Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

36

Jisung contou cada segundo do relógio na parede. O tic tac irritante o deixou ansioso, as mãos suando e o pé batendo freneticamente no chão, mas ele não conseguia desprender os olhos daquele objeto branco pendurado na parede. O relógio atualmente era seu maior inimigo. Ele sempre virava seu arqui-inimigo quando Changbin estava fora.

Veja bem, ele não era do tipo que tinha ansiedade de separação, ele conseguia lidar bem quando Changbin ia passar um tempo com a família fora do orfanato, ele já estava acostumado com a frequência que o menino estava indo passar tempo com os avós fora dos muros. Ele lidava muito bem com isso. O que realmente o deixava aflito era quando ele voltava, porque a hora parecia passar mil vezes mais lenta do que normalmente. Ele agradecia aos céus quando tinha algo para fazer, e quando não tinha, Jisung sempre estava procurando algo para se distrair. Ele mexeu nas caixas de remédios da enfermaria do orfanato, deu baixa em algumas papeladas no computador, leu bulas enormes e até varreu o lugar, e o tempo não passava de jeito nenhum.

Em algum momento daquela longa manhã, onde o tempo não passava, ele cansou. Sentado em frente a mesa, Jisung finge não olhar para os ponteiros irritantes, embora vez ou outra ele espiasse para ter certeza que estava perto das duas da tarde, mas era dez horas da manhã ainda. Ele deitou a cabeça na mesa, fechando os olhos apenas para ter Changbin novamente na cabeça, e consequentemente Chan. Ele sempre estava pensando naqueles dois. Seja quando estava trabalhando, ou no intervalo, eles sempre estavam por lá no meio de um pensamento ou outro, em todos os momentos, instantes, segundos. Relógio. Ele checou mais uma vez, não passou nem dez segundos da última vez que ele olhou. Ainda eram dez e cinco. Jisung deitou novamente a testa na mesa, perto do teclado do computador, e desejou que quando levantasse a cabeça, visse Changbin e Chan ali, perto da porta, o esperando de braços abertos, mas a única coisa que viu entrando pela porta da enfermaria era sua supervisora, Mijun.

— Sonhando acordado mais uma vez, criança? — Ela era uma mulher alta, de cabelo curto castanho na altura dos ombros e parecia um anjo, quando não estava brava por alguma besteira que Jisung aprontava de vez em quando. Jisung sentou sem postura na cadeira desconfortável, olhando para ela com a cara de quem não dormiu mais de duas horas essa noite.

— Mijun noona. — Ele choramingou, e ela o olhou com tédio. — Me libera mais cedo hoje.

— Nem vem. — Ela sentou na outra mesa, de frente para sua. — As aulas acabaram faz nem duas semanas, e você quer ser liberado cedo para quê? Não vem com drama hoje, Han.

— Meu aniversário é amanhã, você tem coragem de prender esse pobre menino que você tanto gosta nesse lugar claustrofóbico, você teria coragem? — Jisung foi até a mesa dela se arrastando na cadeira de rodinhas, ocasionando em um barulho desagradável pela cadeira ser velha e as rodinhas estarem meio emperradas pela falta de manutenção. Ele chegou até lá com esforço e muito barulho, e deitou a cabeça no ombro de Mijun, com sua melhor cara de coitado. Mijun nem olhou, o deixou fazer o que queria enquanto olhava para a tela do computador com o óculos pendendo na ponta do nariz. — Hein, noona, você teria coragem?

— Seu aniversário é amanhã, não hoje. E você já vai folgar amanhã, por que quer sair cedo hoje? — Mijun arrumou o óculos no rosto, empurrando um pouquinho para cima usando os dedos. — Já sei, é por causa do garoto lá, como é mesmo o nome dele? Changbin. É, Changbin. Você quer sair cedo porque o Changbin vai voltar hoje.

— Você me conhece tão bem. — Fingiu estar emocionado, enxugando uma lágrima hipotética.

— Cai fora, menino. — O empurrou para o lado. — Volta para sua mesa e vai arrumar o que fazer, você não vai sair cedo hoje.

