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Capítulo 3 : Seis meses antes - contra o tempo

Fernanda olhava de um jeito idiota para a tela do celular. Quem passasse por ela, veria uma loira natural, com um corpo de fechar o comércio, em estado catatônico. Nem se deu conta que estava atravancando o fluxo de passantes da escola até que Yara a puxou para o lado e espiou no seu celular. Ah, ela tinha bons motivos para ficar assim... E pensar que entrou no site só por olhar. E lá estava: a lista com os aprovados no concurso público para professores, no Estado de Santa Catarina. Não, Fernanda não estava de boca aberta. Estava em choque. Passou em primeiro lugar para o cargo de Professor de Artes/Ensino Médio de EJA. E aí começava o motivo pelo qual estava em choque: ela tinha que assumir a vaga na segunda-feira próxima, ou perderia o concurso. Ela ficou sabendo, tipo, sexta-feira... Nada demais, se não morasse no Rio de Janeiro.

-Ei, miga! - sua colega a sacudiu, toda animada. - Você passou! Parabéns!

De repente, Fernanda percebeu que tinha empacado no meio das escadas da escola na qual lecionava como professora substituta. Daqui a pouco iria soar a sirene e a boiada desceria aquelas escadas, derrubando qualquer um e qualquer coisa em seu caminho.

Ela se virou para a colega e disse:

-Vamos embora!

-Ora, que cara é esta? Temos que comemorar! Não era isso o que você queria? Sua independência?

De fato... Ali, ela era uma professora tapa-buraco, que podia ser mandada embora a qualquer momento. Mas concursada, teria uma estabilidade que jamais sonhou antes. Poderia enfim dar entrada numa casa própria e pagar as prestações a perder de vista. Algo que no Rio, não dava pra contar. Podia dar aula hoje e ficar sem emprego no semestre seguinte; isso, quando pagavam o salário em dia.

Além do mais, o concurso lhe oferecia um bônus: afastar-se da família problemática.

-E então? - inquiriu Yara.

-E então - começou a dizer Fernanda, lentamente - que eu tenho que tomar posse na segunda feira.

A amiga arregalou os olhos.

-Xiii! Ferrou!

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-Mãe! Cheguei! - Fernanda anunciou, enquanto batia porta atrás de si. Estava com pressa e a porta escapou, batendo com mais força do que pretendia.

Tinha mil coisas girando em sua mente. Uma lista infinita a providenciar: documentos, dinheiro, passagem de ônibus, hotel, ligar para Santa Catarina para saber o local de posse do cargo, horário... Ela nem conhecia Florianópolis muito bem! Sua vontade era de gritar!

-Claro que chegou - resmungou a mãe, vindo do corredor. - Não precisava derrubar a porta.

-Desculpe - Fernanda a seguiu até a cozinha. Sua mãe, como sempre, estava refazendo toda faxina que a filha fez, antes de sair de casa para trabalhar.

Ninguém limpava melhor do que Dona Maria de Fátima. Ela sofria de síndrome de pânico e já não conseguia colocar o pé para fora de casa. O lar, portanto, era o seu domínio.

Fernanda era a filha do meio e a mais parecida fisicamente com a mãe. As duas baixinhas, curvilíneas, com cabelos cor de trigo maduro e olhos castanhos esverdeados.

Culpa, talvez, da descendência galesa por trás da portuguesa... Quando os galeses dominaram a península ibérica. Mas as semelhanças entre mãe e filha terminavam aí. Ambas tinham personalidades e temperamentos díspares.

A mãe de Fernanda era muito perturbada por fantasmas do passado. Fantasmas que ela não queria compartilhar nem por desabafo. Fernanda suspeitava que sua mãe tivesse sido abusada sexualmente na juventude, mas como ela se negava a revelar qualquer coisa (como uma obstinada ostra), ninguém tinha certeza de nada. Muito menos o marido, pai de Fernanda, que também se chamava Fernando. Antigamente a esposa o idolatrava (tanto, que até deu o nome à filha). Sua devoção durou até a descoberta de que ele teve um longo, longo caso... que resultou num filho fora do casamento. O rapaz era autista e precisava de tratamento constante. Quando o caso acabou, a amante, para se vingar, revelou a situação à esposa e ameaçou largar o rapaz na porta dela. O que desencadeou uma crise conjugal sem precedentes. Os ataques de pânico de Maria de Fátima se intensificaram a ponto de ela não conseguir mais nem ir à padaria da esquina. Fernanda suspeitava que a mãe estivesse desenvolvendo um quadro de depressão associada. Mas como ela se recusava a procurar ou aceitar ajuda profissional, a família não tinha como saber. Talvez fosse um quadro funcional, já que os sintomas apareciam sempre que seu marido (agora regenerado), ou as filhas faziam coisas que a desagradassem.

Maria de Fátima controlava toda a família através da doença.

Para as duas irmãs de Fernanda, Ana Luzia e Eliane, era tudo muito fácil. Estavam casadas, tinham suas famílias e há anos viviam em casas próprias. Mas sobre os ombros de Fernanda, como a última filha solteira, recaíram todas as responsabilidades e expectativas de Maria de Fátima. Além do mais, a família inteira meio que entendeu que ela teria que ficar responsável por atender às necessidades da mãe. Talvez por isso os seus namoros nunca dessem certo. Quando os garotos conheciam a sua mãe, eles não voltavam mais.

Fernanda passou a não levar ninguém para casa. E sabia que quando contasse sobre seus planos de assumir um cargo em outro estado, a mãe teria um ataque tão terrível que iria parar no hospital, só para impedi-la de viajar. As irmãs cairiam de pau em cima dela, para tentar impedir que ela fosse embora. Só porque não queriam assumir a responsabilidade. Dessa vez, porém, ela não cederia como fez tantas vezes no passado. Já tinha 26 anos e não aproveitou nada da vida. Não construiu nada para si. Só trabalhava e cuidava da casa desde que se entendia por gente. Estava na hora de mudar isso. Realizar alguns sonhos enquanto tinha disposição para aproveitar.

A família teria que aceitar sua decisão. Corrigindo: a mãe teria que aceitar. Teria que procurar ajuda profissional, ou aceitar a ajuda do pai e das irmãs. Porque ela iria embora em breve. Aliás, em questão de dias.

-O meu remédio acabou - resmungou a mãe, mexendo no conteúdo da panela com uma colher de pau. Pelo aroma, Fernanda deduziu que estava fazendo estrogonofe.

-Eu vou sair daqui a pouco para comprar - e agora Fernanda tinha a desculpa perfeita para resolver seus assuntos.

Foi para o quarto, fechou a porta e olhou ao redor; dormiu naquela cama desde criança. Não foi uma vida exatamente fácil, mas era assustador abandonar o conhecido para enfrentar o desconhecido.

Com um suspiro, ela tirou a mala de cima do armário e começou a separar o que precisava levar de imediato para uma longa estadia fora. Depois, quem sabe, poderia mandar buscar seus poucos pertences.

Os livros sobre arte, os portfólios, seus materiais de desenho, pincéis e canetas, a prancheta... Tudo isso teria que esperar.

-Pois é... Florianópolis, aí vou eu!

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