Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

7.2

Talvez em outra vida eu possa voar e nunca cair... Eu poderia ser o que quisesse e nunca sentiria minhas cicatrizes.

- Isak Danielson.

🚨Este capítulo pode gerar algum desconforto em pessoas sensíveis, tanto por citações de um relacionamento abusivo, quanto por sintomas de depressão e anorexia. Peço que pensem bem antes de iniciarem a leitura. Boa leitura! 

Batendo a perna freneticamente no chão, cruzo os braços e encosto a cabeça na parede. Tiro o celular do bolso para me distrair até chegar a minha vez e me lembro do beijo com Ana. Seus lábios tão macios de encontro com os meus, seus olhos brilhantes... tiraram meu fôlego.

Eu não deveria ter deixado as coisas chegarem a essa proporção, jamais deveria ter puxado assunto quando nos conhecemos e agora ela sabe. Ela sabe o que aconteceu no último dia de ação de graças. Ela sabe que a minha família problemática está acobertando duas fatalidades. Ela sabe de tudo e não deveria saber.

Vejo o meu nome aparecer no telão e antes de entrar no consultório, confirmo a minha presença na casa da Courtney, com quem não tenho muita afinidade.

Entro na sala branca, onde o doutor Miller me aguarda, com sua caderneta e seu óculos de armação grossa.

— Boa tarde, Jacob — meu terapeuta me cumprimenta.

— Boa tarde, Miller.

Acomodo-me em uma das poltronas de couro, ficando à vontade como nas últimas seções. Faço terapia desde que tinha 12 anos e meu irmão, Christian, 14. Foi quando as coisas saíram do controle pela primeira vez em anos, quando precisei ajudá-lo com os hematomas.

— Como vem se sentindo?

— Melhor do que da última vez, mas ainda assim angustiado — confesso e ele me dá um sorriso acolhedor.

— Quer dividir comigo o motivo da sua angústia?

— Muitas coisas, na verdade — começo, umedecendo os lábios. — Minha mãe está cada vez pior e na madrugada passada a encontrei na varanda do quarto, com a porta aberta. Meu corpo gelou com a possibilidade de ela tentar pular do segundo andar, cara. Vou precisar redobrar os cuidados da casa e não me sinto preparado pra isso.

— Ela continua fazendo o tratamento? — ele pergunta, retirando os óculos e coçando os olhos, que estão mais compassivos do que de costume.

— Está, mas não vejo nenhum progresso desde a cerimônia do Henry. Não sei como ela conseguiu sair da cama e testemunhar outro enterro.

— É comum pacientes com o quadro dela agirem assim durante o tratamento — ele assegura. — Mas sei que não é só isso, o que mais está te abalando?

— Estão acontecendo alguns assassinatos, Richard — revelo, com a voz baixa e ele mantém a expressão neutra. Psicólogos merecem um Oscar pela atuação.

— Assassinatos? Você presenciou algum?

— Não, mas alguém do meu círculo de amigos pode ter presenciado. Desconfio que um deles seja o culpado — conto. — Você se lembra da Beatrice?

— Sim, a amiga que apresentava o quadro de depressão clínica e se suicidou, certo?

— Ela mesmo. A polícia descobriu que ela não se matou, mas foi assassinada e o culpado fez parecer um suicídio. Henry teve o mesmo fim porque descobriu isso, ele sabia que ela não tinha se matado.

— Onde quer chegar com isso, Jacob?

— Quero dizer que um dos meus amigos pode ser um possível assassino em série — revelo e percebo uma leve mudança de expressão em seus olhos, que dura segundos.

— E como pode ter tanta certeza disso?

— Alguns deles agiram de uma maneira muito estranha depois de tudo.

Continuamos a consulta com a nossa conversa sobre os meus possíveis amigos sociopatas e fico contente quando consigo tirar uma parte do peso do meu peito, porque isso já estava me sufocando. Não ter ninguém para conversar é agoniante e é por isso que eu curto as consultas com o doutor Miller, ele me acompanha há 6 anos, o que não é pouco, e desde o começo me senti confortável em conversar com ele.

