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6.2

Eu quero você. Sim, eu quero você, e nada chega perto... Mas parece que há oceanos entre eu e você.

- Seafret

— Você fica linda com esse moletom de florzinhas — provoco, analisando-a lentamente quando ela abre a porta.

— E você fica lindo quando está quieto.

Dou risada e Ana abre mais a porta, dando espaço para que eu possa passar. Não consigo evitar observar cada detalhe da sua sala de estar, com uma decoração comum e cheia de portas retratos espalhados por diversos lugares.

A sala é clara, assim como aparentemente todo o restante da casa. Esse ambiente traz uma paz surreal, o que é bem bizarro, para ser sincero.

— Terminou a avaliação, corretor? — ela pergunta, em tom de sarcasmo.

Abro o meu melhor sorriso e não respondo por longos minutos, até que ela franze as sobrancelhas em confusão, de um jeito fofo e cruza os braços.

— Não vai falar nada?

— Estou ficando lindo — debocho — você não disse que eu fico mais bonito quando estou calado?

Sua gargalhada reverbera por todo o cômodo. Sorrio e ela revira os olhos, pedindo para que eu a siga. Saímos da enorme sala, caminhando até um longo corredor, com uma iluminação boa. Não posso deixar de notar o enorme quadro que está em sua parede, próximo da entrada da cozinha.

— Não brinca que é você de terno — comento, impressionado, parando de andar e observando melhor o quadro. Ana morde a bochecha e sorri.

— Se eu te contar a história dessa foto, você nem vai acreditar.

— Ah, vou sim. Estou curioso.

— Conto depois que terminar de preparar o meu café, você gosta?

— Odeio café — confesso e ela ri.

— Um ótimo motivo para não gostar de você. Café é vida — ela se defende.

Me sento em uma das banquetas, dando de ombros e a observando se locomover pela cozinha, como se estivesse dançando.

O sol já está se pondo, então a iluminação está amarelada, o que reflete nela e a deixa ainda mais linda. Caramba, a cada dia que passa ela fica ainda mais bonita.

Ana nem percebe que eu estou a observando atentamente, enquanto está distraída com a cafeteira vermelha. Ela é como uma droga viciante, não consigo parar de olhar e apreciar. Em pensar que cheguei a desconfiar de que ela teria alguma coisa a ver com a morte do Henry, como pude ser tão idiota?

— Bom, eu e a minha mãe nunca nos demos muito bem — ela começa, sem olhar para mim. — Lá para 2016, fazer festas de 15 anos estilo princesa e príncipe virou moda no Brasil. Todas as meninas sonhavam com os seus 15 anos, para vestir os vestidos bufantes e toda essa baboseira.

— E o que isso tem a ver com a foto?

— Susana, minha mãe, sempre foi muito "tradicional" em relação a tudo, mesmo morando em outro continente ainda tinha grande influência sob a minha vida. — Percebo que ela fica desconfortável, mas mesmo assim continua. — Pra ela héteros são superiores a homossexuais, brancos superiores a negros, ricos a pobres e assim vai.

— Ana, se não quiser me contar... — começo, mas ela me interrompe.

— Está tudo bem — Ana garante, servindo uma xícara de café e adicionando alguma coisa branca. — Ela queria que eu tivesse uma festa tradicional. Vestidos bufantes, um príncipe como acompanhante, buffet caríssimo.

— Sua mãe é bem...

— Escrota? Soberba? Arrogante? Ridícula? Preconceituosa? É, eu sei. — Ela dá de ombros e se senta na banqueta ao meu lado. — Quer alguma coisa para comer?

— Não, obrigado.

— Enfim. Sabe como adolescentes são, né? Somos inconsequentes e impulsivos — ela relembra a minha fala no dia da delegacia e eu não posso deixar de sorrir. — Dei uma baita festa, estilo balada. Vesti o terno da foto e ainda convidei Gabi, minha melhor amiga, para fingir ser minha acompanhante só para irritá-la.

Explodo em uma gargalhada, sem acreditar que ela fez isso mesmo. Ana me acompanha, rindo tanto ao ponto de se curvar. Essa garota é demais.

— Não acredito que você fez isso — consigo falar, entre gargalhadas.

— Eu disse que você não acreditaria — ela dá de ombros e sorri.

— E a sua mãe fez o que depois?

— Falou várias merdas, o que eu já estou acostumada — ela conta. — Ela acha que eu sou lésbica até hoje por causa disso.

— É uma situação de merda mesmo — concordo, passando a mão entre os meus cabelos. — Você é?

— Lésbica? — ela pergunta e eu concordo. 

Ana ri e bebe um gole do seu café, fazendo as minhas esperanças descerem pelo ralo. 

— Para sua felicidade, badboy, não. Apesar de que homens complicados e babacas propositalmente não me interessem — ela brinca.

— Isso foi uma indireta? — brinco.

— Se a carapuça serviu...

Nós dois rimos e eu acabo aceitando um copo d'água. Ana e eu conversamos sobre algumas coisas, assim como é quando nos encontramos no penhasco da Summer Escape. Não são encontros diários, mas pelo menos duas vezes na semana nos esbarramos por lá e conversamos sobre assuntos aleatórios.

