Capítulo 2
Enquanto espero à porta ser aberta, esfrego as mãos na calça para limpar o suor, pois estou muito nervosa.
Não faço ideia se conseguirei o emprego, mas a minha vida e da minha irmã depende dele, por isso eu realmente desejo ser contratada.
Não me importo com o fato de ser um trabalho pesado, e mesmo que me importasse nesse momento não posso me dar ao luxo de escolher outro emprego.
Já levei currículos em vários lugares, mas até agora não fui chamada para entrevistas, então tenho que aceitar um emprego menos glamuroso, pois será por causa dele que continuarei colocando comida na mesa.
Ainda tenho que fazer uma entrevista com o mordomo da casa, e eu realmente espero que dessa vez eu tenha um pouco de sorte.
Olho para cima quando à porta é aberta, e um homem de meia idade começa a me encarar do lado de dentro da casa.
- Bom dia. - O cumprimento.
- Bom dia senhorita. - Ele responde cordial. - Deseja alguma coisa?
- Me chamo Joane, vim para a entrevista de emprego. - Lhe respondo.
Ele me encara desconfiado, e parece não acreditar no que acabei de falar.
- Tem certeza senhorita? - Ele questiona.
- Sim. - Confirmo com a cabeça.
Ele me dá espaço para eu entrar na casa, e logo em seguida fecha à porta.
- Me siga por favor. - Ele pede.
Olho em volta de relance, enquanto sigo o homem por um corredor até ele parar em frente à um grande porta de madeira, com desenhos esculpidos por ela.
Não pude ver muita coisa, mas do pouco que vi percebi que é uma casa estranhamente sem vida. É tudo grandioso, mas ao menos tempo opaco e frio.
O jardim em frente à casa está com as flores todas murchas, e dentro da casa existe alguns vasos distribuídos pelo chão, mas não tem nenhuma flor em nenhum deles.
- Entre. - Ele diz ao abrir à porta.
- Obrigada. - Agradeço.
Entro em um escritório escuro, e começo olhar em volta com curiosidade.
O escritório é tão sem vida como a casa, mas eu tento me controlar antes que percebam que estou encarando, e então me expulsem.
- Sente-se senhorita.
- Ok. - Digo apenas.
Faço o que me pede, e alguns segundos depois a cadeira atrás da mesa se vira em minha direção lentamente.
O homem em minha frente também me encara com curiosidade, e ao mesmo tempo desconfiança.
Começo a me perguntar o porque de tanta supresa. Nunca viram uma mulher na vida?
- Então... - Ele se cala por alguns segundos. - Você é a Joane?
- Sim. - Confirmo com a cabeça.
- Estou um pouco surpreso com sua pouca idade. - Ele coloca a mão no queixo.
- Sou mais velha do que pareço. - Sorrio abertamente.
Ele começa a me observar seriamente, e no mesmo instante o sorriso morre do meu rosto.
- Quando Clara te indicou, achei que era um pouco mais velha. - Ele levanta uma das sobrancelhas.
- O que minha...
- Desculpe senhorita. - Ele me corta. - É estritamente proibido a entrada de mulheres com menos de quarenta anos nessa casa.
Ele se levanta, ajeita seu terno no corpo e caminha em minha direção.
- Me desculpe fazê-la perder seu tempo ao vir aqui. - Ele pede.
Ele enfia a mão no bolso da calça, pega uma nota de dinheiro e estende em minha direção.
- O dinheiro do táxi. - Ele fala.
- Não...
- Eu insisto. - Ele me corta.
Fecho os olhos e suspiro alto, na tentativa de não deixar o desespero tomar conta de mim.
- O senhor poderia pelo menos me dar uma chance? - Pergunto.
- Eu não...
- Eu realmente preciso desse emprego. - O corto. - Minha vida e da minha irmã está dependendo disso.
Meus olhos se enchem de lágrimas, então pisco várias vezes para tentar contê-las, mas não adianta muita coisa.
Enxugo meu rosto rapidamente para que ele não perceba, mas as lágrimas continuam banhando meu rosto.
- Eu realmente sinto muito senhorita.
- Por favor. - Eu peço.
Deixo meu orgulho de lado, porque nesse momento não posso me dar ao luxo de ser orgulhosa. Se precisar me ajoelhar e implorar por sua ajuda farei isso sem pensar duas vezes.
- Me desculpe. - Ele pede. - Eu também sou apenas um empregado, por isso tenho que seguir as regras do meu patrão.
Sua feição carrancuda de antes da lugar a pena e preocupação, mas ele acabou de falar que é apenas um empregado.
Não posso ficar insistindo, ou acabarei o prejudicando, e eu não quero isso.
- Obrigada por me receber. - Limpo as lágrimas com as costas da mão.
Coloco a alça da minha bolsa no ombro, e começo a caminhar em direção à porta.
Assim que coloco a mão na maçaneta sinto uma dor aguda em minha cabeça, e então tudo escurece de repente.
🌻
Abro os olhos lentamente, e quando olho em volta e percebo que não estou em meu quarto me levanto rapidamente.
Fico tonta e minha cabeça lateja no mesmo instante, então me sento na beirada da cama.
- Fique calma, você está segura.
Olho para o lado e vejo o homem do terno preto parado ao meu lado, então me levanto novamente, mas dessa vez com calma.
- O que aconteceu? - Pergunto.
- Você desmaiou quando estava indo embora. - Ele responde.
Me sento na cama quando começo a ficar tonta novamente, e coloco as mãos em volta da cabeça e aperto com força como se isso fosse aliviar a dor que estou sentindo.
- Quer que eu te leve até o hospital? - Ele pergunta.
- Não. - Balanço a mão.
- Se está se sentindo mal...
- Não tenho dinheiro para pagar um hospital. - O corto. - Só me dê alguns minutos e eu vou embora.
Estou exausta faz tempo, mas até agora eu consegui me manter de pé mesmo que seja tropeçando nas próprias pernas.
Estou cansada sim, mas não posso largar meus empregos de meio período, ou não terei nenhum dinheiro para sustentar Julie e eu.
Por enquanto terei que continuar aguentando até que por um milagre eu consiga outro emprego. Nesse momento eu não tenho outra alternativa a não ser forte.
A cada dia que passa sinto meu corpo cada vez mais fraco, mas eu preciso continuar lutando por mim e por Julie. Quando me olho no espelho não consigo ver os traços da antiga Ane. Estou mais magra que o meu peso ideal, e olheiras escuras abaixo dos olhos me deixam com uma aparência ainda mais estranha.
- Pode descansar o tempo que precisar senhorita.
- Eu já estou bem. - Forço um sorriso.
Me levanto lentamente, pego minha bolsa sobre o criado mudo e começo caminhar em direção à porta do quarto.
Me apoio na parede quando me sinto tonta novamente, então fecho os olhos e suspiro alto e então os abro novamente.
- Se quiser descansar mais um pouco. - O homem fala. - Você parece prestes a desmaiar novamente.
- Eu vou ficar bem. - Falo. - Eu preciso ficar bem.
Levo a mão a maçaneta e abro à porta, e assim que o homem começa a caminhar por um corredor escuro eu o sigo.
Continuo andando com a mão apoiada na parede, pois se eu cair pelos menos amorteço a queda.
Mesmo que eu não tenha sido contratada, não é nada profissional da minha parte aparecer tão deplorável na frente do contratante.
- Obrigada pela ajuda. - Agradeço assim que me aproximo da porta de entrada.
- Não precisa agradecer. - Ele fala. - E mais uma vez me desculpe por fazê-la perder seu tempo.
Aceno com a cabeça enquanto ele abre à porta, e então saio da casa com o coração na mão.
Estava tão esperançosa quando cheguei. Não podia imaginar que eu seria chutada logo em seguida.
Caminho em direção ao portão lentamente, e assim que me aproximo dele ele se abre, e então eu saio para a rua.
Me sento na calçada abaixo de uma árvore, e então abro minha bolsa para pegar meu celular, mas antes que eu faça isso um carro para perto de mim, e em seguida um homem furioso começa gritar comigo.
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