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Capítulo 17

Yarin

— Você viu aquele par de olhos azuis, que pareciam duas safiras? — Sarah deslizava a escova pelos longos cabelos loiros, sentada ao pé da cama, enquanto suspirava relembrando o convidado.

— E aqueles braços fortes e bronzeados? — Keren soltava risadinhas, abraçada a um travesseiro, sentada à cabeceira.

Eu permanecia imóvel e calada, tentando me aconchegar na minha velha cama macia, depois de três noites sem dormir direito. Olhava para o teto, enquanto ouvia as meninas suspeitarem por Ezra. Mal sabiam elas que ele fazia parte de alguns dos momentos mais intensos que provei na vida, dentro do curto prazo de uma semana. Tive que inventar a desculpa esfarrapada de que estive com meus pais, pois todos me questionariam se contasse que atravessei o deserto de Judá, numa aventura tola, que quase me tornei uma escrava de algum egípcio qualquer e que quase me atirei do precipício do mar morto, tudo isso com uma criança no ventre. Não, não tive ainda a coragem de contar.

Pensava tudo isso, enquanto ouvia as duas companheiras de quarto duelarem para ver quem ficaria com Ezra, "o príncipe do deserto", segundo elas. Coloquei o meu travesseiro sobre a face, apertando-o para abafar o som das duas extravagantes, mas nem assim foi possível não ouvi-las.

— Você viu as roupas dele? E as joias que usava. Viu os anéis de prata? Ele deve ser muito rico! — pontuou Keren.

— Claro que é sua tonta — respondeu Sarah — ele é um comerciante. Comerciantes costumam ter muito ouro, prata e tecidos finos. A mulher que se casar com ele terá muitas jóias e vestidos — sorria Sarah, dando de ombros.

— Ah, além de ser rico, é lindo — suspirou Keren — percebeu que ele sempre tirava o cabelo liso dos olhos, com os dedos? Puro charme...

— Ai é mesmo... mas esquece que eu o vi primeiro Keren!

— Isso não é justo Sarah, você sempre quer levar vantagem em tudo!

— Quem manda você ser tonta, um ricaço como ele precisa de uma mulher esperta e não uma tonta como você!

— Não me chame de tonta, Sarah! — levantou-se Keren com olhos flamejantes de raiva, diante da presunção de Sarah.

E antes que aquilo se tornasse uma guerra de unhas e cabelos, decidi intervir:

— Chegaaaaa!!! — levantei-me, jogando o travesseiro no chão. As duas olharam para mim com os olhos arregalados. — Será que não veem que estão parecendo duas galinhas!? Será que não veem que estão ridículas, brigando por um homem que não dá a mínima importância a vocês? Que nem mesmo as conhecem? Será que não se valorizam? Duas meninas, se comportando como duas... mulheres da vida, brigando por macho!? Antes era Davi, ou outro soldado qualquer, agora este. 'Ah como ele é bonito, como é rico' — imitei-as com desdém, as duas olhavam para mim ora perplexas, ora cabisbaixas, ambas sentadas diante de mim. — Beleza, riqueza, é tudo o que lhes chama atenção? E quanto a caráter? E quanto ao amor? Acham mesmo que um homem vai amar uma mulher que não se ama primeiro? Que não se dá o respeito e o pudor? Quando vão deixar de serem fúteis e superficiais!? — acredito que minhas palavras surtiram efeito, pois as duas pareciam estar envergonhadas, mantendo os olhos no chão.

Depois de ter colocado para fora toda aquela raiva reprimida, decidi sair do quarto e me direcionei até o exterior da casa para tomar ar puro.

Enquanto mirava as estrelas, refleti que aquelas palavras eram as que eu gostaria de ter ouvido há pouco mais de um mês atrás. Senti o senso de dever de alertar aquelas duas desmioladas. "Acho que fui muito rude," pensei, "tomara que não fiquem com raiva de mim. Um dia elas irão me agradecer." Tentava lidar com o conflito de pensamentos quando vi um rosto familiar saindo das sombras. Era Gael e lançava-me um olhar, o qual nunca vira antes, era intenso, perturbador e indistinguível. Eu estava no degrau de cima da pequena escadaria de tijolos de barro da entrada, e ele parou, logo abaixo.

— Não vai me dizer a verdade?

— O que você quer saber? — perguntei secamente.

— Onde estava. Porque com seus pais, com certeza não estava.

— Isso não lhe diz respeito.

— Esta é sempre a sua resposta, não é? 'Não é da sua conta, não lhe diz respeito, não se meta', até aparecer grávida de um desconhecido.

— Por favor, Gael — disse-lhe respirando fundo.

