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Capítulo 8: Unguentos & massagens

O mel chiou na frigideira, arrancando-lhe de seus pensamentos. Davi tirou-a do fogo e acrescentou o leite de coco.

-Deus – resmungou. – Aonde estou com a cabeça de tocar nessa mulher.

Ele tinha que admitir que o motivo era um só: estava curioso. Até agora, ela se comportou como se quisesse manter distância. As mulheres não reagiam assim a ele. Tá certo que ela não sabia exatamente quem ele era, mas... Sabia que era rico. Isso por si só já bastava, junto com suas tatuagens e peito trabalhado, para deixar qualquer garota doida para saltar no seu colo.

Mas a professorinha, não... Parecia um ouriço-do-mar de tão espinhosa. Mas o desejo estava lá... Era impossível esconder que estava visivelmente atraída por ele. E o fato de ser um livro aberto lhe dizia que não era lá muito experiente na arte da conquista. Ele devia sair correndo, só por causa dessa constatação. Não precisava de complicações emocionais. E mesmo assim, ele sorriu, mordendo o lábio, enquanto jogava o resultado da mistura numa vasilha pirex... Ele queria saber se ela era sensível ao toque como ele desconfiava que fosse.

E com aquele corpo! Olhou para baixo, para o calção largo que vestiu no lugar da sunga.

-Controle-se amigão! – disse à cabeça de baixo. Afinal, não havia se passado nem um dia e meio desde que saiu de uma maratona sexual com Ágatha. Não era possível que o seu membro já quisesse brincar de novo. Bem, ao que tudo indicava, ele queria muito brincar com a professorinha.

Soltando uma risada, Davi respirou fundo e procurou bloquear as imagens daquele corpo, que o perseguia desde que a flagrou dormindo em sua cama... Com as pernas jogadas sobre a coberta - pernas magníficas, e uma bunda espetacular. A calcinha era basicamente uma tirinha preta que mal cobria alguma coisa. Meu Deus!

O amigão tornou a se manifestar lá embaixo e ele xingou baixinho.

-Eu estou pronta – soou a voz de Fernanda. Davi se virou para ela. Estava agarrada ao robe que ele deixava pendurado no banheiro para os hóspedes.

-Vai ter que tirar – ele disse, tentando não demonstrar o seu divertimento.

Ela sustentou-lhe o olhar, corajosamente, e parece ter percebido o desafio porque algo mudou. Seus olhos se estreitaram e ela deixou cair o robe no chão. Simples assim. Na cabeça de Davi foi como um tiro de canhão que o estraçalhou... O biquíni vermelho não escondia quase nada... E o queixo de Davi só não caiu porque ele era um homem controlado. Mas foi a custo que manteve o rosto impassível.

A professorinha era simplesmente linda. Seu rosto também era bonito, de boneca de porcelana, com o narizinho arrebitado e os lábios cheios em formato de coração. Mas o corpo era algo... As curvas certas nos lugares certos, uma cintura muito fina e quadris arredondados, pernas bem torneadas, com pés delicados e pequenos. Ele viu quando Fernanda desceu o olhar significativamente para a parte da frente do seu calção que, por sorte, era escuro. Mesmo assim, era impossível não notar a protuberância. Davi não era um cara pequeno, em nenhum aspecto.

-Acho que... – ela franziu as sobrancelhas delicadas. – Acho que não é uma boa ideia – e dito isto, abaixou-se para recolher o robe do chão.

-Provavelmente você tem razão – ele limpou a garganta.

Ela observou o pomo de adão subir e descer e se imaginou chupando aquele pescoço másculo. Desviou os olhos, pronta para se afastar, quando o ouviu dizer:

-Mas somos adultos, não somos? Acho que conseguimos agir como seres civilizados. – O que estava dizendo? Pura balela! Nesse exato instante, ele se sentia tentado a agarrá-la pelos cabelos e arrastá-la para a escuridão de sua caverna. Depois bater no peito para garantir que os outros machos não chegassem perto. Sacudiu a cabeça para desanuviar a mente. - Além do mais, você está com sorte... – ele esperou ela erguer o olhar. – Hoje estou ligado no modo "bom samaritano".

