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CAPÍTULO 22 ✨

1

Semana Depois

Jogo a bolinha para Páris, que corre atrás dela e a pega na grama verde do jardim.

Estou tão entediada. Harper está ocupada na empresa da família, Maelle mal tem tempo para comer, Nícolas e Levi estão na mesma situação. Killian também tem resolvido problemas na empresa e, ultimamente, tem chegado bem tarde. Um saco. Estou definitivamente sem companhia.

— Senhora — Olho por cima do ombro e vejo o mordomo parado ali.

— O senhor Vanderbilt está aqui — Franzo a testa.

— O que aquela Polly Pocket está fazendo aqui? — O mordomo apenas balança a cabeça, sem responder — Ok, traga ele aqui.

— Sim, senhora. — Ele se vira e sai.

— Páris. — Chamo minha dálmata, que rola na grama com a língua para fora. — Venha até a mamãe, nenê.

Ela corre até mim e pula no meu colo, abanando o rabo e lambendo minhas bochechas. Eu a amo tanto. Páris é como uma filha para mim.

— Furacão — Levanto o olhar ao ouvir a voz cantarolada atrás de mim — Katrina — Reviro os olhos.

— O que você quer, Polly Pocket cracuda? — Ouço a risada dele se aproximar, até que Elliot para à minha frente — O Killian não está — aviso.

— Eu sei. — Ele dá de ombros e se senta ao meu lado. — Nossa, essa dálmata não parece tão assustadora quanto o Kill costuma dizer.

— Não acredito que o Killian está falando mal da nossa filha por aí! — bufo, indignada — Páris cheira a mão de Elliot e pula no colo dele — Filha, ele é chato!

— Chata é você. — Ele aponta para mim e volta a acariciar o pelo dela. — Diferente da sua dálmata, que é um anjo.

Cruzo os braços e me encosto no banco.

— Você veio até a minha casa só para me estressar? Impressionante.

— Na verdade, eu vim porque preciso de um favor — Encaro-o com o cenho franzido — Por favor, furacão Katrina, me ajude.

— Hum… não sei se devo. — Finjo pensar, olhando para o céu. Elliot choraminga enquanto Páris desce para a grama — Você me irrita tanto, disputando meu marido comigo.

Ele junta as mãos em súplica.

— Eu imploro, senhora Beaumont! O que devo fazer para você me ajudar?

— Se ajoelhe — Aponto para o chão. Ele me encara por um momento, como se ponderasse — Parece que não é tão importante assim, né?

— Você é má, sabia? — Sorrio, satisfeita. Elliot ameaça se ajoelhar, mas antes que ele o faça, dou um tapa no seu ombro.

— Agora fale de uma vez, Elliot. — Estalo os dedos, impaciente. Ele pigarreia, parecendo hesitante.

— Eu quero uma pintura. Vou te pagar por isso — Franzo o cenho e me levanto com as mãos erguidas em rendição.

— Ei, ei! Quem te contou que eu pinto? — Pergunto, piscando algumas vezes. — E, de qualquer forma, não sou profissional. Você pode não gostar, nunca fiz nenhum curso.

— Fica quieta, furacão Katrina. — Ele dá duas batidinhas no banco ao lado, indicando para que eu me sente. — A Maelle me disse que você pinta muito bem. E o Killian também.

Mordo o lábio, desconfiada.

— Mas é só um hobby... Nunca fiz nada profissionalmente.

— Isso não importa. — Ele me interrompe. — É um presente para minha mãe. Ela está vindo para Ottawa.

Seu entusiasmo me faz sorrir.

— Promete que não vai ficar bravo se não sair como você espera? — Ele estende o mindinho para mim.

— Eu vi o quadro que fez para o seu avô. — Pisca para mim, confiante. — Confio em você. Agora me diga seu preço.

— Não vou cobrar. — Nego com a cabeça. Ele franze o cenho, prestes a protestar, mas eu o interrompo antes. — Será um presente, em agradecimento por ter cuidado do meu marido todo esse tempo.

Elliot bate continência e sorri largo antes de segurar minha mão. 

— Você é doidinha, mas faz muito bem pro Kill. Então, não abandone ele — Assinto com um leve balançar de cabeça.

— Jamais — Murmuro e ele desvia o olhar até a Páris — Ela gostou de você.

— Todos gostam de mim. — Abre os braços. Reviro os olhos, e ele estala os dedos, chamando pela Páris.

— BOM DIA! — Me viro, vendo meus irmãos, meu avô e o avô do Killian. — Viemos almoçar com a senhora. — Levi ergue os braços, e Maelle o imita.

— Graças a Deus, eu estava morrendo de tédio. — Me levanto e bato algumas palminhas. — Até que enfim se lembraram de mim.

— Não seja dramática, minha doce netinha. — Meu avô caminha até mim, e eu o abraço, soltando uma risada abafada.

— Eu estava morrendo de saudades, vovô. — Choramingo, e ele beija minha testa. — Vocês vão passar o dia todo aqui?

— Harper disse que chega em breve. — Levi avisa, e Nícolas o belisca, fazendo-o grunhir. — Vocês são tão idiotas.

— Todo mundo sabe que você é apaixonado por ela. — Maelle murmura, e vou até meu irmão, abraçando-o apertado.

— Devia contar para ela. — Murmuro e me afasto, enquanto Levi me encara com os olhos arregalados. — Confesse de uma vez, Levi.

— Eu e a Harper somos amigos, parem de falar baboseiras. — Pede, apontando para mim, Nícolas e Maelle. — Já chega desse assunto.

— Para de ser frouxo e conte de uma vez. — Aiden, avô do Killian, dá um tapinha no ombro do Levi. — Antes que seja tarde.

— Todos aqui me odeiam, eu já entendi. — Ergue as mãos em rendição e passa por nós, marchando. — Elliot, até que enfim, um AMIGO de verdade!

— Elliot? — Nícolas olha para o loiro e vai até ele, dando pulinhos. Elliot o imita, e os dois se abraçam enquanto pulam iguais malucos. Levi se junta a eles, e meu avô gargalha, assim como Aiden.

— Onde está o Killian? — Maelle pergunta, enquanto caminhamos até o banco de madeira.

— Está na empresa. — Respiro fundo. — Ele anda bem ocupado ultimamente.

— Vamos entrar — Chamo todos dividindo o olhar entre Maelle e os três doidos que estão brincando com a Páris.

— Agora não! — Nícolas responde rapidamente, sem tirar os olhos da Páris.

— Estamos brincando com ela. — Levi acrescenta, rindo enquanto a cachorra corre animada ao redor deles.

— Ela está se divertindo demais. — Elliot se justifica, jogando um graveto que a Páris prontamente corre para buscar.

Olho para os três no jardim, completamente imersos na brincadeira. Páris abana o rabo, latindo feliz enquanto corre de um para o outro, como se estivesse no meio de um jogo que só ela entende. Meu avô e Aiden observam a cena do banco de madeira, sorrindo.

— Tudo bem, fiquem aí. — Dou de ombros, sorrindo ao ver a felicidade da Páris. — Mas se cansarem ou ficarem com fome, sabem onde nos encontrar.

— Vai demorar um pouco. — Levi avisa, pegando a bolinha que Páris deixou cair e a jogando para longe.

— Melhor assim, ela precisa gastar energia. — Aiden comenta, divertido.

— Então vamos deixar eles no jardim. — Maelle diz, me puxando em direção a entrada da casa. Digamos que minha irmã não é muito fã de lugares abertos.

Entramos na casa junto com meu avô e Aiden, deixando os três no gramado enquanto Páris corre e pula, aproveitando a atenção deles.

Ao chegarmos à sala de estar, uma das funcionárias entra logo em seguida.

— Bom dia, desejam algo para beber ou comer? — pergunta, mantendo as mãos à frente do corpo. Ela divide o olhar entre mim e o chão.

— Eu aceito um café — Aiden diz, erguendo o indicador. A moça assente.

— Para mim, o mesmo, querida — meu avô pede, e ela novamente concorda com um balançar de cabeça.

— Eu prefiro algo mais forte. Uma dose de uísque para mim e para minha irmã.

Maelle tenta protestar, mas tampo sua boca antes que ela consiga dizer algo. Meu avô me encara com os olhos semicerrados.

— Obrigada.

— Por nada, senhora — a funcionária responde antes de sair da sala. Meu avô respira fundo.

— Calma, vovô, é apenas uma dose — Maelle me acerta um tapa e rio, indo até a poltrona — Fiquei tão feliz que vocês vieram.

— É sempre bom estar em família — meu avô diz, e Aiden concorda com um balançar de cabeça. — Você e o Killian não têm ido nos visitar.

— Killian está muito ocupado ultimamente. — Gesticulo com as mãos, e eles concordam. — E apesar de eu não estar trabalhando, estou indo às minhas aulas de pilates e ioga.

— Não pretende voltar a trabalhar? — Maelle pergunta, e dou uma risada nervosa. — O vovô cortou sua mesada.

— O QUÊ? — grito, olhando para minha irmã, de olhos arregalados. — Como assim cortou minha mesada, vovô?

— Sua irmã está brincando, querida. Eu nunca faria isso.

Jogo uma almofada em Maelle, que se deita no sofá dando risada, assim como meu avô e Aiden.

— Essas implicâncias de irmãos me enchem de alegria — Aiden diz com um sorriso animado. — Apesar de eu não ter irmãos.

— Não está perdendo nada — murmuro, e agora é a vez de Maelle jogar a almofada em mim — Sua grossa.

— Vô, olha a Anahí! — Maelle aponta para mim. Faço menção de levantar, mas meu avô nos interrompe.

— Chega disso, crianças. Por Deus, vocês não mudam mesmo. — Ele respira fundo e massageia as têmporas. — Acredite, cuidar de quatro crianças não é nada fácil.

— Killian era tão tranquilo que, às vezes, eu precisava incentivá-lo a fazer coisas de criança, como jogar futebol, quebrar algumas coisas e até mesmo assistir a desenhos animados — Aiden diz, gesticulando com as mãos. — Até que encontramos um esporte que ele gostava: tênis.

— E o piano — acrescento, e ele concorda. — Eu quase implorei para ele tocar para mim, mas ele não quis.

— Kill toca apenas aos domingos, porque… — Antes que ele termine, ouço passos e risadas vindos do corredor.

Até que as risadas invadem a sala de estar. Killian, Elliot, Levi e Nícolas chegam, animados. Franzo o cenho, procurando Páris.

— Onde está a Páris? — pergunto, me colocando de pé e apoiando as mãos na cintura. — Neguinho?

— O segurança a levou para a ala dela — Killian explica e sorri ao desviar os olhos de mim para meu avô. — Senhor Aiden Beaumont, que honra.

— Como está, meu neto? — Killian vai até ele e o abraça. — Sua casa está cheia.

— Eu gosto disso — Killian diz, desfazendo o abraço. Em seguida, se vira para meu avô e lhe estende a mão, mas ele o puxa para um abraço — É muito bom vê-lo, senhor...

— Se me chamar de senhor, vai levar um cascudo — meu avô se afasta e aponta para Killian, que ergue as mãos em rendição.

— Oliver — Killian cumprimenta quando ele diz seu nome. — Maelle.

Killian hesita em abraçar minha irmã, mas ela o puxa para perto.

— Somos cunhados, não seja tão modesto — Ela nega com a cabeça, e ele dá uma risada tímida. Afinal, sem a timidez, não existe o meu marido.

— Ana — Ele se aproxima, um pouco hesitante e envergonhado. Abro um sorriso, encarando-o nos olhos — Como passou a manhã?

— Muito bem. Como foi o trabalho? — Passo os braços pelo seu pescoço e lhe dou um selinho demorado. A sala fica em completo silêncio — Acho que eles ficaram surpresos.

— Você acha? — Killian pergunta, rindo de leve, e se coloca ao meu lado. Meu avô e Aiden piscam várias vezes.

— Tudo bem com vocês?

— Os dois se beijaram ou foi uma ilusão de ótica? — meu avô pergunta. Seguro na mão de Killian.

— Obrigado, meu Deus. Minhas preces foram ouvidas — Aiden junta as mãos e fecha os olhos. — Obrigado, obrigado.

— Olhando assim, parece que eles até fizeram promessas para Deus — Kill murmura, e concordo, encarando os dois.

— Como assim não sabíamos que o casalzinho estava se pegando? — Nícolas pigarreia alto, atraindo a atenção de todos, e cruza os braços com uma expressão divertida.

Elliot gargalha alto, enquanto Killian, ao meu lado, se engasga de leve, tossindo e batendo no próprio peito. Meu avô e Aiden praticamente pulam de alegria, como se tivessem acabado de ganhar na loteria, e Maelle apenas nos observa com um ar de riso, claramente se divertindo com a situação.

— Na verdade — Levi começa, e já sei que coisa boa não vem. Ele faz uma pausa dramática, olhando ao redor, antes de soltar: — Os dois se agarraram no campo de golfe no clube, aquela vez que a Anahí ficou com ciúmes porque o Kill deu carona para aquela mulher bonita.

Minha boca se abre para retrucar, porque isso é uma grande mentira, mas antes que eu possa dizer qualquer coisa, uma voz feminina preenche a sala.

— Qual mulher bonita? — Harper acaba de chegar, os olhos semicerrados visivelmente confusa, meu irmão arregala os olhos, claramente arrependido de ter falado qualquer coisa.

 Ele passa a mão pelo cabelo, visivelmente constrangido, e eu vejo Maelle se juntar a Elliot em uma gargalhada exagerada. Killian prende o riso ao meu lado, e até o vovô parece estar segurando uma risada.

Aproximo meu rosto do de Killian e sussurro.

— Nossa família é tão exagerada, meu preto — Killian solta uma risadinha baixa e se inclina na minha direção, murmurando contra minha orelha.

— Muito exagerada, mon papillon (minha borboleta)

Arregalo um pouco os olhos, sentindo meu coração aquecer com o apelido inesperado, e quando encaro Killian, ele já está me olhando com aquele brilho divertido nos olhos. Meu sorriso cresce antes que eu consiga evitar, e ele também sorri, cúmplice, antes de entrelaçar nossos dedos.

Mas antes que eu possa derreter completamente, o caos na sala continua. Elliot e Maelle ainda não se acalmaram da gargalhada, Aiden e meu avô parecem orgulhosos de algo que eu não entendi, e Nícolas observa tudo como se estivesse assistindo a um reality show de primeira classe.

Volto minha atenção para Killian, ainda sorrindo, e apenas aproveito o momento. Nossa família pode ser exagerada, mas eu não trocaria isso por nada.

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