CAPÍTULO 26 ✨
Hoje vou mostrar o estúdio para a Anahí. Ele ficou completamente pronto ontem à tarde. Convidei apenas nossos familiares e os amigos mais próximos dela.
— Não sei para onde vamos hoje à tarde, mas estou sentindo que algo muito bom está por vir com essa surpresa — Anahí murmura, agarrada a mim.
— Que bom — respondo, beijando sua testa. Ela suspira e ergue a cabeça. — Estou ansioso para ver sua reação.
— Estou começando a ficar com um pouco de medo — ela brinca, e eu balanço a cabeça, negando. — Devíamos vir mais vezes para cá.
— Eu gosto de ficar aqui — murmuro, enquanto o vento balança os galhos da árvore. — É tranquilo.
— Desde que me casei com você, tenho apreciado mais a calmaria — Anahí diz, enquanto estamos deitados sobre uma toalha xadrez, sob a enorme árvore do nosso jardim. — Eu achava que, com o caos ao meu redor, poderia ocupar minha mente e não pensar tanto nas responsabilidades.
— Mas viver sempre na calmaria pode acabar ficando chato — digo, com um ar de riso, e ela balança a cabeça. — Veja eu, por exemplo: sou um desastre completo em socialização.
— Mas estamos melhorando nisso. Agora você consegue pedir uma pizza sozinho e até cumprimenta as pessoas do seu círculo social — ela gesticula, e eu concordo com um aceno de cabeça.
— O Nicolas está em guerra com a cunhada — comento, mudando de assunto antes que Anahí invente outro desafio maluco. — Parece que ela deu uma entrevista dizendo que seu irmão não é homem para a irmã dela.
— Nisso, eu tenho que concordar com ela — Anahí se senta, e eu continuo acariciando sua mão. — O Nicolas traiu a Kyllie, que é um anjo, e eu não entendo por que ela aceita toda essa traição.
— Ele deve gastar uma fortuna para retirar as reportagens, porque essa semana foram publicadas duas, e em ambas ele aparecia com uma mulher diferente — Anahí respira fundo e olha para cima.
— Preciso conversar de novo com a Kyllie. Eu amo meu irmão, mas o que ele faz com ela não é certo. Eu e a Maelle já falamos com ela umas três vezes, e em todas ela não nos ouviu.
— Talvez esteja acontecendo algo mais — digo, sentando-me também. Ela nega com a cabeça.
— Provavelmente é dependência emocional — Anahí gesticula com as mãos. — O Nicolas vai ouvir, porque vou contar para o vovô.
— Acha que seu avô vai forçá-lo a se casar com a Kyllie? — pergunto, e vejo os olhos de Anahí brilharem de animação.
— Seria o sonho da nossa família. A Kyllie é uma das minhas melhores amigas. Quem sabe, depois de se casarem, o Nicolas para de ser um galinha — ela diz, e eu arqueio as sobrancelhas. Ela se levanta.
— Onde você vai? — pergunto, e Anahí amarra o cabelo. — Acho melhor não se meter nesse assunto.
— Amor, eu sou uma Monteverdi. Nós sempre nos metemos na vida um do outro — ela diz, dando um pulinho e caminhando até a mesa de piquenique. Porém, quando ela pega o celular para digitar, Harper, Levi e Maelle entram no jardim.
— Vejam só, o casal está tendo um momento romântico — Harper bate palmas, e eu dou uma risada abafada. — Que coisa fofa.
— O Killian me deu uma ótima ideia — Anahí estala os dedos, e eu franzo a testa. — Vamos fazer o Nicolas e a Kyllie se casarem.
— O quê? — eu e Levi perguntamos ao mesmo tempo.
— Meu Deus — Maelle murmura, balançando a cabeça em negação.
— Anahí, eu não disse isso — levanto-me rapidamente, e ela dá de ombros. — Eu não tenho nada a ver com isso.
— Sabemos disso, Kill, e sabemos também que nossa irmã tem as ideias malucas dela sozinha — Maelle cruza os braços, encarando Anahí, que sorri.
— Malucas? Eu quero que nosso irmão sossegue e pare de agir como um idiota — Anahí gesticula com as mãos, e Levi revira os olhos, passando por ela.
— Por Deus, Anahí, você acha mesmo que, casado, o Nícolas iria parar de agir como um libertino infiel? Ele está com a Kyllie há quase três anos, e sabe quantas vezes ele a traiu? Mais vezes do que podemos contar — Levi gesticula com as mãos, fazendo Anahí estalar a língua no céu da boca.
— A Kyllie devia largar ele — Harper ergue as mãos em forma de rendição — Mas parece que ela não se importa com esses chifres.
— Ela deve estar sendo ameaçada pelo Nícolas — Maelle diz, e Anahí me olha com o cenho franzido — Ou apenas gosta de ser traída.
— Ninguém gosta de ser traído — digo, e Harper concorda — Acho melhor pararmos de falar sobre eles. E tire essa ideia de casamento da cabeça, Anahí.
— Ok, não está mais aqui quem falou — ela ergue as mãos em forma de rendição, ao perceber que ninguém iria apoiar suas ideias malucas.
— Mudando de assunto — Harper começou, dando alguns passos em direção a Anahí e a abraçando carinhosamente. — Viemos almoçar com vocês.
— Ah, que ótimo! — Anahí respondeu, beijando a bochecha da amiga, que soltou uma risada. — O vovô virá?
— O vovô está na empresa, infelizmente não vai poder vir — explicou Levi, e Anahí acenou com a cabeça, compreendendo. — Mas é bem provável que o Nícolas venha, e acho que a Kyllie também.
— Será que o Nícolas nunca vai mudar? — Maelle perguntou, batendo levemente nas costas de Levi. — Devíamos arrancar o pau dele.
— Credo, por que você é sempre tão… agressiva? — Anahí questionou, e Maelle arqueou as sobrancelhas, como se a pergunta fosse absurda.
— E como eu deveria ser? Sonsa e submissa como a Kyllie? — Maelle retrucou, e Levi deu uma risada, assim como eu.
— Já chega desse assunto — interrompi, erguendo os braços para acalmar o grupo. — Vamos entrar e nos preparar para o jantar.
Anahí concordou, vindo até mim e me abraçando com um sorriso.
— Todo esse grude está me matando — Harper brincou, apoiando o dorso da mão na testa e fazendo uma careta dramática. — Preciso de um namorado urgente.
— Vamos entrar — murmurou Levi, e Maelle deu dois tapinhas nos ombros do irmão, que pareceu um pouco incomodado com a fala de Harper.
Entramos todos na casa, seguindo em direção à sala de estar. O ambiente é aconchegante, com sofás macios e uma mesa de centro cheia de livros e revistas espalhados. Harper se joga no sofá mais próximo, reclama que está faminta, e Anahí vai até a cozinha buscar algo para beliscar. Levi se senta ao meu lado, enquanto Maelle fica de pé, olhando pela janela como se estivesse distraída, mas eu sei que ela está prestando atenção em tudo.
A conversa flui naturalmente. Falamos sobre o trabalho, sobre os planos para o fim de semana, e Harper não para de fazer piadas sobre como precisa de um namorado. Todos riem, e até Maelle solta uma risada sarcástica, mas não comenta nada. O clima é leve, descontraído, até que, cerca de trinta minutos depois, a porta da frente se abre com um estrondo.
Nícolas entra, furioso. Ele não está acompanhado, e seu rosto está vermelho, os punhos cerrados. Levi é o primeiro a se levantar, preocupado.
— O que houve, Níc? — pergunta, aproximando-se do irmão.
Nícolas respira fundo, tentando se controlar, mas a raiva é evidente.
— É a irmã da Kyllie — ele diz, quase cuspindo as palavras. — Aquela maldita da Calíope. Ela está perturbando meu juízo de novo.
— Eu até estou gostando dessa Calíope agora.
Anahí, que estava sentada ao meu lado, murmura algo para Maelle, baixinho.
Maelle solta uma risada contida, e as duas trocam um olhar cúmplice, divertidas com a situação. Eu observo tudo em silêncio, tentando não rir também, mas é difícil quando vejo Nícolas tão irritado.
— Calma, Níc. O que ela fez dessa vez? — Levi tenta acalmar o irmão, colocando uma mão no ombro dele.
— O que ela não fez? — Nícolas responde, erguendo as mãos em frustração. — Ela simplesmente não me deixa em paz! Está sempre metida nos meus assuntos, criticando tudo o que eu faço, e agora inventou de falar com a Kyllie sobre… — Ele para abruptamente, como se percebesse que está prestes a revelar algo que não deveria.
Anahí e Maelle continuam rindo baixinho, mas agora prestam atenção ao que Nícolas está dizendo. Eu me inclino para frente, curioso, mas não faço perguntas. Levi parece tentar manter a seriedade, mas até ele está lutando para não sorrir.
— Nícolas — Levi diz, tentando ser racional —, você precisa relaxar. Calíope é… bem, ela é assim. Você sabe como ela é.
