Capitulo Vinte
Percy Williams:
Quatro meses depois...
Sinto alguém puxar minha coberta. Me viro, puxando-a de volta para me cobrir novamente. A noite passada foi fria, uma frente fria daquelas que faz o corpo desejar o aconchego de cada camada de tecido.
— Papai Percy! — Uma voz infantil me chama, doce e sonolenta. De repente, sinto um puxão mais forte na coberta, seguido pelo som de algo caindo no chão.
Me sento na cama, ainda meio atordoado, e olho ao redor. A coberta caída no chão revela Gina, sentada, com uma expressão de confusão no rosto. Seus cabelos bagunçados e olhos piscando lentamente mostram que ela também está saindo do estado de sonolência. Ontem à noite, Lohan chegou tarde, e antes que eu pudesse sequer respirar, ele e Gina já estavam me abraçando, animados, perguntando pelos bebês. Lembro de como seus pequenos braços me envolveram, trazendo uma sensação de segurança e carinho, apesar do cansaço.
Estavam tão exaustos pelo dia cheio que até eu acabei indo dormir mais cedo do que o habitual, entregando-me ao conforto do silêncio noturno.
— Está tudo bem, Gina? — Pergunto com a voz suave, mas ainda rouca de sono. Ela responde com um gesto familiar, acariciando meu rosto com sua mãozinha quente, como faz todas as manhãs ao acordar. É um ritual nosso, um pequeno momento de carinho que aquece meu coração. Em seguida, Gina se inclina para beijar meu barrigão, agora volumoso, e me dá um abraço apertado, daqueles que fazem o peito transbordar de amor.
— Hora de acordar, papai! — Gina fala com sua vozinha determinada. — Bom dia, Papai Percy. Hoje é o dia da família, lembra? O papai Lohan prometeu que iríamos na sua consulta para saber o sexo do bebê. E depois... — Ela faz uma pausa dramática, seus olhos brilhando de empolgação. — Teremos um dia todinho em família!
Ao ouvir isso, não pude deixar de sorrir. O entusiasmo dela é contagiante, e a expectativa do dia aquece meu peito, dissipando qualquer resquício do frio da madrugada.
Já faz um mês desde que Gina pediu para me chamar de "papai Percy". Quando ela fez o pedido, lembro do quanto meu coração se encheu de alegria. Aceitei sem hesitar, o peito aquecido pelo amor puro que transbordava dela naquele momento.
Mas, mesmo depois de um mês, todas as vezes que ouço aquelas palavras, meu coração ainda se enche da mesma alegria, como se fosse a primeira vez. É uma sensação única, um calor que percorre todo o meu corpo e faz qualquer cansaço ou preocupação desaparecer por alguns segundos. O jeito como ela pronuncia "papai Percy", com sua vozinha doce e os olhos brilhando, me faz sentir que estou exatamente onde deveria estar: com minha família, vivendo esses pequenos momentos que significam tudo.
Cada vez que ela me chama assim, é como se o mundo ao meu redor se acalmasse, e nada mais importasse além do amor que compartilhamos.
— Vamos, papai Percy! — Gina disse com entusiasmo, puxando minha mão enquanto o Nemo, nosso fiel cãozinho, começou a latir, como se estivesse se unindo à sua missão de me fazer levantar da cama.
O som de suas patas no chão, junto com os latidos animados, me fez rir. A expressão determinada de Gina, com as sobrancelhas franzidas e um leve sorriso no rosto, era irresistível. Não havia como resistir ao chamado.
Suspirei, deixando escapar uma risada suave enquanto me levantava, ainda um pouco lento pelo sono que me envolvia. — Tá bom, tá bom, estou indo — respondi, fingindo uma preguiça que ela já conhecia muito bem.
Primeiro, ajudei Gina com sua higiene matinal, ouvindo as risadinhas dela enquanto escovava os dentinhos com cuidado. A cada movimento, sentia a leveza de estar ali para ela, de poder fazer parte desses momentos simples, mas tão preciosos. Depois de garantir que ela estava pronta, era a minha vez de cuidar de mim.
Mas antes de tudo, fui direto para o banho. A água quente tocando minha pele me ajudou a espantar de vez o resto do cansaço. Deixei a água cair sobre mim, despertando meus sentidos e me preparando para o dia que estava por vir. Sabia que seria um dia importante — a consulta para descobrir o sexo do bebê, e depois, o tão aguardado dia em família. O pensamento disso me fez sorrir novamente, enquanto terminava o banho e me preparava para o que, sem dúvida, seria um dia memorável.
Nos últimos meses, minha barriga cresceu consideravelmente, transformando cada movimento em um lembrete constante do pequeno milagre que está por vir. Lohan, por sua vez, tem se tornado cada vez mais carinhoso e protetor. Ele está sempre por perto, atento a cada detalhe, preocupado se estou confortável, se preciso de algo ou se o bebê está bem.
Confesso que, às vezes, seus cuidados excessivos me fazem rir. Ele tenta não demonstrar muito, mas eu sei quando algo o preocupa. O jeito como ele disfarça a ansiedade e me pergunta, de maneira casual, se estou me sentindo bem, me faz soltar risadas espontâneas. Eu sou grato por isso. Grato por ele ser essa rocha ao meu lado, mesmo quando os momentos difíceis surgem e os desconfortos da gravidez aparecem. Saber que ele compartilha dessa jornada tão de perto, que ele sente cada pequena preocupação e emoção comigo, me traz uma sensação de paz indescritível.
E, no meio de tudo, quando solto essa risada despreocupada, ele me olha confuso, mas com um sorriso nos lábios, sem entender por completo o porquê do meu riso, mas feliz por me ver feliz. É nesses momentos que percebo o quanto somos sortudos de termos um ao outro, e de estarmos vivendo isso juntos, com amor, cuidado e muita, muita risada.
Depois do banho e de me arrumar, fui em direção à cozinha e logo me deparei com uma cena que aqueceu meu coração: Lohan estava preparando o café da manhã, cantarolando todo feliz enquanto mexia nas panelas, completamente alheio ao mundo ao seu redor. À mesa, Lydia e Henrique o observavam, ambos com expressões de surpresa, como se não acreditassem no que estavam vendo. Não consegui segurar uma risada ao perceber que ele havia decidido cozinhar, em vez de deixar o cozinheiro cuidar da refeição.
— Ele está bem animado hoje, hein? — comentei, ainda sorrindo enquanto me aproximava da mesa.
— Ele está é ansioso, isso sim! — Lydia respondeu com um sorriso divertido, seus olhos brilhando de malícia. — Está louco para saber o sexo do bebê, assim como a Gina.
Olhei para Lohan, que agora tentava organizar os pratos com uma concentração exagerada. A ansiedade estava estampada em cada gesto dele, e era adorável ver como ele se envolvia completamente em cada detalhe, especialmente quando se tratava do bebê.
— É, dá pra ver — concordei, deixando uma risada escapar de novo.
Enquanto Lohan cantarolava, Lydia olhou para mim e sussurrou, como se ele pudesse ouvir e reclamar: — Acho que ele está tentando descontar a ansiedade em algo produtivo, mas, sinceramente, essa é a terceira vez que ele pergunta se os ovos estão no ponto certo.
Henrique, ainda mais espantado, apenas balançou a cabeça, como se a ideia de Lohan na cozinha fosse algo que jamais tivesse passado por sua cabeça.
Aquele cenário era simplesmente perfeito. Estávamos todos juntos, prestes a vivenciar um dos momentos mais esperados de nossas vidas, e cada pequeno gesto ou risada contribuía para tornar aquele dia ainda mais especial.
Aproximei-me de Lohan, envolvido pelo cheiro delicioso do café da manhã e o clima leve que preenchia a cozinha, e o beijei suavemente nos lábios. Senti-o sorrir contra minha boca antes de me afastar para ajudar Gina com a cadeira, e logo nos sentamos à mesa para comer.
Minha filha parecia radiante, com uma energia contagiante que até fez Lohan rir enquanto entregava um prato de panquecas para ela. Gina mal conseguia conter sua alegria, e seu sorriso era tão grande que parecia que ela iria explodir de felicidade a qualquer momento.
— E essa alegria toda? — Lohan perguntou, virando-se na direção dela, com uma expressão divertida.
— Ansiedade pelo dia da família que prometemos fazer assim que você voltasse da sua viagem de trabalho — respondi, rindo junto com ele, enquanto observava Gina que, entre uma mordida e outra, não parava de olhar para o relógio na parede. Parecia que a cada segundo ela estava contando os minutos para o grande momento.
Ela tentava comer as panquecas, mas sua excitação era tanta que alguns pedaços caíam de volta no prato antes de chegarem à boca, o que me fazia rir toda vez.
— Gina, calma — disse, sorrindo enquanto ajudava-a com as panquecas. — O parque não vai sair do lugar.
Ela assentiu, mas seus olhos brilhavam de tanta empolgação que eu sabia que seria difícil acalmá-la até o momento em que finalmente chegássemos ao parque.
Depois de terminarmos o café, saímos os três de casa, entrando no carro do Lohan, que, como sempre, havia decidido dar uma folga para Afonso. Com tudo pronto, partimos rumo ao parque de diversões, a antecipação crescendo a cada quilômetro.
No caminho, o rádio estava sintonizado em uma estação que tocava músicas infantis, e logo nos pegamos cantando juntos, rindo e nos divertindo. Gina estava no banco de trás, balançando as perninhas e segurando nossas mãos com força, como se aquela conexão fosse a coisa mais importante do mundo.
Finalmente, chegamos à clínica. Desci do carro ao lado de Lohan, e Gina logo correu para ficar entre nós, agarrando nossas mãos novamente, o sorriso dela tão grande que quase não cabia no rosto. Ela estava pronta para o próximo grande momento: descobrir o sexo do bebê. E eu, no fundo, também mal conseguia conter a expectativa, sentindo meu coração bater mais rápido de alegria por compartilhar esse dia tão especial com minha família.
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Entramos na clínica, e o ambiente silencioso nos envolveu enquanto nos aproximávamos da recepção. Gina, segurando firmemente nossas mãos, olhava curiosa ao redor, seus olhos capturando cada detalhe como se estivesse em um lugar novo e fascinante. A recepcionista nos cumprimentou com um sorriso gentil, e após confirmarmos nossa chegada, fomos instruídos a aguardar na sala de espera.
Sentamos em uma das cadeiras confortáveis, e Gina, sempre inquieta, balançava os pés no ar, tentando conter sua ansiedade. Ela olhava de vez em quando para mim e Lohan, como se quisesse garantir que ainda estávamos ali, compartilhando cada segundo daquele momento com ela.
— Vai demorar muito? — Gina perguntou com sua vozinha impaciente, os olhos fixos na porta por onde seríamos chamados.
Lohan, sempre paciente e carinhoso, passou a mão nos cabelos dela, sorrindo. — Não muito, meu amor. Logo seremos chamados, e você vai finalmente descobrir se o bebê será seu irmãozinho ou irmãzinha.
Ela sorriu, mas logo voltou a olhar para o relógio na parede, impaciente. Eu podia sentir a ansiedade dela, refletida em minha própria expectativa. Lohan estava calmo ao meu lado, mas sabia que por dentro ele estava tão ansioso quanto nós dois. O jeito como ele batia levemente o pé no chão e ajeitava o relógio no pulso era uma pista sutil de que ele também mal podia esperar.
A sala estava tranquila, apenas alguns casais ao redor, e o som suave de uma música ambiente tentava acalmar os nervos de todos que esperavam. Eu, no entanto, só conseguia pensar no momento que estava por vir. A alegria de descobrir mais um pedacinho da nossa família.
O tempo parecia se arrastar, mas finalmente, ouvimos nosso nome ser chamado. Gina pulou da cadeira tão rápido que quase nos fez rir alto.
— É a nossa vez, papai Percy! — Ela exclamou, cheia de energia, nos puxando pela mão em direção à sala de exames.
Olhei para Lohan, que sorriu de volta para mim com aquele olhar que compartilhava nossa felicidade mútua. Agora, era hora de descobrir mais um pequeno segredo sobre o bebê que estava prestes a chegar em nossas vidas.
Seguimos Gina, que nos puxava com tanta empolgação que parecia não haver mais nenhum peso no mundo. Minha barriga, agora mais proeminente, era um lembrete constante desse milagre dentro de mim, mas a cada passo em direção à sala de exames, senti um frio na barriga – uma mistura de ansiedade e emoção. Lohan segurou minha mão com firmeza, me passando aquela segurança que sempre me confortava, mas eu sabia que ele também estava em suspense, mesmo que tentasse disfarçar.
Quando entramos na sala de exames, a luz suave e o ambiente acolhedor não fizeram nada para acalmar a aceleração do meu coração. A médica, uma mulher de rosto gentil e expressão tranquila, nos cumprimentou e me convidou a me deitar na maca. Gina, sempre cheia de curiosidade, puxou uma cadeira para ficar ao lado de Lohan, os olhos dela brilhando como se estivesse prestes a testemunhar um grande segredo sendo revelado.
Enquanto a médica preparava o equipamento para o ultrassom, o som do gel sendo espalhado em minha pele fria fez com que eu soltasse uma pequena risada nervosa. O toque era familiar, mas naquele momento, tudo parecia mais intenso, mais real. Eu sabia que Lohan estava ao meu lado, seus dedos acariciando suavemente os meus, mas também sabia que ele estava tão ansioso quanto eu para ouvir o que a médica tinha a dizer.
— Pronto? — A médica perguntou, olhando para mim com um sorriso encorajador.
Eu apenas assenti, incapaz de dizer uma palavra. O som do monitor ligado preencheu a sala, e em seguida, o som mais reconfortante de todos surgiu: o batimento cardíaco do bebê. Aquele som ritmado e perfeito que fez meus olhos se encherem de lágrimas.
Gina apertou a mão de Lohan, e eu podia vê-la se inclinando na cadeira, como se quisesse se aproximar ainda mais da tela. A médica mexeu o aparelho com cuidado, e eu segurei a respiração, esperando pelo momento de revelação.
— Aqui está o seu bebê — ela disse suavemente, apontando para a tela. A imagem granulada que apareceu no monitor fez meu coração disparar ainda mais. E então, ela fez a pausa que parecia durar uma eternidade.
— Vocês estão prontos para saber? — A médica perguntou, com uma leve faísca de diversão nos olhos.
Lohan soltou uma risada curta, nervosa, e Gina praticamente pulou da cadeira. — Sim! — exclamamos todos ao mesmo tempo.
A médica olhou para mim, e foi nesse momento que todo o mundo pareceu desacelerar. Ali estava eu, deitado, com a prova viva de que homens como eu também podem gerar vida. Uma jornada que, por muito tempo, pensei que jamais seria possível, e agora, prestes a descobrir algo tão simples, mas tão monumental.
Ela moveu o aparelho um pouco mais e então, finalmente, disse:
— Parabéns, é uma...
A sala ficou em silêncio. Meu coração batia mais rápido do que o monitor. Eu olhei para Lohan, e vi em seus olhos a mesma expectativa, o mesmo brilho. Segurei a respiração, esperando que o próximo som ou palavra da médica fosse aquele que mudaria o curso do nosso dia para sempre.
Ela sorriu.
— São gêmeos — a médica disse com um sorriso nos lábios.
O mundo ao meu redor pareceu parar por um momento. Minha respiração ficou suspensa, como se meu corpo estivesse processando o que acabara de ouvir. Gêmeos? Não apenas um, mas dois bebês.
Olhei para Lohan, e sua expressão era um reflexo perfeito do que eu sentia — completa surpresa e uma alegria que mal cabia em nós. Ele piscou algumas vezes, processando as palavras da médica, e então soltou uma risada suave, um som que começou tímido e logo cresceu, enchendo a sala. Suas mãos apertaram as minhas com força, e pude ver lágrimas se formando em seus olhos, embora ele tentasse, sem sucesso, disfarçar.
— Gêmeos? — Lohan repetiu, como se precisasse ouvir de novo para acreditar. — Isso é... incrível.
Gina, que até então estava na borda da cadeira, completamente concentrada, soltou um gritinho de alegria, batendo as palmas com empolgação. — Dois bebês?! Eu vou ter dois irmãos?! — Ela quase pulou para cima de mim, sua energia preenchendo o ambiente. O sorriso dela estava tão grande que parecia que ia iluminar a sala inteira.
Senti uma mistura de emoções tão intensas que meu coração parecia não conseguir acompanhar. A sensação de carregar dois bebês, de saber que meu corpo — algo que muitas vezes duvidei — estava criando duas vidas ao mesmo tempo, era surreal. Meus pensamentos giravam entre a excitação e o medo, mas, acima de tudo, havia uma alegria esmagadora. Eu havia sonhado com esse momento, mas jamais imaginei que seria assim.
Lohan se aproximou ainda mais, beijando minha testa, com uma expressão de pura felicidade.
— Você é incrível — sussurrou para mim, os olhos ainda brilhando de emoção. — Dois. Dois pequenos milagres.
Senti as lágrimas começarem a escorrer dos meus olhos, mas não tentei escondê-las. Era felicidade pura, uma felicidade que não se podia conter. Eu olhei para a tela mais uma vez, vendo aquelas pequenas formas que agora sabíamos ser duas, e meu peito se encheu de um amor inexplicável.
A médica, percebendo a nossa emoção, continuou com o exame, enquanto Gina não parava de perguntar quando os bebês iriam nascer e se ela poderia ajudá-los a escolher os nomes. Lohan, ainda sorrindo, respondia pacientemente cada pergunta, mas de vez em quando me olhava com aquela expressão de quem mal acreditava no que estava acontecendo.
Dois. Dois corações batendo dentro de mim, crescendo, se desenvolvendo. Eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma.
Enquanto nos preparávamos para sair da sala, ainda em choque e alegria, Lohan colocou a mão suavemente sobre minha barriga, e com uma voz cheia de amor e carinho, disse:
— Estamos prontos para essa aventura, todos nós.
E, naquele momento, soube que, não importa o que o futuro trouxesse, estaríamos juntos. Agora, mais do que nunca, nossa família estava crescendo — em todos os sentidos.
— Qual é o sexo? — perguntei, com a voz ainda um pouco tremida pela emoção de saber que eram gêmeos.
A médica sorriu suavemente, seus olhos brilhando com a alegria de compartilhar essa notícia tão especial. Ela moveu o aparelho mais uma vez, ajustando a imagem na tela, e depois olhou para mim e Lohan com um sorriso tranquilo.
— Pelo que estou vendo... é uma menina e um menino — ela disse.
No instante em que aquelas palavras deixaram seus lábios, senti como se meu coração tivesse disparado. Uma menina e um menino. Um de cada. O equilíbrio perfeito. Minha mente foi tomada por um turbilhão de pensamentos e sentimentos. Dois bebês, duas vidas que eu carregava dentro de mim, e agora sabíamos quem eram. O mundo ao nosso redor pareceu se iluminar ainda mais, como se tudo fizesse sentido de uma forma mágica.
Lohan soltou um suspiro longo, como se estivesse segurando a respiração o tempo todo. Ele me olhou com uma expressão tão cheia de amor e surpresa que era impossível conter as lágrimas que se formaram novamente em meus olhos. Com uma mão ainda sobre minha barriga, ele se inclinou e beijou-a suavemente, murmurando, quase para si mesmo: — Uma menina e um menino... nossa família está completa.
Gina, por outro lado, soltou um grito de pura alegria. — Eu vou ter um irmãozinho e uma irmãzinha?! — Ela pulou da cadeira, correndo até a maca para ficar mais perto de mim, suas pequenas mãos segurando meu braço. Seus olhos estavam arregalados de emoção, como se ela não conseguisse acreditar na sorte que estava tendo. — Isso é perfeito! Eu vou ser a irmã mais velha deles!
Eu a puxei para mais perto, abraçando-a enquanto Lohan mantinha a mão protetora sobre minha barriga. — Sim, você vai ser a melhor irmã mais velha do mundo, Gina — sussurrei, beijando o topo da sua cabeça. Sentia uma explosão de amor crescendo dentro de mim, um sentimento tão forte que mal conseguia colocá-lo em palavras.
A médica nos deu mais alguns momentos para processar a notícia, observando com um sorriso enquanto nos abraçávamos. Por mais que soubéssemos que a jornada da gravidez estava longe de terminar, aquele momento, saber que tínhamos uma menina e um menino a caminho, nos encheu de uma paz profunda e uma felicidade indescritível.
Enquanto saíamos da clínica, Lohan passou o braço ao redor dos meus ombros, puxando-me para perto. — Mal posso esperar para conhecer nossos filhos — ele disse, a voz suave, mas cheia de promessas. — Uma menina e um menino... parece que ganhamos na loteria da vida.
— Sim, ganhamos — respondi, sorrindo, ainda sentindo o eco das batidas dos dois corações dentro de mim.
E, enquanto Gina falava animadamente sobre todas as brincadeiras que faria com os irmãos, senti que nossa vida estava prestes a mudar de maneira tão incrível que eu mal conseguia esperar para viver cada segundo dessa nova aventura em família.
— Agora que tal irmos ao parquinho? — falei, e Gina quase pulou de alegria, ficando ainda mais animada com a ideia. Quarenta minutos depois, estávamos parados em frente ao parque de diversões. Assim que entramos, Gina já começou a apontar para vários brinquedos diferentes, os olhos brilhando de empolgação.
Enquanto andávamos, passamos por duas senhoras que nos observaram por um instante. Pude ouvir um sussurro entre elas, provavelmente direcionado aos filhos ou netos que as acompanhavam.
— Esses três são uma família linda — comentou uma das senhoras com um sorriso no rosto. — Dá para reconhecer isso de longe, uma família de verdade.
— E ainda estão esperando um bebê, veja como a barriga do rapaz pequeno já está enorme — completou a outra, observando-me com curiosidade. — Olha como a garotinha é fofa e os pais ainda são bonitões!
Olhei para Lohan, que sorria de orelha a orelha, claramente satisfeito com o que ouvira.
— Viu? Até os outros veem como somos lindos, e ainda temos uma filha incrível — disse ele, me puxando pela cintura e me dando um beijo nos lábios. — E em dois meses teremos mais dois lindos filhos.
Sorri entre os beijos, sentindo meu coração transbordar de felicidade.
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Gina, sempre cheia de energia, olhava para todos os brinquedos com os olhos brilhando, parecendo incapaz de decidir o que fazer primeiro.
— Gina, para onde você quer ir primeiro? — perguntei, tentando ajudá-la a escolher.
— Vamos no Grizzly River Run! — ela respondeu animadamente, balançando a cabeça com tanta força que tive medo de que se machucasse.
— Então se preparem para um banho! — Lohan disse com uma risada, enquanto nos dirigíamos ao brinquedo. Havia uma pequena fila, e dez minutos depois, estávamos sentados em um bote redondo, vestindo coletes de segurança.
Quando o bote começou a descer descontroladamente pela corredeira, abracei Gina com força, enquanto Lohan nos segurava firmemente, protegendo-nos do impacto da água. A atração lembrava muito um rafting, e apesar da tensão inicial, nos molhamos bem menos do que esperávamos. O riso contagiante de Gina ecoava pelo ar, e mesmo em dias quentes, a sensação da água fria era um refresco bem-vindo.
Saímos da atração rindo e trocando olhares cúmplices. Nossa próxima parada foi o Radiator Springs Racer, onde Gina e Lohan entraram em um carro rosa, prontos para uma corrida cheia de diversão.
De onde fiquei observando, vi Gina cada vez mais animada a cada curva que o carro fazia. Lohan, por outro lado, estava começando a ficar enjoado, o que me fez rir alto. Cada volta parecia mais rápida que a anterior, e quando eles finalmente terminaram, Gina, claro, queria ir de novo.
— Vamos outra vez! — pediu ela, cheia de energia.
Olhei para Lohan, que ainda estava verde de enjoo, e neguei o pedido dela, rindo.
— Porque não? — Gina perguntou, desapontada.
— Seu pai não vai aguentar, ainda mais se você continuar querendo ser uma Velozes e Furiosos por aí — brinquei, dando um tapinha nas costas de Lohan. Assim que ele saiu correndo para o banheiro, acrescentei: — O estômago dele não é tão forte, querida. Que tal você ir no trenzinho enquanto esperamos ele se recuperar?
Gina pensou por um momento e, com um sorriso, assentiu. — Sim, papai!
Coloquei-a no trenzinho ao lado de uma garotinha que parecia tão animada quanto ela, e o trem começou a andar. Me sentei em um banco à frente, observando as duas se divertirem com os movimentos do trem, enquanto riam e conversavam como se já fossem melhores amigas.
Pouco depois, Lohan voltou, ainda um pouco enjoado, e sentou-se ao meu lado. Ele apoiou a cabeça no meu ombro com uma expressão de cansaço.
— Ela vai ser uma péssima motorista — sussurrou ele, rindo fracamente. — Você viu como ela acelerava em cada curva?
Fiz um carinho suave na cabeça dele, como se estivesse cuidando de um animalzinho ferido. Por algum motivo, imaginei pequenas orelhas de gato saindo da cabeça dele, o que o tornava ainda mais adorável.
— Não fique assim, meu gatinho — sussurrei, sorrindo. Ele me olhou de lado, já acostumado com os apelidos carinhosos que eu usava. — Gina vai ser uma ótima motorista quando crescer. Aquilo era só um brinquedo, e ela ficou empolgada.
Lohan soltou um suspiro cansado. — Como você consegue ser tão positivo? Gina vai ser um desastre no volante.
Eu ri. — Quando eu era mais novo, todos ao meu redor também ficavam assustados com a ideia de eu dirigir. Só porque não gosto de dirigir, não significa que eu não tenho carteira.
Lohan ergueu as sobrancelhas, surpreso. — Você é uma caixinha de surpresas — disse, rindo, enquanto Gina voltava com sua nova amiguinha e os pais dela.
Antes de irmos embora, decidimos aproveitar mais uma atração, prolongando o tempo em família. E, enquanto caminhávamos juntos, com Gina saltitando ao nosso lado, Lohan sorriu para mim, um olhar que dizia tudo: estávamos exatamente onde deveríamos estar, cercados de amor e alegria.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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