CAPÍTULO 19 ✨
— Essas são as nossas cláusulas — diz o senhor Sinclair, batendo o indicador na enorme mesa da sala de reuniões de sua empresa. — E não iremos mudá-las.
— O valor está acima do que a empresa realmente vale. Me desculpe, senhor Sinclair, mas o senhor não está em posição de exigir absolutamente nada — meu advogado declara, fechando a pasta e colocando-a novamente sobre a mesa.
— Como assim? Está insinuando que eu esteja tentando dar um golpe nos Beaumont? — O senhor Sinclair se levanta, erguendo as mãos em uma falsa expressão de rendição.
— Peço que nos dê um tempo para analisarmos as cláu... — Tento intervir, mas a porta da sala de reuniões se abre de repente, interrompendo minha fala.
Anahí entra sem aviso.
— Oh, me perdoe, eu não sabia que estava em reunião — ela diz, segurando a bolsa à frente do corpo. Um sorriso brinca em seus lábios, e eu não consigo deixar de observar seu entusiasmo repentino.
— A reunião está encerrada — digo, levantando-me.
Anahí caminha até mim, empolgada demais para alguém que estava de mau humor no café da manhã.
— Senhor Sinclair — ela o cumprimenta com um olhar curioso. — O que faz aqui?
— Negócios com seu marido — ele responde, abotoando o terno impecável. — Estarei aguardando seu retorno, senhor Beaumont.
Sinclair sai da sala, seguido pelo meu advogado, que balança a cabeça em reprovação antes de ir embora.
Estou há tempo suficiente nesse ramo para saber o que Sinclair realmente deseja. Ele pensa que, por eu não ser tão velho, sou idiota e incapaz de diferenciar uma empresa financeiramente equilibrada de uma que está à beira da falência.
— Está fazendo acordo com os Sinclair? — Anahí pergunta, deslizando suas mãos macias sobre meus ombros.
— Na verdade, estávamos tentando. Mas o senhor Sinclair tem um sério problema com ganância.
Anahí estala os dedos, apontando para mim com um sorriso sagaz.
— A única que se salva naquela família é a Kylie — comenta, recostando-se na mesa. — Porque a irmã mais nova dela deu um pequeno golpe na empresa da minha família.
— Então a ganância deve ser hereditária naquela família — concorda, balançando a cabeça. — Gostei da sua visita — acrescento, com um sorriso discreto.
— Ah, que bom. — Ela sorri, fechando os olhos de um jeito encantador. — Podíamos passar o dia juntos, o que acha?
— Acho incrível! — Anahí bate palmas animada, e dou uma risada, contagiado por sua felicidade. — Para onde vamos?
— Pensei em passar o restante do dia em casa. — Ela dá dois passos, parando à minha frente e ajustando minha gravata. — O que você acha?
— E... bom... — Solto uma risada nervosa — Ela me dá um selinho e segura minha mão.
— Precisamos encontrar uma maneira de você falar sem gaguejar. — Me puxa em direção à saída. — Comecei um quadro novo.
— Eu gostaria de ver. — Saímos da sala de reunião, e Anahí segura meu braço enquanto andamos pelo corredor. — Sobre o que é?
— Ainda não sei. — Dá de ombros — Arqueio as sobrancelhas — Mas vamos descobrir em breve.
— Apoio a ideia de você fazer uma exposição — Ela solta uma risada sem humor — Seria um sucesso, Anahí. Você não pode negar.
— Não acho que venderiam. — Paro, e ela também. Me coloco à sua frente, encarando seus olhos azuis — E se venderem, será por causa do meu avô.
— O quê? Claro que não. — Nego com uma certa indignação. — Você é ótima. Seus quadros são incríveis. Eles venderiam pelo seu mérito e trabalho.
— E pelos meus sobrenomes. — Ela gesticula com as mãos. — Ninguém acredita em nada que eu faço, Killian. Tudo que eu tenho é por causa do trabalho da minha família e do meu sobrenome.
— Então essa é a sua chance de mudar isso. — Digo, firme, olhando em seus olhos, que vacilam. — Anahí…
— Killian — Me viro ao ouvir a voz de Elliot. Ele ri ao ver Anahí — Furacão Katrina! — Ele tira as mãos dos bolsos da calça e abre os braços.
— Polly Pocket cracuda, que ótimo vê-lo. — Anahí passa por mim e cruza os braços, parando em frente a ele. — O que faz aqui?
— Vim buscar meu melhor amigo, que marcou um almoço comigo. — Ele dá ênfase no "melhor amigo". Me esqueci completamente desse almoço com o Elliot.
— Hoje não vai dar, Elliot. Eu e a Anahí vamos para casa — Meu amigo abre a boca em choque, e Anahí deixa uma risada escapar.
— Você está me trocando por esse furacão aqui? — Finge indignação, apoiando a mão no peito. — Vai me trocar por uma mulher, Kill?
— Eu cheguei e acabei com você, Polly Pocket. — Anahí finge atirar nele e assopra a ponta dos dedos.
— Isso vai mudar, furacão. Eu vou me vingar. — Ele aponta para mim e dá alguns passos para trás. — Vou ligar para o Nícolas. Ele, sim, não me trocaria por ninguém.
— Você o conhece há apenas alguns meses. — Anahí dá de ombros, pegando o celular no bolso. — Tenha um bom dia, Polly.
— Eu te odeio, seu introvertido safado! — Dou risada enquanto ele desaparece pelo corredor.
— Vamos antes que a Polly maluca volte aqui. — Dou dois passos, parando ao lado de Anahí, e ofereço meu braço. Ela o segura com um sorriso leve. — Você podia tocar piano para mim.
— Hum... Eu só toco aos domingos. — Caminhamos em direção ao elevador. Ela desliza os dedos suavemente pelo meu braço antes de perguntar:
— Por quê? Tem algum motivo especial?
— É o único dia em que consigo tocar sem pensar nos problemas da empresa. — Minto, e ela me lança um olhar desconfiado.
— Sei... — comenta, semicerrando os olhos.
— O que foi?
— Nada. — Dá de ombros. Entramos na cabine metálica, e eu aperto o botão do térreo. As portas se fecham.
— O que vamos fazer em casa?
— Depende de você. — Ela pisca para mim antes de se encarar no espelho, ajeitando o cabelo. — Eu tô vendo você rindo, Killian.
Desfaço o pequeno sorriso no rosto.
— Não estou rindo. — Cruzo os braços, mas ela aperta meu bíceps, mordendo o lábio inferior e abanando-se logo em seguida. Essa mulher é um misto perfeito de sensualidade e delicadeza.
— Me promete que vai usar todos esses músculos? — Ela ri, divertida, enquanto passa os braços ao redor do meu pescoço. — Sou fascinada por eles desde o dia em que te vi naquela sala de estar na casa do seu avô.
— Impossível. Você estava muito bêbada para reparar em mim naquele dia. Ela estala a língua no céu da boca e revira os olhos.
— Acredite, Killian, eu te notaria mesmo se houvesse um milhão de pessoas ao meu redor. Sorrio antes de me inclinar e lhe dar um selinho demorado. — É impossível não notar você — conclui, com um sorriso doce.
As portas se abrem, e saímos do elevador. Anahí segura meu braço enquanto caminhamos pelo hall de entrada.
(...)
Trago um pouco de pipoca à boca enquanto estou deitado entre as pernas da Anahí, assistindo ao live-action de O Rei Leão.
— Eu amo esse filme — diz Anahí, estalando os dedos enquanto dois leões brigam ferozmente. — Derruba ele, Simba!
Dou risada ao ver sua animação. Ela volta a acariciar minha cabeça, rindo e xingando algumas hienas malucas. Fecho os olhos, respirando fundo, aproveitando o momento com Anahí.
Fico em silêncio durante o filme, apenas rindo das emoções exageradas e engraçadas dela. Quando o filme termina, me sento no sofá, e Anahí se levanta sobre o estofado, dando alguns pulos.
— Eu amo esse maldito desenho — dá uma gargalhada e se senta no meu colo. — Também amo sua cara de espanto quando me sento no seu colo. Não precisa ficar envergonhado, somos casados.
— Não sei o que há de errado comigo — digo, envergonhado por ser um idiota que não consegue reagir quando uma mulher linda se senta no meu colo. Às vezes, queria ser mais como os outros homens. — Me desculpa.
— Neguinho — diz com um biquinho, segurando meu rosto entre as mãos — não peça desculpas por isso. Eu acho muito fofo e adoro seu jeitinho tímido.
— Me ensina a ser mais... extrovertido, a ser um bom homem para você — tomo coragem, levando minhas mãos até sua cintura e as mantendo ali. — Quero ser o suficiente para você.
— Mas...
— Não quero mais ser assim — encosto minha testa na dela, que fecha os olhos e suspira. — Não quero que você entre na lista de pessoas que perdi por ser introvertido e medroso.
— É claro que eu te ajudo — ela abre os olhos, me fitando com atenção. — Mas saiba que eu nunca entrarei para essa lista. Jamais deixaria um anjo como você escapar.
— Você me acha um anjo? — pergunto, e ela concorda com um balançar de cabeça. — Você é muito linda.
— E você é perfeito — ela me abraça, apoiando a cabeça no meu ombro. — Nossas aulas começam amanhã. Inclusive, você vai ao psicólogo também.
— Psicólogo? — pergunto, franzindo o cenho.
— Sim, vai te ajudar muito — concordo, me levantando com Anahí nos braços.
— Ah, meu Deus, você é tão forte.
Dou uma risada, negando com a cabeça, enquanto caminho em direção à saída da sala de cinema, que fica no último andar da nossa casa.
— Já imaginei tanta coisa quando você me carrega como se eu não pesasse absolutamente nada — beija meu pescoço, fazendo meu corpo se arrepiar. — Puta que pariu, que homem, Senhor!
— Estou ficando envergonhado — dou uma risada sem jeito, e Anahí beija minhas bochechas várias vezes. — Mas gosto quando você diz essas coisas.
— Eu sei, neguinho — pisca para mim e balança os ombros. — Os tímidos são os melhores.
Semicerro os olhos na direção dela, que continua sorrindo.
— Para onde deseja ir, senhora Beaumont? — pergunto.
Anahí parece pensar.
— Para a cozinha. Estou com sede.
Concordo e caminho em direção à escadaria que leva aos outros andares.
Ao chegar na cozinha, coloco Anahí sentada sobre a ilha e vou até o armário espelhado. Pego um copo de vidro, abro a geladeira cinza de duas portas, pego uma jarra de vidro com água e me aproximo novamente dela.
— Você gostou do filme? — pergunta enquanto despejo água no copo. — Não acredito que nunca tinha assistido O Rei Leão.
Entrego o copo e me sento na banqueta à sua frente. Ela toma a água, me observando à espera de respostas.
— Nunca fui muito fã da Disney — dou de ombros.
Ela abaixa o copo e me observa como se tivesse nascido outra cabeça no meu ombro.
— O quê? Que criança não gosta da Disney?
— Acredite ou não, eu preferia assistir programas de TV, inclusive os da emissora da sua família — aponto para ela, que deixa escapar uma risada.
— Eu odiava qualquer coisa do tipo, principalmente programas de joguinhos de adivinhação, como aqueles que passavam aos domingos. Meu avô nos obrigava a assistir todo domingo à noite, eu quase infartava de tanto tédio — apoia a mão na testa, fechando os olhos como se lembrasse dessa fase com pesar.
— Eu e meu avô acertávamos todos — digo, e ela apoia o copo na ilha, soltando outra risada. — Era incrível.
— Vou pegar alguns arquivos antigos para assistirmos juntos. O que acha? — pergunta, me puxando para mais perto. — Fica pertinho, Killian. Gosto de sentir seu corpo colado no meu.
— Eu também gosto — murmuro.
Anahí cola seus lábios nos meus com fome, sua língua invadindo minha boca, e eu retribuo com a mesma intensidade. Suas mãos deslizam do meu pescoço até minhas costas, arranhando com suas unhas. Suas pernas rodeiam meu quadril, e eu aperto sua cintura, inebriado pelo desejo de tê-la ainda mais perto.
— Meu Deus, eu não posso mais esperar, Kill — murmura contra minha pele, enquanto beija meu pescoço. Anahí puxa minha camisa, tirando-a do meu corpo com pressa. — Porra, eu quero muito transar com você.
— Anahí... eu não sei o que responder — travo, olhando para ela, mesmo que cada parte de mim implore para tê-la de todas as formas possíveis.
— Apenas diga o que deseja fazer, sem pressão. O que seu coração está te dizendo? — pergunta, alisando meu rosto com ternura, o fogo de segundos atrás agora suavizado.
— Eu quero muito também — admito. Ela dá uma risada perversa e desce da ilha da cozinha. — Mas não sei se consigo te dar prazer...
— Acredite, Killian, você consegue. Naquele dia na banheira, você fez muito bem — segura minhas mãos, e eu beijo o dorso delas. — Mas vamos esperar mais um pouco.
— Tem certeza?
— Claro. Vamos fazer apenas quando você tiver cem por cento de certeza — ela me abraça, e eu retribuo imediatamente.
Essa mulher não pode ser real.
🌟 VOTEM E COMENTEM AMORES ❤️
🌟Espero que tenham gostado do capítulo.
🌟 Beijo até o próximo ❤️
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