Uma boa treinadora

- Vamos!! só mais duas voltas turma, vamos ver quem consegue ter resistência. - escuto o barulho do apito vindo da professora enquanto respiro ofegante.

Toda quinta feira a sala descia para quadra treinar pesado se preparando para  interclasse com outras turmas.

Só restavam três garotos correndo juntamente comigo em um teste de resistência, não queria ficar em quarto lugar, mesmo cansada estava apenas aguardando um desistir para pedir água até que olhando para trás vi que um garoto caiu desmaiado.

- Chega!! - apita a professora. - Os três passaram no teste, percebi que são todos competitivos, ou não queria perder para uma garota? Deixem de orgulho todos somos capazes.

Apenas sento no chão e aceno para um mascote fantasiado de elefante jogar uma garrafa de água para me reidratar enquanto sentia o calor penetrando em minha pele.

- Porque a mocinha não desistiu? Creio que você sabe muito bem que os garotos possuem 5% de temperatura a mais no corpo, isto o tornam mais resistentes e fortes, então não precisa ficar nesta competitividade. - ela senta ao meu lado com este conselho patético.

- Você não quis esperar o resultado, então descarto está teoria. - levantei minhas sombrancelha fixando meus olhos para os dois garotos que estavam deitados no chão.

A professora apenas ri da minha resposta colocando a mão no meu ombro.

- Sabe como os garotos são Srta Donner, eles não iam parar de correr até você desistir.

- Então eu correria o dia todo.

- Sabe que eu te adoro srta Donner, você é diferente de todas as garotas que só ficam nas arquibancadas com os olhos no smartphone.

- Quero competir com garotos no wrestler professora, você sabe que eu tenho chances. - pedi implorando para uma vaga.

- Chelsea... eu sei do teu potencial, mas não posso arriscar sua integridade física competindo com garotos, existe uma diferença enorme de peso.

- Pro, qual é? a diretora menosprezou aquele torneio que ganhei onde só tinha umas garotinhas franga, quero provar para ela...

- Shiiiiu. - sinto seu indicador na frente do meu nariz. - Não deve provar nada a ninguém, nem está diretora, somos mulheres, somos capazes de conquistar o mundo, não é uma competição que vai provar isto.

- Tem razão, mas você sabe que eu dou conta de qualquer um né?

- Você é muito exibidinha sabia? Guarde essas energias para o torneio de handebol, sabe que eu te adoro né minha birrenta favorita.

- Eu apenas te tolero. - falei exibindo um sorriso tirando uma com a cara dela.

- Engraçadinha. - sinto suas mãos bagunçarem meus cabelos. - Sexta feira após seu ensaio para o teatro pode comparecer na quadra, vou abrir uma excessão para você na turma dos garotos.

- Sério?? - pulei encima dela de tanta emoção.

- Sai de cima de mim!! Está toda suada garota!!

- Desculpa. - me levanto toda sem jeito. - Não irei decepciona-la, serei a primeira garota a ganhar em todas as categorias no esporte.

- Torço pra isso garota, agora corra para o chuveiro, senão irá atrasar para aula de biologia.

- Sim senhora. - acenei com a cabeça e me retiro apressadamente para tomar uma ducha.

Depois de uma bela ducha, enrolo a toalha em volta do meu corpo e fico em frente ao espelho penteando meus cabelos. Sinto várias garotas se aproximando, talvez seja as dançarinas de torcida voltando do ensaio.

- Licença, me empresta seu secador?

- Só não quebre tá legal? - observo a garota enquanto lhe entrego.

- Obrigada, se você quiser pegar minha maquiagem emprestada fique a vontade. - a garota sorri gentilmente.

- Fica tranquila, não costumo usar muito isto.

A garota se levanta abismada vindo em minha direção. Confesso que sou vaidosa, porém minha vaidade não se encaixa aos padrões de qualquer garota, sempre ando com roupas estilosas fora dos padrões escolar, adoro colecionar tênis pois odeio vestido e sapato de salto alto.

