O Príncipe e a Raposa
Boa leitura!
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Park Jimin
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Era para ser apenas mais um dia normal, caro leitor. Mas parecia que o mundo estava conspirando para que eu me encontrasse com aquela menina. Eu lhe era um completo estranho, não havia nada que nos ligasse, mas eu senti que nossos destinos foram traçados quando nos vimos pela primeira vez.
Vocês devem estar pensando: mas de quem você está falando, Jimin? Bem, o nome dela é Nae Mi, Do Nae Mi. A garota mais inacreditável, fofa, doce e inteligente que você vai conhecer.
Tudo começou quando eu me sentei em um banco afastado na escola. Eu estava em um horário vago, então iria aproveitar para ler um pouco. O livro da vez era O Pequeno Príncipe, e eu estava o achando encantador. Simplesmente incrível, leitor! Há tantos questionamentos, tantas reflexões... Tantas coisas aparentemente pequenas mas que nos geram pensamentos tão grandes...
Eu estava na parte onde o Principezinho se encontrava com a Raposa. Ela o chamara, mas ele não a viu debaixo da macieira.
Foi quando senti que alguém se sentou do meu lado. Apesar da minha surpresa, não havia nada de estranho, era só uma menina sentada na outra ponta do mesmo banco que eu. Bem, isso até ela vir puxar assunto comigo.
— Olá, meu nome é Do Nae Mi. Você gosta desse livro? — ela disse, tão apressadamente que quase não entendi.
— O que?
— O livro. Você gosta dele?
— G-gosto. — respondi tentando não parecer estranho. — Quem é você?
— Nae Mi. — falou com um pouco de cansaço na voz. — Você é bem distraído, eu já tinha falado meu nome.
— Desculpa.
— Não tem problema. — a garota sorriu, de uma forma bem contagiante. Era fofo ver as bochechas gordinhas e como seus olhinhos por trás dos óculos redondos pareciam brilhar. — Se você gosta do Pequeno Príncipe eu posso gostar de você.
— Mas você não me conhece.
— Não ainda. Mas teremos tempo pra isso. — direcionou seu olhar para o seu relógio de pulso. Acabei fazendo o mesmo e percebi que eram uma e quinze. — Vejo você amanhã, caro desconhecido.
Então ela sorriu novamente e saiu, indo em direção às salas de aula. Eu ainda estava todo abestalhado por causa da nossa conversa. Se é que podemos chamar assim, não é?
Fiquei ali tentando entender o que tinha acontecido. Sabe, não é todo dia que uma pessoa aleatória vem falar comigo sobre qualquer coisa, e menos ainda sobre meus hábitos de leitura. E além disso, ela falava como se me conhecesse a anos, sendo que eu nunca havia a visto na vida, e o contrário também. O Principezinho chegou a conclusão de que as pessoas grandes são estranhas, e eu, de que as pessoas pequenas são intrigantes. Muito intrigantes.
Nosso primeiro diálogo durou apenas um minuto. E foi o minuto mais estranho da minha vida.
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No dia seguinte eu me sentei no mesmo lugar. Abri novamente meu livro, e comecei de onde havia parado. Dessa vez, a Raposa e o Principezinho já se encontravam em um diálogo, ela o explicava sobre o que era cativar. Eis sua explicação:
"— É algo quase sempre esquecido. — disse a Raposa. — Significa 'criar laços'..."
É, Raposa, talvez eu tenha me esquecido.
Eu nunca havia experimentado essa sensação. Sabe, cativar... Ser cativado... Era algo ainda desconhecido pra mim. Nunca tive algo ou alguém que me fizesse sentir essa felicidade, que me deixasse assim. Eu sempre tive medo de criar laços, de me aproximar das pessoas. Para mim, amar só servia para as pessoas extraordinárias, pessoas que eram importantes, conhecidas e admiradas. Eu sou só um garoto de dezesseis anos em um colégio pensando em como continuar a viver, não havia nada de interessante nisso.
— Olá. — acabei tomando um pequeno susto quando ouvi aquela voz. Fiquei tão mergulhado em pensamentos que nem mesmo vi que Nae Mi estava novamente sentada ao meu lado.
— Você? — fechei novamente o livro e o pus em meu colo.
— Sim, sou eu. — ela não olhou diretamente pra mim dessa vez. Sua mão estava bem perto da minha no banco, e acabei reparando o seu relógio de pulso, que novamente marcava uma e quinze.
— Porque você vem falar comigo?
— Porque eu gosto de falar com você. — respondeu, dando de ombros. — Como está sendo o seu dia?
— Até agora tudo normal.
— Hum, isso não é bom. — falou, pensativa. Desejei por um momento saber o que se passava em sua mente.
— Por que não seria?
— Porque a normalidade caminha junto com o monótono. Você acaba caindo no abismo da rotina, e isso faz com que você sempre seja a mesma pessoa. E isso é um dos maiores erros do ser humano.
— O que quer dizer?
— As pessoas precisam de mudança. Quando não mudamos, perdemos nossa essência. Nossa mente se fecha para tudo o que há de novo...
— Isso é bem complexo.
— O ser humano é complexo. Mas não deixa de ser fascinante.
Eu concordei, ainda confuso. Porque não tínhamos uma conversa normal?
Ficamos em um silêncio talvez confortável. O único som que se ouvia eram algumas conversas ao longe e o vento cruzando as árvores do pátio onde estávamos. O dia estava lindo, e eu nem tinha reparado nisso.
— Gosto do som do vento nas folhas. — falou. Ela sempre aparecia com assuntos inusitados e isso me assustava, mas não era ruim de fato. — Você ouve?
— Sim. — me atentei ao som calmo. Me trazia uma sensação de paz. — É um som bonito.
— Vou me lembrar de você quando o ouvir. Até amanhã.
E eu fiquei ali, sozinho. Sabe, leitor, eu nunca liguei de ficar sozinho, mas aquele banco parecia mais vazio, e o som do vento, mais triste.
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Eu estava ali, naquele banco, mais uma vez, mais um dia. O marca-páginas do meu lado, a mochila apoiada nos pés, meu livro em mãos. Na cabeça, vários pensamentos martelando e não me deixando pensar com clareza. No pulso, um relógio.
Agora, a Raposa expunha seus sentimentos para o Princepezinho. Ela desejava ser cativada por ele, e eu desejava que ele aceitasse. Eu queria que os dois se tornassem amigos.
"— Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E isso me incomoda um pouco. Mas, se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fossem música. [...]"
Olhei o relógio, e ele marcava uma e quatorze. Fiquei pensando se a Nae Mi viria falar comigo novamente no mesmo horário como viera nos outros dias, e me surpreendi quando ela se sentou ao meu lado.
— Olá. — disse animada, seu dia parecia estar sendo bom. Reparei também que seus cabelos eram curtos e castanhos. Bem bonitos. Ela era bonita, aliás.
— O-oi. — eu acabei gaguejando quando percebi no que estava pensando.
— Porque nunca me disse seu nome? — perguntou, fitando meus olhos. Tentei não me mostrar intimidado.
— Não sei. Você nunca perguntou, e eu nunca tive oportunidade de dizer.
— Você também não perguntou o meu, mas eu falei assim mesmo porque queria ser sua amiga. Eu ainda posso te conhecer?
— Bem, acho que sim.
— Me diga seu nome.
— Jimin. Park Jimin.
— Gosto de como você fala seu nome. É bonito, Jimin.
— Obrigado. Também gosto do seu nome. — falei, meio envergonhado.
Não sei o que deu nela no momento seguinte, mas a calma deu lugar a um ataque de risadas da Nae Mi, o que me fez rir um pouco também. Talvez ela estivesse querendo diminuir a tensão entre nós, mas aquele sorriso parecia bem espontâneo.
— Jimin? — me chamou, rindo.
— Oi?
— Você é fofo. Isso é bem legal. — se levantou, ainda sorrindo. — Até amanhã!
Ela novamente se foi, e, pela primeira vez, desejei que não tivesse ido.
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Uma e dez. Ela vai chegar logo.
Enquanto esperava dar a hora, meu livro me fazia companhia. Dado ao meu tempo ser sempre muito corrido, eu não conseguia avançar muitas páginas de uma vez. E isso era bom, pois assim eu poderia ler com calma, refletir cada palavra, me sentir dentro do livro.
A frase que me fizera pensar naquela vez era:
"[...] Se tu queres um amigo, cativa-me."
Cativar havia se tornado algo esquecido. As pessoas não cativam, julgam isso como retrógrado, por isso não tem amigos. E isso valia para mim também. Eu havia esquecido de como era ter amigos.
Eu acho que precisava ser cativado. Eu também tinha necessidade de um amigo tanto quanto a Raposa. Percebia isso agora.
— Olá Jimin. — no mesmo horário, Nae Mi se sentou perto de mim. Ela usava uma saia diferente e percebi que estava sem seus óculos.
— Olá, Nae Mi. Onde estão seus óculos?
— Ah, aconteceu um acidente.
— Como assim? — era estranho eu estar preocupado?
— Bati em uma porta de vidro. Acabei quebrando o óculos.
— Meu Deus! E agora?
— Vou ter que esperar até amanhã para pegar o novo. Isso significa que não irei enxergar o mundo da forma que ele é. — falou triste. — Gosta de sorvete? — perguntou, repentinamente.
— Sim. — respondi, ainda sem entender o motivo.
— Tens um sabor favorito?
— Flocos. E você?
— Chocolate. — concordei em silêncio, feliz, vendo que ela estava animada a descobrir meus gostos. Eu acho que nunca havia conversado sobre o que eu gostava com ninguém. — E sua comida favorita?
— Gosto bastante de pizza, mas lasanha é muito bom.
— Eu também gosto dos dois. — sorriu. — Qual sua cor favorita?
— Roxo. E a sua?
— Lilás. — permanecemos em silêncio por um curto período de tempo. Até que ela fez mais uma pergunta. — Gosta de pandas?
— Sim, eles me lembram você. — confessei. Não sei ao certo o porquê de ter dito isso, mas me pareceu uma boa ideia. E na verdade foi, Nae Mi sorriu de uma forma sincera, tive vontade de sorrir também.
— Gosto de você. — disse, e eu não pude deixar de sentir meu coração quentinho. — Até amanhã, Jimin.
Para mim, todas as pessoas era iguais, mas não Nae Mi. Seu jeito estranho de conversar me deixava atônito, mas eu gostava. Gostava pois ninguém falava assim comigo. Gostava pois era diferente de todos que conheci. Gostava pois nossos assuntos eram completamente aleatórios para duas pessoas que nem se conheciam direito. Ela me fazia sair da toca. E o som de seus passos estavam se tornando únicos pra mim.
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Eu estava me acostumando com sua presença. O banco onde nos sentávamos já parecia ter a nossa marca, aquele era o nosso cantinho. O fim de semana pareceu ter durado séculos, e agora eu estava ali, em uma segunda feira, a esperando.
Não peguei no livro durante o fim de semana. O motivo? Então, leitor, acabei adotando um ritual de leitura. Cada palavra escrita por Antoine parecia fazer mais sentido quando eu lia a esperando. Talvez eu gostasse de ser interrompido por seu sorriso e por nossas conversas.
Agora eu estava na tão conhecida passagem:
"[...] Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. [...]"
Acho que todos já leram essa frase alguma vez na vida. Você já, leitor?
Um sentimento estranho subia pelo meu peito e me fazia querer sorrir e chorar ao mesmo tempo. Era como se eu tivesse feito uma descoberta incrível, e eu realmente fiz. Eu entendia essa frase. Eu realmente entendia, leitor.
E já estava ficando preocupado. Eram uma e dezesseis e Nae Mi ainda não havia chegado. Fiquei com medo de que algo pudesse ter acontecido, fui tomado por uma ansiedade inexplicável. Para meu alívio, a vi perto da cantina, vindo em minha direção. Nae Mi se sentou, e, dessa vez, não disse nenhuma palavra.
Havia acontecido algo. Eu sentia.
— Fiquei preocupado com você. — tomei a iniciativa de falar.
— Me desculpe. — e voltou a se calar.
Nessa hora eu realmente não sabia o que fazer. Em todos os nossos outros encontros era Nae Mi quem começava a dizer, e não eu. Isso era estranho, mas eu tinha que fazer algo, ela precisava falar. Eu estava preocupado.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, meio incerto. — Seu silêncio parece sufocante.
Nae Mi suspirou, encarando meus olhos com intensidade. Ela parecia ter tido uma manhã bem estressante, pelo seu olhar cansado. Nem todos os nossos dias são bons, mas eu queria tornar o dia dela melhor como ela tornava os meus, só não sabia como agir, e isso me deixava nervoso.
— Posso tocar seu rosto, Jimin?
Fui pego bem de surpresa. Apesar de não ter respondido minha pergunta, eu não havia motivos reais para negar esse pedido.
— P-pode. — inclinei um pouco o meu rosto para que ficasse mais próximo a ela.
Não sei descrever ao certo o quão quente e acolhedor era o toque de suas mãos. Seus dedinhos passeavam por minha bochecha, por meu nariz, por meu queixo, por meus lábios, por minhas orelhas... Acabei fechando os olhos para sentir ainda mais, eu poderia até mesmo adormecer assim. Dei um sobressalto quando senti que ela estava me abraçando, mas a vergonha deu lugar a uma vontade de retribuir, e assim o fiz. Na verdade, gostei de sentir seu carinho.
— Obrigada por ser real, Park Jimin. — falou quando nos afastamos.
— Porque eu não seria?
— Porque é raro encontrar pessoas como você. És como a rosa, a minha rosa.
— Fico feliz de ser sua rosa. — não evitei sorrir, senti que, eu poderia ser importante para alguém mesmo não sendo uma pessoa extraordinária. Acho que todos precisam se sentir assim um dia.
— Algum dia irei responder a sua primeira pergunta. Mas, por agora, quero apenas que seja você, Jimin.
— E como eu sou?
— Você é apenas você, é especial. — sorriu, pegando em minha mão. — E eu o admiro por isso.
— Gosto de você. — falei sem perceber. Acabei puxando a minha mão de volta de tanta vergonha, eu não sabia como reagir e nem mesmo sabia como olhar pra ela.
— Oi?
— Eu... gosto de você. — reafirmei, mais para mim do que para ela. Dizer que gostava dela me emitia uma sensação diferente, era... bom. — Você também é especial, Nae Mi.
Ela apenas sorriu e se levantou. Dessa vez seu silêncio não me incomodou, era até reconfortante. Os olhos dela diziam por si só.
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"[...] Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. [...]"
Eis o último conselho da Raposa.
Hoje eu havia sido tomado por questionamentos e curiosidades. Aqueles momentos em que a gente se pergunta de onde veio, para onde vamos e afins. E, para completar, O Pequeno Príncipe me levantou outro questionamento:
Quantas coisas eu havia deixado de ver apenas porque via com os olhos em vez do coração?
Quantas coisas bonitas eu havia deixado de ver? Quantas coisas pequenas eu havia deixado de apreciar? O quanto meu coração estava fechado?
As vezes deixamos de ver o que está bem na nossa frente. Seja um amigo precisando de ajuda, uma florzinha nova no jardim, uma declaração de amor ou simplesmente se o Sol saiu e iluminou o dia. Estamos ocupados demais em reclamar que as vezes esquecemos de agradecer. Não precisa se culpar por isso, leitor, eu também não escapo dessa. O ser humano tem falhas, e reconhecê-las é o primeiro passo para se tornar alguém melhor.
— Olá Jimin!
— Olá Nae! — aproveitei a súbita coragem para colocar tudo pra fora. — Posso te fazer algumas perguntas?
— Claro!
— Porque eu não te encontro durante os intervalos? Já procurei por você várias vezes. — perguntei, um pouco envergonhado por confessar isso. Nae apenas riu um pouco e respondeu.
— Passo a maior parte do tempo ajudando a bibliotecária da escola. Costumo ficar lá durante os intervalos e aulas vagas.
— Entendi. E porque decidiu falar comigo àquele dia? E porque sempre aparece no mesmo horário?
— Bem, por enquanto continuará sendo segredo. — sorriu, um pouco misteriosa. — Mas agradeça a seu livro por isso.
— Hum, tudo bem. — isso me fez lembrar de uma outra dúvida que sempre quis tirar. — De onde conheceu o Pequeno Príncipe?
— Está muito curioso hoje. — acabei corando, era verdade, mas continuei a prestar atenção na sua fala. — Ganhei um exemplar quando tinha dez anos. E até hoje faço novas descobertas a cada vez que o leio.
— Que tipo de descobertas?
— Primeiro, termine de ler o livro. Não vou dar spoilers.
— Ah, poxa... — fiz biquinho.
— E segundo, não o leia como se fosse algo simples. Há muito mais naquelas linhas do que você pode pensar...
— Igual a você.
— A mim?
— Sim. Apesar de ainda conhecer pouco sobre você, sinto que você é muito mais do que posso imaginar. — pela primeira vez, a vi ficar com vergonha.
— Acho que todos temos várias versões de nós que vamos descobrindo aos poucos. — sorriu. Acho que nunca me cansaria de admirar esse sorriso. — É a graça de sermos humanos, não é mesmo?
— Sim, é mesmo. — concluí.
Naquele dia ela foi embora me deixando uma única certeza: eu queria me tornar seu amigo. E eu me esforçaria para cativá-la.
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Eu estava triste naquele dia, leitor. O Principezinho precisava seguir viagem, e meu coração se partia ao pensar que a Raposa ficaria sozinha para sempre. Ficar sozinho é triste, e eu começava a entender a Raposa.
"[...] Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa..."
— Jimin? — senti um dedinho me cutucando. Era a Nae Mi.
— Oh, olá Nae!
— Está mais distraído que o normal. O que aconteceu?
— O Principezinho vai deixar a Raposa. — suspirei. — Acha que ele pode voltar?
— Acha que ele vai deixá-la? — sentou-se ao meu lado. — Ele é responsável por ela agora, a Raposa não ficará sozinha. Ela ainda tem o trigo.
— Isso é suficiente?
— Para nós pode parecer pouco, mas para ela não. O trigo não parece ter nada de especial para nós, mas para a Raposa sim pois ela se lembrará do Princepezinho toda vez que o ver. O solitário campo de trigo agora passará a ser feliz pois trará lembranças boas. Entende? É como o som do vento nas árvores pra mim, parece algo simples, mas isso me lembra você.
— Acho que entendo. São como os pandas. Me lembro de você quando vejo algo relacionado a pandas.
— Todos temos uma forma de sermos lembrados, e eu fico feliz por todas as nossas lembranças serem boas. — sorriu.
— Eu também fico feliz, e quero agradecer por você ter entrado em minha vida. E de uma forma bem pouco convencional. — encostei minha cabeça em seu ombro. — Creio que você me cativou.
— Somos responsáveis por aquilo que cativamos. Eu me tornei responsável por você e você por mim. — falou mexendo em meu cabelo. Era um contato bom, suas mãos estavam quentinhas.
— Me sinto honrado de ser responsável por você. — sorri. — Isso me faz um Príncipe muito rico.
— Somos amigos, Park? — Nae me estendeu a mão e eu não hesitei em segurá-la.
— Somos amigos, Do.
E então, a partir daquele momento nos tornamos amigos oficialmente. A cada dia que se passava eu fui descobrindo quem era a verdadeira Nae Mi, e a cada nova descoberta eu ficava ainda mais encantado por ela.
Nae Mi não é apenas uma menina no ensino médio, não é apenas uma menina em busca de um amigo, não é apenas uma menina linda com ótimos gostos musicais. Ela tem sua própria essência, sua própria identidade, tem suas vontades, sua forma doce de ver o mundo mesmo que ele fosse cruel. Nae Mi também possui medos e incertezas, possui alegrias e loucuras, canta no meio da rua, chora ao ver um filme romântico, brinca com os cachorrinhos de rua, dança quando está feliz e sempre insiste em apertar minhas bochechas dizendo que sou fofo. E com ela aprendi que não preciso ter medo das pessoas, aprendi que não preciso ser extraordinário para ser amado. Além do mais, o que é ser extraordinário?
Ser extraordinário não é conseguir ficar mais de cinco minutos debaixo d'água, não é levantar cento e cinquenta quilos, não é ter vários seguidores no Twitter, não é não ter medo de pular de paraquedas ou fazer malabarismos com apenas uma das mãos. Ser extraordinário é conseguir tirar um sorriso de quem estava triste, é poder retribuir um pouco do que recebe todo dia, é elogiar o chapéu de alguém, é ajudar um senhor a atravessar a rua, é colorir um desenho dentro da margem. Ser extraordinário não é fazer grandes coisas, é poder transformar pequenas coisas, coisas simples da vida, em grandes.
E uma dessas coisas extraordinárias que aprendi foi a amar. Não parece ser muita coisa, não é? Mas acredite, leitor, amar é uma dádiva.
Hoje tenho a certeza de que amo. Hoje eu sei o que é amar alguém. E não precisa ser um amor tipo o de namorados, pode ser um amor entre amigos, entre a família, entre você e seu animalzinho de estimação. O amor é lindo demais para ser visto de apenas uma forma.
E posso dizer com toda a certeza que eu não podia ser mais feliz agora, leitor. O destino fez um ótimo trabalho nos unindo, e digo que isso foi a melhor decisão que ele teve. NaeMi se tornou única para mim, minha Raposa, e eu me tornei único para ela, me tornei o seu Principezinho.
♡•♡•♡
Olá! Como estão?
Eu vim dedicar essa oneshot a uma das pessoas mais importantes da minha vidinha toda. Nos conhecemos por aqui mesmo e com pouquíssimo tempo ela se tornou alguém muito especial. Sempre falo que ela foi um presentinho (na verdade um presentão) de Deus para mim, e eu agradeço todos os dias por ela estar na minha vida.
Pode entrar, Geraldinha13 !!!!💕
Eu espero de coração que seu dia tenha sido maravilhoso como você. Sempre digo que o mundo não a merece, ele costuma ser malvado com pessoas boas. Eu me orgulho muito de tudo o que você tem se tornado, e me orgulho mais ainda por você ser a minha Raposa. Isso aqui é pouco para expressar o quanto você é especial, não só pra mim, mas para todos que tiveram a oportunidade de te conhecer e a sorte de te ter como amiga.
TE AMO MUITÃO!!!
Obrigada por ser você, Nonô. Obrigada por ser minha Raposa♡
E a todos que vieram aqui, saibam que o extraordinário não é o que nos torna grandes, são os pequenos detalhes de cada dia. Todos temos um super poder dentro de nós, acredite, você é incrível!
Obrigada por estarem aqui.
Até breve!!!
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