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Capítulo 13

Acordo assustada, e quando olho em volta percebo que não estou em meu quarto.

Tiro o cobertor de cima das minhas pernas, e então me sento na beirada da cama lentamente.

Minha cabeça ainda está doendo um pouco, por isso começo a massagear minhas têmporas.

Me lembro de Andrew me segurando antes de eu desmaiar após sentir dores em minha cabeça, e então tudo se apagou completamente.

Ele deve ter me carregado até esse quarto, mas não me recordo de nada a não ser ele me segurando antes que eu caísse.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então Gabriel e Charles entram no quarto.

- Joane? - Os dois falam ao mesmo tempo.

Eles me olham com confusão aparente enquanto se aproximam de mim.

- O quê aconteceu? - Gabriel pergunta.  - Por quê está aqui tão cedo?

- Eu acho que passei à noite aqui. - Falo.

- Por quê? - Charles questiona.

- Andrew me fez trabalhar o dia todo ontem, e depois que tivemos uma leve discussão senti minha cabeça doer e então desmaiei.

- Não era seu dia de folga? - Gabriel pergunta.

- Sim, mas eu tive que trabalhar. - Respondo.

Os dois parecem irritados com a atitude de Andrew, mas não falam nada.

- Está se sentindo melhor querida? - Charles questiona com preocupação.

- Minha cabeça ainda dói um pouco, mas estou bem. - Sorrio fraco.

- Tem certeza? - Gabriel coloca a mão em minha testa. - Se quiser ir para casa, Charles e eu ficaremos responsáveis por seu trabalho.

- Obrigada, mas não Será necessário. - Agradeço. - Eu já estou bem.

Andrew precisa passar um tempo com Charles e Gabriel, talvez assim aprenda como ser uma pessoa bondosa.

- Você está tão pálida. - Charles me olha com preocupação.

- Deve ser o cansaço. - Forço um sorriso.

- Tem certeza que está bem? - Ele questiona.

- Tenho sim, não se preocupe. - O tranquilizo.

Na verdade não estou me sentindo nada bem. Minha cabeça começa doer ainda mais, e estou ficando cada vez mais tonta, mas não quero deixá-los preocupados, por isso não direi nada.

- Vá tomar café antes de começar a trabalhar então. - Gabriel fala. - Precisa se alimentar.

- Depois que eu arrumar o quarto eu vou.

Me levanto da cama, e então começo a arrumá-la, mas Charles me interrompe.

- Deixe isso comigo. - Charles toma o cobertor da minha mão. - Vá comer alguma coisa.

Caminho em direção à porta enquanto os dois começam a arrumar o quarto, e assim que me aproximo dela a abro.

- Obrigada rapazes. - Agradeço antes de sair do quarto.

Os dois acenam com a cabeça enquanto sorriem, e eu fecho à porta logo em seguida.

Vou direto para o banheiro dos empregados, mas como não tenho nada para fazer minha higiene pessoal, tomo apenas um rápido banho, e visto a mesma roupa porque não tenho nenhum par limpo comigo, e nem tenho tempo de ir em casa para me trocar.

Saio do banheiro e começo a caminhar em direção à cozinha para tomar café, estou faminta.

Assim que adentro o ambiente vejo Andrew sentado à mesa, enquanto Clara o serve.

Já tinha ouvido falar que ele gosta de tomar seu café da manhã na cozinha, mas essa é a primeira vez que o encontro aqui.

- Bom dia querida. - Clara me cumprimenta sorridente. - Chegou cedo hoje.

- Bom dia. - Retribuo o cumprimento.

Clara caminha até mim, pega minha mão e começa a me puxar em direção as cadeiras.

- Eu volto depois. - Falo baixinho.

- Que bobeira.

Clara me ignora e puxa uma das cadeiras e me faz sentar nela.

O meu horário de trabalho é um pouco mais tarde, então quando chego ao serviço Andrew já foi trabalhar, por isso quase nunca nos encontramos.

- Acho melhor eu voltar depois.

Faço menção de me levantar, mas ela me segura contra a cadeira me impedindo de me mexer.

- Você está tão pálida. - Clara me olha com preocupação. - Está se alimentando corretamente? Qual foi a última vez que comeu alguma coisa Joane?

- Estou bem. - Sorrio fraco. - Não se preocupe comigo, sou mais forte do que pareço.

A última vez que comi alguma coisa foi há dois dias, mas ela não precisa saber disso ou vai me entupir de comida.

- Coma alguma coisa.

Clara me serve um copo com suco, e logo em seguida me dá uma fatia de bolo de chocolate.

Andrew continua tomando seu café em silêncio, enquanto ignora nos duas complemente.

Clara é louca por me fazer sentar à mesa com o chefe mesmo sabendo que ele me odeia complemente, mas isso não impediu de me colocar frente a frente com ele.

