Capitulo Dezessete
Percy Williams:
Quando dei por mim, meu pai e Michael já estavam se despedindo, prontos para partir em sua viagem. Antes de irem, ambos me deram um abraço apertado, e Gina, sempre sorridente, os retribuiu com seu habitual entusiasmo. Meu pai, com seu jeito protetor, disse algo em voz baixa para Lohan. Foi o suficiente para ver o semblante de Lohan mudar, seus olhos se arregalando por um momento antes de ele endireitar a postura, claramente surpreso e em alerta. Eu não consegui ouvir o que foi dito, mas seja o que for, havia deixado Lohan pensativo.
Assim que a porta se fechou, e eles partiram, o ritmo da vida começou a se normalizar. O fim de semana de visitas e risadas havia terminado, e a segunda-feira chegou, trazendo de volta a rotina que conhecíamos tão bem.
Meu trabalho como analista de planejamento exigia uma atenção precisa aos detalhes, o que eu gostava. Desde cedo, sempre fui alguém que gostava de organização, de planejar e antecipar problemas antes que eles surgissem. Agora, minha função consistia em analisar dados e tendências para otimizar os recursos da empresa, garantindo que as decisões estratégicas fossem tomadas com base em informações sólidas.
A rotina de segunda-feira era sempre movimentada, e hoje não era diferente. Meu trabalho envolvia criar relatórios detalhados, onde eu precisava interpretar grandes quantidades de dados para identificar padrões de desempenho, prever possíveis cenários e sugerir estratégias de melhoria. Eu lidava com projeções de vendas, controle de custos e fazia recomendações sobre onde e como alocar os recursos de forma mais eficiente. Havia uma certa satisfação em ver como o trabalho que eu realizava impactava diretamente as operações e o crescimento da empresa.
Naquela manhã, eu estava imerso em gráficos e tabelas, mergulhado em números que diziam muito mais do que pareciam à primeira vista. Meu foco estava em identificar uma queda de desempenho em uma das áreas de produção, algo que poderia passar despercebido se não fosse analisado cuidadosamente. Ajustar esses detalhes antes que eles se transformassem em um problema maior fazia parte do que eu amava no meu trabalho. Cada análise era como montar um quebra-cabeça complexo, e cada peça que se encaixava me trazia uma sensação de realização.
Além disso, o contato constante com diferentes departamentos, reuniões para discutir as projeções e a troca de ideias com a equipe de operações sempre me mantinham atualizado e desafiado. Eu gostava de pensar que meu papel, mesmo que silencioso, ajudava a empresa a tomar decisões mais inteligentes e a se preparar para o futuro.
À tarde, após finalizar um relatório importante, tirei um momento para relaxar e pensar no que tinha acontecido mais cedo. O que meu pai teria dito a Lohan para deixá-lo tão surpreso? Isso ainda pairava na minha mente, mas, por enquanto, preferi focar nas minhas responsabilidades e no bom andamento do trabalho.
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Meu celular começou a tocar incessantemente sobre a mesa. Quando olhei para a tela, vi o nome de Dana brilhando, o que me fez sorrir. Atendi rapidamente.
— Oi, Dana. A que devo essa ligação? — perguntei, já esperando alguma novidade ou provocação da parte dela.
— Nada demais, só queria conversar um pouquinho — começou ela, com aquele tom leve e despreocupado. — Ah, e te avisar que acabei de sair com a Gina da aula de karatê.
Olhei para o calendário no meu computador e lembrei que era um dos dias de aula de karatê dela. — E como ela foi hoje? — perguntei, curioso.
— Ah, Percy, ela é uma verdadeira lutadora! Para uma garotinha de seis anos, a Gina é incrível. A energia dela é algo fora do normal — disse Dana, e eu podia ouvir o orgulho em sua voz.
Eu sorri. — Ela realmente é ótima. Eu fico impressionado com o quanto ela é determinada.
Enquanto falava, uma onda de sentimentos tomou conta de mim. Embora já estivesse morando com Lohan e nos acertando cada vez mais como uma família, ainda era um pouco estranho me imaginar como o padrasto de Gina. Não que eu não a amasse — na verdade, eu estava cada vez mais encantado com a personalidade dela —, mas era um papel que, para mim, ainda parecia novo e cheio de nuances que eu estava aprendendo a lidar. Ela me via com carinho, e eu tentava ser uma presença constante e positiva na vida dela, mas às vezes o peso da responsabilidade e a incerteza sobre como agir me pegavam de surpresa.
— Sabe, Percy — Dana interrompeu meus pensamentos, com um tom mais sério desta vez —, você está fazendo um trabalho incrível com ela. Não precisa se preocupar tanto. É normal se sentir estranho no começo, mas a Gina te adora, e está claro que vocês dois estão se conectando de uma maneira linda.
Eu respirei fundo, absorvendo o que ela disse. Era reconfortante ouvir aquilo de alguém que conhecia Gina tão bem e sabia como era a dinâmica familiar que estávamos construindo.
— Obrigado, Dana. Às vezes eu fico me perguntando se estou fazendo tudo certo — admiti, rindo um pouco nervoso.
— Percy, ninguém tem um manual para isso. O importante é que você está presente, e Gina sente isso. Não se preocupe em ser perfeito — respondeu ela com aquele jeito direto e tranquilizador que sempre teve.
Fiquei em silêncio por um momento, pensando no que ela disse. Eu realmente estava fazendo o meu melhor, tentando ser o suporte que Lohan e Gina precisavam, mas às vezes o papel de padrasto parecia algo que eu ainda estava tentando entender completamente.
— Você tem razão, Dana. Estou tentando fazer o melhor que posso. Mas acho que ouvir isso ajuda — falei, sorrindo para mim mesmo, sentindo um pouco mais de tranquilidade.
— E vai continuar ajudando — respondeu ela, com um tom de brincadeira voltando à sua voz. — Agora, vai logo buscar a Gina. Vou passar na sua casa mais tarde para dar uma fofocada sobre o dia.
Eu ri e concordei.
— Certo, já estou indo.
Desliguei o telefone com um sorriso, sabendo que, apesar das inseguranças que eu ainda carregava, estava no caminho certo. Talvez ser padrasto fosse uma jornada de aprendizado constante, mas eu estava mais do que disposto a seguir cada passo dessa nova fase da minha vida.
Voltei a focar nos meus afazeres, finalizando os últimos relatórios e revisando alguns detalhes antes de encerrar o dia. O trabalho sempre me envolvia de tal forma que as horas pareciam passar voando. Quando finalmente deu meu horário de saída, arrumei minhas coisas e desliguei o computador, pronto para ir buscar a Gina.
Ao descer para a entrada do prédio, Afonso já estava me esperando ao lado do carro, sempre pontual. Cumprimentei-o com um aceno e um sorriso.
— Boa tarde, Afonso. O Alejandro mencionou algo sobre o Lohan hoje? — perguntei, curioso para saber se Lohan estaria em casa no horário habitual ou se o trabalho o reteria na empresa.
Afonso fez uma pausa antes de responder, inclinando-se um pouco em minha direção para falar mais baixo. — Parece que eles podem precisar ficar até mais tarde na empresa hoje — disse ele, com aquele tom profissional que sempre mantinha, mesmo em assuntos pessoais.
Senti uma pontada de frustração, mas nada fora do esperado. Sabia que o trabalho de Lohan como diretor na empresa muitas vezes exigia mais horas do que o previsto, especialmente quando envolvia grandes decisões. Alejandro, o braço direito de Lohan, costumava avisar Afonso dessas mudanças de agenda, e pelo jeito, hoje seria um desses dias longos.
— Entendi, obrigado por me avisar — respondi, sem conseguir esconder completamente o desapontamento. Estava esperando poder passar um tempo com Lohan e Gina juntos hoje à noite, mas sabia que isso era parte do pacote.
Afonso abriu a porta do carro para mim, e eu entrei, já organizando meus pensamentos sobre como seria o resto do dia.
— Vamos buscar a Gina na aula de karatê, então — disse, enquanto ele dava partida no carro.
Enquanto o carro se movia pelas ruas da cidade, pensei em como, mesmo com o equilíbrio difícil entre o trabalho de Lohan e nossa vida familiar, estávamos encontrando nosso ritmo. Claro, haviam dias como esse, em que ele precisava trabalhar até mais tarde, mas sabia que ele sempre fazia o possível para compensar o tempo perdido com Gina e comigo.
A tarde estava bonita, e enquanto olhava pela janela, minha mente voltou à ligação com Dana. Talvez o conselho dela fosse o que eu precisava lembrar hoje. Não se tratava de perfeição ou de sempre termos tudo sob controle; era sobre estar presente quando possível, de construir nossa vida juntos, um dia de cada vez.
O carro finalmente parou em frente à academia de karatê, e logo vi Gina saindo pela porta, sua mochila pendurada em um dos ombros, e aquele sorriso enorme no rosto ao me ver. Ela acenou entusiasmada, e de repente, o cansaço do dia sumiu.
— Tio Percy! — ela gritou, correndo até mim.
Eu a abracei forte, sentindo a alegria simples e pura que ela trazia para a minha vida. Era nesses momentos que tudo parecia se encaixar, e percebi que, mesmo com a ausência temporária de Lohan, ainda estávamos juntos, de alguma forma, construindo nosso pequeno pedaço de felicidade.
Enquanto eu abraçava Gina, sentia aquela leveza que só ela sabia trazer. A pureza e a energia contagiante dela pareciam dissolver qualquer vestígio de cansaço ou preocupação que eu carregava até aquele momento. Ela se afastou só o suficiente para me olhar nos olhos, ainda sorrindo.
— Como foi a aula de karatê, campeã? — perguntei, com um sorriso de orgulho.
— Foi incrível, Tio Percy!! — respondeu Gina, empolgada. — Hoje aprendi um golpe novo! O sensei disse que eu fui muito bem!
Eu sorri, sempre impressionado com a determinação dela, e baguncei de leve seu cabelo, que ainda estava preso em um rabo de cavalo.
— Isso é ótimo, Gina! Não tenho dúvidas de que você arrasou.
Ela riu e, segurando minha mão, começamos a caminhar em direção ao carro, com Afonso esperando pacientemente para nos levar de volta para casa. Enquanto andávamos, ela começou a contar cada detalhe da aula, falando sobre como seus colegas de turma também estavam aprendendo novos movimentos e o quanto estava se divertindo.
Entramos no carro, e Gina, ainda animada, continuou conversando sem parar. Era impossível não ser contagiado pela alegria dela. O trajeto de volta para casa foi preenchido pelas histórias dela, e eu apenas a ouvia, sorrindo e ocasionalmente comentando para incentivá-la a continuar. Era nesses momentos que eu realmente sentia o quanto a vida ao lado de Lohan e Gina estava se transformando em algo bonito e completo.
Quando chegamos em casa, Afonso abriu a porta para nós, e entramos na casa, sendo recebidos pelo silêncio que indicava que Lohan ainda estava no trabalho. Gina correu direto para o quarto dela, provavelmente para trocar de roupa e pegar seus brinquedos, enquanto eu fui até a cozinha, procurando algo leve para preparar para o jantar.
Enquanto eu cortava alguns legumes, minha mente ainda estava parcialmente em Lohan. Sabia que ele devia estar sobrecarregado no trabalho, mas mesmo assim, me peguei esperando que ele conseguisse voltar para casa em tempo de jantarmos juntos. Era algo que víamos como um pequeno refúgio, um momento em que podíamos desligar do mundo exterior e apenas curtir a presença um do outro e de Gina.
Pouco tempo depois, Gina apareceu na cozinha, já vestida com seu pijama de unicórnio favorito, carregando seu bichinho de pelúcia. Ela puxou uma cadeira e se sentou, balançando as pernas enquanto observava o que eu fazia.
— O papai vai chegar a tempo de jantar com a gente? — ela perguntou, e eu pude sentir o pequeno traço de decepção em sua voz.
Suspirei internamente, tentando manter o tom leve.
— Ele vai tentar, querida. O trabalho dele está bem ocupado hoje, mas tenho certeza de que ele quer muito jantar com a gente.
Gina assentiu, embora eu soubesse que, assim como eu, ela sentia falta de Lohan. Esses momentos em que ele tinha que ficar até mais tarde na empresa eram sempre difíceis, especialmente porque Gina ainda estava se acostumando com a ideia de nós três como uma família.
Resolvi fazer algo especial para ela, para compensar.
— Que tal fazermos uma sobremesa juntos? Pode ser o nosso segredo até o papai chegar — sugeri, piscando para ela.
Os olhos de Gina brilharam.
— Sim! Podemos fazer aquele bolo de chocolate que eu adoro?
— Combinado! — respondi, rindo.
Enquanto começávamos a preparar a sobremesa, eu me peguei pensando no quanto esses pequenos momentos com Gina estavam se tornando importantes para mim. Embora a dinâmica de ser padrasto ainda fosse algo que eu estava descobrindo, dias como hoje me mostravam que, no final, tudo se resumia a estar presente, a criar memórias juntos.
O tempo passou rapidamente enquanto mexíamos a massa do bolo, rindo das pequenas bagunças que Gina fazia na cozinha. Quando o bolo finalmente foi para o forno, eu me sentei com ela à mesa, esperando que Lohan chegasse a qualquer momento.
Foi nesse instante, como se o universo estivesse ouvindo nossos pensamentos, que ouvimos o barulho da porta se abrindo. Gina saltou da cadeira, correndo para a entrada com um sorriso enorme no rosto.
— Papai! — ela gritou, correndo para os braços de Lohan, que acabava de chegar, visivelmente cansado, mas com um sorriso no rosto ao ver a pequena figura se jogando em seus braços.
— Ei, princesa — ele disse, a voz cheia de carinho. — Eu prometi que chegaria a tempo, não prometi?
Eu os observei de longe, sentindo aquele calor familiar no peito. Lohan me olhou por cima do ombro, e por um segundo, nossos olhares se encontraram. Havia cansaço nos olhos dele, mas também uma calma que me dizia que, apesar do dia agitado, estar em casa com Gina e comigo era exatamente o que ele precisava.
— E você — Lohan disse, caminhando até mim com Gina ainda nos braços —, fez alguma surpresa que eu estou sentindo o cheiro daqui, não fez?
Eu ri, apontando para o forno.
— Só um pequeno bolo de chocolate para adoçar a noite.
Lohan me deu um beijo suave, o toque rápido, mas cheio de carinho, e suspirou, como se finalmente pudesse relaxar.
— Isso é exatamente o que eu precisava.
O beijo de Lohan, mesmo que breve, transmitiu uma sensação de paz, como se o caos do dia tivesse se dissipado ao cruzar a porta de casa. Gina, ainda aninhada nos braços dele, estava cheia de energia e logo começou a falar animadamente sobre o que fizemos durante o dia, incluindo nossa aventura na cozinha.
— Papai, fizemos um bolo de chocolate! — ela anunciou, com os olhos brilhando de entusiasmo. — E eu ajudei bastante!
Lohan riu, acariciando os cabelos dela. — Isso eu preciso ver — disse ele, olhando para mim com um sorriso cúmplice. — Pelo cheiro, já sei que está uma delícia.
O bolo ainda estava no forno, mas não demoraria muito para ficar pronto. Enquanto esperávamos, eu arrumei a mesa para o jantar, e Lohan se sentou com Gina no colo, ouvindo atentamente enquanto ela contava sobre sua aula de karatê e as outras pequenas aventuras do dia. Havia algo profundamente reconfortante em vê-los assim — a leveza no jeito que Lohan olhava para a filha e a maneira como Gina, com toda sua energia, preenchia o espaço ao nosso redor.
Finalmente, o timer do forno tocou. Retirei o bolo, o aroma doce preenchendo a cozinha. Coloquei-o sobre a bancada para esfriar um pouco antes de servirmos, e, enquanto isso, servi o jantar simples que preparei mais cedo.
Todos nós nos sentamos à mesa, e pela primeira vez naquele dia, senti a completa sensação de calmaria. Lohan me olhou com um sorriso de gratidão.
— Obrigado por tudo, Percy — ele disse suavemente, enquanto Gina, concentrada em sua comida, não parecia ouvir. — Não sei o que faria sem você aqui para manter tudo equilibrado.
Meu coração aqueceu com suas palavras, e eu apenas sorri, colocando minha mão sobre a dele por um breve momento. — Estamos juntos nisso. Sempre.
Depois do jantar, foi a hora do tão esperado bolo. Gina estava ansiosa, mal conseguindo ficar parada enquanto eu cortava as fatias. Quando todos pegaram suas porções, os olhos dela brilharam ao dar a primeira mordida.
— Está perfeito! — exclamou ela, com a boca cheia, fazendo todos nós rirmos.
Lohan, ao meu lado, provou o bolo e me lançou um olhar de aprovação. — Definitivamente, o toque especial de vocês dois.
Enquanto terminávamos a sobremesa, Gina já começava a bocejar, o longo dia finalmente pesando sobre ela. Lohan a pegou no colo, levando-a para o quarto para colocar na cama. Eu terminei de arrumar a cozinha, ouvindo a voz suave de Lohan vindo do quarto, contando uma história para que Gina adormecesse.
Quando ele finalmente voltou, a casa estava em silêncio, e a noite já tinha caído completamente lá fora. Lohan se aproximou de mim, me puxando suavemente para um abraço, como se estivesse se reconectando comigo depois de um dia longo.
— Eu te amo, Percy — ele murmurou contra o meu cabelo, o cansaço ainda evidente, mas também o conforto de estar em casa.
Eu o abracei de volta, sentindo o peso das palavras dele.
— Eu também te amo, Lohan.
Ficamos assim por um momento, apenas aproveitando a presença um do outro, sem precisar dizer mais nada. O dia tinha sido longo, mas, no final, estávamos juntos — e isso era tudo o que importava.
Com Gina já dormindo e o silêncio reconfortante da casa ao nosso redor, Lohan e eu fomos para o quarto, prontos para encerrar o dia. Havia uma sensação de completude, de que, apesar dos desafios diários, estávamos construindo algo verdadeiro e forte.
Enquanto nos deitávamos lado a lado, prontos para descansar, senti aquela paz novamente — a certeza de que, juntos, éramos uma família.
Deitados lado a lado, o silêncio confortável preenchia o quarto. A luz suave que entrava pelas cortinas criava um ambiente acolhedor, e eu podia sentir a respiração de Lohan, lenta e tranquila, ao meu lado. Ele se virou, seus olhos se fixando nos meus, e havia algo diferente no jeito que me olhava. Era como se todo o cansaço do dia tivesse desaparecido, dando lugar a uma quietude profunda que só podíamos compartilhar ali, naquele momento.
Lohan se aproximou, suas mãos deslizando com suavidade sobre minha pele, parando em minha cintura, onde ele sempre gostava de me segurar, como se aquilo o conectasse ainda mais a mim. O toque dele era cálido, familiar, mas ao mesmo tempo sempre carregava uma intensidade que me fazia sentir como se fosse a primeira vez que estávamos juntos.
— Sabe... — ele começou, sua voz baixa e rouca, como se o silêncio da noite pedisse que ele falasse assim —, eu ainda me pego pensando como tive sorte em te encontrar. Em meio a tudo que eu estava passando... você apareceu e trouxe luz.
Eu senti meu coração bater mais forte, as palavras dele encontrando um eco dentro de mim. Mesmo depois de todo o tempo juntos, Lohan ainda conseguia me tocar com sua sinceridade, sempre direta, sem rodeios.
— Eu também me sinto assim — murmurei, minha voz igualmente suave. — Nunca imaginei que me tornaria parte de algo tão especial, com você e Gina. A vida tomou um rumo que eu não esperava, mas não trocaria isso por nada.
Ele sorriu, aquele sorriso lento e cheio de emoção que sempre me fazia sentir como se o mundo ao redor não importasse. Lohan se inclinou e, com um gesto carinhoso, beijou minha testa. Sua mão subiu lentamente, acariciando meu rosto com um carinho que era quase palpável. Nossos olhares se encontraram novamente, e, sem dizer mais nada, ele me beijou.
O beijo começou suave, mas logo se tornou mais profundo, carregado de um desejo contido pelo cansaço do dia. Havia algo de tão íntimo e reconfortante na maneira como nossos lábios se tocavam, como se naquele momento não houvesse mais nada a ser feito além de estarmos ali, juntos, conectados.
Minhas mãos subiram por suas costas, sentindo o calor de sua pele sob o tecido da camiseta. Ele se aproximou ainda mais, o peso do corpo dele aconchegando-se contra o meu, criando uma sensação de segurança e proximidade. Era como se, com cada toque, cada gesto, nós reafirmássemos o que estávamos construindo — um amor que era tanto leve e espontâneo quanto profundo e comprometido.
— Eu sinto tanto a sua falta quando você tem que ficar até tarde no trabalho — sussurrei entre os beijos, minha testa encostada à dele. — Mas cada vez que você volta... é como se tudo ficasse no lugar novamente.
Lohan riu baixinho, sua respiração quente contra minha pele. — E eu sinto que cada vez que volto, estou voltando para casa de verdade. Aqui, com você.
Ele me beijou novamente, mais devagar desta vez, como se quisesse prolongar aquele momento o máximo possível. Eu me afundei naquele beijo, sentindo a ternura e a paixão misturadas de forma perfeita. O tempo parecia desacelerar ao nosso redor, e era como se estivéssemos apenas nós dois no mundo, envoltos em nosso próprio refúgio.
Quando finalmente nos afastamos, permanecemos ali, deitados juntos, nossas respirações entrelaçadas, as mãos dele ainda segurando minha cintura de forma possessiva, mas carinhosa. Lohan me olhou por um momento, os olhos carregados de promessas silenciosas, e suspirou de alívio, como se ali, naquele espaço entre nós, ele pudesse finalmente relaxar.
— Percy... — ele murmurou, seu rosto encostado no meu pescoço. — Eu amo você de um jeito que às vezes me assusta, sabia? Nunca pensei que poderia me sentir tão completo assim.
Eu sorri, acariciando seus cabelos.
— Eu sei, Lohan. E eu sinto o mesmo.
Enquanto o sono lentamente se aproximava, com Lohan ainda me segurando com firmeza, senti o calor e a segurança da nossa conexão. Cada gesto, cada toque reafirmava que estávamos exatamente onde deveríamos estar, construindo um amor que, a cada dia, se fortalecia mais.
E, juntos, sabíamos que, por mais desafiadora que a vida fosse, sempre teríamos um ao outro.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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