Capítulo 14
- Andrew queri... - Ela se cala quando me vê. - Quem é essa mulher?
- Ninguém. - Ele responde com irritação.
- Mas...
- Eu já disse que não é ninguém. - Ele a corta.
Andrew nos dá as costas e começa a caminhar para fora da cozinha, mas antes de fazer isso ele para, se vira para mim e fala:
- Vá cuidar dos seus afazeres Joane. Já ficou tempo demais conversando.
- Sim senhor. - Aceno com a cabeça.
Oi? Fiquei tempo demais conversando? Ele que ficou um tempão fazendo perguntas e a culpa é minha?
Alguns segundos atrás Andrew estava sendo até gentil, e até demostrando preocupação comigo, mas foi essa mulher chegar que sua atitude fria voltou.
Eu realmente não sou importante nessa casa, muito menos para ele, mas tenho que assumir que me senti um pouco triste por ele dizer que não sou ninguém.
- Não foi porque tomamos café juntos que gosto de você. - Ele fala de repente. - Estou avisando para que você não confunda as coisas.
- Não se preocupe senhor, não irei confundir nada. - Falo com seriedade. - Eu sei bem qual o meu lugar nessa casa.
- Ótimo. - Ele retruca.
Andrew sai da cozinha em passos largos, me deixando incrédula com o que acabou de dizer.
Não sou idiota a ponto de achar que ele se tornou uma pessoa gentil da noite para o dia, pois eu tenho em mente o quanto ele pode ser bipolar.
Andrew me trata bem em alguns momentos, mas logo em seguida se torna o homem rude e sem coração novamente.
Achei estranho o fato dele estar demonstrando preocupação comigo, mas eu também tinha em mente que toda sua gentileza não iria durar por muito tempo, e eu estava certa.
Apesar de saber como ele realmente é, ainda assim me sinto magoada quando ele é grosseiro, porque ele não tem motivos para me maltratar.
Tudo o que eu queria era trabalhar em um local onde meu trabalho é valorizado. Não me importaria se meu patrão gostasse de mim ou não, e sim que me respeitasse, mas infelizmente isso não aconteceu.
Andrew já me maltratou tanto, que se fosse em outro momento eu iria chutar ele no lugar onde dói mais, e então iria embora sem olhar para trás, mas se eu fazer isso estarei perdida.
Por mais que seja difícil de suportar calada, terei que aguentar muita coisa nesse emprego, até porque não poderei me dar ao luxo de ser orgulhosa nesse momento.
Certos tipos de coisas eu rebato sim, porque Andrew passa dos limites, mas outras coisas finjo que não vi ou ouvi e sigo minha vida.
Eu realmente espero que ele mude com o tempo, e quando perceber que não sou a megera interesseira que ele pensa que sou, comece a me tratar como um ser humano de verdade.
Apesar de tudo não acho que Andrew seja completamente um homem ruim. Acho que algo muito desagradável aconteceu com ele, e então o transformou no que ele é hoje.
São raros, mas ainda assim em alguns momentos ele demonstra ter um coração batendo no peito.
Talvez ele só precise de alguém que mostre para ele que o mundo não é um lugar totalmente sombrio, e que ainda existem muitas pessoas boas.
Andrew acha que todo mundo está interessado no que ele possui, e apesar de muitas pessoas realmente estarem, ainda tem aquelas que não se importam com o fato dele ser rico ou não.
Andrew precisa aprender as confiar nas pessoas, precisa aprender a ser um um homem bom e decente, e talvez assim comece a ser alguém feliz.
Ele está sempre de cara fechado e reclamando de tudo. Raramente o vejo com um semblante alegre ou sorrindo, mas quando esses raros momentos acontecem não são direcionados a mim, Gabriel e Charles, mas a Clara e Antony.
Eu sei que ele me odeia sem ter motivos, mas não sei o porque Andrew não trata Charles e Gabriel bem, como faz com os outros empregados.
Já trabalham para ele há mais de um ano, e nesse tempo todo foram ignorados como se não trabalhassem em sua casa.
- Até que você é bonitinha. - A mulher fala de repente me tirando dos meus devaneios.
- Não sei que isso foi um elogio, mas obrigada. - Forço um sorriso.
- Realmente não foi um elogio. - Ela retruca.
- Obrigada mesmo assim. - Digo com educação fingida. - Agora se me der licença, tenho muitas coisas para fazer.
Começo a caminhar em direção a saída da cozinha, mas paro quando ela segura em meu braço me impedindo de continuar a caminhar.
- Andrew não me disse quem você é.
- Sou uma das empregadas senhora. - Lhe respondo.
- O quê?! - Ela arregala os olhos. - Como conseguiu isso?
- Antony me contratou.
Ela parece em choque por saber que estou trabalhando nessa casa, então isso quer dizer que ela sabe das regras.
- O que fez para que Antony a contratace? - Ela questiona. - Você o sedu...
- Se acha que eu o seduzi está completamente enganada. - A corto.
O que tem na cabeça dessas pessoas? Acham que para alguém arrumar um emprego precisa seduzir alguém. Andrew fez a mesma pergunta idiota quando soube que eu estava trabalhando em sua casa.
- Sou muito boa no trabalho que faço senhora. - Digo com tranquilidade. - Foi por ser uma excelente profissional que Antony me contratou e nada mais.
Na verdade não sei o real motivo que levou Antony a quebrar suas regras por mim, mas ela não precisa saber disso, ou então terá ainda mais certeza que o seduzi.
- Algo está errado. - Ela diz me olhando estranho.
- O que está estranho senhora?
- Não confio e nem gosto de você. - Ela retruca.
- Eu não preciso que a senhora confie em mim, muito menos que goste de mim. - Falo com educação fingida.
- Você...
- Irei fazer o meu trabalho, e irei receber por ele. - A corto. - Isso é a única coisa que me interessa nessa casa, então se você gosta ou não da minha pessoa, para mim não fará diferença alguma senhora. Agora se me der licença tenho muito trabalho a fazer.
Começo a caminhar novamente, e então dou de cara com Andrew ao sair da cozinha.
Ele parece irritado como sempre, mas eu ignoro sua carranca enorme e continuo caminhando.
- Quero que demita essa mulher Andrew. - A mulher fala.
Essa megera já é uma mulher de meia idade, então deveria agir como tal e não uma adolescente rebelde e pirracenta.
- Espere Joane. - Andrew manda.
- Deseja algo senhor? - Pergunto me virando em sua direção.
- Eu preciso te demitir? - Ele questiona.
- O senhor é o patrão, faça como achar melhor. - Respondo. - Se acha que preciso ser demitida porque tentei me defender ao ser acusada de coisas absurdas, então irei embora sem reclamar.
- Você estava a insultando Helena? - Ele pergunta para a mulher.
- É claro que não querido. - Ela se finge de inocente. - Ela está mentindo.
Andrew cruza os braços enquanto me encara com seriedade, e nesse momento começo a me cagar de medo, de ser demitida.
Ele deixou bem claro que iria infernizar a minha vida até eu desistir, ou ele achar uma desculpa para me demitir, por isso espero que ele não faça isso.
- Está mentindo Joane? - Ele pergunta.
- Não tenho motivos para mentir senhor. - Falo.
- Acha que acredito em você? - Andrew questiona.
- Se acredita ou não, eu realmente não tenho a resposta, mas espero que me dê o benefício da dúvida. - Digo com seriedade. - O senhor sabe que estou aqui para trabalhar, e não para fazer intrigas desnecessárias.
- Ela está mentindo querido. - A mulher me aponta o dedo.
- Cale a boca Helena. - Andrew fala entredentes.
- Mas...
- Eu disse para calar a boca droga! - Andrew grita.
Ela fica pálida com a atitude grosseira de Andrew, e praticamente se encolhe toda.
- Não é da minha conta, e também não sei qual é o relacionamento de vocês, mas deveria ser mais respeitoso com os mais velhos senhor. - Me intrometo.
- Você tem razão, não é da sua conta. - Andrew fala com irritação.
Mordo a língua para não mandá-lo ir a merda, pois aí sim eu seria demitida no mesmo instante.
- Deveria tratar sua mãe com mais educação. - A mulher reclama chorosa.
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