— Vou te denunciar, isso é abuso de poder. Eu nem ganho um salário, sabe como chamam isso? Abuso de poder. — Ele voltou empurrando a cadeira barulhenta de volta para a outra mesa. — Sabia que eu conheço um advogado? Vou colocar teu nome na justiça.

— Você não ganha um salário porque você nem trabalha direito. E segundo, para quê você quer dinheiro, moleque? Você nem sai do orfanato.

— Mas vou sair! Muito em breve.

— Você devia estar estudando para entrar em uma faculdade. Acha que ser enfermeiro é só ganhar experiência comigo aqui e acabou? É preciso dedicação, estudo e disciplina. É uma profissão que você tem que dar sua vida e tudo que você tem em troca, não é uma brincadeira de casinha. — Jisung amuou na cadeira, porque já a ouviu falar sobre isso milhares de vezes. Ele sabia disso, sabia melhor do que ninguém porque Mijun sempre dizia, e queria mesmo tentar cursar enfermagem, mas sua maior preocupação no momento era como conseguiria dinheiro. Sem dinheiro ele não poderia fazer nada para ajudar Changbin e Chan quando saíssem do orfanato, mas era extremamente proibido ele sair sem permissão da proprietária do orfanato, e conversar com Haeri era impossível.

De uns meses para cá, a mulher raramente estava no orfanato, quem geralmente estava lidando com as situações do local era um homem, um velho ranzinza que não suportava a ideia de estar em um orfanato rodeado de crianças, por isso, vivia dentro da diretoria, falando com o pessoal somente quando era necessário. Jisung só o viu uma vez, quando estava perambulando pelos corredores sem ter o que fazer. Por isso, ter um trabalho remunerado era difícil, porque ele não podia sair, nem mesmo quando Changbin tentava levá-lo nas vezes em que podia passar tempo na casa dos avós. Changbin. Ele voltou a olhar o relógio, onze horas em ponto. Mais três horas e ele teria Changbin novamente. Só a ideia o fez feliz. Fazia uma semana que o menino estava fora, pelo menos uma ou duas vezes por mês ele era levado pelos avós, e Jisung ficava sozinho, completamente sozinho. Ele murchou novamente sobre a mesa, testa sobre a madeira velha e escura, e quase choramingou de saudades dele e de Chan.

De vez em quando, Jisung tinha medo. Medo que Chan tivesse esquecido deles, que Chan não o amasse mais. Ele não vinha há, o que, cinco meses? Jisung perdeu as contas. Queria tanto vê-lo, comprovar que ele estava bem com os próprios olhos, mas ele nunca aparecia. Vez ou outra Minho aparecia, mas Jisung ainda não ia com a cara dele, então sempre que tinha a oportunidade, ele o ignorava, deixando que Changbin viesse com notícias de Chan por aquele cara. Mas era sempre a mesma coisa “Chan está bem, não se preocupem.” ou “Ele está fazendo o máximo para conseguir tempo para vir.” Jisung não sabia no que acreditar, mas com certeza as palavras de Minho não pareciam confiáveis — na sua visão —, mas era a única coisa que tinham em relação ao Bang. Então, que seja, no fim, Jisung sempre torcia para que fosse verdade, que ele não estava vindo porque não tinha tempo e não porque deixou de amá-los. Jisung acha que não conseguiria suportar a ideia que estava sendo deixado por Chan, embora amasse muito Changbin, eles nunca seriam bons juntos sem que Chan estivesse.

Nesses últimos meses, estava sendo difícil, mesmo que agora eles estivessem conversando mais, se conhecendo mais como namorados, e sempre assumindo quando erravam ou quando magoam um ao outro, mas ainda não era fácil. Na verdade, era difícil. Porque Chan sempre foi aquele que estava lá para mediar as coisas, e agora Jisung que estava responsável por assegurar que nem ele e nem Changbin poderiam brigar, porque se conhecia, sabia que dizia coisas ruins quando estava estressado, mesmo que não fosse de propósito. E Changbin era exatamente igual. De vez em quando, os dois paravam de se falar, mas quando a poeira baixava, Jisung ia atrás de se desculpar, ou Changbin vinha pedir desculpa do jeito dele meio meloso e bobão, com beijos ou demonstrações de carinho. Jisung era facilmente enganado pelos beijos desajeitados de Changbin e pelo carinho bom que só ele sabia fazer para fazê-lo dormir.

Estava pensando nele novamente. Uma dor estranha contorceu sua barriga, e quando notou, era meio dia. Jisung quis almoçar, mas sabia que não conseguiria comer de tão ansioso. Ele continuou na enfermaria, enfrentando um silêncio quase palpável. Mijun do outro lado, através da tela do computador e as pilhas de papéis, parecia ocupado com as próprias coisas, anotando em papéis com canetas coloridas e mexendo no teclado barulhento. Tec, tec, tec. Jisung não aguentou, ele pegou a mochila no chão perto da mesa e saiu da enfermaria, avisando que iria almoçar. Ele desceu as escadas e ao invés de ir ao refeitório, seguiu até a saída. Atravessou o hall de entrada e saiu pelas portas grandes de madeira corroída, embora o cheiro de comida que vinha da cozinha o estivesse chamando. Jisung continuou andando até os portões grandes de ferro, e quis dar meia volta quando percebeu de quem era aquela moto estacionado ali na frente, porém, antes que ele pudesse fazer isso, ouviu aquela voz irritante o chamando.

— Ei, Jisung! — Minho gritou por ele, entrando quando o porteiro barra zelador o deixou entrar. Minho era conhecido no orfanato, e embora hoje não fosse dia de visita, ele poderia entrar facilmente. Jisung tentou pagar de maluco, fingindo que não era o Jisung que ele estava chamando, mas que outro Jisung existia no orfanato e estava lá fora naquele momento? — Han Jisung! — O chamou novamente, como se não houvesse escapatória.

Jisung parou, de costas para ele, e virou com sua melhor cara de simpatia falsa. Minho veio sorridente e alegre, usava camiseta preta estampada e calça jeans rasgada, no braço, mantinha o capacete vermelho que sempre usava. Jisung não gostava dele, nem um pouquinho, mas aprendeu a lidar, porque ele era amigo de Chan e Changbin, e embora não confiasse nele, não podia sair por aí dizendo com quem seus namorados podiam ou não ser amigos. Queria ser um bom namorado, e por isso, engolia a implicância que tinha com Minho quando Chan ou Changbin estavam na presença.

— Hanie, meu bom camarada. Como você tá, amigão? — Minho colocou o braço por cima dos ombros de Jisung, mas o menino desviou antes que ele pudesse fazer isso, dando um largo passo para trás.

— Não vem que eu não sou teu amigo.

— Ai — Colocou as mãos sobre o peito, como se estivesse com dor. — Assim você me machuca. E já que é assim, não vou te contar sobre o Chan. — Fingiu que estava indo embora, mas Jisung o segurou pela camiseta, impedindo que ele realmente fosse.

— Espera! — Minho deu um sorriso vitorioso quando se virou. — Como ele tá? — Indagou preocupado, o coração acelerado apenas por ouvir o nome de Christopher.

— Agora você quer que eu fale? Não vou dizer.

— Você pode, por favor, parar de ser insuportável e abrir o bico de uma vez por todas? Puta merda cara, você é muito chato.

— É assim que você trata a pessoa que sempre traz notícias do seu namorado?

— Eu pedi por favor!

— E me chamou de insuportável e chato logo depois! Não é assim que funciona. — Cruzou os braços, e Jisung abaixou a cabeça, cabisbaixo. Aquilo foi o suficiente para Minho parar de implicar com o menino. — Tá bom, eu falo. O moleque tá bem, tá trabalhando e estudando igual um louco mas tá bem. Ele disse que vai tentar vir amanhã, mas não é uma certeza, então não se anima. — Tarde demais, o cérebro de Jisung começou a produzir serotonina apenas com a possibilidade. Ele sorriu, tentando conter a empolgação. — Você se animou, né?

— Não. — Jisung tentou parar de sorrir, mas até tremelique estava tendo. Minho o olhou, os olhos apertadinhos em desconfiança, e riu porque sabia que Chan era exatamente igual. — Tá rindo do que, idiota?

— Calma lá, gatinho. Guarda as garras, não tô aqui para brigar, só tô te passando informações, como o belo mensageiro que sou. Eu cobraria ao Chan pelas visitas que faço aqui, mas venho sem ele saber e também gosto de visitar o Changbin. Você nem tanto.

