Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

20 | Uma bala dói menos do que uma traição

Sem corpo, sem crime.

- Taylor Swift.

Visitar a brasileira na prisão é ainda mais doloroso do que imaginei que seria. Michelle está ao meu lado, com milhares de roupas para impedir que o frio perverso a alcance e eu estou igual a ela. As temperaturas parecem não subir nunca e o inverno continua a todo vapor. Estamos no fim de fevereiro e só de pensar que falta apenas um mês para toda essa neve nos deixar, sobe um alívio.

— Como acha que ela está?

— Tenho certeza de que tudo, menos bem — falo, entrando no presídio acompanhado por ela.

— Esse lugar deve ser terrível. Pobre Ana — ela lamenta, com a voz repleta de tristeza.

Decidi não fazer nenhum comentário a respeito disso e seguimos até à revista policial, feita por dois policiais, uma mulher para Chelle e um homem para mim. Em seguida fomos conduzidos para uma sala e fiquei surpreso, já que quando Ana foi visitar Lisa se falaram por uma espécie de cabine.

Sentamo-nos nas cadeiras disponíveis, de frente para a cadeira solo onde provavelmente a brasileira se sentará e aguardamos. Michele não conseguiu ficar parada e, sinceramente, nem eu. Ela começou a bater a perna freneticamente no chão, enquanto eu batucava uma melodia dos Beatles na mesa velha de metal.

— Por que ela está demorando tanto? — Resmunguei.

Sons de passos nos deixaram alerta e quando vimos a brasileira vestida pelo macacão laranja com os cachos amarrados e um corte na boca, levantamos imediatamente.

Michelle foi mais rápida que eu, abraçando a brasileira com toda a sua força, aparentemente. Ana abriu um sorriso caloroso para ela, com os olhos brilhando de alívio.

Em seguida foi a minha vez de abraçá-la e quando seu corpo encaixou no meu senti vontade de não soltá-la nunca mais. Ela parecia cabisbaixa, mas mesmo assim colocou um sorriso no rosto, feliz em nos ver. Beijei seus lábios rapidamente devido ao guarda que pigarreou, dizendo que não tínhamos muito tempo.

Ana se sentou na cadeira solo e nos sentamos de frente para ela.

— É tão ruim quanto parece? — Chelle pergunta.

— É suportável, na medida do possível. Tenho certeza de que o sistema carcerário do Brasil é mais precário. — Ela tenta sorrir, mas seus lábios tremem.

— Pelo menos está vestindo sua cor favorita — brinco e ela ri.

— É uma vantagem.

Ela fica em silêncio por um tempo, tentando se recuperar de algo e mordo a língua para não perguntar quem machucou seu lábio inferior.

— É ótimo ver vocês, mas acho que não viriam até aqui se não tivessem novidades.

Direto ao ponto, como sempre. Esta é a Ana que conheci. Michelle e eu sorrimos em simultâneo.

— Sentimos sua falta — Michelle diz. — Mas realmente aconteceu uma coisa.

— Então digam logo, porque já estou pirando. Os advogados disseram que não há muita coisa a fazer, já que as minhas digitais estavam na arma responsável por balear Tom e logo em seguida ele sumiu. A única coisa que me salvaria desse inferno seria ele aparecer e dizer o que realmente aconteceu.

Eu e Michelle trocamos um olhar cúmplice e Ana percebeu, já que franziu a testa e mordeu a bochecha da forma como faz quando fica confusa.

— O que foi? Não vão me dizer que Tom...

— Ele não apareceu, mas há uma grande possibilidade de estar vivo e aparecer por aí a qualquer momento. Você estava certa, Ana. Flynn é o verdadeiro vilão disso tudo.

A brasileira arregalou os olhos, encostando-se na cadeira de metal, que rangeu.

— Então Lisa estava falando a verdade.

Michelle confirma com a cabeça, umedecendo os lábios.

— Flynn confessou tudo para Jacob. Ele foi até a casa dele de tarde e caiu na nossa armadilha, quero dizer, em partes.

Concordo e começo a contar para a garota tudo o que aconteceu hoje a tarde. A cada revelação e descrição, mais raiva ela parece sentir, assim como mágoa também. Quando termino de narrar os acontecimentos, ela respira fundo, enterrando o rosto entre as mãos.

— Eu disse para o Tom tomar cuidado porque o amor poderia o levar à ruína, mas nunca imaginei que fosse dessa forma.

— E realmente o levou — Chelle concorda.

— Ele estava tão feliz e apaixonado. Imagino como deve ter se sentido ao descobrir, principalmente se realmente estiver... Morto — ela sussurra.

— Costumo pensar que sem corpo, sem crime. Se não encontraram o corpo dele é porque está vivo.

Ana vira o olhar para mim, pensativa, até que algo se ilumina em seu olhar tristonho.

— E se jogaram o corpo no mar? Nunca o encontrariam dessa forma.

— Só depois de dias, até porque o oceano o levaria à algum lugar — opino.

— Mas de qualquer forma seria impossível sobreviver à queda daquele penhasco. As pedras lá embaixo, a água congelante — Chelle diz, estremecendo.

— Não acho que ele esteja morto. É do Tom que estamos falando.

— Sherlock também era um gênio e morreu — Ana reflete, com a voz embargada.

— Sherlock Holmes é um personagem fictício, Ana. Tom é real, uma pessoa de verdade.

— Que se parece com um detetive dos livros da Agatha Christie — completa Michelle.

Ana concorda com ela, e eu suspiro.

— Cinco minutos — o guarda avisa.

— Tomem cuidado com o Flynn, ele é mais perigoso do que pensávamos. Tentem avisar a Lisa também, ela merece saber que agora sabemos toda a verdade.

— Vamos tirar você daí, Ana — prometo, encarando seus olhos castanhos, que estão sem brilho agora.

Ana solta um suspiro exasperado, como se soubesse que nada do que pudéssemos fazer a livraria da prisão, não sem Tom estar vivo.

— Seria homicídio doloso ou culposo caso encontrassem o corpo dele? — Michelle pergunta, receosa com a possível resposta.

— O júri consideraria a hipótese do doloso, mas os advogados tentariam reverter para culposo, assim ela pegaria menos anos de cadeia, saindo até mais cedo caso tivesse um bom comportamento — respondo, lembrando-me das coisas que meu pai explicava para Chris e eu antes de toda a merda acontecer.

Ana concorda com a cabeça, levantando-se.

— Um minuto!

Levanto-me também. Michelle a abraça em uma despedida, sussurrando algo para a brasileira que não consigo ouvir. Depois é a minha vez e eu a aperto tanto quanto sei que ela pode suportar. Senti tanto a falta do seu calor, do seu cheiro, sua voz, seu olhar. Beijo-a outra vez, tocando seu lábio machucado e ela nota.

— Digamos que as detentas não ficaram muito felizes com a minha presença — ela brinca, mas percebo o medo em seus olhos.

— Vou tirar você daí, Ana.

Ela toca meu rosto, encarando meus olhos e vejo tudo o que ela quer me dizer implantado neles, fazendo meu coração dar cambalhotas. Acho que estou pronto, tenho quase certeza. Então, olhando no fundo daqueles olhos brilhantes, finalmente confesso, quebrando inúmeras barreiras:

— Eu te amo.

Ela fica sem reação por alguns minutos e seus olhos se arregalam, enchendo de água.

A brasileira sorri, beijando-me de verdade agora, sem se importar com o guarda dizendo que nosso tempo acabou. Beijo-a de volta com todo o amor que sinto por essa ladra de corações.

— Vamos, McRae, ou teremos problemas — o guarda manda.

Ana confirma com a cabeça, sem tirar os olhos de mim.

— Estou muito orgulhosa por você ter conseguido dizer isso e saiba que também amo você.

Depois de dizer isso, ela se vai e Michelle puxa meu braço para irmos embora.

Quando chegamos do lado de fora da penitenciária, ela me encara com um sorriso no rosto, que me mostrou que ela ouviu tudo. Reviro os olhos e sorrio também.

ᚔᚔ

A chuva torrencial está derretendo a neve gradualmente. A ventania gélida e furiosa invade as altas janelas, mesmo estando fechadas. Michelle ainda está na minha casa, sentada na poltrona, com uma xícara de chocolate quente em mãos e enrolada em um cobertor.

Quando retornamos da visita para Ana, a chuva nos atingiu em cheio e os alertas nos jornais começaram, dizendo que não era para sairmos de casa, já que as pistas estavam extremamente escorregadias graças ao gelo derretido.

