Capítulo 8
Abaixo a cabeça enquanto o homem caminha em nossa direção, e a cada segundo que passa sinto meu coração se acelerando ainda mais.
Se ele não tivesse me visto eu ainda teria a chance de correr e me esconder, mas agora é tarde mais.
- Quem é você? O quê está fazendo na minha casa? - Ele pergunta com brusquidão.
- Não seja grosseiro com a garota Andrew. - Zack me defende.
- Não estou falando com você. - Andrew retruca com irritação.
- Tão rabugento. - Zack diz rindo.
Devem ser bons amigos, caso contrário ele não teria a ousadia de tratar Andrew dessa forma.
- Responda a minha pergunta garota. - Ele pede. - Por acaso é muda?
Continuo com a cabeça abaixada, enquanto sinto uma poça de água se formar ao meu lado.
Quando vi o desconhecido que não é tão desconhecido assim vindo em nossa direção, fiquei tão apavorada que acabei me esquecendo que a torneira ainda está aberta, e não tenho coragem de me mover para fechá-la.
- Vou perguntar pela última vez... - Sua voz é baixa, mas não deixa de ter um tom ameaçador bem visível. - Quem é você?
- Sou... sou a nova... nova empregada. - Gaguejo.
- O quê?! Só pode estar brincando comigo!
- Eu...
- Levante a cabeça quando falar comigo. - Ele me corta.
- Antony mandou eu abaixar a cabeça quando me encontrasse com o chefe. - Falo.
- E agora eu estou mandando levantá-la.
Eu sabia que em algum momento eu acabaria entrando em enrascada quando fui contratada mesmo contra as regras, mas se fosse em outro momento talvez Andrew me perdoaria.
Agora sinto que quando ele ver meu rosto, estarei prestes a ser expulsa no meu primeiro dia de trabalho, e não tem nada que eu possa fazer.
- Levante a cabeça droga. - Ele se exalta.
Estou me cagando de medo, mas infelizmente não tenho outra alternativa a não ser levantar a cabeça e encarar a fera de frente.
Começo a levantar a cabeça lentamente, e quando ele vê meu rosto parece que me reconheceu no mesmo instante.
- Você... você...
Andrew aponta o dedo em minha direção, enquanto arregala os olhos e fica boquiaberto.
- Você não é a garota de antes? - Ele questiona.
- O senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, é a primeira vez que o vejo. - Minto.
- Acha mesmo que sou tão bobo ao ponto de acreditar nisso? - Ele pergunta rindo com desdém.
- Eu...
- Me siga. - Ele me corta.
Estou tão nervosa que o obedeço no mesmo instante, e acabo esquecendo que a torneira ainda está na minha mão.
Quando dou alguns passos em sua direção acabo tropeçando nos meus próprios pés, mas como Andrew está em minha frente acabo trombando em seu corpo, e então a merda tá feita.
Vamos parar no chão com eu por cima dele, e para piorar ainda mais a minha situação acabo o molhando com a torneira.
Fico hipnotizada olhando seus olhos incrivelmente azuis tão de perto, que acabo me esquecendo de me levantar de cima do meu chefe.
- Você tem lindos olhos. - Digo sem pensar.
Andrew parece supreso com o que acabei de falar, e por alguns segundos vejo um lampejo de emoção em seu olhar, mas no mesmo instante a carranca está espantado em seu rosto novamente.
Quando me dou conta de que falei demais, me levanto rapidamente, e então corro em direção ao interruptor da torneira e a fecho.
Minha vontade é de me socar por ser tão estúpida, e apesar de querer fugir nesse exato momento caminho até Andrew cabisbaixa.
Com toda certeza ele vai me insultar até sangrar meus ouvidos, e tudo o que posso fazer é escutar calada.
- Você tem lindos olhos Andrew. - Zack repete o que eu disse rindo.
- Burra. - Dou um murro em minha própria cabeça.
- O que está fazendo Joane? - Zack questiona.
- Nada. - Digo apenas.
- Não se preocupe, você não é a primeira mulher a dizer que ele tem lindos olhos. - Zack diz zombeteiro.
Como fui abaixar minha guarda tão facilmente? Andrew é o cretino que me humilhou há alguns dias, e aqui estou eu visivelmente atraída por esse idiota.
Não sei como ele ainda não gritou comigo por eu ter o derrubado no chão e sujado suas roupas caras.
- Sigá-me. - Ele diz com a voz ameaçadoramente baixa.
- Sim senhor. - Digo apenas.
Andrew começa a caminhar em minha frente, e eu o sigo a uma distância segura.
Assim que abre à porta adentramos a casa, e logo de cara já vejo Gabriel e Charles.
Eles nos encaram de olhos arregalados, mas alguns segundos depois vejo pena em seus olhares.
Provavelmente já sabem que serei chutada muito em breve, por isso os olhares penosos em minha direção.
Andrew passa por eles sem ao menos cumprimentá-los, e os ignoram como se nem estivessem em sua casa.
- Mal educado. - Murmuro baixinho.
Ele para, se vira para mim e me encara com irritação contida, mas logo em seguida volta a caminhar novamente.
Dou um tapa em minha boca para parar de ser tão estúpida. Já estou ferrafa por estar em sua casa contra as regras, por gritar com ele a primeira vez que nos encontramos, e agora por cair sobre seu corpo e sujá-lo.
Andrew para em frente à porta do escritório do Antony, e então o adentra rapidamente.
- Entre. - Ele ordena.
Assim que entro no escritório ele fecha à porta, e então caminha em direção ao Antony.
- Você a contratou Antony? - Andrew o questiona.
- Sim. - Ele confirma com a cabeça. - Sabe que Gabriel e Charles já estão maduros, por isso contratei alguém mais jovem para ajudá-los.
- Como pode quebrar as regras?
- Eu a criei, então eu posso quebrá-la. - Antony responde com calma.
- Eu não quero essa mulherzinha trabalhando em minha casa. - Andrew olha para mim como se eu fosse lixo.
- Olhe como fala Andrew. - Antony o repreende.
Antony deve ser alguém muito próximo de Andrew, ou não estaria lhe chamado pelo nome, muito menos chamando sua atenção na frente de uma empregada.
- Antony, não quero nenhuma mulher na minha casa é você sabe disso. - Andrew diz com irritação.
- Tem certeza que quer demiti-lá? - Antony pergunta. - Então irei lhe entregar a minha carta de demissão também.
Antony está falando sério sobre se demitir? Por quê ele faria algo tão radical apenas para me manter trabalhando na casa?
- Não precisa fazer isso por...
- Não se preocupe senhorita. - Ele me corta.
- Mas...
- Já passou da hora de eu me aposentar. - Ele me corta novamente.
Antony caminha até Andrew, e assim que se aproxima fala:
- Deixarei a minha carta de demissão em seu escritório mais tarde.
- Você está louco? Está disposto a se demitir por causa dela? - Andrew questiona.
Eu também acho que Antony está louco, caso contrário não colocaria seu emprego em jogo por minha causa.
- Se me der licença senhor, agora...
- Que droga Antony. - Andrew passa as mãos pelos cabelos com irritação.
Antony começa a caminhar em direção à porta, mas Andrew segura seu braço o impedindo de sair do escritório.
- Está falando sério sobre se demitir? - Ele pergunta.
- Sim. - Antony confirma com a cabeça.
- E se eu não demiti-lá? - Andrew olha para mim.
- Então continuarei sendo seu empregado.
Andrew se cala por alguns segundos enquanto parece pensativo, e de vez em quando me olha com um ar sombriamente.
- Ela pode ficar então. - Ele diz com má vontade.
Pela forma que ele me olha, tenho quase certeza que Andrew vai fazer da minha vida um inferno, e a única coisa que posso fazer é suportar calada.
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