Era para ser uma piada. Fernanda registrou isso, mas não conseguiu rir. Engoliu em seco quando ele apontou para o sofá.

-Não é melhor cobri-lo com alguma coisa? – ela lhe lançou um olhar de dúvida.

-Mais uma vez, tem razão, professora – ele disse, saindo para a área de serviço, de onde voltou com a esteira que ela usou na praia. Vendo Fernanda franzir o nariz, ele zombou: – Tem uma idéia melhor, professora?

-Quer parar de me chamar assim?

Davi encarou-a como se não tivesse entendido.

-Mas você não é professora? – perguntou.

-Você fala como se estivesse debochando de mim? – ela se inclinou para esticar a esteira sobre o sofá e sentou-se no meio, com as pernas dobradas.

Davi comprimiu os lábios, demonstrando arrependimento.

-Desculpe. Eu... Não sei ao certo, mas acho que estou na defensiva com você.

Ela ficou muito quieta, diante de sua sinceridade.

-Eu também.

Os dois sorriram um para o outro. Hmmm... Muita intimidade no ar, Davi desviou os olhos para a vasilha.

-Já deve ter esfriado o suficiente. Vou testar – ele pegou a colher de pau e passou um pouco no pulso. Estava morno. Ele trouxe a vasilha para a mesinha de centro e disse: - Suas queimaduras piores são nas costas e no peito.

Ela olhou para baixo.

-O rosto ficou debaixo do boné – comentou, ficando vermelha só de constatar que ele estava com os olhos fixos no decote do seu biquíni.

-Incline o corpo sobre as pernas dobradas – ele esperou Fernanda obedecer e, então, posicionou-se atrás dela, fazendo o sofá afundar um pouco com o seu peso apoiado no joelho.

Fernanda ouviu quando ele esfregou as mãos uma na outra, depois de molhá-las com a solução. Não demorou muito para sentir aqueles dedos quentes tocarem os seus ombros. Ele não apenas espalhou a solução... Sentindo que ela estava tensa, seus dedos involuntariamente começaram a massagear e a alisar os músculos delicados. Fernanda conteve um suspiro.

Ele era bom... Muito bom. Experiente. Dava para perceber pela forma como seus dedos imediatamente identificavam os pontos sensíveis. Se ele soubesse que uma boa massagem era o seu ponto fraco. Ele a teria entregue em suas mãos. Ela seria capaz de fazer qualquer coisa que ele quisesse, depois disso. Mas talvez ele soubesse, porque seus dedos foram apertando, alisando, e acariciando impiedosamente enquanto abarcavam do pescoço à parte detrás dos ombros.

Ela quase soltou um "Ai meu Deus!".

-Levante o cabelo – ele disse, num tom rouco.

Fernanda despertou do transe e torceu o cabelo comprido nas mãos, formando um coque improvisado.

Ele ficou muito quieto enquanto ela fazia isso. De repente, os dedos voltaram com força total, descendo pelos anéis de suas vértebras, espalhando o ungüento por todas as partes das costas. O queimor da pele começou a aliviar... Em compensação, desceu para outra parte da sua anatomia. Ela se sentiu pulsar de desejo. Podia apostar que estava para lá de molhada e contraiu as coxas numa tentativa desesperada de conter a excitação.

Os dedos dele subiram, sem aviso, e as mãos envolveram sua nuca, dando a volta em seu pescoço. Ela se sentiu prisioneira daquelas mãos fortes. Deliciosamente aprisionada. A massagem prosseguiu, mas agora as mãos dele controlavam o movimento de sua cabeça. Ele fez com que ela erguesse os olhos para si. Fernanda o encarou de ponta cabeça. Davi estava inclinado em sua direção. Os lábios dele estavam entreabertos, pairando sobre ela. Os olhos cinzentos com as pupilas dilatadas. Fernanda engoliu em seco. Ele inclinou o pescoço dela na posição original e seus dedos apertaram as vértebras do pescoço, fazendo-as estralar. Ela gemeu de prazer e dor com o alívio imediato que sentiu. Um alívio que nem sabia que estava precisando.

-Está muito tensa, professora – ele disse, num tom gutural.

-Acho que sim... – sua voz saiu estrangulada.

-Vire-se.

-Ela se encolheu.

-Não é preciso, e-eu passo na frente.

-Sinto muito, mas não faço serviço pela metade.

Porque tudo o que ele dizia soava com duplo sentido para ela?

Ela obedeceu, lentamente... Davi cogitou a possibilidade de Fernanda ser passiva na cama... Ele espantou os pensamentos de sua mente, já que ele era naturalmente dominador. Pensar que ela fosse do tipo submisso era como acenar um pano vermelho diante do touro. E uma mulher entregue aos seus caprichos era tudo que ele poderia querer.

Fernanda sentou-se ereta na ponta do sofá e Davi ficou de frente para ela. Molhou as mãos na solução da vasilha e começou tocando o seu pescoço, na frente. Ela teve um sobressalto. Ele sorriu. Abaixou-se e foi descendo em círculos pelos ombros, voltando para o peito e descendo até o decote. Ela estava mais espantada consigo mesma, do que com ele. Desde quando permitia que um estranho a tocasse de maneira tão íntima?

A mão dele parou, contudo, quando ele viu os bicos dos seios ficarem eretos para ele. Ele lambeu os lábios querendo controlar a vontade de sugá-los. Estava brincando com fogo e estava queimando a ambos no processo.

-Deite-se e estique as pernas – ele se afastou, para se recuperar.

Davi molhou as mãos e se virou para Fernanda. O pulso acelerou ao vê-la deitada ali, com as pernas esticadas. Ela olhava para ele entre assustada, excitada e curiosa. Queria saber até onde ele seria capaz de ir? É... Os dois estavam brincando com fogo – ele abriu um sorriso lento.

Suas mãos envolveram os tornozelos de Fernanda, que quase arquejou... Nunca mais veria uma massagem da mesma maneira. Nunca mais. E quando ele foi subindo, olhos nos olhos... Ela sentiu que não aguentaria mais aquela tortura.

-Escute... Deixe que eu termino de espalhar! – imaginou que ele não precisava fazer aqueles movimentos enlouquecedores. Bastava espalhar a solução ou deixar que ela o fizesse...

-Vou repetir só uma vez, professora – ele sussurrou, sem interromper os movimentos. - Não faço nada pela metade.

-Eu não quero...

Ele levantou os olhos e a interrompeu:

-Não vou avançar o sinal – prometeu, com a voz rouca.

Ela então relaxou... Os dedos foram desfazendo todos os nós, subindo pela batata da perna, passando por trás dos joelhos e ela continuou acreditando que ele não iria avançar o sinal, mesmo quando aquelas mãos chegaram ao interior das coxas. Mas não ousaram mais... Ele deu a volta, passando o unguento por toda a vermelhidão provocada pelo sol excessivo, então, levantou-se num pulo.

-Agora você coloca o robe e deixa o unguento fazer efeito – disse, num tom neutro.

-Não quero sujar a cama.

-Pode usar a esteira – ele sugeriu, com frieza.

Davi se afastou dela com uma indiferença que a deixou um pouco desnorteada. Ele lavou a vasilha e as mãos no tanque da área de serviço. Tinha deixado o vinagre a postos para tirar a gordura das mãos. Ele se sentia um idiota por ter testado os seus limites e os dela.

E tudo por quê?

Para descobrir que os dois tinham química juntos. Uma química com tudo para ser explosiva. Ele xingou baixinho. Precisava tomar mais cuidado. Voltou para dentro, encontrando-a embrulhada no robe, com a esteira na mão. O ar defensivo tinha voltado ao olhar dela.

-Boa noite – balbuciou Fernanda, sem jeito.

-Boa noite – ele respondeu, seguindo direto para as escadas.

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Depois daquela massagem, os dois entraram num acordo tácito. Cada qual evitava cruzar o caminho do outro. Haviam testado as águas... As águas ferveram... E eles decidiram que era melhor não deixar que se consumissem naquela tremenda atração. Ela precisava de um lugar para ficar e se eles transassem, a coisa toda iria desandar e ela teria que se mudar. Ele precisava de paz e sossego, não queria nem precisava de um relacionamento. Sexo para ele tinha que ser sem compromisso. Quando olhava para Fernanda, não via nada que sinalizasse sexo casual e desimpedido. Ele acabaria por magoá-la e ela teria que ir embora. Ele não queria isso, gostava de tê-la por perto.

Melhor manter as coisas como estavam.

O bom do episódio da massagem é que Fernanda realmente acordou melhor das queimaduras, no dia seguinte. Conseguiu colocar uma roupa folgada e deu as boas vindas a uma semana de aula movimentada, repleta de tarefas. Seu trabalho ajudou para que ela não cruzasse com Davi. De manhã cedo, quando saía, ele ainda estava dormindo lá em cima. Quando voltava, tarde da noite, ele estava fora... Só retornava de madrugada. Algumas vezes, ela suspeitava que ele estivesse nas baladas... Algumas vezes ele esteve mesmo, tentando encontrar alguém para fazer sexo casual e, assim, deixar de pensar na professora gostosa no andar de baixo. Para seu espanto, ele não sentiu tesão por ninguém em especial. Apenas uma vez encontrou uma loira interessante. Trepou com ela nos fundos da boate, de pé, junto à parede do banheiro masculino. Depois que terminou, o alívio durou pouco. Muito pouco. Foi só avistar a calcinha da garota, que ela tentava colocar no lugar, que ele se lembrou da calcinha da sua professora.

Fernanda, por sua vez, achou que poderia minimizar o desejo usando o seu bom e velho vibrador em forma de pênis. Ela não tinha a menor vergonha de procurar alívio. Assim, na terceira noite morando naquela casa com o seu anfitrião gostoso, ela decidiu usá-lo... Para sua surpresa, quando chegou em casa, o som de música vinha do segundo piso. Ela fez uma careta, imaginando que Davi tivesse trazido uma mulher para casa. Assim, ela correu para o corredor do quarto de hóspedes. Não resistiu em olhar para cima. Para o seu alívio, ele estava sozinho, contemplando a vista pela janela panorâmica. De repente, ela percebeu que ele olhava para ela pelo vidro.

Em pânico, Fernanda entrou em seu quarto com o coração aos pulos e a parte de baixo de seu corpo pulsando. Ela se sentou na cama, por um instante, imaginando se Davi iria descer e procurá-la. Como a porta continuou fechada, ela respirou mais calma... E mais frustrada, também.

-Dane-se! – arrancou as roupas e foi até a mochila, que estava dentro do armário. O vibrador estava muito bem embalado, em um dos bolsos internos. Ela o desembalou com cuidado e até com certo carinho por aquele companheiro de intimidades durante três longos anos... Olhou por um momento para ele, que tanto trabalho lhe deu para achar - do tamanho e formato ideal para gerar prazer e não dor, ou uma inconveniente cistite. Adorava o seu formato. De repente, flagrou-se imaginando o formato de Davi.

Ela sacudiu a cabeça, tentando se concentrar no que pretendia fazer.

A música que tocava na suíte agora soava baixinho. Como se Davi tivesse deixado como pano de fundo, quem sabe para embalar o seu sono ou para respeitar o sono dela. Maldição! Agora que ela precisava que ele deixasse o som alto, para não ouvir nada... Teria que ser bem silenciosa. Ela só não sabia como se conter, já que estava a ponto de ter um treco.

Ela se deitou no centro da cama, abriu bem as pernas e começou a se acariciar... Não sentiu nada, a princípio... A não ser que estava molhada e inchada de um desejo insatisfeito, acumulado... Fechou os olhos e as imagens do corpo de Davi vieram naturalmente. Ela começou a sentir. Acariciou-se por um tempo e então, ligou o vibrador. O barulho do motorzinho soou como um tiro de canhão na noite quase silenciosa. Amaldiçoando em pensamento o seu companheiro inanimado, procurou o plugue e desligou. De repente, o som da música lá em cima também cessou. Ela respirou fundo. Ouviu passos ao longe. Ou pensou ter ouvido. Estava ficando paranóica, isso sim. Permaneceu estática na cama, com as pernas abertas e o vibrador na mão... Deu-se conta de que se esqueceu de trancar a porta. Se ele abrisse, ela se atiraria no mar e se transformaria num peixe. Não aguentaria a vergonha.