- Agora que reparei, você tem um corpo incrível e um rosto muito lindo sabia? - nos duas se olham no espelho.

- Prático esporte, este é o segredo de ter uma coxa torneada.

- Uau, você deveria entrar para nossa turma, todas as garotas bonitas merecem entrar na nossa equipe.

Fiquei até um pouco lisonjeada com tal convite, porém está não é minha praia. Quando ia falar algo, Júlia se aproxima com aquele jeito petulante para perto da garota.

- Eu não te dei autorização para falar com essa daí, não quero você perto dela, está garota é esquisita e problemática!!

- Mas Julia, ela é legal, se é esquisito ser bonita então quero ser esquisita igual a ela. - a garota fala inocentemente, pois acho que ela faltou o colégio no dia da treta.

Apenas ri baixinho reprovando tudo aquilo, eu sei que sou esquisita mesmo não nego, porém sou feliz assim e não fico me vitimizando culpando a sociedade, pois ninguém paga minhas contas para dizer o que devo e não devo ser.

- Cala boca vadia!! - Júlia dá um tapa na garota enfurecida. - Odeio quando alguém fica puxando o saco desta garota na minha frente, ela é a nossa inimiga que fica provocando meu namorado.

- Isto é verdade? - a garota pergunta com os olhos cheios de lágrimas.

- Sim, odeio aquele babaca, talvez sua líder de torcida seja intolerante porque eu não abaixo a cabeça pra ninguém, deveriam fazer o mesmo, é só uma filha da diretora e nada de mais.

Pego meu secador e mando um beijinho para todas em sinal de provocação, fiz questão de sair com meu short apertado exibindo minhas pernas fazendo todas ficarem com aquela carinha de cão sem dono, até entendo a frustração dessas garotas, deve ser difícil ter umas cambitas secas e ter que colocar silicone para preencher.

- Ei loirinha!! - olho para trás e vejo Júlia vindo apresadamente em minha direção.

- Não quero perder meu tempo blablabla, essas palavras ofensivas não me atingem, não mais, você não me manipula aceite isto. - cruzo os braços levantando a sombrancelha com um olhar frio para garota.

- Você sempre será a esquisita, se excluiu só porque nenhuma garota quis ir para sua festinha idiota, só o seu cachorro que cantou parabéns que dó. - ela faz um biquinho de deboche. - Você pode até ser bonitinha, mas no fundo eu sei que você queria está no meu lugar, ter amigas em sua volta, ganhar uma Ferrari do papai, você nunca vai ganhar sabe porque? Porque você não tem pai.

- Já acabou? - digo bem seria e com um semblante frio.

- Não acabei loirinha, só vai acabar no dia que você se der mal, sabe muito bem que não pode competir com a filha da diretora, eu sempre ganho no final.

- Eu também nunca perdi, não é pra uma magrela mimada que vou abaixar a guarda. todos sabem que méritos você não tem, só acha que pode alguma coisa por causa da sua mamãe, sem ela você não é nada é só uma vadia magrela cercada de panelinhas interesseiras puxa saco.

  Ela bufa de raiva e observo suas mãos se fechando, com a outra ela retira um canivete do bolso e tenta me atacar, sorte que fui ligeira e me esquivei segurando seus pulsos onde estava o objeto.

- Me larga!! - ela tenta me chutar porém eu torci seu braço fazendo a mesma largar o canivete.

- Corre pra sua mamãezinha e diga que fui eu!! - quando eu ia dar um soco no rosto da guria escuto alguém me reprovando.

- Bonito hein... é para isso que você quer entrar no esporte srta Donner? - a professora de física se aproxima bem séria pegando o canivete do chão.

- De quem é isto?

Ela nos questiona enquanto Dominic se aproxima com seu tablet fazendo algumas anotações pois ela era a monitora do colégio e responsavel pela matéria do jornal.

Continua...