— Não me sinto pronto para iniciar um relacionamento, mas ela me faz repensar tudo isso — conto, falando sobre a brasileira que aos pouquinhos roubou minha atenção.

— Ela sabe do seu relacionamento passado?

— Não, e sinceramente? Tenho medo da sua reação — confesso, cutucando os bolsos desesperado por um cigarro.

Richard vem me ajudando a controlar esse vício, mas na real mesmo? Não acho necessário tirar a única coisa que me faz bem emocionalmente. Mesmo que isso resulte em câncer de pulmão ou coisa pior mais para frente.

— Por quê?

— Prefiro mil vezes que ela pense que a minha ex me traiu ou algo do gênero do que saiba a verdade, de que eu era dependente emocional da Jullie e que ela usava isso para me prender a ela, me manipular — abaixo a cabeça, desconfortável por tocar nesse assunto.

— Você tem feito os exercícios que trabalhamos, para ajudar com esse trauma? — ele pergunta, anotando algumas coisas no velho caderno branco.

— Tenho, mas não estão ajudando muito — finalmente revelo, olhando em seus olhos.

— Sobre a sua insegurança, ela está controlada?

— Às vezes sim, consigo controlá-la fazendo aquilo que fizemos em uma das consultas da época. Sempre que tenho uma recaída nesses quesitos, pego um papel e listo todas as situações que me deixam inseguro e depois tento encontrar soluções para elas.

— E consegue aplicar no dia a dia?

— Na maioria das vezes.

— Isso é um avanço enorme, Jacob! Lidar com a insegurança é um dos pontos fundamentais para se livrar completamente da dependência. Fico muito orgulhoso de você — ele elogia, sorrindo.

— Você acha que eu devo contar para ela?

— Eu acho que você precisa fazer somente o que se sente preparado para fazer.

E com essas últimas palavras escutamos o alarme avisando que a sessão de hoje acabou.

ᚔᚔ

Chego em frente a grandiosa mansão da Courtney, onde nos reunimos algumas vezes quando seus pais vão viajar e ela fica sozinha. Eles são donos de uma grande rede de cosméticos, com várias sedes por todo o Canadá e vivem viajando para ver como estão algumas.

Toco a campainha e espero alguns minutos, lembrando da primeira vez que estive aqui há 3 anos, quando nos conhecemos.

Courtney sempre foi aquela pessoa que eu nunca tive muita afinidade, só nos falamos porque nossos amigos são amigos e para ser sincero? Não faço questão da sua amizade. A garota é confusa e não tem personalidade, além de nunca ter uma opinião própria e sempre dizer coisas para agradar os outros. Parece até um clone mal feito da Evangeline, nem a Lisa consegue ser tão enjoativa e olha que ela é um porre quando quer.

A porta finalmente abre e eu vejo uma mulher vestindo um uniforme ridículo, reviro os olhos e entro, já sabendo onde eles provavelmente estão.

Passo pela enorme sala de estar e caminho em direção a escada, virando à direita e indo até a área externa, a área da piscina, que é revestida por vidro e tem alguns aquecedores. Onde sempre nos reunimos.

As meninas estão com biquínis na piscina, que deixam muito espaço para a imaginação, exceto Lisa, que está sentada com uma roupa larga e olheiras profundas. Meu coração se parte por vê-la assim e não poder ajudar. Merda! Nem terapia os pais querem pagar para a garota, dizendo que é frescura.

— Olha só quem chegou — Zayn anuncia, sorrindo e passando a mão entre seus cabelos.

— Pois é, o caridoso — Evangeline provoca, com seu olhar manipulador.

— Caridoso? — Flynn pergunta, confuso. Sempre o último a saber das coisas.

— Você não sabia? Ele agora está fazendo caridade, beijando coitadinhas — Line explica, com sua risada sarcástica. — Ele beijou a preta fedida.

— Caramba, você não cansa de ser escrota não? — explodo, gritando e me surpreendendo comigo mesmo. — Tudo precisa virar uma bola de neve? Tudo precisa ser uma pauta? Você fez essa merda com a Beatrice, fez essa bosta com a Lisa e até comigo! Pelo amor de Deus, Evangeline, descansa.

