Capítulo 3 - Parte I
O despertador de Peter o acordou cedo ao som de I Like Me Better de Lauv. Ele saiu da cama relutante, porém, ciente de que Murs iria estrangulá-lo se não tivesse pronto no horário. O sol estava radiante quando Peter abriu a cortina de sua janela. A luz invadiu o ambiente, fazendo seus olhos estremecerem com a claridade.
Ele quase desistiu ao ver que Sue e Oscar dormiam aninhados com seu lençol. Sue era a gata mais antiga da casa, datada da época do high school de Peter. Tinha um pelo todo malhado e odiava quando seu querido dono precisava sair. Oscar havia acabado de chegar. Tinha um pelo branco e uma cara de malvado que o fazia parecer vilão de filmes de animais, porém, ele era bem mais carinhoso do que Sue. Os dois gatos ficavam no quarto de Charlotte quando Peter viajava, mas não trocavam a cama quente e o carinho do seu amado por nada. Adotados pelo ator, eram bastante mimados por todos da casa, mesmo com a breve relutância de Lena com os felinos, visto sua preferência por cães.
Em poucos minutos, ele estava pronto em bermudas jeans caqui e uma camisa de botões com estampa florida. No andar debaixo, Lena fazia um cheiroso café-da-manhã quando o filho juntou-se a ela. Deu um beijo em sua bochecha, além de um "bom dia" carinhoso. Pegou um prato com torradas e ovos mexidos e uma caneca com café que sua mãe havia deixado para ele.
À mesa, estava Langdon que terminara de comer e, agora, folheava o jornal. Ele abaixou o jornal e deu um "bom dia" animado para o filho. Peter sentou, respondendo-o sem ânimo. Acordar cedo era um sacrifício que se tornou rotineiro na vida do jovem ator. Com tantos dias trabalhando em carga horária árdua e desregulada, desejou apenas férias. As gravações iriam no final do mês, o que dava mais quinze longos dias para sonhar com o melhor.
— Cansado, filho? — indagou Langdon, preocupado.
— Vou ficar mais esperto depois que a cafeína chegar no sangue — disse ele, antes de dar uma golada na caneca.
— Bacon, querido? — Lena aproximou-se da mesa com um prato em mãos.
Peter levantou o prato da mesa para que sua mãe pudesse colocar duas fatias de bacon junto aos ovos. A refeição estava tão deliciosa que ele a devorou em minutos. Seu telefone tocou no bolso da calça como um aviso de que Murs havia chegado. Despediu-se de seus pais, pegou sua mochila que havia deixado no sofá e partiu para o encontro de seu fiel e pouco compreensível empresário.
— O que vai fazer mais tarde? — perguntou Jacob Parrish para Peter.
Na pausa de quinze minutos da sessão de fotos no parque, o amigo próximo do ator fez questão de estar presente. Claro, depois de uma hora após o início do ensaio, pois Jacob odiava acordar cedo mais que tudo no mundo. Dirigir 100 km do centro de Los Angeles para ir a um parque natural era outra etapa, porém, ele estava acostumado com o ambiente verde nos festivais de música eletrônica.
— Quê? — disse Peter ao abrir a garrafa e tomar alguns goles.
Os dois estavam debaixo de uma árvore, aproveitando o vento agradável que tocava a colina como se estivesse moldando-a. Peter sentiu os pelos da perna se arrepiarem com o contato da brisa em sua pele, criando uma sensação prazerosa para contrastar o clima quente do mês de junho.
— Achei que você tivesse sido convidado, já que conhece muita gente da Netflix — disse Jacob com um tom de brincadeira que fez Peter fazer uma careta. — De qualquer forma, você precisa ir.
— Do que você está falando, Parrish?
— O open house que vai ter hoje à noite — ele se apoiou na árvore e cruzou os braços. — Ainda não tenho o endereço, mas acredito que seja na cidade.
— Quem vai dar a festa?
— E isso importa? — Jacob deu de ombros. — Vai ter bebida e comida liberado.
Apreensivo, Peter passou a mão pelos cabelos castanhos.
— Não vou entrar de penetra.
— Nem precisa, Tim foi convidado — Jacob fitou o amigo. — Pelo que ele me disse a festa vai ser na casa de um diretor bem conhecido — ele fez uma expressão pensativa. — Acho que é Edward alguma coisa.
Peter suspirou.
— A sessão termina depois das 12 horas — disse, relutante.
— Vai valer a pena — completou Jacob.
— Eu não sei, queria ficar em casa assistindo um filme ou lendo algo.
— Droga, cara! — Resmungou ele. — Você vai descansar quando for velho, antes disso aproveite.
Antes que Peter pudesse responder, alguém da equipe de fotografia veio chamá-lo. Foi sua salvação para não ter que dar uma desculpa consternada para Jacob. Ele sabia que há tempos não se reunia com os amigos e que aquela poderia ser uma boa oportunidade, entretanto, seu lado caseiro era forte. Uma festa estava longe de ser algo interessante para Peter.
Quando Murs deixou Peter em casa eram quase quatro da tarde. A demora ocorreu pelo número de looks que ele teve que usar, além de ter outros atores que também iriam ser fotografados. Como não havia uma ordem por atores e sim por estilo de vestimenta, o jovem ator ficou a manhã toda e parte da tarde ocupado com o trabalho.
Diferente do dia anterior, sua casa estava silenciosa quando ele entrou. Não vendo ninguém, seguiu direto para o seu quarto. Iria relaxar e pegar o roteiro das cenas que iria gravar durante a semana. Como ele era protagonista, havia muitas falas para decorar. O personagem de Peter era complexo e extremamente inteligente, dono de um vocabulário que ele mesmo não dominava. Por isso, teria que ter uma dedicação extra.
O seu quarto estava igual como havia deixado pela manhã. Cama arrumada, toalha estendida na porta e janela aberta. A ventilação do cômodo não era boa, tornando-o uma verdadeira sauna no verão. A ideia de ligar o ar-condicionado surgiu, fazendo Peter aderir para seu conforto. Fechou a janela, ligando, em seguida, o aparelho com o controle que estava no criado mudo.
Na mordomia de sua cama e com o aconchego de seus gatos, Peter pegou o roteiro determinado a avançar em seu trabalho. Uma página de cada vez ao seu ritmo fez com que ele não notasse o tempo passar. A claridade do quarto ia se perdendo conforme anoitecia. Vidrado no texto, apenas cessou ao escutar um som estridente. A música pop instigou Peter a investigar e foi assim que percebeu que vinha do seu novo vizinho.
Tamanha amplitude era a sonância que ele achou que a caixa de som estava do outro lado da parede de seu quarto. O barulho do ar-condicionado perdeu efeito, assim como os demais ruídos que poderiam existir. Diante daquela situação, Peter sabia que não iria conseguir voltar para o roteiro em casa, então, decidiu pegar a chave do carro e dirigir até um lugar mais silencioso, como fazia uma vez ou outra para conseguir privacidade.
Para sua surpresa, quando ele chegou no andar debaixo deparou-se com seus amigos na sala de estar. Arrumados em jeans, camisas e jaquetas, Timothy Lancaster, Hunter Barnett, Allen Morgan e, claro, Jacob trocavam algumas palavras animadas com Langdon e Lena. Mesmo com agendas lotadas, os cinco decidiram ir à festa que Jacob havia falado pela manhã. A presença deles ali não era nada menos do que a garantia de que Peter iria juntar-se a eles.
Tim era empresário musical e amigo de escola de Peter. Estava sempre de boné, barba para fazer e roupas pretas acopladas a um caráter simplório e aventureiro. Já Hunter era ator de série também da franquia Netflix — Projeto 375 —, um verdadeiro galã que conquistava com seu charme e olhos azuis. Enquanto Allen, ou melhor, Allen, fica nos bastidores com a produção cinematográfica de vídeos musicais e filmes. Apaixonado pela natureza, dono de cachos castanhos e um sorriso gentil, ele sim aprovava uma festa como distração.
Francamente, todos eles adoravam uma boa curtição entre amigos.
— Ainda não está pronto? — Jacob encarou Peter ao vê-lo se aproximar.
— Para o quê? — fingiu desconhecer o que o amigo inquiria.
Allen se levantou para cumprimentá-lo com um abraço.
— Há quanto tempo, cara!
— Whoa, Allen! — exclamou Peter, retribuindo o abraço acolhedor. — Quase um mês, né?
— Vocês são tão carentes — brincou Tim. — Eu não o vejo desde o verão.
Peter ficou pensativo.
— Sim, deve ter sido.
— Que horas vocês vão sair meninos? — Perguntou Lena, mudando de assunto.
— Teremos que esperar Peter vestir algo mais atraente — disse Hunter, apoiando as costas no encosto do sofá.
— Ele é a celebridade do momento — declarou Jacob. — Teremos mais chances com as meninas se entrarmos com ele.
Langdon riu, sentado entre Allen e Hunter.
— Faz tanto tempo que vocês não vem aqui — disse Lena. — Fiquem para o jantar e depois vocês vão, uma vez que é aqui do lado.
A última frase deixou Peter surpreso.
— Então, a festa que Jacob estava falando é a do vizinho? — Algo soou preocupante na voz dele.
— Encare as vantagens — disse Hunter, animado. — Você vai poder voltar para casa a pé.
Mais do que isso, Peter não iria conseguir escapar daquele evento na presença de seus amigos em sua casa e com a facilidade de chegar à festa, ele não era nada persuasivo para convencê-los do contrário. O destino parecia não estar ao seu favor. De uma forma ou de outra, não tinha outro jeito, ele iria conhecer seu vizinho naquela noite.
Espero que tenham gostado! Deixe seu voto e comentário para ajudar no feedback, por favor. Próxima sexta, lanço a segunda parte. Confesso que vai valer a pena a espera. Att
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