40
— Você acha que ele vai contar para alguém? — Jisung indaga. O horário do almoço dele já tinha acabado, então Changbin decidiu acompanhá-lo até a enfermaria. Ao redor, as crianças corriam de um lado para o outro, agitadas como de costume. Changbin se afasta um pouco quando um grupo de garotas passa por ele, sussurrando e rindo, e algo dentro dele o diz que elas estão caçoando dele, mas ele não diz nada.
— Hm — Ele se volta para o namorado, o vendo esperar por uma resposta. Changbin respira fundo e balança os ombros, sem saber ao certo. — Não sei, espero que não. — Conclui, virando mais um corredor, aquele que leva a enfermaria. Changbin para no primeiro degrau da escada e segura na mão de Jisung antes que ele comece a subir. — Hanie. — O chama, apenas por querer chamá-lo por aquele velho apelido. O menino de fios escuros e sorridente brilhante o olha de cima, à espera.
— Sim?
— Você viu quando o Chan hyung saiu? — Changbin não sabe porque está perguntando, mas quer saber. Quer desesperadamente saber se Chan disse algo antes de ir embora. Quer saber se ele voltaria um dia.
— Eu vi. — O rosto de Changbin se ilumina. — Antes de sair, ele te deu um beijinho na testa e prometeu que voltaria. Não sei quando, mas voltaria. Disse que tentaria, pela gente. — Ele balança a cabeça, e Jisung sorri um pouco, apenas um levantar fraco de lábios. A saudade era um sentimento mútuo que os dois guardavam, o tempo dentro do orfanato passava tão devagar que podia se igualar com a eternidade. Eles queriam ser livres, ir embora logo, mas tudo que os dois meninos podiam fazer era aguardar. Esperar até o momento certo. Até a hora certa.
Jisung olha ao redor, olha em cima, onde a escada levava, e olha pelo corredor, percebendo que tudo estava vazio. Ele desce o único degrau que subia e fica na altura de Changbin, e antes que possa fazer qualquer coisa, empurra o menino até a parede mais próxima e o beija no canto da boca. Changbin congela e fica vermelho, como as rosas que eles podem ver através das janelas. Changbin sussurra um “O que você está fazendo?” Antes de Jisung novamente beijá-lo, lábios contra lábios, a doçura do perigo deixando o ósculo quente. Changbin fecha os olhos e não sabe onde pôr as mãos, mas Jisung sim, ele agarra a cintura do menino com posse e mergulha na sensação cálida do segredo deles. Changbin não sabe para onde ir, o que fazer ou como fazê-lo parar, porque ele não queria sair daquele beijo, nem afastar Jisung. Porém, o burburinho próximo os fez se afastar rapidamente.
Eles agiram da maneira mais boba possível enquanto um pequeno grupo de crianças passava por eles, sem dar muita atenção. Changbin se vira e tenta controlar o coração, que batia em um ritmo perigoso.
— Vou trabalhar. — Jisung diz, se espichando até o namorado que parecia estar entrando em combustão. Quando Changbin se vira para vê-lo subir as escadas, Jisung para e lança um sorriso, igualmente corado e bagunçado. — Te amo. — Ele sussurra e sai correndo escada acima. Changbin encosta na parede e agacha no chão, sem saber como conseguiria voltar até o dormitório.
(...)
A manhã logo dá espaço para a leveza da tarde, Changbin caminha pelo orfanato sem ideia do que poderia fazer naquele período um pouco quente e entediante do dia. Ele vai até o último andar do prédio e olha pela janela as crianças brincando no campo próximo. Ele também vê o time de futebol treinando e consegue ver Felix no meio deles. Changbin sente uma fagulha de culpa mas não sabe como expressá-la direito. Felix merecia alguém bom, alguém que o fizesse feliz, e Changbin não era essa pessoa. Ele sabia disso. Sabia que não era bom nem suficiente, até mesmo para Jisung e Chan.
Ele encolhe os ombros e decide ir para o quarto. Changbin desce os vários lances de escadas e passa no corredor onde as salas dos clubes ficam, ele vê o clube de teatro e o de rádio, com crianças entrando e saindo delas, mais para o fundo, ele vê uma única porta no fim do corredor, uma que Changbin nunca tinha reparado. Com as mãos nos bolsos, o menino resolve dar uma olhada, ele dá curtos passos entre os grupos de meninos e meninas, sem saber ao certo como se comportar no meio de tantas crianças. Parecia que a cada dia aquele lugar estava mais cheio, com mais órfãos e rostos novos. Changbin não sabe o que sente em relação a tantas crianças jogadas naquele lugar imundo, mas com certeza não era algo bom. Ele sente pena de todas elas, por terem sido abandonadas e por acabarem em um lugar tão horrível, mas ele torce para que elas achem um lar, ou que encontrem uma maneira de irem embora.
Queria poder ajudá-las, mas se sentia incapaz ao ver a quantidade de meninos e meninas sem ter um lugar para chamar de seu e sem ter uma qualidade de vida decente. Porque, apesar do possível bom investimento que o estado dava ao orfanato, aquele lugar ainda estava caindo aos pedaços por culpa de Haeri. Changbin balança a cabeça e segue o corredor, evitando contato visual por medo de assustá-los. Ele finalmente chega a última porta no corredor, acima dela ele pode ver o nome “Dojo” e ele não sabe exatamente o que essa palavra significa. Na ponta do pé, Changbin espia pela pequena fenda de vidro na porta. Ele visualiza um tapete azul no chão e um homem sentado sobre ele, junto com menos de quatro adolescentes, ele parece ensiná-las sobre algo, mas Changbin não consegue ouvir e nem ler seus lábios. Ele continua espiando até que um dos meninos dentro da sala o descobre e o homem olha na direção de Changbin, e ele não sabe porque, mas sai correndo no mesmo instante.
Changbin não olha para trás nem quando está longe o suficiente, nem mesmo quando sobe as escadas até o dormitório e entra na primeira porta, onde fica seu quarto e o de Jisung. Ele fecha a porta e se encosta na madeira velha, o coração a mil e as mãos tremendo. Changbin respira fundo e conta até três, como o Han o ensinou um dia, ele repete e refaz até conseguir se acalmar, mas a sensação de medo ainda está lá, espreitando entre seus ossos. Ele tem medo que aquele homem diga a Haeri que ele estava bisbilhotando e ela retorne para castigá-lo, embora ele não seja mais uma criancinha que sempre estava sofrendo os piores castigos. Contudo, ele ainda tem medo. Um medo genuíno que estremece sua carne e o faz perder a força das pernas. Ele caminha até a cama e senta, quase sem fôlego, mas ainda mantendo a contagem e sempre respirando fundo.
Em um certo momento, quando sua mão já não estava mais gelada, Changbin consegue se acalmar. Ele olha até a porta e tenta se livrar daquele medo irracional que inunda seus sentidos e o deixa tão imerso em um terror que é passado. Ou era para ser passado. Ele se encolhe na cama e ainda pode sentir os cheiros mesclados de Jisung e Chan, e agradece por ainda conseguir senti-los, porque era tudo que ele precisava no momento. Ele entra embaixo da coberta, mesmo que esteja calor e que o quarto esteja abafado, mas no momento ele não consegue pensar em nada além do cheiro deles, dá sensação de alívio por estar rodeado por algo familiar e seguro. Ele fecha os olhos e espera que isso passe.
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olaa gente, passando só para avisar que estamos no último arco de Uma Combinação Perfeita, mas não fiquem tristes, tá bem longe do fim! pelo menos eu acho.
enfim, o que estão achando? 40 capítulos se passaram, quero muito saber o que estão achando da história até então
enfim, fiquem a vontade para me falar a opinião de vocês ou perguntar o que quiserem, irei responder todos os comentários que conseguir
até mais!
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