— Espero que você saiba que o sentimento é o mesmo. — Minho deu de ombros, como se não ligasse. Jisung checou as horas no relógio de pulso, e viu que estava quase na hora de voltar. — Tenho coisas a fazer.

— Espera, cadê o Changbin?

— Tá com a família dele, volta só mais tarde. — Informou, já se preparando para ir embora. — Era só isso? Então tchau. — Nem esperou que Minho dissesse mais uma palavra, saiu caminhando de volta às portas de madeira da entrada.

Jisung retornou saltitando até a enfermaria, embora ainda estivesse com um pouco de fome, mas ele aguentaria até terminar o expediente. De barriga vazia e cabeça barulhenta, ele entrou na enfermaria cantando para Deus e o mundo ouvir, tão alegre que rodopiou algumas vezes entre os armários e macas na enfermaria, aterrizando como um bailarina desengonçado em frente a mesa de Mijun, que apenas deu uma olhadinha por cima dos óculos quadrados e voltou ao trabalho, sem nem ligar para o que Jisung estava fazendo. Aquilo não o desmotivou, pelo contrário, ele ficou andando para lá e pra cá, assobiando canções que ouviu em algum lugar, espanando os armários cheios de antibióticos, pomada, curativos, seringas e coisas hospitalares, alegre como se tivesse ganhado na mega sena. E talvez realmente tivesse ganhado, mas não era dinheiro, veria seu namorado e provavelmente teria os dois, por um dia inteiro e bem no seu aniversário, ele não podia estar mais feliz.

Distraído, as horas passaram como folhas voando em um dia de outono. Quando viu, faltavam cinco minutos para as duas horas. Apenas cinco minutos até Changbin retornar. Jisung continuou na sua cantoria incessável, indo para lá e pra cá agindo como se estivesse em um show. Mijun não se importou, acostumada com o comportamento esquisito do garoto. Ela colocou os fones de ouvido e prosseguiu ocupada com suas próprias obrigações. Jisung não se importou, limpou o que precisava, arrumou os lençóis das macas, abriu as cortinas para deixar o ar puro da floresta ali perto entrar naquele lugar pequeno e meio claustrofóbico. Ele varreu mais uma vez porque tinha tempo sobrando, e continuou rodopiando, cantarolando e dançando entre as macas, armários e remédios.

Às duas e quinze da tarde, ele chegou de mansinho em Mijun, acanhado depois de toda barulheira que ele mesmo causou. Ela permanecia de fones, ocupado com o computador. Jisung engoliu seco o nervosismo, e cutucou o ombro dela com a pontinha do dedo. Ela o olhou, tirando um dos fones da orelha. Jisung ofereceu a ela o melhor sorriso que tinha.

— Não. — Ela falou, sem nem mesmo deixar que Jisung falasse.

— Mas eu nem falei nada! — Exclamou indignado.

— Jisung, seu horário é às três e vinte, você não vai sair antes disso.

— Mas o Changbin já deve ter chegado. — Ajoelhou no chão, dramático a esse ponto. — Noona, por favor. — Juntou as duas palmas em frente ao rosto, como um religioso orando por um Deus. — Por favor, me deixa sair mais cedo. Só hoje, por favor. — Esfregou as palmas, implorando. Mijun virou os olhos, obrigando ele a se levantar.

— Ele ainda vai estar lá quando você sair daqui. E vocês literalmente são colegas de quarto, vocês vão se encontrar em algum momento. — Jisung fez bico, mas Mijun era uma mulher forte, blindada a carinhas fofas e dengo de adolescente. Estava nessa profissão há anos.

— Mas eu nem tenho mais o que fazer aqui, por que você tá me prendendo aqui?

— Porque é isso que vai acontecer com você lá fora, no mundo real. Você não pode sair do seu trabalho só porque não tem nada para fazer. Horários, Jisung. Horários são importantes no mundo dos adultos. — E novamente, o horário, seu arqui-inimigo, retornando ao jogo. Jisung murchou, e caminhou de volta para a própria mesa, incapaz de acreditar que estava sofrendo com as consequências do capitalismo quando nem proletário oficialmente era.

(...)

Jisung contou os minutos e os segundos até ser finalmente liberado. Saiu da enfermaria quase gritando de alegria, mas não tinha tempo para isso. Correndo como um louco, ele disparou pelo corredor. No relógio de pulso marcava três e trinta da tarde, saiu dez minutos mais tarde porque Mijun ocupou ele com papeladas e mais papeladas, coisas que ele precisava ler e colocar em ordem numérica. Números, números, horários, ponteiros, que tudo exploda, Jisung não precisava mais se importar com isso, ele só precisava achar seu namorado. Quase saiu por aí gritando pelo nome do garoto, mas achou que não seria de bom tom, por isso, continuou correndo, procurando por ele.

Ele olhou por todo canto, no refeitório, no corredor das salas de aula, perto da diretoria, até no local onde o pessoal recebia visitas para adoção. Nada. Jisung subiu as escadas para o dormitório masculino, virando no primeiro corredor e entrando na primeira porta. Já de fora ele sabia que tinha alguém no quarto, aquela velha luz amarelada estava acesa, e ele lembrava de ter desligado quando saiu de manhã. Jisung entrou no quarto ofegante e com as pernas doendo — quantos lances de escadas subiu? Não lembrava —, e não precisou de muito para perceber as malas jogadas em um canto, perto da janela velha. Changbin estava lá, entre os beliches de madeira escura, usando um conjunto de camisa e calças pretas, com um boné para trás cobrindo os fios grandes. Jisung quase — quase mesmo! — chorou quando o viu, parecia que estava há anos sem vê-lo, embora fizesse só sete dias que ele saiu.

Jisung o abraçou pelo pescoço, apertando Changbin contra o corpo. Assustado pela presença repentina, Changbin o abraçou de volta. Eles ficaram abraçados por um tempinho, Jisung não queria largar, ficou com medo de quando fizesse isso Changbin sumiria. Mas ele não iria para canto nenhum, sabia disso, mas ainda assim não quis largar.

— Hanie. — Changbin disse seu apelido, acariciando as costas dele com uma das mãos. Jisung apertou mais um pouquinho, o rosto escondido no pescoço dele.

— Só mais um pouquinho, por favor, hyung. — Pediu, incapaz de soltá-lo. Ele ficou na ponta dos pés, mesmo que não precisasse, e se inclinou para cima de Changbin, quase o derrubando. Mas Changbin o segurou, mantendo os dois de pé.

— Você vai me esganar. — Jisung riu, e decidiu desafrouxar um pouco o aperto, mas sem realmente soltar Changbin. — Oi. — Changbin falou. As testas coladas, os narizes a centímetros de distância. Jisung o fitou bem nos olhos pretos como a noite, e sorriu, feliz como uma criança que tinha ganhado o doce favorito.

— Oi. — Falou, como o bobo apaixonado que era. — Você tá bonito. — E não era mentira, para Jisung, Changbin estava ficando mais bonito a cada dia. Ele só não dizia, mas notava como a voz dele estava engrossando, ou como ele parecia mais másculo com o corpo ganhando peso. Apesar de ficar sozinho quando Changbin saia, gostava quando ele era levado até a casa dos avós porque sabia que ele comeria bem, e voltaria para o orfanato saudável. Ele parecia até mais bronzeado. Jisung gostava disso. Do cabelo dele um pouco maior, meio ondulado, do corpo mais forte, do rosto mais redondinho, da pele mais bronzeada, em um tom saudável. — Quero te beijar. — Falou, chegando perto.

Agora, Changbin estava acostumado com as carícias de Jisung. Dos beijos dele, das mãos afoitas, dos toques sutis pelos ombros, cintura e quadril, sabia quando Jisung queria mais e quando ele queria outra coisa. Ou quando ele simplesmente só queria beijá-lo, como se não houvesse amanhã. Hoje, Jisung queria tudo. Os lábios dele tinham gosto de saudade, e Changbin afundou naquela sensação. Jisung o beijou devagar, as mãos inicialmente permanecendo nas laterais do rosto de Changbin, mas aos poucos, o ar parecia denso, as bocas pareciam molhadas demais e Jisung queria mais. Muito mais. Eles ainda tinham barreiras que Changbin não conseguia ultrapassar, e Jisung sabia disso, por isso, se afastou quando percebeu que estava passando dos limites pré estabelecidos. E Changbin parecia lindo todo bagunçado. Ele não deixou que Changbin fosse longe, ele continuou com as duas mãos bem firmes na cintura bonita do rapaz, o trazendo para perto, quadril perto de quadril. Changbin escondeu o rosto no pescoço dele, ofegante e vermelho. Ele sempre foi tímido. Jisung gostava tanto disso. Da timidez repentina, da doçura da voz dele quando eles estavam se beijando e Changbin queria um tempo.

— Binie. — O chamou, abraçando ele pela cintura. Jisung mordeu a cartilagem da orelha de Changbin, o vendo tremer e se encolher dentro do abraço. Jisung sorriu, apertando o corpo miúdo contra o seu. — Binie, eu senti saudade.

— Você tá me provocando. — Disse, com um fio de voz, o rosto ainda escondido. — Para. — Pediu, e Jisung não faria mais nada que o deixasse mais envergonhado. Eles ficaram parados, abraçados naquela posição confortável, até Changbin ter coragem de olhá-lo cara a cara, a leve vermelhidão ainda preenchendo as bochechas gordinhas. Jisung queria mordê-lo.

— Quero dizer que te amo, mas não quero te assustar.

— Por que um eu te amo vai me assustar?

— Não quero que você se sinta pressionado.

— A gente literalmente namora há quase um ano, do que você tá falando? — Bateu nele, bem fraquinho, rindo porque adorava como Jisung era bobo. — Mas eu te amo. Te amo como meu namorado idiota e carente. Te amo muito.

— Se você continuar, vou te pedir em casamento.

— Casamento só depois que a gente for morar com o Chan. — O sorriso de Changbin morreu um pouco quando ele citou o australiano, como se tivesse acabado de lembrar da ausência dele. Cabisbaixo, ele voltou para o aconchego do abraço de Jisung.

Jisung sabia que ele fingia não se importar com a ausência de Chan, que não ligou quando ele não apareceu no aniversário dele e quando ele não veio nos dias de visitas. Jisung sabia muito bem disso, e sabia que Changbin ainda tinha esperanças que ele voltaria, embora aos poucos os dois estivessem desanimando. Quando Jisung finalmente o soltou, Changbin foi ao banheiro se trocar. Eles jantaram juntos no refeitório, na mesa de sempre afastado de todos os outros, Jisung viu Felix passando com alguns garotos do time de futebol, e desconfiou quando ele olhou na direção de Changbin e desviou aparentemente nervoso. Não entendia exatamente o que aconteceu com ele e Changbin no dia em que o menino saiu do time, mas algo tinha acontecido, seja lá o que fosse. E honestamente? Para o bem da sua insegurança, Jisung não quis saber, nem mesmo quando Changbin quis explicar. Porque o que Jisung não via, não existia, e ele não queria ter uma briga com Changbin por ciúmes. Não agora. Não quando as coisas ainda pareciam um pouco instáveis.

Mais tarde, lá para dez horas da noite, depois do toque de recolher, Jisung se pegou pensando em Chan enquanto via Changbin organizar as camas para eles dormirem. O beliche dele continuava lá, vazio e empoeirado, coberto por lembranças. Eles não dormiam naquela cama desde que Chan foi embora. Não tinham motivo para dividir aquele canto quando ele não estava. Parecia errado. E Jisung não conseguia dormir bem quando fazia isso. Atualmente, a dupla dividia a cama de Changbin, no outro beliche. O colchão dele era um pouco melhor, mais confortável, e eles gostavam de dormir juntos, embora o espaço estivesse ficando apertado para dois corpos adolescentes que cresciam ao decorrer dos dias.

Jisung esperou, do canto, Changbin pegar os travesseiros e colocar na beliche ao lado. As malas ainda estavam para desfazer, mas Jisung prometeu que o ajudaria no dia posterior, então hoje eles não tinham planos do que fazer. Quando tudo ficou pronto, Changbin se virou, usando o costumeiro pijama, uma camiseta velha folgada e calças listradas, o cabelo preto meio ondulado bagunçado e os olhos miúdos de sono. Ele estendeu a mão para Jisung, o convidando para vir. Jisung não hesitou em segurar, sorrindo ao vê-lo novamente. A luz foi apagada e eles se juntaram na beliche, fez um pequeno barulho quando os dois subiram no colchão, já que a estrutura era um pouco velha. De janela aberta, as luzes do orfanato que ainda estavam acesas deixava o ambiente confortável. Não era nem muito claro, nem muito escuro, Jisung preferia assim, nunca foi um grande fã do escuro, e Changbin também. Eles ficaram quietos na presença um do outro, de rostos colados. Jisung cobriu Changbin, ciente que o menino sentia frio embora fizesse um pouco de calor. Changbin sorriu de olhos fechados, os dedos serpenteando pela linha firme da mandíbula de Jisung, acariciando a área com a ponta dos dedos, num carinho singelo e confortável. Jisung o puxou para perto, até as pernas de Changbin estarem entre as suas, e o beijou na testa.

— Sabe. — Jisung iniciou, embora Changbin estivesse a meio passo de cair no mundo dos sonhos. — Minho veio aqui hoje.

— Você conversou com o Minho? — Surpreso, Changbin indagou, a voz um pouco distante por ele estar sonolento. Mas ele não dormiu, queria ouvir o namorado, gostava das conversas que tinham à noite, quando não havia mais ninguém além deles.

— Infelizmente. — Changbin riu, como uma lufada de vento saindo pelo nariz. — Ele perguntou de você.

— Minho é um cara legal, gosto dele. — Jisung mordeu a língua para não retrucar suas opiniões em relação ao homem mais velho. — Mas, o que ele queria? Geralmente ele vem aqui para falar sobre o Chan hyung.

— Então, ele veio aqui para isso mesmo. Ele falou que o Chan estava bem, só ocupado demais. — Como sempre, pensou, sem realmente dizer isso porque sabia que Changbin ficaria chateado. — Disse também que talvez amanhã ele poderia aparecer, mas sei lá Bin, por que eu deveria acreditar nisso? Eu fiquei feliz na hora, mas e se ele não vier? E se ele nunca mais aparecer? Isso me atormenta muito. Não quero ficar o dia todo esperando por alguém que não vai aparecer.

— Sinceramente, eu espero que ele venha. — Changbin declarou, ainda acariciando o rosto de Jisung, os dedos frios traçando linhas imaginárias pelas bochechas e nariz do menino. — Sei que lá no fundo você também quer isso, porque é seu aniversário, você quer que ele esteja lá. Eu também queria… — Sussurrou, mas Jisung ouviu. Não tinha como não ouvir. Ele abraçou o garoto, o trazendo para mais perto. — Mas eu espero que ele venha no seu, espero mesmo, Hanie. Não quero te ver triste.

— Eu também não queria te ver triste, amor. — Nunca falou, mas ficou irritado quando o aniversário de Changbin acabou e eles não receberam nenhuma notícia de Christopher. Nenhuma. Minho não apareceu, nem Chan, mas os avós de Changbin vieram junto de Jeongin e Hyunjin. Eles trouxeram bolo e docinhos de aniversário. Jisung fez Changbin usar aqueles típicos chapéus de aniversário, e eles comemoram ali mesmo no orfanato, na sala de visitas. Foi uma cerimônia pequena, mas alegre. Embora Jisung soubesse que não era a mesma coisa sem o Bang.

Changbin não disse nada por um tempo e aos pouquinhos o cafuné parou e ele caiu no sono, mas Jisung ficou acordado. Ficou acordado até dar meia noite, e oficialmente ser um adulto, um homem de dezoito anos, embora ainda se sentisse como um garotinho. Não foi como imaginou, não se transformou em um adulto responsável e maduro, ainda se sentia o mesmo Han Jisung que tinha o dom para roubar coisas e ser atentado. Ainda se sentia um menino. Um menino assustado que tinha medo dos fantasmas e da solidão. Um menino que amava outros dois outros meninos. Nada mudou. Ele se aconchegou em Changbin, o abraçando bem apertadinho, e fechou os olhos para dormir. O tic tac do relógio de pulso que deixou na cômoda ao lado da cama foi alto o suficiente para incomodá-lo. O tempo não podia parar, embora quisesse. Seu arqui-inimigo ganhou mais uma vez.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro