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Capítulo um

Um ano antes...

Fronteiras do Carmelo, Israel, 1005 a.c

Gael

Inspirei o ar puro da manhã, enchendo o meu peito daquela brisa fresca que corria pela colina, onde eu pastoreava as ovelhas. Assentado debaixo de uma figueira, contemplei a vastidão da relva verde sendo agraciada pelos primeiros raios de sol daquele dia, enquanto as minhas ovelhas comiam do pasto tranquilamente. Aquele, com certeza, era o ponto alto de ser um pastor de ovelhas. Cenários majestosos, tranquilidade e paz. Mas até quando? Eu já estava com vinte e cinco anos e desde que eu me lembrava era um pastor. No entanto, nunca fora o que eu queria ser de verdade. Para mim, era apenas um meio para um fim. Por mais esplendorosas fossem as colinas do Carmelo, elas não saciavam uma ansiedade crescente que eu vinha acumulando durante os anos.

Tomei um gole d'água do meu odre, fechando-o em seguida e retirei de dentro da bolsa de couro a minha filha - Vem com o papai - sussurrei debilmente, segurando-a pelo cabo de ferro entalhado, enquanto via o meu reflexo na lâmina perfeita. Havia conseguido aquela belezinha, depois de ter atirado num salteador, enquanto ele tentava roubar as minhas ovelhas. Ele nem viu de onde saiu a pedra que o atingiu na cabeça, a qual eu lancei com a funda. Enquanto ele estava caído, fui eu a o saquear e dentre os pertences do maldito, encontrei essa espada. Pelo ferro bem forjado, julgaria ser de um filisteu. Afinal eles são os mestres do ferro. Além disso, eu havia tomado-a de um ladrão, não me surpreenderia que ele tivesse se atrevido a roubá-los.

Passei o indicador pela parte fina da lâmina, com cuidado para não me cortar e decidi que precisava amolá-la. Retirei a pedra que usava para este fim, da mesma bolsa, e comecei a executar os movimentos de atrito com a lâmina. Para frente e para trás, repetidamente. Talvez o fizesse mais por passatempo, do que por necessidade, uma vez que aquela bela espada era tão afiada que eu conseguia fazer a minha barba nela. Em contrapartida, ela apenas me servia para treino, se é que eu poderia chamar assim os golpes e movimentos que executava contra um adversário invisível vez ou outra, cortando o ar com a espada como em uma dança.

Em meio ao barulho agudo do atrito que a pedra fazia enquanto resvalava pelo metal, eu podia ouvir o balido das ovelhas que pastavam e o farfalhar das folhas da figueira que me fazia sombra. Eram sons que me eram familiares e se misturavam como música aos meus ouvidos.

Porém, depois de alguns minutos, ouvi um som nada comum aos meus ouvidos. Parecia uma melodia, vinda da parte de baixo do relevo onde eu me encontrava. Levantei-me instintivamente, procurando a origem da voz, que constatei ser feminina. Decidido a perseguir aquela voz, deixei as ovelhas e desci a colina, enquanto ainda segurava a minha espada. Me escondi atrás das árvores que rodeavam todo o caminho ao pé do monte, enquanto observava uma silhueta feminina, com longos cabelos negros, andando saltitante pelo caminho que se fazia árido por entre a grama verde, resultado dos longos anos que fora pisoteada por um viajante ou outro.

"Saul matou os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares", era o refrão da música que ela entoava alegremente, enquanto se aproximava do local que eu estava, porém sem notar a minha presença. Ela se embrenhou em meio às árvores, à uma distância considerável de mim. Bastaria esticar o braço para tocá-la. E eu o fiz. Segurei-a por trás, tapando sua boca com uma mão, o que a fez se debater freneticamente contra mim, enquanto emitia um grunhido exasperado. Virei-a no mesmo instante, destapando a sua boca e levando um dedo em riste aos meus lábios.

-Shhhhh!

- G-Gael?- titubeou, atônita, enquanto piscava várias vezes.

- Felizmente! O que faz aqui!? Sabe que não pode andar por aí cantando isso, é o mesmo que declarar traição!- Atalhei num tom baixo, porém firme.

- Ah... a música...- soltou o ar que estava prendendo, enquanto tentava se recompor- não tem jeito- deu de ombros com um sorriso de esgar - Essa música se espalhou como fogo na palha. As mulheres da cozinha, as damas de companhia....

- Sim e a meia dúzia de criadas que foram expulsas da casa para os campos, acaso não lembra? - sussurrei, olhando em volta.

- Ai mas eu estou sozinha! - devolveu, também sussurrando- Sozinha posso cantar o que me convém!

- Por falar nisso, o que faz aqui sozinha?

- Nabal me enviou.

- Nabal o quê?- franzi o cenho.

- Por que estamos sussurrando?- inquiriu num sussurro. Revirei os olhos, fitando em seguida a espada, constatando que ainda estava em minhas mãos. Apoiei-a no ombro e comecei a subir de volta ao meu local de origem.

- Veio armado com uma espada?!- inquiriu em tom zombeteiro e mesmo de costas, tinha ciência de que ela estava exibindo um de seus sorrisos irritantes, enquanto me seguia - achou que eu era uma salteadora?

- Não banque a espertinha comigo, Eva. Quero saber o que faz aqui. Sozinha. Acaso está de namoricos com algum pastor?

- Perdão?

- Se eu souber, conto para as suas irmãs.- fitei-a de soslaio, percebendo-a mudar para uma expressão de ultraje.

- De onde você tirou essa ideia ridícula?!

- Não pense que não vejo os olhares entre você e o Matias.

- M-m-mas eu...

- M-m-mas nada!- zombei, divertindo-me ao vê-la titubear. Eram raras as vezes que podia-se ver Eva atordoada sem nenhuma gota de sarcasmo ou mesmo de simulação deliberada. A garota era sempre segura de si, com um bom humor acima do normal e a língua afiada vinha como bônus. Vê-la vacilar era mesmo raro e gratificante - mas se ele realmente estiver interessado em você, diga-o para passar na minha tenda - A ouvi bufar desta vez e me virei para fitá-la. Os olhos negros faiscando, os braços cruzados e a respiração ofegante devido ao exercício de subir o terreno íngreme. Uma mecha de cabelo pousou em seu rosto e ela a soprou para longe com uma lufada de ar, enquanto me fitava nada satisfeita.

- E quem você acha que é? O meu irmão mais velho? - provocou, semicerrando os olhos.

- Não! - Meneei a cabeça em negativa - Apenas o homem que trouxe vocês para a casa de Nabal. De certa forma, me sinto responsável por você e suas irmãs.

- Pois fique tranquilo, não é sua essa responsabilidade.

- Ah, então é de quem? - arqueei a sombrancelha - de Nabal?- escarneci, vendo-a abandonar a posição de ultraje e assumir uma feição descontraída.

- Céus, Nabal não tem responsabilidade nem consigo mesmo...- zombou, voltando a subir.

- Garota... - Meneei a cabeça em negativa- não diga essas coisas por aí... Se Nabal ouve você falar assim, você não será cortada apenas para os campos. Será cortada literalmente - instiguei, enquanto voltávamos a subir.

Fitei-a novamente de soslaio enquanto ela subia segurando as saias do vestido de beleza singela. Às vezes olhava para ela e a via ainda como aquela menina que chegou com as irmãs. Lembro-me como se fosse ontem: os três pares de olhos amedrontados, como animais feridos. No entanto, os de Eva não demoraram muito para assumirem uma luminosidade diferente. Algo como esperança pairara no rosto infantil.

No entanto, cinco anos haviam se passado e ela estava diferente. Os cabelos cresceram, ela cresceu e não demoraria muito para que algum jovem rapaz, como o Matias, se interessasse por ela.

- Você ainda não me disse o que faz aqui - cortei o silêncio.

- Eu disse, mas você não quis me ouvir, atordoando-me com essa ideia estúpida de Matias. - debochou, cuspindo o nome de sua boca.

- Não é uma ideia estúpida, se quer saber. Vocês têm a mesma idade e...

- Ele tem 16 anos, Gael!- Atalhou irritada, se colocando à minha frente, novamente com os braços cruzados.

- Você não tem isso?- questionei, juntando as sobrancelhas enquanto sorria.

- Eu tenho dezoito Gael! Dezoito! E estou prestes a fazer dezenove.

- Nossa! Uau! Está ficando mesmo velha, Eva- provoquei, vendo-a bufar novamente - logo estará passando da idade de casar!

- Há- soltou uma risada baixa e nervosa- se estou velha imagina você.

- Acho que você não entende o significado de sarcasmo, não é mesmo?- provoquei erguendo uma sobrancelha, enquanto a contornava para seguir o caminho - aliás, a diferença de idade de vocês é ínfima.

