Capitulo Trinta e Dois
Percy William Wilson:
Cinco meses depois...
Nestes últimos cinco meses, agora quase no final da gravidez, com nove meses praticamente completos, é difícil acreditar em como o tempo passou de maneira tão curiosa. Ao mesmo tempo que parece ter sido lento, como se cada dia se arrastasse, de repente me vi aqui, na reta final, à espera dos gêmeos. E, claro, nesse período, minha relação com Lohan se tornou ainda mais íntima, ainda que ele seja, às vezes, teimoso como uma pedra quando peço que faça algo por mim.
Sabe o que é mais engraçado? Ele ousa me chamar de louco por causa dos meus desejos durante a gravidez. Não que eu me orgulhe muito em admitir isso, mas confesso que um dia tive uma vontade incontrolável de comer carvão. E não podia ser qualquer carvão, não. Tinha que ser um bem torradinho, daqueles que parecem estalar na boca. Claro que isso veio logo depois do almoço ou jantar, quando eu já estava com a barriga cheia.
Lohan, ao ouvir esse pedido, quase teve um surto. "Carvão? Percy, você está maluco!" ele disse, rindo e incrédulo ao mesmo tempo. Eu não podia culpá-lo — eu mesmo achava aquilo uma loucura.
E se você pensa que o carvão foi o pior, espere até ouvir essa. Uma vez, eu senti o cheiro de um repelente infantil, daqueles suaves, que você mal nota, e, de repente, minha boca se encheu de água como se eu tivesse encontrado o prato mais delicioso do mundo. Tive uma vontade enorme de comer o repelente! Por sorte, minha sanidade ainda estava intacta, e me controlei antes de chegar perto de dar uma lambida no frasco. Claro, Lohan ficou sabendo disso e riu até quase cair da cadeira.
Ah, e o gelo do freezer! Quem diria que algo tão simples poderia ser tão tentador? Eu tinha uma obsessão por pegar aqueles pedacinhos de gelo que se formam nas laterais, principalmente depois de abrir o freezer. Era como se fossem pequenas joias refrescantes. E não para por aí. Eu tinha uma sede incontrolável de água gelada — mas só enquanto eu estava tomando banho. Sim, eu sei, não faz sentido. Mas ali, debaixo do chuveiro, era como se eu nunca tivesse bebido água antes na vida.
Lohan, claro, estava em casa a maior parte do tempo, me ajudando com tudo. Mas quando ele tinha que lidar com meus pedidos de água gelada enquanto eu estava no banho, ele quase enlouquecia. Às vezes, eu chamava ele no meio do banho, e ele aparecia com aquele olhar exasperado, trazendo um copo de água gelada. "Aqui está a sua água debaixo do chuveiro, senhorito desejos estranhos", ele brincava, mas eu sabia que ele faria qualquer coisa para me ver bem.
No fundo, por mais que eu o deixasse maluco com essas vontades malucas da gravidez, o amor e a paciência que ele tem comigo tornaram tudo mais fácil. Mesmo que ele não entenda meus desejos, e às vezes me olhe como se eu fosse um enigma, ele sempre está lá, com um sorriso, uma piada pronta, e, claro, com o copo de água gelada.
Com os gêmeos chegando, sei que essa fase de desejos estranhos vai acabar, mas também sei que Lohan e eu ficaremos mais fortes depois de tudo isso.
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O sol ainda brilhava forte quando vi Dana acelerar daquele jeito, quase me atropelando. Mesmo depois do susto, foi impossível não rir de como as coisas tinham se desenrolado. Agora, com Gina ao meu lado, segurando minha mãozinha, tudo parecia voltar ao normal. As batidas rápidas do meu coração desaceleraram, substituídas por uma onda de ternura ao ouvir aquela voz suave e animada da minha enteada.
— Aonde vamos, Papai Percy? — ela perguntou, seus olhinhos curiosos me encarando.
Olhei para Gina, sorrindo, enquanto o calor do sol iluminava seu rostinho. Ela estava tão animada, tão cheia de energia. O simples fato de estar comigo parecia ser o suficiente para deixá-la radiante, e isso fazia meu coração se aquecer de um jeito que só ela conseguia.