Todos ficam em silêncio por um tempo, até que ouvimos passos.

— Caramba, o que eu perdi?

Meu corpo gela, meu coração acelera, minhas mãos tremem e eu tenho certeza de que estou pálido. Não pode ser. Não pode ser. Droga! Eu só posso estar ficando maluco.

Meus amigos olham para a figura atrás de mim, Evangeline sorri debochadamente, pouco se importando com o sermão que recebeu. Courtney também sorri, mas seus olhos estão receosos, clone de merda. Zayn, Flynn e Lisa ficam boquiabertos e me encaram com preocupação.

Fecho os olhos com força e depois viro o meu corpo para a porta, vendo-a parada ali, com seu biquíni verde sexy, contrastando com os fios ruivos naturais. Como a merda de uma sereia. Seus olhos verdes prendem os meus e tudo vem à tona, todas as inseguranças, todos os sentimentos, toda a manipulação.

Preciso de um cigarro!

— Jullie, o que você está fazendo aqui? — Courtney pergunta, saindo da piscina e vestindo o roupão roxo, para receber a maldita amiga.

— Evangeline me convidou e eu vim — ela dá de ombros, sorrindo e se aproximando de nós.

Quando ela passa por mim, sinto seu perfume e isso me traz a droga da nostalgia. Porém, ao contrário do que me trazia antes, agora sinto nojo.

— Boa festinha pra vocês, eu estou dando o fora — aviso, saindo de onde estou sem nem dar ouvidos ao que eles dizem.

Saio da casa com a cabeça a milhões, um turbilhão de emoções me invadindo e o coração batendo forte. Não é fácil quando reencontramos fantasmas do passado. Pego um cigarro e o acendo, ainda em frente a mansão, que já está iluminada graças a escuridão que está começando a nos cercar.

Vejo Lisa saindo da casa também, com as mãos nos bolsos do moletom branco, sua cor favorita. Ela se aproxima de mim e sorri, com o rosto pálido e magro demais, contrastando com os cabelos loiros. Ela precisa de ajuda.

— Quer um cigarro?

— Quero, valeu — ela aceita e eu dou um para ela, que acende e dá uma longa tragada, encostando-se no carro, assim como eu. — Eu não sabia que ela iria aparecer, nem sabia que estava de volta a Toronto. Jurava que ainda estava na Austrália.

— Tudo bem.

Ficamos alguns segundos em silêncio, até que ouço um suspiro pesado e exausto vindo dela.

— Por que nos submetemos a isso, Jacob? Por que ainda andamos com pessoas que nos fazem tão mal? — ela questiona, com os grandes olhos verdes transbordando angústia.

— Porque estamos presos a elas, com grossas correntes e não sabemos como nos livrar disso.

— A última vez que realmente estive feliz foi com 6 anos, porque ainda não tinha conhecido Evangeline — ela desabafa e vejo as lágrimas rolando pelo seu rosto.

— Você precisa de ajuda, Lisa — reforço, abrindo os meus braços e lhe oferecendo um abraço.

Ela me abraça apertado e eu contenho as lágrimas, vê-la nesse estado me machuca tanto, porque eu me lembro dele, do Christian.

— Eu sei, Jacob, eu sei. Acontece que eu já estou corrompida. Coisas repugnantes eu acho normal e a minha mente já está ferrada. Eu só... não aguento mais — ela sussurra e eu a abraço mais apertado ainda. — É tão estranho, sabe? Em um instante me sinto poderosa e confiante, mas no outro...

— Vem, vou te levar para a minha casa e lá vamos marcar um terapeuta pra você, eu pago e te acompanho nas consultas — afasto-me dela e ela não diz nada, só entra no carro, com as lágrimas correndo.

Ligo o motor e acelero, feliz por ninguém além dela ter saído daquela casa. A imagem de Beatrice, Christian, minha mãe e até mesmo minha, me voltam à mente, e uma lágrima solitária cai. Todas as pessoas que eu não consegui salvar.

— Eu vou te salvar, Lisa. Prometo não falhar com você — juro, segurando em sua mão pequena.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro