Depois da calmaria no Sunrise Hotel, seguimos adiante, indo diretamente para Sfântu Gheorghe e nos hospedamos no Green Village Resort.

Eu e Adrian estávamos nos esforçando para ajudar Bella e Luca com Geovana, pois queríamos que tivessem privacidade para desenvolver o relacionamento deles.

Haviam enfrentado tantas adversidades e  perigos, mas mesmo assim, o amor havia prevalecido. E era mágico ver como Isabella estava desabrochando. Chegou na Romênia uma menina fria e fechada e naquele instante, exalava leveza e alegria.

Para mim era incrível como o amor recíproco podia ser poderoso. E eu mesma podia experimentar isso naquele momento, conhecendo cada fez mais a fundo o Adrian.

Luca também havia crescido muito na minha opinião. Ele que antes era um homem imaturo e impulsivo, agora se mostrava decido e leal aos seus sentimentos.

Havia acolhido Geovana com um carinho genuíno, que encantava. Ele, Bella e a bebê eram verdadeiramente uma família e eu tinha certeza que se Sofia estivesse viva, se orgulharia muito do irmão.

Aquela viagem que fazíamos todos juntos, nem parecia uma fuga, mas um refúgio de paz e alegria.

Ali em Sfântu Gheorghe conhecemos uma pequena ilha de pescadores, de onde pudemos observar o maravilhoso encontro do Rio Danúbio com o Mar Negro.

Era uma visão inesquecível!

Ali naquele resort era o único lugar possível no delta do Rio Danúbio, de ver tanto o rio quanto o mar.

Era um lugar único e raro e estar ali, era como um tesouro. Depois de quase ter morrido, eu apreciava cada pequena coisa do universo.

Naquela tarde eu e Adrian ficamos com Geovana, enquanto Luca e Bella voltaram para a praia para um curto passeio, pois apesar da orla ser extensa, haviam partes meio pantanosas ali.

Já fazia um tempo que haviam saído e enquanto eu pegava uma das mamadeiras deixada por Bella, senti meus pelos se eriçarem e na mesma hora, me veio a imagem de Lorenzo na minha mente.

Eu que sempre fui uma pessoa sensitiva, logo me pus em alerta. Adrian havia ido até a recepção resolver algumas coisas pendentes na nossa reserva, então logo peguei Geovana e a enrolei no manto, me preparando para qualquer coisa.

A bebê dormia tranquilamente e isso permitiu que eu espiasse da janela do quarto para ver se eu via algo suspeito, mas não havia nada.

No entanto, algo gritava no meu interior e meu instinto me dizia que havia algum perigo por perto.

Não podíamos esquecer que estávamos nos escondendo da máfia.

Quando Adrian entrou no aposento com uma expressão séria e impenetrável, eu percebi que meu sexto sentido realmente funcionava e que algo terrível estava prestes a acontecer.

– O que foi? – eu perguntei, de forma direta, mostrando que não aceitaria ser ludibriada.

– Dimitria está aqui e o resto da máfia também! – Adrian foi direto ao ponto, observando pela janela. – Já pedi para Ian mandar reforços, mas preciso que você se esconda com Geovana, já que ela é o prêmio principal para esses bandidos.

– E a Bella e o Luca? – eu perguntei, sentindo meu estômago embrulhar. – Como vamos fazer para encontrar e avisar eles sobre o perigo?

– Eu vou dar um jeito nisso! – Adrian falou, retirando da mala uma arma, que havia sido dada a ele
por Ian. Ela só deveria usada em último caso e aquele parecia ser o momento. – Mas agora preciso que se esconda com a Geovana. Você vai precisar ser forte e confiar em mim, pois só vai poder sair quando a barra estiver limpa. E isso pode demorar muito!

Eu engoli em seco, sabendo que o futuro daquela pequena criança estava em minhas mãos naquele instante. Fiz força para me lembrar de tudo que havia passado para fugir da Somália e decidi que conseguiria lidar com aquela situação. Eu seria corajosa e defenderia Geovana com unhas e dentes.

Não perdi tempo e juntei fraldas, roupinhas e o leite deixado por Isabella, colocando tudo dentro de uma bolsa, que era usada para levar as coisas da bebê.

Em seguida peguei Geovana nos braços, que estava enrolada no manto, dormindo tranquilamente.

Aquele pequeno ser não sabia quanta maldade havia no mundo e nem que o perigo nos rodeava, de maneira inclemente.

E muito menos ela poderia imaginar que tinha laços sanguíneos com o mal!

Segui em silêncio, com Adrian escoltando a gente. Ele havia aprendido muitas técnicas e truques com Ian, mas isso não era o suficiente para me deixar tranquila. Eu sabia que aquela facção era muito antiga e profissional na arte de torturar e matar.

Adrian nos levou até uma pequena casa de máquinas, que ficava escondida em um canto ermo do resort. O lugar era escuro e um pouco barulhento, mas achei que aquela era uma vantagem, para o caso de Geovana chorar.

Encarei meu cigano por um longo momento e depois beijei seus lábios, já adentrando dentro do cubículo, que permitia que a piscina funcionasse.

– Por favor, se cuide! – eu pedi, com a voz suplicante. – Volta para mim inteiro, pois eu te amo!

Adrian sorriu, mas não deixou de observar ao redor, com apreensão. Os mafiosos poderiam aparecer a qualquer momento.

– Eu te amo, Kayla! E acredite que vou voltar, mas você, por favor, também se cuide! – ele pediu e pude ver nos seus olhos o medo da incerteza. – E não saia daqui em hipótese alguma!

Adrian fechou a porta atrás de si e eu fui me sentar em um canto, com Geovana dormindo em meus braços.

Eu sentia frio, mas acreditava que era mais o efeito da adrenalina e do medo em meu corpo. Eu realmente não sabia como seria, mas não iria fraquejar.

Aquela máfia maldita iria pagar por tudo que tinha feito com cada um de nós!

Por mim, por Sofia, por Bella e por todos, eu só podia acreditar que tudo iria ficar bem no final.

Apertei a bebê contra meu peito, agradecendo por ela ser calma e dormir tranquilamente. Eu só esperava que quando ela acordasse, os barulhos dos motores da piscina, abafassem o seu choro.

Naquele instante precioso da vida, eu era a única pessoa com quem Geovana poderia contar. E eu daria o meu melhor para proteger ela de qualquer coisa.

Gente, agora a máfia chegou para acabar com tudo, então a porra vai ficar muito séria?

Agora é torcer para todos sairem dessa com vida!