— Bem, pequena cavaleira, temos uma missão importante hoje — respondi, tentando entrar na brincadeira e dar o clima de aventura que ela tanto amava. — Vamos comprar as últimas coisas para o quarto dos bebês. E, claro, vou precisar de sua ajuda para escolher tudo. Afinal, você é a irmã mais velha, não é?
Os olhos de Gina se arregalaram de emoção, e ela apertou minha mão com força, como se estivesse assumindo oficialmente o papel. — Uau, eu vou ajudar a escolher o quarto dos bebês? Isso vai ser tão divertido!
Sorri, deixando que a alegria dela me contagiasse. A verdade é que, com Lohan fora e a gravidez tão avançada, esses pequenos momentos eram ainda mais importantes para mim. A presença de Gina sempre conseguia me acalmar, e, por mais que eu soubesse que Lohan voltaria em breve, a saudade dele e o cansaço da gravidez às vezes me deixavam mais sensível do que o normal.
— Vamos, então! — disse, guiando-a até o carro, onde Afonso, nosso motorista, nos aguardava pacientemente.
Entramos no carro, e eu já podia sentir a empolgação de Gina aumentando a cada segundo. Ela adorava fazer parte dos preparativos para a chegada dos bebês, e eu sabia que hoje seria um daqueles dias que ela guardaria na memória com carinho.
— Papai Percy, eu acho que os bebês vão gostar de coisas coloridas. E você? — ela perguntou, enquanto o carro começava a se mover.
— Acho que você pode estar certa — respondi, sorrindo para ela. — Talvez algo com cores suaves, mas que tenha alguns detalhes coloridos. O que acha de um tema de estrelas? Algo que faça parecer que eles estão dormindo sob o céu estrelado?
Gina ficou pensativa por um momento, mordendo levemente o lábio, o que era adorável. — Estrelas? Isso é tão legal! Eu acho que os bebês vão gostar muito. Podemos colocar estrelas brilhantes no teto? Assim, eles vão ter sonhos felizes.
Eu ri, admirado com a imaginação dela. — Sim, podemos fazer isso. Acho que será perfeito.
A conversa continuou animada enquanto o carro nos levava para a loja. Quando chegamos, Gina praticamente pulou para fora, pronta para mergulhar em nosso "dia de compras". Segurei sua mão novamente, caminhando lado a lado até a entrada.
A loja era enorme, cheia de opções de móveis e decorações para bebês. A atmosfera era leve, com músicas suaves tocando ao fundo, e o cheiro agradável de madeira nova e tecidos macios preenchia o ar. Fiquei imediatamente relaxado, apesar do cansaço que sentia por carregar os gêmeos.
Gina estava encantada com tudo. Seus olhinhos brilhavam a cada novo detalhe que via, desde as pequenas camas aos brinquedos decorativos. Ela parecia estar vivendo uma aventura, cada escolha sendo uma grande missão.
— Papai, olha esse aqui! — ela exclamou, correndo até uma cômoda decorada com pequenos desenhos de estrelas e luas. — Tem até um espacinho para guardar as roupas dos bebês! E é azul, como o céu!
Caminhei até onde ela estava, observando a peça que ela havia escolhido. Sorri, percebendo que Gina tinha um talento natural para decoração. — Acho que essa é uma excelente escolha, cavaleira Gina. Os bebês vão adorar.
Continuamos explorando a loja, escolhendo pequenos detalhes aqui e ali. Gina se certificava de que cada escolha fosse "aprovada" por ela, claro. Ela era a irmã mais velha, afinal de contas, e levava o papel a sério.
Após algumas horas, com todas as escolhas feitas, caminhamos de volta ao carro, cansados, mas com uma sensação boa de missão cumprida. Gina, exausta de tanto correr e decidir, se aconchegou ao meu lado no banco, sua cabecinha encostada no meu ombro.
— Papai Percy, você acha que os bebês vão gostar de mim? — ela perguntou, sua voz suave e sonolenta.
Meu coração se apertou de carinho ao ouvir a preocupação dela. Coloquei o braço ao redor de seus pequenos ombros, apertando-a levemente contra mim.
— Eles vão te amar, Gina. Você já é a melhor irmã do mundo. Tenho certeza de que eles vão adorar estar perto de você.