É incrível como eu me sinto à vontade com ela, é como se eu pudesse ser eu mesmo por algumas horas, sem ser julgado. Depois que tudo aconteceu, poucas coisas me fazem rir, saber que Ana é uma das únicas que consegue isso sem esforços... caramba, isso é demais.

— Ah, meu Deus! Já são 17:00 horas e nem começamos o trabalho — ela observa.

Ana se levanta apressada e caminha até a pia, lavando a sua xícara. Como eu falo, a conversa flui que nem percebemos.

— Se você não dissesse, eu nem teria percebido.

Me levanto e sorrio, vendo que de repente ela muda sua postura, ficando nervosa. Cerro os olhos, querendo saber o que a deixou tão apreensiva de repente e ela desvia o olhar do meu.

— Então — ela pigarreia. — As coisas estão lá em cima, no meu quarto.

Ah! Agora tudo faz sentido. Ela está nervosa por precisarmos fazer o trabalho em seu quarto, até parece que eu faria algo se ela não quisesse.

— Se você quiser nós podemos fazer na sala mesmo.

— É, é melhor. — Ela sorri, abraçando o próprio corpo.

Voltamos para a sala e eu me sento no sofá cor de creme, enquanto ela sobe as escadas em busca dos materiais que vamos precisar.

Pego o meu celular para passar o tempo e vejo algumas mensagens do grupo onde está eu, os garotos e as garotas. Aviso que hoje não vou poder ir na noite de jogos e eles dizem que tudo bem, porque agora que Henry se foi, não faz mais tanto sentido assim.

Vejo que tem algumas mensagens de Courtney, reclamando que Evangeline está cada vez pior e que está cansada dela. Como se eu pudesse fazer alguma coisa para mudar seu jeito ridículo.

Passo a mão no rosto, irritado e nervoso. Olho para a escada e não há nem sinal da Ana. Ótimo.

Meu celular vibra outra vez e eu atendo, revirando os olhos quando ouço a sua voz pegajosa.

— Estou com saudade, vem me ver hoje? — Evangeline pergunta.

— Não posso.

— Jacob, se for pela trend no twitter, foi só uma brincadeirinha — ela se defende e eu solto uma risada sarcástica.

— Line, eu não posso — ressalto com convicção e a ouço bufar.

— Tanto faz. Depois que o Henry morreu você está um porre, nem parece o Jacob que eu conheci.

— O que é normal, não acha? — questiono. — Um dos meus melhores amigos morreu, alguém o matou. O que me estranha é você não estar nem um pouco triste.

— A nossa tristeza não vai trazer ele de volta!

— Nos vemos amanhã.

Encerro a chamada e ouço os passos da escritora descendo as escadas, com alguns livros nas mãos e uma mochila nas costas. Ela sorri e se aproxima, largando tudo em cima da mesa de centro e se sentando no chão, de frente para mim.

— Eu gosto bastante de Shakespeare, sei algumas frases e tudo mais, mas jamais imaginei que o livro "sonetos" fossem centenas de poemas.

— Sério? — pergunto, soltando uma gargalhada surpresa. — A palavra sonetos já diz tudo, vimos isso em literatura no primeiro ano.

— Eu não lembrava, sério — ela afirma, rindo. — Sou muito esquecida.

— Se você se sentir desconfortável com esse, podemos usar Romeu e Julieta, que é um clássico. Acho que seria até mais fácil pra você.

— Não, tudo bem. Podemos usar esse mesmo.

— Ok.

Levanto do sofá e me sento ao seu lado, sentindo o seu perfume doce invadir as minha narinas. Uma vontade imensa de sentir esse cheiro mais de perto me consome, fazendo os pelos dos meus braços arrepiarem. Merda.

— Vamos começar — ela anuncia, abrindo o livro e pegando um caderno para anotar algumas coisas, mal percebendo que eu estou cada vez mais perto.

Ana é viciante. Quanto mais você conversa com ela, mais quer ouvir sua voz. Quanto mais sente seu cheiro, mais quer experimentar seu gosto.

— Tudo bem — concordo e o seu olhar encontra o meu.

Como dois ímãs de polos opostos, eles se atraem. Nossos olhares refletem inúmeras palavras, que não conseguimos dizer. Assim como a atração, que não conseguimos esconder. Desde que a vi na Summer Escape pela primeira vez, senti essa conexão e não acho que fui o único.

Sem me conter, levo uma mão ao seu rosto, o acariciando e a vendo arfar. Hipnotizado pelos seus olhos de jabuticaba, aproximo o meu rosto do seu lentamente, desviando o olhar para os seus lábios rosados.

Ofegante, ela entreabre os lábios, fazendo com que o desejo aumentasse. Olho em seus olhos outra vez, podendo distinguir a íris da pupila, graças a aproximação. Seguro em sua nuca, sentindo-a estremecer e sinto o seu hálito quente.

Encosto a minha boca na sua lentamente, mas o barulho de chaves nos traz de volta à realidade, fazendo com que nos afastemos.

Solto uma risada convencida vendo as suas bochechas avermelhadas e ela revira os olhos, mostrando o dedo do meio.

Notas finais:

Deixarei aqui a foto que Ana comentou, sobre a sua festa de 15 anos. 

beijos 🖤

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