— Os senhores já sabem?

— Ainda não, mas eu vou contar.

— E o que acha que vão fazer com você?

— Não me importa e nem te importa também. Agora se me der licença... — virei-me para entrar, mas ele foi mais rápido e segurou o meu braço.

— Depois de eu ter me rastejado por você todo esse tempo, primeiro você me aparece grávida e agora me aparece na caravana de um comerciante. Acaso é o seu novo amante?

— Solte-me, Gael — sempre fui mais forte que Gael, mas agora, ou ele havia ficado forte ou eu havia emagrecido demais, pois não consegui me desvencilhar do seu aperto em meu braço. Seus olhos estavam negros como a noite, não havia nem resquício dos olhos brilhantes que me lançara vez ou outra no passado. — Enquanto eu, nunca ganhei nem mesmo um beijo seu — solte-me, Gael! — gritei, dessa vez em lágrimas — não, Yarin, não vê que estou cheio de ciúmes!? Você era pra ter sido minha! — enquanto eu chorava e tentava me debater contra ele, uma mão forte cheia de anéis de prata, surgiu segurando o pulso de Gael e o entortando para trás, fazendo-o soltar-me. Gael começou a reclamar e gemer de dor.

— Ora essa, onde está o machão agora!? Não gosta de apertar o braço de moças indefesas? Por que não gosta de ter o seu braço apertado!?

— Aaaah, está me machucando!

— Há, estou machucando você. Mas que frangote — cuspiu a palavra — nem estou empenhando força. É homem pra dominar uma mulher contra sua vontade, mas não aguenta dor. Você não é homem!? Mas que pirralho... — disse em tom de repulsa — ele com certeza ia quebrar o braço de Gael, que nesse momento começava a chorar como um menino. Em nome dos velhos tempos, decidi intervir:

— Senhor Ezra, deixe-o ir, eu estou bem...

— Pode ficar tranquila, eu não vou matá-lo... ainda. Vá para dentro. Vou trocar duas palavras com ele — virou-se para mim — de homem para homem — eu abri a boca para falar algo, mas acabei me calando e obedecendo, ficando à espreita na porta para garantir que ele realmente não mataria àquele que não merecia nem um pingo da minha compaixão, mas que por muitos anos fora meu amigo. Ele soltou Gael, que esfregava o braço freneticamente, tentando apaziguar a dor. Ezra se aproximou dele, fazendo-o recuar um pouco, mas logo após puxou-o pela gola da túnica, fazendo-o encarar o olhar feroz do homem à sua frente.

— Ouça bem o que vou lhe dizer, pirralho. A senhorita Yarin, não é minha amante, nem tampouco foi de outro. Ela foi enganada. E agora, aqui nesse lugar, percebi por que ela fugiu. Não teve uma alma madura o suficiente para ouví-la, não é mesmo? Nem os pais e nem amigos. Ouvi você falar que se rastejava por ela, mas ao mesmo tempo a insultou e machucou. Acha que isso é ser homem, rapaz? Eu vou mostrar para você o que é ser homem — um lançava ao outro um olhar selvagem, mas mesmo que Gael tentasse fingir, vi o medo em seus olhos. Ezra o soltou de forma que ele cambaleou para trás e antes que se retirasse, completou:

— Se colocar os dedos nela novamente, se ao menos dirigir-lhe a palavra com insultos, vou matá-lo. Eu juro — proferiu as palavras e retirou-se adentrando à casa, enquanto ajeitava a túnica de cor clara. Até que ele me viu. Eu deveria estar boquiaberta e muito espantada com a situação, pois ele me analisava com curiosidade, até que segurando o meu braço de forma gentil me direcionou para um corredor isolado da casa.

— Você está bem? — perguntou, olhando para as marcas no meu braço, sob a luz das lamparinas do corredor — Quem é ele? — Perpassou o polegar sobre elas.

— Estou bem — respondi desviando-me do toque e colocando a mão sobre o braço marcado — ele é um dos pastores de ovelhas. Éramos amigos de infância.

— Belo amigo você arrumou, hein?

— Ele gostava de mim. Foi difícil para ele saber da minha situação.

— Se ele gostasse mesmo de você, teria te ajudado, ou pelo menos não te insultaria. O que eu vi lá fora foi um rapaz cheio de orgulho ferido. Isso não é gostar, é obsessão mesquinha — eu permaneci de cabeça baixa, sabendo que ele estava certo — você contou para sua senhora? — ergui o olhar para saber do que se tratava, então ele se aproximou sussurrando — sobre a sua situação — o cheiro inebriante de mirra invadiu minhas narinas, fazendo-me quase esquecer tudo a minha volta — responda, Yarin!

— Ah, não. Não tive coragem. Acaso, não viu como minha senhora intercedeu por mim hoje cedo? Foi inconsequente da parte dela, prometer qualquer coisa ao senhor Nabal, todos sabem quão indolente ele é.

— Nisso eu tenho que concordar também — pousou o polegar e o indicador no queixo quadrado, enquanto mergulhava em pensamentos.

— Se eu conto, ela terá mais problemas meus para ter que resolver com ele. Tenho medo de criar problemas para ela. Prefiro vagar no deserto.

— Não diga bobagens! Eu tenho um plano.

— Um plano? — fitei-o perplexa — acaso contou sobre mim para o senhor Nabal?

— Não. Não, como poderei — perpassou os dedos pelos cabelos úmidos que caíam sobre os olhos, e nesse momento lembrei-me do que as meninas falaram. Os olhos azuis, os cabelos lisos, o charme, os braços. "Não, eu não poderia cair naquela armadilha novamente" — aquele homem é um sádico! — assustei-me com as palavras colocando dois dedos nos lábios dele.

— Shhhh, não pode falar isso aqui! — sussurrei, percebendo-o mudar de expressão ao ter meus dedos em seus lábios. Eu os retirei rapidamente, percebendo que ele me olhava indiscretamente, fazendo meu rosto queimar. Ele pigarreou e prosseguiu:

— Estou querendo dizer que esse homem... ele fala tanta sandice que hora parece um homem louco, hora parece insano e hora parece sádico. Não há outra característica para ele. Eu temo por você, se permanecer aqui.

— O senhor não tem que se preocupar comigo. Não é sua responsabilidade.

— É minha, desde que a tirei daquele penhasco.

— Eu agradeço. O senhor me salvou, mas isso não significa que tem que continuar me salvando.

— Eu sei disso. Mas se eu não te ajudar, como irei embora, sabendo que você pode ser jogada aos quatro ventos sem ter para onde ir e acabar parando novamente num precipício? De que vale salvar uma vida, para depois ela se perder novamente? — aquelas palavras me calaram e eu não tive como responder. Olhei para o chão, mas logo senti um dedo erguendo o meu queixo para fitar o mar de seus olhos.

— Case-se comigo — duas palavras, suficientes para me deixarem atordoada ao ponto de fraquejar os joelhos. Ele me segurou pela cintura, fazendo-me lembrar do homem que amaldiçoou a minha vida — você está bem?

— Estou, solte-me — ele obedeceu, com os olhos preocupados — é só um mal-estar, já passou.

— Deve ser pela sua condição, está se alimentando direito?

— A não ser pela sopa da senhora Nazira esta manhã, não consegui comer nada.

— Ele sorriu. Era raro ver um sorriso de Ezra que não fosse repleto de ironia. Esse parecia mais um sorriso terno e singelo — Se casar-se comigo, poderá tomar a sopa dela sempre que quiser — 'casar' novamente a palavra que me deixou com o coração acelerado, como mil cavalos trotando. A última vez que me senti assim... "não, não posso me sentir assim de novo" pensei. "é só uma ansiedade, se controla!". Pousei a mão no peito, tentando acalmar a mim mesma.

— Por quê? — foi tudo o que consegui dizer.

— Não se preocupe, será um casamento de conveniência. Eu lhe garanto proteção e, em troca, você me dá algo que eu quero — meu rosto queimou por completo e ele me encarou com as sobrancelhas erguidas — por que você vive corando, Yarin, acaso o que pensou que quero em troca?

— Não consigo pensar em nada que eu, uma pobre desgraçada, poderia lhe dar em troca, senhor — ele encostou de leve a mão sobre o meu ventre.

— Um filho. Sua proteção, em troca de um herdeiro — fiquei ainda mais confusa — Yarin, eu não tenho filhos e acredito que não posso ter. Se casar-se comigo, eu poderia criar a criança como o verdadeiro pai. Ele será herdeiro de tudo o que tenho, e vocês estarão protegidos comigo. Sei que é difícil para você confiar novamente, ainda mais num homem que acaba de conhecer. Mas eu empenho-lhe minha palavra que não farei mal algum a vocês. Apenas bem. Afinal, todos sairemos ganhando, pense bem... Shalom — ele já ia se retirar, quando eu lhe segurei o braço, fazendo-o voltar-se para mim.

— Sim. Sim, eu aceito — respondi, recebendo novamente um sorriso singelo e um aceno de cabeça. Logo depois, ele se afastou, deixando-me absorta em meus pensamentos. 

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