Ela sorriu suavemente, seus olhos começando a se fechar. — Eu vou cuidar deles e ensinar a brincar... — sua voz foi ficando mais baixa até que ela adormeceu completamente.
Fiquei observando-a por um tempo, sentindo a tranquilidade do momento. Gina era uma parte fundamental da nossa família, e sabia que, com ela ao nosso lado, os gêmeos teriam um lar cheio de amor.
Com o carro em movimento de volta para casa, senti uma leve pontada de saudade de Lohan, mas sabia que ele logo estaria de volta. A casa estaria cheia de vida, amor e uma nova dinâmica com a chegada dos nossos filhos. Estávamos prontos para enfrentar o que viesse, porque, no fundo, nossa família era a coisa mais preciosa do mundo.
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Tudo parecia estar indo perfeitamente bem. Passamos cerca de uma hora e meia escolhendo os novos móveis para o quarto dos bebês. Os que tínhamos comprado meses antes já não serviriam, e a ideia de montar um novo ambiente deixava Gina animada e envolvida em cada detalhe. Os quatro dias úteis para a entrega foram mais rápidos do que eu esperava, e com tudo resolvido na loja, decidi que o próximo passo seria sair para comer algo com Gina e, em seguida, comprar o presente de aniversário de Lohan, que seria no dia seguinte.
Estávamos a caminho de uma loja quando Alejandro, apareceu inesperadamente. Ele nos avistou de longe, e Gina, sempre cheia de energia, acenou para ele com entusiasmo. Ele se aproximou com um sorriso, pronto para cumprimentar a todos.
Mas então, no meio daquela interação descontraída, senti uma dor aguda na barriga. No início, pensei que fosse apenas mais uma das dores comuns da gravidez, mas desta vez, a intensidade não diminuiu. Pelo contrário, parecia aumentar, cada vez mais forte, me tirando o ar por alguns instantes.
Levei a mão à barriga, tentando conter o desconforto, mas meu rosto certamente denunciava o que estava acontecendo. A dor era tão forte que mal consegui manter a compostura.
— Percy? — Alejandro perguntou, preocupado, percebendo que algo estava errado. — Está tudo bem?
Antes que eu pudesse responder, uma nova onda de dor atravessou meu corpo, me fazendo soltar um suspiro sofrido. A mão em minha barriga se apertou instintivamente, e o pânico começou a tomar conta de mim.
— Os bebês... vão nascer — murmurei, tentando manter a calma, mas a tensão era visível. Meu coração disparou, e eu sabia que aquele momento tinha chegado.
Alejandro me olhou em choque, a preocupação clara em seus olhos. Gina, ainda segurando minha mão, olhou para mim, confusa, mas ao mesmo tempo parecia entender o que estava acontecendo.
Afonso, nosso motorista, que estava atento o tempo todo, percebeu imediatamente a gravidade da situação. Ele não precisou de mais nenhuma palavra. Em questão de segundos, pisou no acelerador, e o carro começou a avançar rapidamente pelas ruas, cortando o trânsito com habilidade.
— Vamos para o hospital agora! — Alejandro exclamou, pegando seu celular para ligar para o hospital, enquanto mantinha um olhar preocupado sobre mim.
Gina, sentada ao meu lado, apertou minha mãozinha com força. Seus olhos grandes e assustados, mas ao mesmo tempo, ela parecia tentar ser forte.
— Está tudo bem, Gina — disse com a voz o mais tranquila possível, mesmo com a dor se intensificando. — Papai Percy está bem. Os bebês só estão querendo nascer um pouco mais cedo, mas vamos cuidar disso.
Ela assentiu, apertando minha mão com mais firmeza, como se quisesse me passar força. Meu coração se encheu de ternura, mesmo no meio da dor, ao ver a coragem dela.
O carro corria pelas ruas, e eu sentia cada segundo como uma eternidade. Cada nova onda de dor me fazia respirar mais fundo, tentando manter o controle, mas a ideia de que os gêmeos estavam prestes a chegar tornava a situação ainda mais real.
— Vai dar tudo certo, Percy — Alejandro disse, olhando para mim pelo retrovisor. — Estamos quase lá.
Eu assenti, tentando me concentrar em respirar. Lohan, pensei, ele precisava estar lá. O pensamento de que ele ainda estava no exterior me deixou ainda mais tenso. Mas sabia que, mesmo sem ele, eu estava cercado por pessoas que me amavam e fariam de tudo para que esse momento fosse o mais seguro possível.
O hospital já não estava muito longe, e a tensão dentro do carro aumentava. O destino que tanto esperamos estava prestes a acontecer, e em poucos momentos, eu conheceria os gêmeos que vinham crescendo dentro de mim.
Afonso dirigia com determinação, e em meio à dor, senti um misto de pânico e excitação. O momento estava chegando, e tudo o que eu podia fazer era confiar que tudo daria certo.
— Segure firme, Percy — Alejandro disse, sua voz cheia de urgência, mas com um toque de esperança.
E então, tudo se transformou em uma corrida contra o tempo.
Chegar à clínica foi uma corrida contra o tempo. Assim que as portas do carro se abriram, enfermeiras e médicos me cercaram, colocando-me em uma maca e me levando às pressas para dentro do hospital. A dor era cada vez mais intensa, e eu só conseguia pensar nos bebês que estavam prestes a nascer, e em Lohan, que ainda estava a caminho.
— Alejandro, ligue para o Lohan, por favor — consegui dizer, a voz fraca entre uma contração e outra. — Fique com a Gina, preciso que ela esteja bem.
Ele assentiu rapidamente e passou o recado para Afonso, que ficou na recepção com Gina, enquanto Alejandro me acompanhava. O pânico no meu peito era inegável, mas eu sabia que Alejandro faria tudo para cuidar da nossa pequena enquanto eu trazia os gêmeos ao mundo.
Agora, deitado na cama, o ambiente da sala de parto parecia um borrão. As luzes brancas piscavam de vez em quando, e o som dos instrumentos médicos sendo ajustados parecia distante, abafado pela dor que rasgava meu corpo a cada contração, que agora vinha em intervalos curtos e intensos.
— Senhor Percy, estamos monitorando tudo, os bebês ainda precisam de um pouco mais de tempo, mas logo estarão prontos — disse uma das médicas que se aproximava frequentemente para verificar meu progresso.
A cada visita, a mesma resposta. "Ainda não." A dor era quase insuportável, e a espera fazia com que cada minuto parecesse uma eternidade. Cada nova contração arrancava de mim toda a força que eu tinha, e mesmo assim, parecia que o momento de ver meus bebês ainda estava longe.
Finalmente, após o que pareceu uma vida inteira, a médica entrou com uma expressão mais determinada.
— Está na hora, Percy. A dilatação está completa. Vamos começar o trabalho de parto.
Eu quase soltei uma risada de alívio, embora fosse difícil com a dor. Alejandro, ao meu lado, apertou minha mão e sorriu, tentando me passar toda a confiança possível.
— Senhor, não tenha medo! Você e as crianças ficarão bem. Vou esperar lá fora pelas boas notícias! O senhor Lohan está a caminho — ele disse com calma, mesmo que eu pudesse ver a preocupação nos olhos dele.
— Obrigado... — murmurei, apertando a mão dele com força antes que ele saísse e eu fosse levado para a sala de parto.
As portas se fecharam atrás de nós, e a intensidade do momento caiu sobre mim com um peso enorme. A dor me dominava completamente, e agora eu estava cercado por médicos, luzes e o som constante de passos rápidos, movimentação, e comandos sendo dados por todos os lados.
A médica me deu instruções, sua voz calma em contraste com o caos que eu sentia por dentro.
— Percy, você vai precisar empurrar com toda a sua força. Vamos trazer esses bebês ao mundo, um de cada vez. Eu estou com você.
Fechei os olhos e, com a primeira contração, empurrei com toda a força que me restava. Era como se cada fibra do meu corpo estivesse queimando, cada músculo lutando contra a exaustão. A dor era avassaladora, e a única coisa que me mantinha em pé era a promessa de ouvir o primeiro choro.
— Um pouco mais de força! — gritou a médica. — Os pés já estão saindo, agora o tronco!
Por um momento, me arrependi de ter optado por um parto natural. A dor era insuportável, como se estivesse sendo rasgado por dentro. "Por que escolhi isso?" pensei. Mas logo outra onda de dor me atingiu, e todos os pensamentos se dissiparam.
— Só mais um pouquinho, Percy! — A voz da médica era firme e encorajadora.
Eu empurrei novamente, sentindo cada segundo como uma eternidade, até que, finalmente, o som mais esperado de todos preencheu a sala. Um pequeno choro ecoou, frágil e doce.
— A menina nasceu! — anunciou a médica, sua voz carregada de alegria.
Ela foi rapidamente levada pela enfermeira, mas eu mal tive tempo de processar aquele momento. Antes que pudesse respirar, a médica já estava se preparando para o segundo bebê.
— Vamos lá, Percy. Só mais um. Está quase lá — disse ela, voltando sua atenção para o segundo gêmeo.
Eu já estava exausto, a dor e a fraqueza me dominavam, mas sabia que tinha que continuar. Mais uma contração chegou, e eu empurrei com o que restava de minha força. A sala estava cheia de movimentação e vozes, mas tudo o que eu conseguia focar era em tirar o segundo bebê de dentro de mim.
— Só mais um pouco! — a médica incentivou. — Ele está quase lá, Percy, você consegue!
Com um último esforço desesperado, empurrei com todas as minhas forças, sentindo o cansaço tomar conta de mim. Então, o segundo choro veio. Mais alto, mais forte, preenchendo a sala.
— Ele nasceu! — anunciou a médica com um sorriso. — Bom trabalho, Percy. Você fez um ótimo trabalho.
Deixei meu corpo cair contra a cama, ofegante, o suor escorrendo pelo meu rosto. A exaustão me consumiu, mas a sensação de alívio era esmagadora. Meus bebês estavam aqui, finalmente. Senti as lágrimas brotarem nos meus olhos enquanto a sala começava a se acalmar.
Olhei para o teto, os olhos pesados e o corpo exausto. Tudo parecia um sonho distante, mas a dor se dissipava lentamente, e agora, tudo o que restava era o som suave dos choros dos meus filhos. Fechei os olhos, sentindo a paz tomar conta de mim.
Lohan logo estaria aqui, e nossa família estaria completa.
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Quando acordei, estava deitado na cama, e a primeira coisa que vi foi Lohan dormindo na cadeira ao lado, ainda usando seu terno impecável. Ele parecia tão tranquilo, com os cabelos ligeiramente bagunçados, mas ainda emanava aquela aura de nobreza que sempre me impressionava. Enquanto o observava, senti meu coração aquecer. Como se sentisse que estava sendo observado, ele abriu os olhos lentamente e me encarou com um sorriso suave.
— Dormi... por quanto tempo? — perguntei, tentando me lembrar da última vez que tinha fechado os olhos. — Acho que atrapalhei seu trabalho.
Ele se espreguiçou levemente e respondeu com um tom relaxado. — Você dormiu parte da manhã e o finzinho da tarde. Nossa família já veio ver os bebês no berçário, mas ninguém entrou no quarto para deixar você descansar. Seu pai já está a caminho da cidade para conhecer os netos.
Eu sabia que minha família não iria aguentar por muito tempo antes de querer conhecer os novos membros. Eles estavam todos ansiosos para ver os gêmeos, Rochelle e Kai. Lohan, percebendo meus pensamentos, sorriu.
— Você não me atrapalhou em nada — ele continuou. — Assim que chegaram ao hospital, Alejandro me contatou imediatamente. Deixei tudo de lado e corri para cá. Fiquei esperando impacientemente do lado de fora da sala de parto, querendo saber como você e os bebês estavam. Fui ao berçário ver a Rochelle rapidamente, mas passei a maior parte do tempo andando de um lado para o outro, desesperado para saber notícias.
Eu podia imaginar Lohan fazendo exatamente isso, e meu coração acelerou ao pensar no quanto ele se importava. O amor que sentia por esse homem era profundo, e cada dia ao lado dele só me fazia perceber isso ainda mais.
— Como eles são? — perguntei, sem conseguir conter a curiosidade. — Como é a Rochelle? E o Kai? Quero saber cada pequeno detalhe deles.
Antes que ele pudesse responder, bateram na porta. Lohan foi até lá e abriu, revelando duas enfermeiras que carregavam dois pequenos embrulhos brancos nos braços.
— Tem duas pessoinhas ansiosas para conhecer o papai — disse uma das enfermeiras, aproximando-se de mim com um sorriso gentil. — Conheça a mais velha, Rochelle.
Ela me passou minha filha, e, quando a segurei nos braços, meu coração quase parou. Rochelle tinha a pele clara como a minha, os olhos que me lembravam os meus próprios, e seus cabelinhos ralos eram da mesma cor que os meus quando bebê. O rosto dela era uma réplica de mim quando recém-nascido, o que me fez sorrir. Seus olhinhos curiosos me olhavam, como se ela estivesse me reconhecendo.
Lohan se sentou ao meu lado, segurando Kai, que também era um pequeno milagre. Seus cabelinhos eram mais escuros, e ele ainda estava com os olhinhos fechados, parecendo confortável nos braços de Lohan.
— Como eles são fofinhos — murmurei, sentindo meu coração se encher de amor. — Obrigado por me dar nossos filhos.
Não havia palavras suficientes para explicar a felicidade que transbordava dentro de mim naquele momento. Aqueles dois pequenos seres eram fruto do nosso amor, e tê-los nos meus braços era algo indescritível.
Lohan sorriu, seus olhos brilhando com emoção enquanto me olhava.
— Não, eu que agradeço você, por me mostrar que nosso amor será para sempre. Um amor eterno. Te amarei a cada pôr do sol e a cada nascer do dia. Te amarei de janeiro a janeiro, incluindo feriados e fins de semana. Te amarei nos dias nublados, tanto lá fora quanto dentro da nossa casa. Te amarei nos momentos de alegria, nas pequenas e grandes vitórias, porque você e nossos filhos são tudo para mim.
Minhas lágrimas começaram a cair antes que eu pudesse controlá-las. As palavras de Lohan eram profundas e tocavam cada parte do meu ser. Ele continuou, sem hesitar, sua voz carregada de emoção.
— Te amarei por tudo, apesar de tudo. Te amarei com seus defeitos, suas manias irremediáveis, e até seu jeito difícil. Nem imagina o poder que você tem sobre mim. Te amarei enquanto houver esperança e também na falta dela. Te amo com o coração, a alma e a vida, assim como a família que construímos. A cada hora, dia, mês ou ano, direi aos céus quanto preciso do seu sorriso para que, de algum lugar, essa curva se forme em seus lábios e me faça te amar ainda mais.
Aquelas palavras continuavam tirando lágrimas de mim, mas não de tristeza — eram de puro amor e gratidão. Não havia mais dúvidas de que estávamos construindo uma vida juntos, e que aquele momento, com nossos filhos nos braços, era apenas o começo de tudo.
Quando a enfermeira saiu, ainda emocionada com o que presenciou, voltamos à nossa bolha de amor, concentrados em nossos bebês e um no outro. Sabíamos que Gina, nossa filha mais velha, também faria parte desse momento mágico quando chegasse.
***************
Tive que ficar mais dois dias no hospital, já que nos transferiram para um quarto particular para alguns exames tanto para mim quanto para os gêmeos. Foi um tempo para me recuperar e me acostumar à ideia de que nossa vida estava mudando para algo muito maior e mais bonito.
No dia da alta, Lohan veio nos buscar, e com ele, trouxe Gina, que estava radiante, olhando para os bebês com um brilho nos olhos.
— Eles são tão pequenos! — Gina exclamou, sua voz cheia de admiração.
Eu ri, vendo a curiosidade dela crescer. — Sim, eles são, mas vão crescer rapidamente, assim como você cresceu.
Lohan sorriu, pegando Gina no colo por um momento. — Eles vão crescer e ficar grandes e fortes, como você, pequena.
Olhei para minha família — Lohan, Gina, Rochelle e Kai. Nunca me senti tão completo, tão em paz com tudo ao meu redor. Lohan se aproximou, inclinando-se para me dar um beijo suave, cheio de amor e promessas.
— Vamos para casa — disse, sentindo o calor desse momento. — Vamos para casa com nossa família.
Lohan sorriu, seus olhos brilhando de felicidade enquanto me beijava novamente, e naquele instante, soube que tudo estava certo. Nossa família, nossa vida, tudo o que estávamos construindo juntos, era a melhor sensação do mundo.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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