disparado sete vezes, pelo corpo de Helena ele contou três disparos.
Na pequena perseguição da cozinha para a sala mais três.
Faltavam apenas três balas e ele precisava fazer ela desperdiçar para salvar a sua família.
Seu plano era basicamente correr e torcer para que sua mira em movimento seja ruim.
Ele observou a sua sombra parar em frente a porta do quarto e tentar girar a maçaneta. Fechou os olhos com força auto repreendendosse ao vê a porta se abrir lentamente.
— Feliz último Natal, Mauríci...
Porém ela se interrompeu ao ouvir o som das sirenes, virando o rosto bruscamente viu as luzes vermelhas e azuis adentraram através do vidro acompanhado da sirene e fazendo o volume das músicas das casas vazias se reduzirem de imediato.
Maurício aproveitou essa distração e pulou em cima da mulher, a arma disparou duas vezes antes dos dois corpos se chocarem no chão pesadamente.
Os dois entraram em uma luta corporal acirrada, sentiram quase ao mesmo tempo enquanto arfarvam o líquido quente e consistente umidecendo as suas roupas.
A polícia invadiu a casa gritando ordens de rendição, Deborah empurrou Maurício exausta, e tentou fugir em disparada.
Maurício rastejou até a pistola, com a região abdominal ardendo. Usou todas as forças que lhe restavam e pôs se de joelho e disparou recebendo o coice da força do disparo.
Deborah caiu ao ser atingindo na altura do tórax. Maurício procurou apoio na parede arfando ao ouvir a mulher gemer de dor enquanto seu sangue cobria o piso.
— Só há um espaço para uma vadia manipuladora na minha vida, e ela se chama Laura Telles e eu a criei.
×××
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