- Não, obrigada!- Atalhou, às minhas costas.

Chegando na parte elevada da colina, pude ver os olhos de Eva brilharem ao contemplar a vista. Mas enquanto eu guardava a espada de volta na bolsa, pude perceber que não era do vislumbre das colinas a atenção de seus olhos, mas das minhas ovelhas, que agora tentavam fugir de sua sugestiva aproximação.

- Elas são tão... lindas... tão branquinhas quanto a neve - disse melodiosa, enquanto perseguia uma delas que fugia assustada.

- Sim e odeiam que toquem nelas - cruzei os braços, recostando-me na figueira enquanto a observava- agora diga-me logo, por que está aqui e depois vá embora, enquanto não dão falta de você na casa.

- Eu já disse! O senhor Nabal me enviou- respondeu, enquanto perseguia desta vez outra ovelha.

- Por quê Nabal te enviaria? Para quê? - ela não me respondeu, e eu impacientei-me com aquela perseguição. Aproximei-me dela à passos largos e a puxei pelo braço, trazendo seus olhos para fitar-me.

- O senhor Nabal quer você no banquete! - despejou, enfim, enquanto soltava-se do toque, ao passo que eu franzia o cenho.

- Ele te mandou aqui, para me dizer isto. - não era uma pergunta. Eu apenas testava as palavras, descrendo que fosse possível tanta sandice. Eva apenas me devolveu um menear de cabeça, reiterando o que disse. - Mas esse homem está mesmo à beira da loucura!- joguei as mãos no ar- Como pode? Mandar uma menina caminhar por quase uma hora atrás de mim, correndo risco por essas terras cheias de salteadores!?

- A questão aqui é - aproximou-se, apontando-me o indicador- por que você não está lá. Todos os outros pastores já estão a postos, esperando para saborearem as delícias do banquete que Nabal mandou preparar - gesticulou em tom zombeteiro - Mas você - apontou-me novamente o dedo - está aqui, pastoreando ovelhas. O que me leva a concluir que você é o culpado de eu - levou um dedo em riste contra si - ter que andar uma hora sob risco de salteadores.- cruzou os braços, respirando fundo enquanto exibia sua melhor expressão de aborrecimento.

- Para com isso - emiti com desdém, meneando a cabeça de um lado a outro- eu a conheço bem o bastante, para saber que você odeia ficar reclusa naquela casa. E por isso não perde a oportunidade de perambular por aí.

- Mas não é por isso que estou aqui.

- Ah não?- estreitei o olhar- então, por que dentre tantos servos homens, Nabal me envia logo você?- inquiri. Ela deixou os ombros caírem numa expressão de desânimo.

- Os servos estão todos ocupados com o banquete. Eu era a única dando bobeira. E a primeira que ele viu na frente. - deu de ombros. Levei uma mão ao rosto esfregando-o uma vez, numa expressão de desespero - sabe que se não voltar comigo, ele vai descontar em mim, não sabe?- ela emendou, erguendo uma sobrancelha.

- Arrrrrgh! - emiti, numa espécie de rugido - Maldito Nabal! Maldito! - vociferei, levando o dedo em riste aos céus, como se ele estivesse ali- desgraçado! - atalhei entre dentes, agachando-me sobre os calcanhares, levando as mãos a cabeça em seguida. Num instante, levantei-me novamente com uma pedra nas mãos e a joguei longe, tentado extravasar a raivar que pulsava pelo sangue - desgraçado!

- Terminou?- inquiriu Eva com os braços cruzados e as sobrancelhas sobressaltadas. Não havia nela sequer uma gota de perplexidade, apenas desdém nas expressões, enquanto meneava a cabeça de um lado a outro - Baruch Adonai, o homem querendo te banquetear e você praguejando contra ele- concluiu, enquanto eu alinhava os cabelos, com os dedos, bagunçados pela breve ira.

- Você não conhece Nabal. Aquele lá, não faz nada sem segundas intenções - contrapus, com desgosto em cada palavra.- Mas o que eu posso fazer? - dei de ombros, cruzando os braços.

- Pode me contar o que está havendo. Acho que mereço saber - retrucou, mantendo os braços cruzados com uma expressão de desafio. E eu sabia que ela estava decidida a me virar do avesso se fosse preciso. Afinal, ela era, ironicamente, Eva. A curiosidade em pessoa.

- Vamos então. Eu conto tudo no caminho.

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