31
— não sabia que você gostava de futebol. — jisung abotoou a camiseta pólo da enfermaria, observando changbin ainda sentado na cama indeciso se levantaria ou não. Seu corpo o mandava apenas deitar e dormir, mas sua mente dizia o contrário.
— não gosto, mas talvez isso seja algo no que sou bom.
— e ser lutador? Você disse que ia tentar isso.
— a bruxa não vai contratar um professor de luta só porque eu quero, e nem posso sair do orfanato pra treinar. Minha única alternativa é ver se o futebol é minha praia, se não, posso desistir e tentar outra coisa.
— você sabe que se começar nisso agora, você não vai sair tão fácil, professor sungjin é bem rígido quando tem campeonato perto. — changbin balançou a cabeça, ciente disso. E esse era o menor dos seus problemas, a pior parte seria enfrentar o time todos os dias, a maioria daqueles garotos odiaria a ideia de ter que conviver com o seo por meses até o começo do campeonato em abril.
Decidiu que estava mesmo na hora de ficar de pé quando jisung começou a arrumar a mochila para "trabalhar", embora fosse final de semana, o han ainda era obrigado a ir até a enfermaria e ficar de plantão o dia inteiro, tendo suas pausas somente em horários como almoço e jantar. Changbin se ergueu com nítida exaustão, a má noite de sono expressa em seus ombros tensos. Ele caminhou até a cômoda e tirou um conjunto de shorts e camisa sem estampa, trocando o pijama pela vestimenta casual. Jisung prontamente ficou de costas, respeitando o espaço do menor. O mais novo sabia que changbin não gostava de ser observado enquanto se trocava, era um código claro entre ele e chan, quando o menor se despia no quarto por pura preguiça de ir ao banheiro, os dois deveriam se virar e esperar até que ele avisasse que já tinha se vestido novamente.
— pronto. — disse ao passar a camiseta preta e meio surrada pelo tempo, ajeitando o comprimento nos ombros.
Jisung se virou e riu baixinho, como uma leve lufada de vento por suas narinas. Ele estava adorável. Sem se conter, puxou o menino pelo pulso até que seus corpos estivessem próximos o suficiente para sentir o peitoral de changbin contra o seu, jisung enlaçou sua cintura com os braços, o olhando de pertinho, um sorriso bobo recheando seus lábios pequenos.
— você tá tão lindinho. — admitiu baixinho, alargando o sorriso pela careta do mais velho.
— você só tá falando isso porque é meu namorado. Eu sou todo magro, me sinto um saco de batata. — conseguiu se livrar do abraço de jisung, tentando dar um jeito para que o shorts não ficasse tão largo na cintura, mas igualmente a todas suas outras roupas, essa também era velha e o elástico que devia segurar ao redor do seu quadril estava meio folgado.
— não seja bobo. — o abraçou novamente, dessa vez por trás, o corpo dele tendo um encaixe perfeito no seu. — você é lindo de qualquer maneira. — sussurrou pertinho da sua orelha, beijando a parte de trás em seguida, os braços apertando ao redor da sua barriga. — quer fazer alguma coisa amanhã ou domingo? A gente podia ir no riacho. Quero ficar sozinho com você em um lugar em que ninguém possa atrapalhar a gente.
Changbin inicialmente não soube o que responder, sua mente se tornou um borrão quando jisung deslizou a mão por seu abdômen, descendo ela pela extensão do umbigo. Ele se inclinou e segurou o pulso do rapaz, a respiração pesada se mesclando com o estranho nervosismo que crescia no pé da sua barriga. Em contrapartida, o han riu contra sua orelha, baixo e meio oscilante.
Meio — se não, muito — nervoso, o moreno se virou, encarando os olhos de obsidiana do seu namorado, se aproximando devagarinho para suprir a distância entre suas bocas, mas batidas na porta pararam os dois rapazes que quase tiveram seus corações pisoteados pelo susto repentino.
— changbin hyung? Você tá aí? — felix indagou do outro lado, esmurrando a porta várias vezes.
— já tô indo! — gritou de volta, e ele enfim parou.
— eu vou matar esse moleque. — ameaçou jisung, o rosto num misto de surpresa e raiva. Changbin riu, sem realmente acreditar em suas palavras.
— não seja bobo, ele só veio me chamar pra treinar.
— ele acabou com nosso clima romântico! — pigarreou tentando argumentar.
— você só queria me agarrar, e fala baixo, quer que ele descubra sobre a gente?
— e daí? Seria bom que descobrisse mesmo, assim não tentaria nada pra cima do meu homem.
— ele é só uma criança, han jisung. — o rapaz fechou a cara por ouvir seu próprio nome. Changbin sabia que ele odiava ser chamado assim, principalmente quando se referia ao han por seu nome completo, mas era adorável vê-lo bravo por isso.
Changbin enfiou a camiseta dentro do shorts, assim garantindo que não ficaria caindo. Antes que pudesse abrir a porta e sair, jisung o segurou pelo braço e rudemente beijou seus lábios, a colisão caótica machucando levemente sua boca, mas não era algo totalmente ruim. Changbin foi preso contra a madeira velha da porta, e jisung o explorou da melhor maneira possível, as mãos apalpando seu corpo e sua boca o devorando suavemente, numa sintonia confusa e excitante. O moreno teve que pará-lo quando sentiu felix mexer na maçaneta e bater novamente. O han revirou os olhos irritado, ofegando pelo ósculo.
Eles se afastaram e changbin deu um jeito na bagunça que se formou no cabelo do mais novo, rindo baixinho quando ele tentou agarrá-lo de novo.
— não seja mimado. — murmurou para o han, o vendo fazer bico.
— changbin hyung, a gente vai se atrasar! — felix esbravejou novamente.
— eu realmente vou matar esse garoto. — bufou, ouvindo as batidas incansáveis do menino lá fora.
— não vai, para com isso.
— só porque você pediu com jeitinho. — ainda conseguiu roubar outro beijo de changbin quando ele se afastou meio tonto pelos últimos acontecimentos.
O moreno abriu a porta e o lee sorriu abertamente, como uma criança que estava esperando os pais para passear. Jisung passou primeiro por eles, a mochila nas costas e a camisa pólo amarrotada, apesar dos seus esforços para manter tudo em ordem. Changbin saiu em seguida, fechando a porta e arrumando a roupa, tentando transparecer tranquilidade, por mais que seu coração estivesse batendo na garganta.
— você e o jisung estavam brigando? — o menino perguntou, observando o menor com os olhos semicerrados.
— não. — respondeu rápido e sem vacilar.
— sério? Escutei o barulho de algo se chocando contra a porta, fiquei até preocupado.
— não foi nada. — começou a andar em direção às escadas, tentando não sorrir ao lembrar do que aconteceu. Embora desconfiado, felix ainda o seguiu saltitante, animado para a entrada de changbin ao time.
Eles tomaram café da manhã juntos e logo saíram em direção onde os treinos estavam acontecendo. Felix não parou de falar um segundo, o que não incomodou changbin de jeito nenhum, o moreno já era acostumado com esse tipo de falatório sem fim, tinha jisung como namorado e ele podia ser bem tagarela quando queria. Era até adorável o jeito que o mais novo falava e falava sem parar, às vezes tropeçando nas palavras e embaralhando a língua.
Assim que ambos desceram o barranco e entraram na área onde o time se reuniu, todos os garotos pararam e fitaram changbin, se perguntando o que ele estava fazendo ali parado ao lado do seu zagueiro. Não era uma novidade para ninguém a possível amizade de felix com o grande problemático changbin, mas não acharam que o menino seria capaz de trazer aquele problema para dentro do campo. Quando algum dos jogadores iria se manifestar, o líder do time, yunho, deu um passo à frente, cumprimentando changbin com um aperto de mãos. Por mais hesitante que o menor estivesse, ele ainda estendeu a mão e apertou, incrédulo com aquela repentina ação.
— fiquei sabendo que você vai tentar a vaga de goleiro, fico feliz que tenha aceitado o convite do sungjin hyung. — o maior disse, ainda sorrindo gentilmente. Changbin assentiu desconfiado, abismado por essa recepção um tanto quanto estranha. Os garotos atrás do rapaz maior o massacrava com os olhos, porém ele não demonstrou medo, apenas surpresa. — o treinador vai chegar daqui a pouco, então comecem a se aquecer, não vamos ganhar o campeonato deste ano com vocês fazendo corpo mole. — yunho se dirigiu aos garotos que ainda estavam parados, e eles rapidamente foram a suas posições para se alongar para começar o treino.
Changbin seguiu felix pelo gramado molhado pela umidade, repetindo tudo que o menor fazia em relação a alongamentos. Apesar de ser um bom lutador e raramente perder uma briga, seu corpo não era acostumado a fazer grandes esforços, era um tipo de sedentário funcional, por isso, quando o capitão do time os mandou correr ao redor do campo improvisado, changbin rapidamente quis desistir, ficando cansado na primeira volta, embora ainda faltasse mais quatro. Eles continuaram nesse pique até yunho fazer uma pausa, entregando a todos uma garrafa de água e pequenos avisos sobre o treino a seguir, ele pediu para que changbin fosse até a grande área, entregando ao moreno luvas para proteção e um boa sorte.
Changbin engoliu seco quando percebeu o tamanho da rede que teria que defender, além do espaço que seu corpo ocupava no meio, sobrando bastante para defesa. Além disso, seus braços não eram grandes o suficiente para alcançar de um lado a outro, nem ao menos conseguiu tocar na barra de ferro acima da sua cabeça. Ele tentou engolir o nervosismo quando o atacante do time foi o primeiro da fila para fazer os pênaltis, a fim de testar sua habilidade. Changbin respirou fundo e se preparou, olhando atentamente para onde san chutaria a bola, tentando ao máximo ficar alerta. O choi sorriu de escárnio, dando alguns sustos no menor ao fingir chutar a bola em direções variadas, arrancando risadas do restante do time pela inexperiência do seo. Felix que estava no canto, ergueu os polegares e desejou boa sorte ao mais velho, torcendo por ele mesmo que a maioria dos garotos estivessem ansiosos para ver changbin machucado pelos chutes de san.
Ignorou as risadas e os comentários desagradáveis, dessa vez não caindo nos joguinhos do atacante, e quando san realmente chutou a bola, o caminho foi tão previsível que o menor só precisou se esticar para esquerda e segurar, o impacto sendo suprido pela luva. Tinha certeza que se não estivesse usando elas, teria ganhado um bom machucado. Quando jogou a bola de volta no pé do garoto, ele parecia prestes a ranger os dentes de insatisfação, como se suas expectativas estivessem sidos destruídas. Changbin não era um mal jogador como ele imaginou, porém não admitiria, encobrindo sua conquista com a famosa frase.
— foi só sorte de principiante. — ele disse, rindo de escárnio para os meninos impressionados por changbin ter realmente segurado a bola. — ele não vai conseguir de novo. — san alegou desta vez mirando no moreno, tão cruelmente que qualquer um teria recuado um passo, mas o seo não tremeu nem mostrou hesitação, ele continuou focado e não demonstrou nada que pudesse vangloriar o rapaz na sua frente.
Ele chutou a bola mais uma vez, dessa vez no meio, bem onde changbin estava. Não parecia ter sido planejado, pois sua cara de aborrecimento divertiu changbin, que conseguiu conter o chute segurando a bola contra o estômago. Tinha doído, e provavelmente ficou vermelho, mas era hilário o ódio crescente no rosto do garoto na sua frente. Os próximos três chutes tinham dado a mesma coisa: ia para esquerda e changbin conseguia alcançar, ia na direita e o moreno podia se esticar o suficiente para conseguir conter e no meio era bem mais fácil, embora soubesse que no final do dia seu corpo ficaria roxo. O restante dos meninos jogaram quando san desistiu e se recolheu com seu ego ferido, alguns menores conseguiram fazer um gol ou dois, uma vez que changbin estava tão exausto que seus reflexos tinham diminuído, mas ainda assim mostrou uma grande aptidão, tão boa que nem sabia que tinha.
Quando o sol baixou e a tarde chegou, yunho os liberou para comer no refeitório ou ficar no campo de treino para o retorno, alguns saíram e outros preferiram ficar, como changbin que deitou na grama molhada quando percebeu que ficar de pé era impossível. O vento forte que vinha da floresta e das montanhas alisou seu rosto e esfriou a temperatura corporal, se sentia tão cansado que a ação de abrir os olhos já era desgastante o suficiente. Não sabia o quão sozinho estava, mas sorriu quando uma sombra se formou acima da sua cabeça, deduzindo que fosse felix.
— te vi jogando, até que você não é ruim. — o sorriso que tinha foi desfeito quando notou que era apenas jaehyung. Changbin abriu os olhos com tédio e capturou o erguer de lábios dele, parecendo satisfeito com a desprezar do rapaz ao vê-lo.
— não enche o saco. — resmungou para ele, notando que todos tinham ido ao refeitório, até mesmo o lee havia sumido. Changbin esperava que ele trouxesse algo para comer na volta.
— decepcionado que não era seu novo namorado aqui? — o park deduziu, se sentando ao lado do corpo exausto de changbin.
— qual é a sua de achar que todo cara que eu converso é meu namorado? Vou achar que isso é ciúmes.
— não sou um viadinho como você.
— tô começando a duvidar disso, de tanto que você se preocupa com a minha vida amorosa. — mesmo de olhos fechados, soube que o park tinha uma cara de nojo. — e que fique claro que você não faz meu tipo e não eu faço caridade.
— caridade?
— pra alguém namorar com você tem que ser caridade ou dívida de jogo. Impossível aguentar ficar do seu lado por mais de dez minutos sem querer socar a sua cara até te deformar, não sei como aquela garota conseguia, e tenho que dá um voto a ela, também preferia ficar com o chan hyung do que com você. — changbin disse, observando o outro se inflar de raiva. — tenho uma pequena dedução do porquê você odeia tanto o chris. — ele se sentou no gramado, chegando perto de jaehyung. — você tinha inveja porque ele poderia ficar com qualquer garota, enquanto você e aqueles seus amiguinhos tinham que ameaçar elas e chantagear pra conseguir um beijinho. Acertei?
Sabia que tinha uma grande chance de levar um soco, mas não havia medo na sua voz. Estava longe dos olhos de haeri, poderia entrar numa briga com o park facilmente se quisesse, e talvez realmente quisesse, ainda estava irritado com o que ele disse sobre christopher anteriormente.
O castanho já estava com o punho fechado quando a voz de felix vindo de cima do barranco despertou os dois garotos que estavam prestes a brigar. O lee desceu o pequeno morro e correu na direção do campo, no mesmo instante jaehyung ficou de pé e foi embora. Changbin tinha a impressão que eles terminariam aquilo mais tarde, sendo hoje ou não.
— quem era aquele? — o menor indagou, na sua mão uma bolsa plástica verde balançando para lá e pra cá.
— ninguém importante.
— se você diz. — ele deu de ombros. — trouxe comida e peguei gelo na enfermaria pra você colocar na barriga e nos braços — o castanho se abaixou e colocou tudo na frente do mais velho, entregando a bolsa de gelo e a bandeja pequena de comida junto com um refrigerante de lata.
— você não falou ao jisung que eu me machuquei, né? — sabia que seu namorado poderia ser capaz de trazer todos os remédios que tivesse na enfermaria para curá-lo, e até seria capaz de ligar para ambulância se possível, para que ele fosse tratado num hospital de verdade.
— não, ele não tava lá.
— menos mal. — pressionou o bolsinha de gelo na barriga, a mantendo lá enquanto tentava comer com os braços e mãos doloridas.
— escutei os meninos do time falando que você era um ótimo goleiro. Yunho hyung parecia bem animado com sua entrada no time, principalmente depois do seu primeiro treino. — felix comentou sentado ao lado de changbin.
— eles tentaram me matar.
— não seja tão dramático, foram só alguns chutinhos.
— não era você ali quase sendo assassinado por meia dúzia de garotos com uma bola de futebol nos pés.
— qual é, eu ainda joguei fraquinho pra você.
— você tentou acertar a minha cara! — esbravejou rindo junto com felix.
— vou fazer o que se você é muito pequeno. — o provocou, sendo retribuído com um soco no braço nem um pouco suave.
— você tem noção que é do meu tamanho? — changbin indagou. O castanho assobiou como se não fosse relevante, irritando o moreno de formas inimagináveis. — você tem dez segundos pra correr, Lee Felix. — avisou já ficando de pé e largando tudo para trás.
Felix levantou como um furacão e saiu correndo, seu grito sendo possível de ouvir até na construção da nova quadra, onde dois senhores saíram de dentro do prédio para checar se não tinha ninguém sendo brutalmente assassinado por seus gritos finos.
(...)
Ao entardecer, changbin ainda acompanhou o treino noturno de felix, ficando com ele até depois do jantar, dando pequenas pausas para beber água e logo retornando ao treino. Quando enfim sentiram fome já era mais de dez horas da noite, tudo ao redor estava escuro, principalmente em direção a floresta, o único ponto de luz que tinham era a grande construção do orfanato residindo acima do barranco, brilhando em contraste a penumbra que os rodeava.
Sujo de terra e cansado pelo esforço, changbin se jogou no chão, a barriga roncando de fome e tudo que tinha era uma garrafa de água quase vazia e uma exaustão enorme o remoendo de dentro para fora. Se sentia moído pelo dia, e o assustava saber que era apenas o primeiro de muitos treinos que viriam pela frente. Não aguentaria esse ritmo até abril. Por outro lado, felix ainda parecia motivado, embora tivesse suor escorrendo por seu rosto jovial e sua respiração descompensada.
Parecendo conformado que changbin não levantaria durante os próximos vinte minutos, o lee se deitou ao seu lado, ambos encarando o céu recheado de estrelas e constelações. Não sabia explicar mas olhar para lua era reconfortante, o moreno imaginava que em algum lugar daquela grande cidade christopher estava encarando essa mesma bola flutuante, talvez da sua casa ou até mesmo da rua. Olhar para ela era a única coisa que podia confortar o coração inquieto e assustado de changbin. Desejava que ele pudesse vir logo visitá-los, porém algo o dizia que ainda demoraria muito.
— uma moeda pelos seus pensamentos. — felix disse, tirando a atenção de changbin e a atraindo até ele. — no que você tanto pensa, hyung? — indagou o encarando, os olhos castanhos inocentes mirados na sua direção.
— não é nada importante. — respondeu voltando a olhar para o céu, o baixo barulho dos grilos ecoando de várias direções, recordando aos dois rapazes o quão tarde era para ficar fora do orfanato.
Precisavam voltar logo, mas changbin não queria. Lá dentro, ele se sentia sufocado a todo instante, preso e incapaz de fugir do tormento que era sua atual vida, se tornando cada vez mais insuportável viver dessa forma ao decorrer dos anos. Talvez seja a ansiedade por saber que poderia ir embora quando dezembro chegasse, que não precisaria ficar mais alguns anos sendo torturado e humilhado por todos daquele instituto, mas esse mesmo pensamento de liberdade o trazia medo. Medo do novo. Medo do que poderia vir após sua saída do local. Não estava pronto, ainda se sentia apenas um garoto assustado.
— meu pai me dizia que se a gente visse a estrela mais brilhante do céu, poderíamos fazer um pedido. — felix proferiu fitando o espaço à sua frente. — tem uma ali. — apontou até uma, essa brilhava intensamente comparada a suas irmãs, tão fortemente que changbin teve certeza que seu brilho podia ser comparada a da lua. — faz um pedido, hyung.
Mesmo descrente, o moreno fechou os olhos e pensou em christopher e jisung, pensou nos três juntos no futuro, onde poderiam viver de forma confortável e feliz em algum lugar pacífico, onde não seria necessário se esconder ou fingir que eram apenas melhores amigos de infância. Changbin seria livre de verdade nesse futuro, não se esconderia e saberia tomar decisões boas, teria uma profissão e faria tanto jisung quanto chan felizes. Ele seria capaz de retribuir tudo que eles fizeram durante todos aqueles anos.
— eu quero ser livre. — ele sussurrou bem baixinho, somente para ele e aquela radiante estrela ouvir.
Notou que felix estava o observando quando abriu os olhos, incerto se ele ouviu ou não seu desejo. Quando retribuiu o olhar, ele sorriu sem mostrar os dentes, parecendo satisfeito em apenas ter a mera atenção do seo.
— o que você pediu? — indagou o moreno, tentando preencher aquela lacuna de silêncio entre eles, por mais confortável que pudesse ser.
— uma família. — ele disse. — uma que me ama e me aceite como eu sou.
— você vai achar uma família, tenho certeza disso.
— obrigado, hyung. — ele sorriu para changbin, e o moreno retribuiu.
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