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Capítulo Único

 O frio estava mais intenso a cada dia.

Nuvens revoltadas passeavam pelo céu, apressadas, anunciando chuva. Os ventos tinham o fatídico cheiro d'água. Como Ibi chamava, era madrugada.

Os tais termômetros continuavam em queda.

Eu estava deitado em seu colo, tentando prover mínimo calor. Éramos dois maltrapilhos, sempre cedendo um pouco de nós para o outro.

Ali, o cheiro não era tão agradável, a umidade do ar mantinha meus pelos maus cheirosos, mas Ibi jamais deixava de me oferecer carinho.

Aysú, a filhote, que Ibi chamava neta, estava no quarto, casa — difícil saber qual nome chamar.

Era um local tão pequeno que muito mal nos acomodava e, com a chegada de Aysú, Ibi abdicou do calor da construção para fornecer calor para a filhote.

Era possível Ibi entrar e não ficar ao relento comigo, mas ele sempre foi teimoso. Seu corpo trêmulo, pela falta de pelos, jamais resistiria aquela forma de viver.

— Hoje é um dia realmente gelado! — Ibi disse, me acariciando. — Aysú se encolheu toda quando a coloquei na cama. Foi um barraco difícil de arrumar, mas, graças a ele, nossa pequena não ficará no frio.

"Você deveria ir para dentro do quarto, Ibi!"

Minhas tentativas de falar sempre eram ignoradas, parecia que me entendia quando queria.

— Você está muito falante, não é!? — riu, fazendo algumas cócegas em minha barriga.

Sempre odiei sua facilidade de me desconcertar.

— Se isso piorar — arfou. — Dizem que sentimos a morte se aproximar, que as lembranças afloram e ficamos nostálgicos, não acredito, mas se sentir, te aviso.

"Por que está falando de morte?"

Acabei ficando triste, não só com o assunto ruim, mas também porque Ibi não estava bem, era muito ativo, sempre muito brincalhão. Algo estava diferente.

— Calma. Não morrerei. Tenho uma neta para criar. Ele é esperta, já sabe fazer essas matemáticas, deve ser um gênio! Ficaria triste se não conseguisse dar um futuro melhor para nossa pequena Aysú.

Ele me acariciou, tristonho.

— Só um barraco não é o suficiente, afinal, ter um lugar quente para dormir deveria ser um direito de todos, não!? — sorriu melancolicamente. — Deveria, amigo... deveria! — concluiu, recostando na parede.

Um vento ainda mais frio soprou, arrepiando Ibi e intensificando o tremelicar de seu corpo.

"Já chega! Ibi, eu não posso mais deixar você aqui."

Levantei e mordi seu pulso, tentando puxá-lo para o interior da construção. Ele até levantou, desvencilhou o punho e me perguntou:

— Meu amigo, aonde vamos?

"Você entrará!"

Tornei a morder seu pulso, puxando-o.

— Venha, amigo! — disse, me pegando no colo e voltando a sentar — Você está muito nervoso, se acalme! Tudo ficará bem — sorriu, me fazendo chorar.

Sabendo de sua teimosia, saí de seu colo e com as patas dianteiras, tentei obrigá-lo a se deitar.

Havia um grande papel marrom ao chão — ele chamava cama de papelão — que ele usava para aquecer-se, deveria ser o suficiente.

— Tudo bem, amigo. Deitarei — riu, talvez pensasse que eu estava brincando.

"Pelo menos, me entendeu e deitou. Teimoso!"

Deitei-me sobre ele numa tentativa de aquecê-lo.

— Quem diria que dependeria de um cachorro para me aquecer algum dia. Perdi minha dignidade, qualquer possibilidade de ser considerado decente...

Odiava quando ele usava aquele tom triste.

— Fiz muito planos para a vida, mas a realidade é muito brutal! Não contava com o fim do amor. Muitos estão sem rumo, desesperados, perdidos. Só queria uma vida melhor, mas como tento? Por onde começo?

Água começou a vazar de seus olhos — ele costumava chamar lágrima. Lambi a água salgada, isso sempre o fazia sorrir e funcionou.

— Pare com isso, amigo! — riu.

"Ficará tudo bem, Ibi. Você só precisa entrar!"

— Sei que tudo ficará bem.

Os calafrios chegaram para Ibi.

Fiquei com medo, apavorado.

— Você está... agitado, amigo.

A voz de Ibi estava lenta, me pareceu ruim. Saí de cima e corri em círculos para chamar sua atenção.

Sua risada me soou cansada — talvez pensasse que eu estava agitado, convidando-o a uma brincadeira.

"Não ria, Ibi!"

— Estou cansado — disse. — Não posso brincar agora, que tal amanhã?

"Não quero brincar!"

Ibi fechou os olhos, encolheu-se em posição fetal.

— Sei que dias melhores virão. Sinto em meu coração... Se eu pudesse mudar o mundo, começaria por uma pequena construção para todos. Não precisa ser grande, só suficiente para o corpo não sofrer do castigante frio. Dói! A mínima, ou básica, chance de não viver no frio... seria mais que suficiente.

Incapaz de me fazer entender, deitei sobre ele, lambendo seu rosto — era a única coisa que podia fazer. Reconfortar, dar carinho, como ele sempre me deu.

O frio seguiu intensificando e Ibi adormeceu.

Quando a tal madrugada atingiu seu ponto mais frio, me surpreendi vendo Ibi levantando. Lambi o rosto abaixo de mim, latindo para aquele que parecia Ibi, dando lentos passos na direção da estrada.

— Olá, amigo! — cumprimentou, se virando.

Aquele era Ibi também!?

Levantei para ir até ele e o cheiro era o mesmo.

— Obrigado por cuidar de mim. Creio ser o fim — disse com um belo sorriso e lágrimas no olhar. — Não conseguirei cuidar de Aysú. É uma lástima! Tinha tantas ideias, já colocava algumas em prática, mas acabou!

— Ibi, o que está dizendo? — perguntei.

— Nossa! — riu. — Você tem uma voz!

— Ibi! — pulei de alegria. — Você me entende!?

— Suponho que sim, amigo — respondeu, abaixando-se próximo a mim. — Suponho que sim...

— Como é possível que hajam dois de você? — perguntei, lambendo as lágrimas de sua face.

— Creio não estar por muito tempo. Cuidou bem de mim. Sou eternamente grato, mas meu tempo passou — disse, olhando o homem na cama de papel. — Passamos muito tempo juntos. Quantas coisas realizamos, não!?

— O que você está falando, Ibi?

— Tudo tem fim. Parece que chegou minha vez. Se puder pedir, pode cuidar de Aysú com o mesmo carinho que dedicou a mim nestes últimos anos?

— Aysú é a filhote, Ibi! Claro que cuidarei.

— Como eu gostaria de dá-la um último beijo na testa... Pode fazê-lo por mim? — perguntou, dando as costas e caminhando.

— Por que você não faz, Ibi? Onde está indo?

— Tenho uma longa viagem, amigo. Espero poder vir buscá-lo no momento da sua. Até lá, cuide bem de Aysú e espere por mim...

Chorei enquanto aquele Ibi partia.

Simplesmente desapareceu em meio a névoa.

"Ibi, você precisa acordar!"

Incapaz de cessar meu pranto, voltei até o papel marrom para agitá-lo, tateei o rosto com meu focinho — ele sempre odiou. Pulei em cima! Mas, ele não acordou.

— Que houve? — Aysú perguntou do quarto. — Vô, 'tá fazendo bagunça com ele de novo!? 'Tá frio! — reclamou, abrindo a porta.

Aysú era pequenina comparada a Ibi.

Não podia deixá-la sair, então pulei sobre ela.

— Ai! Assim 'cê pode machucar! — Ela gargalhou, pensando que eu estava brincando.

"Sei não ser igual, mas Ibi queria dar um último beijo... disse que voltará para me buscar."

Lambi seu rosto, emulando o gesto carinhoso. Segui ao local acolchoado onde ela descansava e deitei, perto de onde sabia que pousaria sua cabeça.

"Vem, filhote!"

— Calma, calma! 'Tô indo, 'tá tarde 'pra 'tá latindo! — Ela repreendeu, franzindo o cenho.

Talvez não tenha estranhado nosso Ibi deitado à porta, era tão comum. Estremecendo após um vento gelado, ela fechou o quarto rapidamente e entrou.

Felizmente, como prometi, pude protegê-la do frio.

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