Para o seu alívio, a música retornou. Só que estava ainda mais baixa do que antes. Ela pensou que poderia ligar o vibrador no modo suave. Não é o que ela precisava, agora, mas era o que poderia conseguir sem fazer barulho. Mesmo assim, apesar de colocar no modo suave, o zunido foi o mesmo. Os passos lá em cima a alertaram. Ela desligou o aparelho ao mesmo tempo em que o som da música cessou de novo. A casa mergulhou no mais absoluto silêncio – com exceção das ondas do mar quebrando lá fora.

Tá... Ela não podia ligar o vibrador. Ele estava lá em cima prestando atenção aos menores barulhos. Droga! Isso por si só já serviu para inibi-la. Quase perdeu o tesão.

Vamos lá!, pensou, desesperada, Estou precisando tanto! Podia usar o vibrador sem ligá-lo. Não, o que ela precisava estava lá em cima. Se tivesse coragem suficiente, colocaria o seu melhor baby-doll e subiria aquelas escadas para dar a si mesma e a ele, aquilo que os dois mais queriam e precisavam; sem pensar nas consequências, ou no amanhã.

Choramingando de frustração, Fernanda voltou a se tocar. Levou um tempo para re-encontrar o clima. Na hora "h", imaginou que fosse Davi. Teve que se controlar para não gritar.

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No dia seguinte, ela saiu do quarto, aliviada pela sessão de sexo solitário com seu amiguinho de plástico. Dirigiu-se ao corredor, pronta para o trabalho, porém, acabou se deparando com Davi descabelado, apoiado no balcão – ele tomava café numa caneca grande e preta com a cara do Garfield olhando daquele jeito, que só o Garfield consegue olhar... (Meio de lado, assim...) O alívio conquistado com seu amiguinho secreto foi embora tão logo ela o avistou: peito de fora e a calça de pijama caída na cintura. As tatuagens davam a volta nos ombros e alcançavam as costas. Os pés nus. E ela, que nunca gostou de pés, mas os dele...

Merda.

-Bom dia – apenas com essas duas palavras, revelou todo o seu espanto em vê-lo acordado tão cedo.

-Bom dia – ele respondeu, com o sono estampado no rosto. Olhou-a criticamente, e apesar de Fernanda vestir calça jeans, camiseta e jaqueta, ela se sentiu nua sob o seu olhar. Davi percebeu o constrangimento dela, mas estava decidido a não facilitar... Ainda mais porque desconfiava do barulho que ouviu na noite anterior. Abriu um sorriso diabólico. – Você está atrasada.

-Eu... – Como ele sabia, se quando ela saía, ele sempre estava dormindo? – Não estou atrasada. Hoje, tenho carona.

As sobrancelhas masculinas se ergueram, significativamente, mas ele não disse nada. Mesmo assim, Fernanda se viu compelida a dizer:

-Milton vem me buscar.

-Milton – o nome soou como um insulto. E talvez tenha sido para ele. Quem, em nome de Deus, se chamava Milton?, perguntou-se Davi com azedume.

Não sem um grau elevado de condescendência, pensou que qualquer nome teria soado um palavrão àquela hora da manhã. Além do mais, ele precisava de uma desculpa furada para não reconhecer que estava com ciúme.

– Seu amigo? – não resistiu em perguntar.

-Meu colega – ela o corrigiu. - Ele é professor de educação física. Trabalhamos na mesma escola. Por sorte, ele mora por essas bandas e me ofereceu carona.

Professor de educação física. Tinha que ser... Metido a galã – Davi imaginou.

-Muito generoso da parte dele – concordou Davi, irônico. - Ele mora aonde, exatamente?

Fernanda franziu o cenho, confusa. Ela não conhecia nada da ilha. Tentou se lembrar do nome...

-Ele mora... hã... Num bairro chamado Canasvieiras.

Davi balançou a cabeça.

-Sei... Bem longe de Jurerê Internacional. – comentou, como quem não quer nada. – E ele vai dar essa volta toda só pra te buscar?

Ela endireitou as costas e o encarou de um jeito tão bonitinho que ele teve que se conter para não beliscar aquelas bochechas de boneca zangada, e não beliscar outras partes daquela anatomia deliciosa.

-Que bom que ele vai fazer isso, - ela disse, toda digna - porque demora muito para chegar ao centro.

Ele balançou a cabeça de novo, concordando.

-Tem razão. Mas não esqueça de que não quero estranhos na minha casa. De estranhos, já me basta você – ele disse, num tom azedo.

-Não se preocupe – ela girou nos calcanhares e se afastou, lançando por sobre o ombro: - Não vou trazer ninguém para sua preciosa casa.

-E de preferência, - ele acrescentou inabalável - não fale de mim com os seus amigos.

Ela parou a meio caminho da porta, sem entender.

-Por quê? – perguntou, virando-se.

Davi deu de ombros.

-Porque não quero fuxicos. Estou aqui para descansar – explicou, de maneira evasiva.

Ela entendia isso, mas quem iria querer atrapalhar o seu descanso? Muita gente rica morava em Jurerê e ninguém esquentava a cabeça. Mesmo assim, ela disse:

-Não se preocupe. – deu meia volta e seguiu para a porta.

-Não vai tomar café? – a voz dele alcançou-a.

-Não quero me atrasar... Eu como qualquer coisa na cantina perto da escola.

Claro, tendo por companhia o Milltooon, ele pensou, bufando.

Fernanda escancarou a porta. -Tchau.

-Tchau – ele respondeu, num tom sedoso.

Assim que Fernanda pôs o pé no caminho de pedras, o celular dela vibrou. Ela o tirou de dentro do bolso da jaqueta. Abriu a capa e viu o nome de Milton na tela.

-Alô – atendeu.

-Estou chegando, me dá uma indicação?

-Opa... Estou na frente de um portão compacto. O número é... 645.

Depois de explicar, ela saiu para a rua a tempo de ver a moto de Milton aproximando-se. Ela nem acreditava na sua sorte ao economizar a passagem daquela manhã. Milton parou ao lado dela, tirou o capacete e sorriu. Estava bonito com todo aquele couro – um típico Hell Angels só que... certinho demais. Ela não sentiu grandes emoções ao vê-lo. Apenas uma emoçãozinha.

Milton lançou um olhar rápido para o muro que protegia o visual da casa...

-Nossa! Que lugar, hein?

-É mesmo! – ela concordou, querendo ir embora logo. – Vamos?

Milton esperava que ela o convidasse para entrar, mas pensando bem, eles não tinham tempo. Acabariam chegando atrasados. Ele lhe estendeu o capacete extra e a ajudou a colocá-lo. Quando estava apertando a alça sob o queixo de Fernanda, um homem saiu pelo portão, alongou os músculos brevemente, sem tirar os olhos dos dois. Fernanda estremeceu ao ver que Davi se trocou em tempo recorde. Estava de bermuda, tênis e camiseta. Usava um boné na cabeça e óculos escuros.

Milton ficou impressionado com a pinta do cara. Pinta de super pegador. Preocupou-se seriamente e uma suspeita se formou em seu íntimo.

-Quem é aquele?

-Quem? – ela ainda tentou disfarçar, mas então Davi começou a correr, passou por eles e disse:

-Bom trabalho, professora! – E continuou o seu caminho sem olhar para trás.

-Ele é... Hum... O dono da casa.

-Ah – Milton não sabia o que pensar. –Você está morando na casa com o cara dentro da casa?

Fernanda não gostou de como o comentário soou aos seus ouvidos.

-Sim... Eu fico no quarto de hóspedes – respondeu, na defensiva. – Não sabia que ele estava vindo. Houve um engano.

Milton sacudiu a cabeça.

-Desculpe, não tenho nada a ver com isso... Mas tenha cuidado. Você não o conhece.

Ela quis dizer que conhecia Davi quase tanto quanto conhecia Milton, mas ficou quieta. O que será que ele diria se soubesse que Davi fez até massagem nela... Seminua. Ai, Deus! Fernanda de repente considerou a possibilidade de ser uma mulher devassa.

Esqueceu seus pensamentos inquietantes quando Milton a orientou para que subisse na moto. Os dois partiram rumo ao trabalho.

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