— É exatamente por isso que eu não aguento mais! — Nícolas grita, e eu me pergunto se ele vai explodir de verdade. — Ela não tem limites, Levi! Nenhum!
Enquanto os irmãos continuam a conversa, Anahí sussurra para mim.
— Acho que ele nunca vai admitir, mas ele gosta da atenção dela.
Eu concordo com um sorriso, mas não digo nada. Afinal, Nícolas está furioso, e a última coisa que ele precisa é de mais gente tirando sarro da situação. Mas, cá entre nós, a cena é hilária.
(...)
Estamos a caminho do estúdio. O motorista para no sinal vermelho, e eu pego uma venda, segurando-a com cuidado. Anahí me olha, confusa, seus olhos cheios de dúvida.
— Confie em mim — digo, dando-lhe um selinho rápido. Ela não diz nada, apenas vira o rosto, permitindo que eu coloque a venda sobre seus olhos.
Estamos a caminho do estúdio, e eu seguro a fita azul com cuidado, amarrando-a sobre os olhos de Anahí. Ela respira fundo, suas mãos tremem levemente, mas eu seguro seus dedos, tentando transmitir calma.
— Já estamos quase lá — sussurro, acariciando sua mão. — Mais uns trinta minutos.
O carro segue em frente, e Anahí não para de fazer perguntas, sua voz cheia de curiosidade e uma pitada de nervosismo.
— Killian, você não vai me dizer nada? Estou morrendo de ansiedade aqui!
— Calma, amor — respondo, rindo baixinho. — Já chegamos. Agora, confie em mim, tudo vai fazer sentido.
O carro para, e eu desço rapidamente, contornando o veículo para abrir a porta de Anahí. Estendo a mão, ajudando-a a sair com cuidado, enquanto ela segura em mim com força, desorientada pela venda.
— Onde estamos? — ela pergunta, sua voz misturando excitação e apreensão.
— Já vamos entrar — respondo, guiando-a suavemente pela calçada. — Só mais alguns passos.
As portas do local já estão abertas, preparadas para recebê-la. Seguro Anahí pela cintura, guiando-a com cuidado enquanto ela ri, tentando manter o equilíbrio.
— Você está me levando para algum lugar perigoso? — ela brinca, e eu rio, apertando-a levemente.
— Nunca. Você está completamente segura comigo.
Subimos uma escadaria de madeira rústica, vernizada e brilhante sob a luz suave do ambiente. Anahí ri novamente, segurando no meu braço enquanto eu a apoio, minha mão firme em sua cintura. O toque é suave, mas protetor, e sinto ela se entregando à minha presença.
— Estamos quase lá — murmuro, minha voz próxima ao ouvido dela, fazendo-a estremecer.
Ao chegarmos ao topo da escada, paro por um momento, olhando ao redor. O estúdio está iluminado, com telas, cavaletes e tintas organizados em um canto. Aqui estão os irmãos de Anahí, seu avô, meu avô, Harper, Elliot e alguns amigos próximos. Todos observam em silêncio, expectantes, esperando o momento em que Anahí descobrirá a surpresa.
— Killian… — ela sussurra, sua voz um pouco incerta. — Eu sinto que tem alguém me observando.
Sorvo uma respiração profunda, meus dedos encontrando o laço da venda. Com um movimento suave, puxo o laço, e a fita azul cai aos pés dela. Anahí arregala os olhos, olhando ao redor, tentando processar o que vê. Seu olhar percorre o estúdio, as telas, os cavaletes, as tintas… e então ela cobre o rosto com as mãos, emocionada.
— Killian… — ela murmura, sua voz embargada. — Isso é… isso é para mim?
Sorrio, envolvendo-a em um abraço enquanto ela ainda tampa o rosto, tentando conter as lágrimas.
— Tudo isso é seu, Anahí. Um lugar para você criar, pintar, ser você mesma. Eu queria te dar algo que mostrasse o quanto acredito no seu talento.
Ela finalmente abaixa as mãos, olhando para mim com os olhos marejados. — Você é incrível, sabia disso?
Rio, envergonhado, mas feliz. — Só quero ver você feliz.
Enquanto os amigos e familiares começam a aplaudir e se aproximar, Anahí se agarra a mim, abraçando-me com força. Eu a seguro, sentindo o coração dela bater acelerado contra o meu peito. Nesse momento, tudo ao redor desaparece, e só existem os dois, no meio daquele estúdio que criei especialmente para ela.
— Obrigada Kill, muito obrigada.
🌟 VOTEM E COMENTEM AMORES ❤️
🌟Espero que tenham gostado do capítulo ❤️
🌟Um beijo e até o próximo 🤍
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro