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- como você descobriu que o chan hyung gostava da gente? - perguntou a jisung que estava sendo carregado pelo castanho, ainda caminhavam com calma até a barraca, uma vez que correram mais que deveriam e os machucados do han começaram a doer.
- sabe todo aquele negócio que aconteceu com você no dia anterior do seu aniversário de doze anos? Por causa de uma briga que te enfiaram? - changbin assentiu. - o chan hyung ficou bem triste com isso, aí eu peguei ele chorando no dormitório. Bom, eu também tava meio mal porque você tinha levado uma surra tremenda e ainda foi castigado, e a gente não podia fazer nada, então nós dois ficamos lá no chão do quarto chorando junto, até que ele disse que gostava de você e não aguentava mais te ver apanhando e sendo punido sem motivo. - changbin desceu os olhos até o australiano, mirando no vermelho intenso que preenchia suas orelhas. O moreno não lembrava com clareza daquele dia, era como uma memória vaga que foi ligeiramente apagada, mas recordava de ver os dois com os olhos fundos de tanto chorar quando retornou ao quarto. - eu pensei que ele gostava só de você, então fiquei com ciúmes disso e briguei com ele.
- aquele dia foi um terror, o jisung só faltou me espancar.
- qual, é! Você disse na minha cara que amava o garoto que eu gostava, você queria que eu só aceitasse? Se ele não fosse nosso, então ele não seria só seu.
- mas qual a necessidade de me bater?
- cala a boca, você mereceu.
- paro! - puxou a orelha dos dois, apartando a discussão. - vocês são crianças ou o quê? Termina o que você tava dizendo jisung.
- bom, a gente brigou, eu bati nele, o chan chorou mais ainda e no final ele acabou falando que também gostava de mim. E fim da história, quanto você dá pro meu enredo?
- agora entendo porque você sempre tira nota baixa quando tem redação. - jisung mostrou a língua para o menor. - vocês gostam de mim desde os doze anos?
- dez. - jisung corrigiu.
- nove.
- nove anos é tipo, quando a gente se conheceu? - encarou o bang atônito, vendo ele rir envergonhado e coçar a orelha, enquanto seu outro braço mantinha jisung firme nas suas costas.
- quando você me protegeu dos valentões que zoavam o meu sotaque coreano assim que eu cheguei no orfanato, foi nesse dia. - ele suspirou nostálgico. - você foi tão legal me defendendo, e eu fiquei "nossa, ele é incrível", mas nunca consegui agradecer por aquilo, então obrigado por ter me defendido daqueles garotos e falado que meu sotaque era bonito, isso me deu confiança pra aperfeiçoar ele.
Changbin estava petrificado no lugar, tanto que o bang teve que parar para esperá-lo começar a andar novamente. A lembrança daquele dia o atingiu com força, as vozes, o cenário, tudo, ele lembrava de absolutamente tudo com perfeição. Lembrava do australiano chorando por estar sofrendo bullying mais uma vez, de jisung aparecendo para levá-lo até enfermeira porque um dos meninos tinha o empurrado e ele acabou machucando o braço, e lembrava com clareza da briga que arrumou com os meninos, e de quando foi punido por Haeri por ter feito aquilo.
- nossa, faz tanto tempo. - ele disse ao ar, sem realmente encarar chan. - e você não precisa me agradecer por isso, eu só agi por impulso. - ditou, voltando a acompanhá-los no mesmo compasso.
- você sempre age por impulso.
- cala a boca, quokka falsificado. - deu um leve tapa na cabeça do han, vendo ele choramingar.
- você acabou de comprovar o que ele disse.
- quer levar também? - ergueu a mão, e chan balançou a cabeça para os lados, sorrindo acanhado.
- fico feliz que as coisas não estejam estranhas entre a gente agora que você sabe que nós dois gostamos de você. - o outro moreno disse aprazível, olhando para o menor de soslaio, seus braços rodeando melhor o pescoço do australiano para se aconchegar nele. - isso era algo que preocupava muito a gente antes, porque, vai que por acaso você também não gostasse da gente do mesmo jeito? Ou pior, e se você se afastasse da gente? Eu tinha tanto medo disso, mas você gosta de nós dois, então acho que tá tudo bem.
- nada vai mudar, né? - changbin mirou neles meio nervoso. - digo, entre a gente, nossa amizade.
- a gente é amigo, bin. - chan garantiu, sem realmente encará-lo. - acima de tudo, ainda somos amigos, mas espero que você entenda que eu e o jisung não podemos continuar sendo só isso seu para sempre.
- vocês dois estavam juntos antes?
- estávamos esperando você, essa é a verdade. Talvez se você não gostasse da gente do mesmo jeito, iríamos ficar juntos no futuro, mas eu não tenho certeza, lidar com esse cara é difícil. - changbin riu da expressão de indignação que o castanho fez. - acredita que ele nunca quis me beijar? Foram sete anos me reprimindo pra ele ir dar o primeiro beijo com outra pessoa.
- espera o quê?
- juro a você binnie, ele beijou outra pessoa sabendo que tinha eu aqui disponível!
- quem você beijou? - teve que andar um pouco mais rápido para encarar chan nos olhos. O castanho sabia que changbin só fazia aquilo para ter certeza que ele não estava mentindo.
- a nayeon me beijou, não ao contrário, não teve consenso. - chan explicou sem ao menos tremer, provando que não estava mentindo. - ela acabou tirando conclusões precipitadas, a gente conversou e eu esclareci mais uma vez que não gostava dela daquele jeito e só tava ali pra ajudar ela com os estudos, ela pediu desculpa e pronto, não aconteceu de novo.
- ainda me sinto no direito de ficar chateado. Tipo, qual é? Tô a sete anos só tentando te beijar e ela vai e faz isso. - jisung fez um bico emburrado. - seu primeiro beijo vai ser comigo, entendeu? Nem pense em dar ele pro chan hyung. - avisou apontando o dedo indicador pro baixinho, que arregalou levemente os olhos, pávido com a ideia.
- para de colocar pressão no bin, a gente combinou que iria no tempo dele. - chan o repreendeu mais uma vez.
- é só um aviso amigável.
Quando enfim chegaram no espaço que as barracas estavam montadas, tudo estava silencioso e calmo, pelo horário do relógio de pulso de chan, já eram três da madrugada, deveriam ter gastado em média uma hora apenas caminhando pela trilha que levava ao acampamento, perdendo noção do tempo por estarem conversando. Jisung desceu das costas do castanho apenas para ir até a barraca que deveria dormir para trocar de roupa, avisando que não demoraria muito.
Changbin entrou na tenda primeiro, tirando o moletom de jisung e jogando ele em algum lugar daquele espaço consideravelmente grande. Ficou um pouco acanhado em tirar a camisa quando o australiano entrou na barraca, mas ele apenas virou de costas e vasculhou a mochila que trouxera, sem ao menos olhar para o baixinho, respeitando o espaço pessoal dele. Estaria mentindo se dissesse que agora não era um pouco estranho ficar na presença de um deles quando estava a sós, sabia que o bang nunca iria atacá-lo do nada, mas não conseguia controlar a ansiedade que crescia em seu peito. Balançou a cabeça afastando os pensamentos inconvenientes e nem um pouco bem vindos, trocando de camisa rapidamente.
- o moletom do jisung deve ter ficado sujo quando a gente caiu no chão, você pode usar o meu se quiser, ainda tenho um sobrando. - changbin fitou o australiano, ele estava de cabeça baixa quando se virou para entregar o moletom preto que tinha guardado.
- você pode me olhar, hyung.
Chan ergueu o queixo lentamente, talvez temeroso, contemplando o torso fino e os musculosos ainda em crescimento do corpo jovial de changbin, notando com mais avidez como a sua pele era amendoada e bonita, com pequenos sinais espalhados pelos braços e nos ombros, a camisa regata que vestia cobrindo apenas o que deveria, mas o que chan podia fazer? Era simplesmente perfeito poder admirar o moreno com mais atenção, mesmo que estivesse fazendo o possível para se controlar.
Changbin pegou o moletom da mão dele tentando não notar o jeito que seus olhos âmbar analisaram cada pequeno traço seu, vestindo rapidamente e aspirando o cheiro do seu perfume leve. Sentia que estava sendo rodeado pela fragrância agradável. Depois da tensão se dissipar quase completamente, o moreno focou na tarefa de arrumar os travesseiros e lençóis bagunçados, dando um jeito na desordem.
Assim que jisung apareceu, changbin desligou a lanterna e se deitou no mesmo lugar que nas últimas noites anteriores, mas agora não sentia um pingo de sono. Faltava menos de duas horas para o sol nascer, talvez fosse uma boa ideia ficar acordado, já que não tinham nada programado para o dia seguinte, sendo este o último dia de viagem, então eles poderiam apenas ficar balbuciando por aí o dia inteiro. O han ao seu lado estava quieto e não conseguia ver chan sem precisar erguer o pescoço, então deduziu que ambos estavam dormindo e se virou na direção contrária deles, encarando o tecido que formava a barraca sem ter nada em mente, no entanto um frio estranho percorria entre suas entranhas, deixando ele estranhamente desconfortável com aquilo. Estava ansioso desde que jisung ficou dizendo que beijaria ele, mesmo que não esperasse que aquilo fosse acontecer de uma hora pra outra, mas era impossível ficar calmo com essa ideia na cabeça.
Changbin iria enlouquecer se não se acalmasse.
- changbin, você já dormiu? - escutou a voz do bang um pouco mais baixa que o normal, ele estava deitado de barriga para cima, e assim que o moreno se virou na direção dele, pode visualizar o castanho mordendo o lábio inferior atrás de arrancar as pelinhas mortas, um ato para se acalmar quando estava nervoso. Talvez ele não fosse o único inquieto e com insônia ali.
- ainda não, acho que não vou conseguir dormir hoje. - declarou, deitando de lado e usando o braço como apoio para cabeça, puxou um pouco do cobertor para envolver jisung que ressonava baixinho, nitidamente cansado pelo longo dia.
- eu também. - ele suspirou antes de virar o rosto na direção do menor, notando o sorrisinho leniente que o moreno possuía quando admirava o mais novo dormir. - ele dormiu rápido, né? - changbin assentiu, sem se importar em erguer o queixo para mirar em chan, sabia que ele estava o encarando. - hm, changbin, eu posso segurar na sua mão?
O moreno rapidamente olha para chris, ele tinha as bochechas um pouco rosadas, mesmo que tentasse manter o contato visual. Changbin repensou sobre aquilo, sabia do porquê dele estar pedindo permissão, não gostava quando alguém tocava em suas mãos, elas eram ásperas e finas, talvez possuísse uma pequena insegurança quanto a eles por conta de toda punição que ambas recebiam pela diretora do orfanato. O moreno sem dúvidas as odiava, mas era impossível resistir ao ímpeto de ceder aquilo ao bang, ele o olhava de forma tão inocentes, como se não fizesse diferença se suas mãos eram estranhas de tocar, ele apenas às queria pegar por um curto período de tempo, e talvez não tivesse problema.
Receoso o seo levou a mão por cima do corpo pequeno de jisung, tocando sutilmente na palma lisa do australiano usando as pontas dos dedos, delicadamente chan a segurou, entrelaçando seus dedos por cima da barriga do han, as mantendo lá por um tempinho. Chan escondeu o rosto rubro na nuca de jisung quando se virou de lado, apertando sem muita força a mão pequena de changbin, alisando sua derme com ternura. Ele ficou encarando os dedos pálidos e esguios do bang se misturarem com os seus, a mão dele cobrindo a sua parcialmente.
Changbin se aconchegou melhor em seu canto, apertando de leve a mão do australiano como um pedido mudo para ele levantar um pouco o rosto, chan prontamente fez isso, os cabelos castanhos e curtos bagunçados e seu rosto uma mistura louca de cores, a palidez natural misturada com o rúbido da timidez.
- boa noite, chan hyung. - murmurou antes de fechar os olhos, sem soltar a mão dele.
Chan ainda ficou encarou o menor por minutos, desta vez sem precisar esconder o quão feliz e bobo estava. Aquilo parecia um sonho.
- eu tô tão apaixonado por vocês dois. - ele sussurrou abafado, esfregando o rosto várias vezes no travesseiro.
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