Andrew não demonstra nenhuma irritação, mas também não parece feliz por estar tomando seu café com uma empregada.

Não sei o que aconteceu que até agora ele não abriu a boca para me maltratar, ou me expulsar da cozinha.

Talvez no final das contas ele tenha um coração, e esteja se sentindo culpado por ter me obrigado a trabalhar ontem.

- Vou ao mercado com Antony. - Clara fala. - Então depois de tomaram o café deixe tudo no mesmo lugar ok?

- Ok. - Aceno com a cabeça em concordância.

Clara começa a caminhar para fora da cozinha, e eu aproveito a oportunidade de que ela não está mais presente e tento fugir.

- Onde vai? - Andrew pergunta quando me levanto.

- Depois que o senhor tomar seu café eu volto. - Respondo.

- Sente-se. - Ele manda.

Suspiro alto e faço o que ele manda, enquanto Andrew empurra uma cestinha com pães em minha direção.

- Coma.

- Não...

- Me obedeça Joane. - Ele me corta.

Pego o copo de suco que Clara havia me servido, e começo bebê-lo enquanto saboreio minha fatia de bolo.

Me sinto desconfortável com o olhar constante de Andrew sobre mim, mas continuo comendo mesmo assim.

Andrew termina de tornar seu café, e mesmo assim continua sentado à mesa me encarando sem parar.

- Já estou satisfeita. - Empurro o restante do bolo de lado.

Na verdade ainda estou faminta, mas quero fugir de perto desse homem estranho, por isso acabei mentindo.

- Coma Joane. - Ele aponta para o pedaço de bolo.

- Não estou com fome.

Minha barriga ronca alto no instante que fecho minha boca.

- Merda. - Praguejo baixinho.

Andrew está sorrindo? Ou estou muito louca que acabei vendo coisas?

Passo as mãos por meus olhos e o encaro novamente, mas ele não está sorrindo, o que indica que estou realmente louca.

- Não vai trabalhar senhor? - Pergunto.

- Não. - Ele responde.

- Que pena. - Cochicho baixinho.

- O que disse? - Andrew questiona.

- Nada. - Forço um sorriso.

Eu aqui querendo que ele vá trabalhar logo para eu poder comer a vontade, mas infelizmente meu plano não deu muito certo.

- Está querendo se livrar de mim Joane? - Ele pergunta cruzando os braços.

- Eu? - Finjo inocência. - Jamais senhor.

Já que Andrew não tem intenção de sair da cozinha, irei comer a vontade, e pouco me importo se ele vai estar me encarando ou não.

Pego uma fatia de pão e passo um pouco de geleia de morango, logo em seguida sou uma mordida generosa.

Fecho os olhos e dou um gemido baixinho enquanto me alimento, e quando abro os olhos Andrew não está mais sentado em minha frente.

- Que susto.

Levo a mão ao peito quando o vejo ao meu lado, me encarando de braços cruzados.

- Está se sentindo melhor Joane? - Ele pergunta.

- Agora que estou comendo estou ótima. - Sorrio abertamente.

- Com que frequência sente dores de cabeça?

- Começou há uns dois meses. - Respondo.

- Foi ao médico?

- Não tenho condições de ir ao médico no momento senhor. - Suspiro alto.

Não consigo nem sustentar a minha casa direito, muito menos ir ao médico para ver o que está causando minhas dores de cabeça.

- Pode ser algo sério Joane.

- Meus empregos anteriores eram muito exaustivos, e como eu não tinha muito tempo para dormir ou me alimentar, acho que fiquei desnutrida. - Explico. - Não acho que seja algo sério.

- Você não...

- Droga. - Me levanto rapidamente quando me lembro de Amber e minha irmã.

- O que foi? - Andrew questiona assustado.

- Minha irmã deve estar preocupada.

- Sua amiga veio aqui ontem porque você não voltou para casa, então eu disse a ela que você estava dormindo e ela foi embora. - Andrew fala.

- Amber veio aqui? - Pergunto incrédula.

- Sim. - Ele confirma com a cabeça.

Pela feição de Andrew, Amber deve ter dito alguma coisa para ele.

- Ela te ameaçou não foi? - Pergunto.

- Como sabe? - Ele retruca.

- Conheço a minha amiga. - Seguro o riso.

Gostaria de ter visto a cara de trouxa do Andrew, mas infelizmente não será possível.

- Não te agradeci pelo que fez ontem por mim. - Falo. - Obrigada.

- Não precisa agradecer.

Apesar de não nos darmos bem, reconheço o que Andrew fez por mim mesmo que tenha sido depois de me explorar o dia inteiro.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então vejo uma mulher desconhecida adentrando a cozinha.

- Andrew queri... - Ela se cala quando me vê. - Quem é essa mulher?

Ela me olha de cima em baixo com desdém, e nesse momento percebo que minha vida ficará ainda mais complicada de agora em diante.

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