28
Janeiro.
Changbin não conseguiu cochilar nem ao menos fechar os olhos por alguns instantes, após o toque de recolher, ele esperou até que jisung e chan dormissem para se sentar no colchão fino e esperar o dia amanhecer.
As festividades, como virada de ano e natal, no orfanato nunca tinham uma grande comemoração. As senhoras que trabalhavam na cozinha sempre optavam por um cardápio diferente, a fim de tentar alegrar um pouco aquelas paredes de cor acinzentada, porém, assim que eles terminavam a refeição, haeri os mandava para o quarto. Eles não tinham a permissão de passar a noite à espera dos fogos de réveillon ou comemorar o natal. Dentre todos aqueles anos em que changbin morará ali, nunca nem vira um ornamento ou decoração diferente para celebrar esse feriado. Seus avós até tentaram buscar o moreno para passar o final do ano em sua residência, mas a proprietária do orfanato não permitiu, tornando-se bem rude e rígida perante doyun, que tentou a todo custo persuadi-la.
No final, changbin apenas se manteve o mais longe possível dos outros órfãos e partiu para o dormitório assim que o sinal tocou, ouvindo os mesmos resmungos de desagrado das crianças que esperavam poder aproveitar o ano novo.
Agora, sozinho em sua cama sendo abraçado pelo breu da madrugada fria de inverno, ele se via acorrentado em angústia, como se estivesse envolto de água, preso e sem conseguir respirar. Na manhã, assim que o primeiro pássaro cantar na janela, christopher seria mandado embora, praticamente escorraçado por aquele lugar, sem apoio ou uma palavra de encorajamento. Tinha que lembrar de agradecer a minho quando o visse mais tarde, ele seria o único que estaria disposto a ajudar o bang, embora quisesse pedir a seus avós que dessem algum tipo de assistência ao castanho.
Em cima do caixote que ficava atrás da porta, as malas de christopher mantinham-se acomodadas, à espera da sua partida. Era um claro adeus. Um adeus que changbin temia ser perpétuo. Não conseguia enxergar um mundo onde não tivesse a presença do australiano, e nem possuía coragem de cogitar a ideia de perder jisung, mas algo entre suas entranhas emaranhava sua mente, tornando tudo tão bagunçado que ele simplesmente queria chorar. Era um mundo totalmente diferente do lado de fora dos portões, eles não se veriam todos os dias, não iriam almoçar e nem jantar juntos, nem mesmo ter longas conversas durante a madrugada. Changbin tinha medo, tanto medo que não cabia dentro do seu peito, como árvores criando raízes e se espalhando por todo seu corpo, o aprisionando em dor. Não queria perder chan, e tinha medo de não ser o suficiente para fazer jisung permanecer ao seu lado.
Abraçando os joelhos, o rapaz tentou se confortar. Fazia frio, o cobertor sobre seus ombros pendiam pelo movimento da sua respiração, que impulsionava seus ombros para cima e para baixo. Uma lágrima solitária e boba escorreu por seu rosto magro, e ele quis rir da sua própria aflição, se sentindo um tolo. Mesmo que possuísse um sorriso, que tremiam pela onda de sentimentos que o atingiu, logo eles se desmancharam, tornando tudo uma bagunça. Seu primeiro soluço soou pequeno, mesmo assim, ele tampou a boca e tentou parar, mas tudo já tinha derramado e se espalhado por seus arredores.
Seu choro era baixo, angustiante e doloroso, fazia seu peito arder e ele não conseguia controlar.
Changbin se viu tão submerso que não ouviu passos vindo em sua direção e uma movimentação perto. A luz amarelada do quarto piscou quando foi ligada, e isso fez o moreno se assustar, tentando proteger o corpo da claridade que tingiu seu mundo cinza e frio.
— amor? — ergueu o queixo até jisung sentado na beirada na cama, seu cabelo estava uma bagunça e seus olhos minúsculos pelo sono interrompido. — o que aconteceu? Foi outro pesadelo?
Logo, christopher também surgiu, optando a outra lateral. Os dois o olharam preocupados, e isso somente fez changbin querer parar de chorar e pedir desculpa por atrapalhá-los.
— ei, meu bem, tá tudo bem. — chan disse suavemente, o polegar enxugando as lágrimas teimosas que escorriam pelo rosto corado. — você quer nos dizer o que aconteceu?
— desculpa. — conseguiu proferir através de toda aquela bagunça. — eu não… eu não sei o que tem de errado comigo. Isso não deveria ser assim. Eu não sou assim. — engoliu mais um soluço, mesmo que seu corpo tremesse. — eu não sou fraco assim. — as mãos trêmulas se misturaram com os fios pretos e embaraçados, os puxando entre os dedos pequenos.
— changbin, você não é fraco. — o han subiu na cama, segurando os pulsos do menor até que ele parasse de se machucar. Odiava quando changbin descontava sua frustração em si mesmo, e odiava saber que ele sempre fazia isso. — não tem nada de errado com você, hyung. — ficou segurando os braços dele apenas por garantia, mas queria abraçá-lo, confortá-lo em seu peito até que toda sua dor fosse extinta. — fala pra gente o que aconteceu, por favor.
— eu não quero perder o chan, eu não quero ter medo disso, mas é mais forte que eu. — ele admitiu, ainda de cabeça baixa. — tava tudo bem, por que isso foi acontecer? É patético. Eu sou patético. Por que eu deveria ter medo de perder um de vocês dois? Por que isso me atormenta tanto? Talvez eu não seja bom o suficiente, por isso minha mãe me abandonou, por isso os pesadelos não me deixam em paz. Dói tanto, eu não quero sentir isso. — ele olhou enfim para jisung, intercalando em seguida com christopher, que acariciava seu joelho. — por favor, não me abandonem também, eu sei que não sou bom em nada, que nunca fui o suficiente, e nem posso corresponder vocês totalmente porque tenho medo, mas não me deixem. Eu posso melhorar, eu posso me tornar melhor, eu posso ser alguém que vocês vão amar de verdade, só não me deixem pra trás.
As mãos de jisung soltaram o corpo trêmulo de changbin, que cogitou a ideia que aquele seria o fim, mas o choque do corpo dele contra o seu fez tudo ao redor parar. A ventania do lado de fora que balançava a janela mofada era insignificante, a dor alastrante que corria em suas veias era insignificante. Tudo se tornou insignificante. Changbin olhou para chan, os olhos nebuloso, e o viu sorrindo, mesmo com as bochechas úmidas.
— quem te deixou pensar esse monte de bobagem? — o castanho indagou, a voz fraca pelo choro. — não diga isso nunca mais, entendeu? Nunca diga que a gente não te ama de verdade, e nem pense em cogitar que um dia vamos te deixar. — ele subiu no beliche, pouco ligando para o ranger da madeira embaixo do colchão, que estava gasto. Com os joelhos apoiados na fina camada de espumas, chan segurou no rosto fino e pontiagudo de changbin, o olhando profundamente, através da esfera cintilante que era seus olhos. Jisung ainda chorava grudado em seu ombro, suas lágrimas manchando o pijama do menor.
— nós não somos sua mãe, binnie, estamos com você desde sempre. Nunca vamos te deixar pra trás, nunca vamos te deixar sozinho ou te abandonar. Você é nossa família, e nós somos a sua. Nada e nem ninguém pode mudar isso. — mole pelo choro, o han proferiu, sua entonação comprovando que ele estava magoado com os pensamentos do menor, mas não o culpava, sabia como era de sentir tão amedrontado ao ponto de ser incoerente.
— você é suficiente, seo changbin. — chan disse sério, embora o rosto estivesse levemente rosado por segurar o choro. — você é incrível, sempre esteve nos protegendo quando criança, então não diga que você não sabe fazer nada, porque essas suas mãozinhas pesadas já nos livraram de apanhar várias vezes. — ele sorriu, e changbin quis desmanchar. — e você nos corresponde, você nos ama, isso já é o suficiente. Não precisamos ficar mostrando pra todo mundo isso, e ter medo é totalmente normal. Eu também tenho medo, jisung tem medo, não é nossa culpa sentir isso. Infelizmente, é uma reação natural, mas aqui dentro, nesse quartinho mofado e claustrofóbico, você nos ama, você até mesmo disse isso. E eu te amo muito, tanto que meu medo não é suficiente pra me impedir de querer gritar pra deus e o mundo saber que vocês dois são meus namorados e que eu amo bem mais que pintura.
— mais que pintura? — jisung soltou um risinho fraco e o fitou, ainda deitado parcialmente sobre changbin. — você deve nos amar muito mesmo.
— você não tem ideia, esquilo. — eles trocaram um selinho rápido, que prendeu a atenção do seo por mais tempo que imaginou.
A dupla voltou a changbin, que ainda respirava com dificuldade pelos soluços, mas tinha parado de chorar. Jisung se encostou ao lado do menor, deitando a cabeça em seu ombro, buscando a mão do garoto e entrelaçando os dedos. Notou as cicatrizes de antigas punições na palma de changbin, mas ao encaixar sua mão na dele, fez tudo sumir. E o moreno gostava disso, ter que encará-las todos os dias o fazia recordar que ainda tinha mais um longo ano pela frente. Um ano inesperado. Imaginar que tudo podia transbordar novamente o assustava, contudo, sabia que jisung estaria ali para ajudá-lo, e mesmo de longe, chan cuidaria dele, então não tinha o que temer.
O castanho levantou para apagar a luz, sabia que qualquer vigia podia passar e ver a luz acesa, e não seria bom receber um sermão antes mesmo do amanhecer. No escuro, o mais velho caminhou até sua cama a fim de buscar seu cobertor, logo escorregando até a cama de changbin, onde os três se amontoaram no cantinho da parede, ainda sentados. Chan jogou o cobertor por cima dos três e se encolheu ao lado do menor, abraçando ele parcialmente, conseguindo alcançar jisung do outro lado.
— eu não vou te deixar, darling. — chan disse, erguendo o queixo para observar o moreno, mesmo na pouca penumbra da madrugada. — nem você e nem esse chato.
— eu vou te beliscar. — ameaçou jisung da outra ponta.
— você não é doido.
— não duvide da minha capacidade, senhor bang chan.
— e se a gente brincar de ficar quieto, o que vocês acham? — changbin resmungou, a voz ainda fraca. Ele olhou para os dois, que fizeram bico. — quero deitar, não consigo dormir assim. — ele não precisou dizer duas vezes, no mesmo instante, chan e jisung começaram a se mover. O han até mesmo deitou changbin na cama, o colocando no meio, logo ocupando o cantinho da parede, deixando a ponta para chan.
Eles não conversaram durante alguns minutos, ou até horas, changbin não estava contando. O sono ainda estava foragido, mesmo com vários cartazes pedindo seu retorno. Não tinha certeza se a dupla estava dormindo, mas conseguiu se virar de bruços, tentando achar uma posição para cochilar, nem que fosse por míseros segundos. A janela ainda balançava, e a luz da lua tremeluzia dentro do quarto, manchando as paredes e vindo em direção ao beliche do seo. Com o rosto virado na direção de christopher, ele teve um breve vislumbre do seu perfil, os cílios, o nariz grandinho, os lábios salientes e o queixo marcado. Em um ato impensado, changbin apoiou os cotovelos no colchão e observou o rapaz de cima.
Outro fleche de luz e changbin tomou um breve susto quando notou que chan estava acordado, sua velha mania de fingir estar dormindo pegando o moreno totalmente desprevenido. O castanho se virou na sua direção, os braços deslizando por sua cintura, o puxando para cima do seu corpo. E changbin se deixou ser levado, atendendo ao pedido da sua cabeça.
Ele deitou em cima do australiano, liberando espaço para jisung, que rolou para o lado assim que percebeu a ausência do seo. Ele também estava desperto. Jisung apoio a cabeça melhor no travesseiro, os observando silenciosamente, um sorriso ladino e presunçoso nascendo suavemente.
— vocês são lindos envergonhados. — disse, a voz aveludada pelo sono. Chan e changbin se entreolharam, comprovando o rubor em seus rostos. — não tô atrapalhando, né? — os dois negaram. — então, quais são as metas de vocês pra esse ano?
— conseguir um bom emprego, entrar na faculdade e ter uma casinha só pra gente até o final do ano. — chan respondeu, acariciando o cabelo de changbin que tinha deitado em seu peito.
— ambicioso, gosto disso. — ele piscou para o maior, que riu baixinho e tímido. — e você, namorado? — olhou para changbin desta vez, que quase ronronava pelo cafuné. Jisung quis apertá-lo.
— achar algo no que eu sou bom. — proferiu, ainda de olhos fechados.
— tipo uma profissão? — ele assentiu.
— me sinto meio pra trás com vocês já tendo algo em mente pra trabalhar. Tipo, chan hyung quer ser advogado, mas ele já sabe pintar e desenhar, você sabe tocar violão e quer trabalhar como enfermeiro quando sair daqui, mas eu ainda não tenho nada. É meio frustrante.
— você não precisa se apressar pra descobrir isso, pequeno. — chan ditou, a mão grande repousando sobre seus fios. — tudo no seu tempo.
— eu sei, mas ainda é meio chato todo mundo já sabe no que é bom e eu não.
— você é bom de briga, não tem nada no meio disso que você possa trabalhar? — jisung indagou.
— tem competições, mas para isso o binnie tem que se especializar em alguma arte marcial. — chris explicou.
— você quer tentar, hyung? — olhou para changbin. — talvez exista algo no que você possa se encaixar, algo que faça você gostar de lutar, que não seja só para se defender. Talvez você possa até virar aqueles lutadores que inspiram as pessoas.— animadamente, jisung dissertou. — consigo te imaginar assim, um grande lutador. Eu amaria te ver como alguém assim no futuro. — ele afagou seu rosto, sorrindo sonhador.
— você só tem que prometer que não vai se machucar, não vou aguentar você coberto de sangue e machucado. — o mais velho alertou, soando enjoado e preocupado pela ideia.
— deixa de ser bobo, binnie é forte, ele nunca perdeu numa luta justa. — jisung insistiu, confiante no seo.
— mesmo assim, se ele se machucar eu vou ficar triste. — admitiu, aparentando estar abatido pela idealização.
— você é um adulto, não seja um bebê chorão, hyung. — provocou o han, apertando a bochecha de chris. — e eu acredito no bin. — mirou no rapaz que se mantinha quieto. — acredito que ele pode ser o que quiser.
Changbin se encolheu, recebendo um beijinho na testa de jisung.
Também queria acreditar que podia ser o que quisesse no futuro.
(...)
Pela manhã, a realidade bateu na porta de changbin, mesmo que o rapaz quisesse apenas afundar o rosto no travesseiro e fingir que aquele dia não existia.
Assim que ficou de pé, obrigando seus namorados a também levantarem, comprovou que a paz que reinava dentro do quarto somente possuía lá dentro. Nos corredores havia uma bagunça de malas e crianças correndo para todos os lados, alguns vestiam roupas casuais, dadas pelo instituto, indicando que eles também estavam para partir, outras se organizavam para o café da manhã, colocando seus uniformes e correndo pelas escadas. O trio rapidamente se juntou à pequena multidão, colocando em prática sua rotina antes de descer para degustar de uma refeição.
O grande relógio do refeitório indicava ser oito horas da manhã, em alguns minutos os portões do orfanato estariam abertos, revelando a saída para aqueles que já tinham percorrido seu caminho no lugar. Changbin não estava pronto, e sabia que jisung também não. A nítida prova disso era o estranho silêncio durante o café, conhecia o menino o suficiente para saber que ele estava querendo lidar com aquilo da melhor forma, mesmo que essa sua concepção seja nada saudável para ele. Chan tentou animar um pouco as coisas entre a dupla, mas desistiu durante algum tempo depois, embora ainda se mostrasse preocupado com a situação dos dois.
Quando bateu a hora, changbin subiu até o quarto com jisung para buscar as malas do australiano, uma vez que o rapaz precisava ter uma última conversa com haeri. No andar dos dormitórios, a dupla pegou as bagagens do bang, contabilizando em uma mochila e uma bolsa de viagem, contendo suas roupas e outros pertences. O menor deixou que o han levasse somente a mochila que parecia mais leve, descendo com a alça da bolsa pendendo no ombro esquerdo.
— ei, hannie. — o chamou assim que teve oportunidade. A movimentação no corredor do dormitório tinha diminuído, mas changbin ainda podia ouvir as vozes ansiosas vindo de todas as direções.
Jisung parou na sua frente, a cabeça baixa com os fios escondendo parcialmente seu rosto. Ele parecia rígido, as mãos fechadas em punho ao lado do corpo enquanto carregava a mochila de chan nas costas.
— eu só preciso de um pouco de espaço. — ele disse, ainda sem virar para olhar o menor. — vou ficar bem. — tentou garantir, mas o tom da sua voz era fraca, até um pouco doente, como uma folha presa a um único galho frágil. Changbin decidiu não insistir, respeitando sua decisão. O conhecia, sabia que logo mais ele estaria a sua procura para desabafar.
Eles pegaram o mesmo caminho até o térreo, vendo chan os esperando no pé da escada, os fios castanhos ondulados, uma camisa branca cobrindo seu dorso e uma calça jeans meio folgada que era presa por um cinto. Ele tinha um sutil sorriso de canto, nada grandioso, mas o seo reconhecia que ele estava se esforçando para se manter firme. O trio seguiu caminho até os portões, atravessando a porta dupla de madeira polida, antiga o suficiente para ter alguns rabiscos em sua superfície, logo depois percorreram o caminho de concreto até os portões de ferro, mantendo a segurança do local. Changbin olhou para o lado, através do jardim da frente, reconhecendo o caminho que levava até o riacho. Ele teve um flash de lembrança da primeira vez em que eles correram por aquele matagal, atravessando a floresta até chegar no pequeno riacho cristalino, deviam ter em média doze anos quando o moreno os levou lá pela prefeitura vez. Changbin recordava de jisung empurrando ele e chan dentro da água antes de pular em cima dos dois.
Um sorriso nostálgico cresceu em seus lábios, mas ele morreu assim que notou que tudo aquilo ficaria para trás.
Em frente aos portões, alguns antigos órfãos se despediam, abraçando seus amigos e irmãos de consideração, logo partindo morro abaixo. Numa moto minho esperava por chan, ele ainda tinha aquele mesmo cabelo cor de cereja, mesmo que estivesse desbotado. O rapaz sorriu para o casal antes de se aproximar.
— chegou o grande dia, hein. — ele disse, passando o braço por cima dos ombros de chan. Jisung apenas revirou os olhos sem que o outro notasse, mas changbin ao seu lado notou, como também apertou de levinho sua roupa, a fim de pedi-lo um pouco de calma. — vou deixar vocês se despedirem. Até mais, binnie. — piscou para o menor, que sorriu meio constrangido.
Assim que minho retornou até sua moto, chris suspirou, parando na frente dos dois meninos, as mãos pairando ao lado do corpo, aparentando estar retraído pela multidão que os rodeava. Changbin olhou ao redor, recebendo um tipo de atenção que sempre o deixava enjoado, mas hoje decidiu ignorar, como também ignorou o comichão que crescia em sua barriga pela ideia de estar sendo observado. Ele deu um passo à frente, seu corpo se chocando contra chan num abraço desajeitado mas ainda confortável. Jisung logo se juntou, tornando as coisas um pouco mais complicadas para changbin que estava no meio, entre os dois corpos, mas não ligou, não era tão ruim.
— vai ficar tudo bem, o hyung promete. — chris sibilou calmamente, acariciando o cabelo deles. — se cuidem enquanto eu estiver fora, okay? Fiquem seguros, e não arrumem confusão e nem briga. Principalmente você, seo changbin. — ele apertou a pontinha da orelha do menino que tinha o rostinho em seu peito. — eu vou sentir saudades, muita mesmo. — desta vez sua voz vacilou, e o barulho seco das suas lágrimas sendo engolidas foi ouvida pela dupla. — eu amo vocês dois. — os apertou contra seu peito, o nariz tocando no cabelo de jisung.
Foi chan quem deu a primeira iniciativa para quebrar o contato, se afastando devagar dos dois, como se tentasse registar aquele momento em sua mente. Ele olhou até a grande estrutura de cimento e tijolos, comprimindo os lábios.
— venho visitar sempre que puder. — garantiu, desta vez olhando para eles. — e binnie. — se dirigiu ao menino baixinho e magricelo, o vendo erguer o queixo em sua direção, uma mania que tinha ao se despertou dos seus devaneios. — cuide do jisung, e se cuide também. Você é forte, não só fisicamente, mas em todos os aspectos. — changbin assentiu, mesmo aéreo. — hannie. — olhou para o outro moreno que ainda estava cabisbaixo e recluso em seu próprio mundo. — não é um adeus, você sabe disso. — afagou seu cabelo. — tenho orgulho de vocês dois.
Ele novamente se aproximou, deixando um beijinho rápido na testa dos dois meninos, mesmo com a atenção desnecessária que recebiam. Logo em seguida, caminhou até a moto com a mochila nas costas e a bolsa na mão, enfim indo embora. Changbin mordeu o lábio, segurando na mão de jisung que parecia de vidro, frágil demais para se manter de pé. Os dois ficaram lá até christopher subir na garupa de minho e ir embora, sumindo ladeira abaixo, comprovando que aquela seria sua realidade dali em diante.
— vamos entrar. — o moreno ditou, ainda segurando na mão do mais novo.
Jisung o seguiu mesmo cambaleando em sua dor, e encarando as costas do garoto que o levava até o orfanato, percebeu que changbin lutava para não desmoronar novamente.
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