Assim que chegamos, fui checar se minha mãe estava bem e ela continua a mesma, sem nenhum sinal aparente de melhora ou piora, apenas naquela enorme e vazia cama, esperando a morte levá-la daqui. Saí do quarto, com o coração partido o suficiente para continuar vendo sua agonia e desci até a sala outra vez.

Sentei-me no sofá ao lado da poltrona, vendo que Chelle estava assistindo algum seriado idiota. Parece até uma criança.

Com um prato de batatas fritas em meu colo e uma caneca de chocolate quente na mesinha à frente, reflito.

Não consigo tirar da cabeça o que consegui dizer para Ana. Quebrei uma das principais barreiras construídas durante o relacionamento abusivo ao qual me sujeitei tantos anos antes, destruindo a insegurança pouco a pouco. Miller, meu terapeuta, ficará orgulhoso na nossa próxima sessão.

O soar da campainha chama minha atenção, assim como a de Michelle, que fica imóvel. Ela desliga a televisão rapidamente quando a campainha toca por mais três vezes consecutivas.

— Será que Flynn voltou decidido a... — Ela faz o sinal de alguém cortando seu pescoço e eu trinco o maxilar.

— Realmente espero que não seja isso, mas por precaução, vou pegar duas facas na cozinha e você se esconde atrás do sofá. Qualquer coisa o atacamos de surpresa, combinado?

A baixinha concorda com a cabeça e corro até à cozinha, pegando a faca e aproveitando que dispensei todos os empregados antes de ir até à cadeia.

Volto para a sala e entrego um dos objetos cortantes para ela, que levanta o polegar, indo para trás do sofá. Aproximo-me da porta, com a faca atrás do meu corpo, preparando-me para seja lá o que for que encontrarei atrás dessa porta nessa tempestade.

Abro-a de uma vez, ficando paralisado e deixando o objeto cair da minha mão. Michelle parece se assustar e para ao meu lado, também estática. Acho que os últimos acontecimentos mexeram demais com nosso cérebro.

— Vão logo, saiam da frente e me deixem entrar. Estou congelando aqui fora, inferno — Tom ordena, passando por nós, esfregando os braços molhados.

Olho para Michelle, que me encara de volta, como se estivéssemos vendo um fantasma. Fecho a porta e ela vira para o amigo — que na cabeça de muitos estava morto ou flutuando em algum lugar do atlântico.

— É você mesmo? — Chelle pergunta, ainda incrédula.

— Não. Saí direto de um filme de terror, o que eu até cogitaria ser realmente verdade com a forma como estão me olhando. — Ele faz uma careta.

Tom começa a tirar as roupas molhadas, enrolando-se no cobertor depois e não deixo de ver o curativo em seu peito. Meu Deus!

— Ah! Tom.

Michelle corre até o amigo, com lágrimas nos olhos, abraçando-a até o deixar aparentemente sem ar.

— Pensei que você estava morto, droga! — Ela grita com ele, abraçando-o outra vez, que retribui.

— É, eu quase morri mesmo, se não fosse pela ajuda de Lisa.

— Lisa? — Finalmente encontro a minha voz após me recuperar do choque.

— Lisa me ajudou a escapar e achamos mais prudente acreditar que morri, até me recuperar e fazer o desgraçado do Flynn pagar por tudo o que fez.

Encaro-o, confuso, mas feliz ao mesmo tempo.

— Você foi baleado no peito, não foi? Vi o curativo.

No automático seu olhar desce até o peito coberto e ele concorda com a cabeça.

— Dizem que uma bala dói menos do que uma traição e, no meu caso, isso realmente é verdade — ele debocha.

— Não estou conseguindo acompanhar suas incógnitas, Tom — Chelle revela.

— Vou contar tudo o que aconteceu naquela noite, desde a minha ida a casa da família da Louise, até a minha morte hipotética — ele revela e me encara. — Antes disso, tem como me arrumar roupas quentes, um chuveiro e uma bebida pelando? Acho que vou congelar.

Dou risada e me aproximo dele, abraçando-o e dando tapinhas em suas costas.

— Senti sua falta, cara.

— Eu também, Campbell. Agora vá logo para que eu possa começar minha história. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro