Epílogo
Will estaciona a caminhonete no terreno pedregoso do estacionamento da Jasper College School.
_ Vai dar tudo certo. _ Toco a mão que aperta o volante na tentativa de tranquilizá-lo.
Will expira o ar dos pulmões.
_ Vamos conhecer meu sobrinho. _ Beija a palma da minha mão e sai do carro.
Caminhamos de mãos dadas até as arquibancadas do campo de beisebol. Avistamos Ross entre a plateia segurando um hot-dog gigante. Ele ergue o braço para nos orientar.
Uma jovem aparentando ter minha idade diz algo ao ouvido de Ross. Ele gesticula como se a tranquilizasse.
_ Oi. _ Will pigarreia ao se aproximar.
Está desconfortável e inseguro.
Torço para que Ross não fale nenhuma gracinha ou grosseria que piore a situação. Sou capaz de empurrar o hot-dog gigante por sua goela a baixo.
_ Essa é minha irmã Roxane. _ Ross estende a mão lambuzada de maionese e outros molhos. _ Rox, esses são Maria Lúcia, a repórter que te falei, e William, irmão de Adam.
Roxane estende a mão primeiro para mim. Depois aperta a mão de Will com timidez.
_ Lembro de você, apesar de termos nos visto poucas vezes. Adam me contou sobre vocês.
Roxane arregala os olhos.
_ Ele falava sobre mim? _ Ela se surpreende.
Imagino o quanto Roxane sofreu. Uma adolescente grávida e órfã que perdeu o grande amor de sua vida de forma abrupta e trágica.
Will põe as mãos nos bolsos e acena a cabeça afirmativamente.
_ Esqueci muitas coisas do passado. Mas aos poucos estou lembrando de detalhes e conversas. Perdoe-me se não os procurei antes. Não sabia sobre a criança e estava confuso. _ Will começa a se explicar, mas Roxane o interrompe.
_ Tudo bem. O que importa é que tudo passou. _ Ela o tranquiliza. _ Sentem-se o jogo vai começar. Vejam, aquele é Calleb. _ Ela aponta para um garotinho usando boné e luvas bem maiores que suas mãos posicionado em uma das bases do campo.
Como quem sente nossa presença, o garoto gira o corpo, olha para a arquibancada e acena para a mãe. Ela retribui.
_ Meu Deus! Ele é a cara do Adam! _ Will aperta minha mão com um riso emocionado...
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Os olhos de Will percorrem meu corpo de cima a baixo quando saio pela porta de vidro da casa que era de meu tio e agora me pertence.
Quando retornamos ao Canadá, Will agilizou os trâmites legais para passar a propriedade para o meu nome. Convenceu-me a aceitar o imóvel como presente do nosso casamento que ocorrerá daqui a um mês no Brasil.
Pretendo reformar a casa e transformá-la em uma biblioteca pública. Meu tio acumulou muitos livros e objetos raros que podem servir como fonte de pesquisa para estudantes e ponto turístico ao distrito de Robson.
Aliso o vestido justo de lã grossa de cor mostarda que delinea meu corpo até a baixo do joelho. Uma fenda lateral revela parte da perna quando caminho, sem perder a elegância, afinal estamos indo à uma reunião formal no prédio do Gazeta de Robson.
_ Será impossível desviar os olhos de você durante o evento. _ O olhar se demora nas botas pretas de cano curto e salto agulha.
Termino de descer a escada da frente e expiro com força revelando tensão.
_ Tudo bem? _ Will segura meus ombros e analisa meu rosto.
_ Estou nervosa.
Will solta um chiado e sorri de lado.
_ Até parece. Vi na sala da casa de seus pais os inúmeros prêmios que recebeu pelo desempenho na carreira. Por que ficaria nervosa em receber uma simplória honraria em um distrito que a maioria das pessoas nem sabe que existe?
_ Essa homenagem tem significado e importância maior. Estarei representando meu tio. Ele era para estar aqui recebendo esse reconhecimento por todo o trabalho dedicado.
_ É a pessoa certa para isso, Maria Lúcia. Alexander ficaria orgulhoso de você. _ Will me envolve com seu abraço de urso. Aconchego-me ao seu peito e inspiro o perfume cítrico amadeirado familiar que me transmite conforto e segurança.
_ Estou pronta. _ Beijo seu pescoço e delicio-me ao notar a pele clara se arrepiar.
Will abaixa a cabeça e toma meus lábios com um beijo íntimo e demorado. Afasta-se somente quando ficamos sem fôlego.
_ Então, vamos. _ Repuxa o canto da boca e me guia à caminhonete.
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Os principais comerciantes e profissionais que atuam no distrito de Robson estão presentes ao brunch oferecido pela equipe de jornalismo e comunicação que produz e dirige O Gazeta e a emissora local.
Somos recepcionados no saguão do prédio antigo pelo diretor do Gazeta juntamente com Wilfred Fisher e o restante da equipe.
_ Peço alguns minutos da atenção de todos, por favor. _ O diretor Benjamin Leblanc sobe ao pequeno palco montado no canto do saguão onde inúmeras fotos de meu tio estão emolduradas e expostas nas paredes.
Levo a mão à gola do vestido sentindo-me de repente congelar.
Will espalma a mão em minhas costas e esfrega lentamente de cima para baixo transmitindo-me uma onda de calor. Viro o rosto e sorrio. Ele pisca entendendo minhas reações melhor do que ninguém.
_ Essa tarde é muito especial para O Gazeta, porque marca uma nova fase no jornalismo de Robson. Antes de tudo, quero agradecer a presença de todos. _ O diretor ergue uma taça e é imitado pelos demais em um brinde coletivo.
_ Por muitos anos, O Gazeta tem feito história em Robson e adjacências. Alexander Tremblay, um de nossos jornalistas mais talentosos e idôneos, foi a personalidade escolhida para receber O Primeiro Prêmio de Jornalismo de Robson. Ele escreveu um documentário, que além de contar parte da história do distrito, revelou depoimentos e provas contra malfeitores e criminosos que se aproveitaram por muitos anos da população. Infelizmente, esse amigo não está mais entre nós. Porém, a sobrinha, que herdou o talento e a ousadia de Tremblay está presente para receber a honraria em seu nome. Sem mais delonga, convido Maria Lúcia Brandão ao palco. _ O grupo aplaude o breve discurso do diretor.
Recebo das mãos de Wilfred, o mais antigo funcionário do Gazeta, uma placa em acrílico em forma de pergaminho com inscrições que somente mais tarde terei condições de examinar.
Minhas mãos estremecem de emoção.
_ Senhorita Brandão, esse momento é de grande importância para nós, pois também marca o início de uma nova era no jornalismo de Robson. Nossa equipe está ansiosa em cooperar e aprender com a profissional brilhante que sabemos que é. Reconhecemos o papel fundamental que teve nas investigações do atentado à mina de Robson. Gostaríamos de agradecê-la. _ Os presentes aplaudem novamente com mais empolgação.
Busco a figura de Will entre a multidão. Sou capaz de ler em seus olhos orgulho, admiração e amor. E acima de tudo, vejo reflexos de esperança. Por muito tempo, Will viveu às margens da sociedade. Excluído, marginalizado e desacreditado. Will apenas sobrevivia dia após dia. E sabe-se lá Deus até quando aguentaria.
Um calafrio percorre meu corpo ao imaginar um mundo onde ele não exista ou uma Malu que não o conheça.
Sou grata aos céus até pelas injustiças que sofri. Por que graças à elas, vim me refugiar nas montanhas do Canadá e trombei com a fera mais doce, generosa e corajosa que alguém já ouviu falar.
Com olhos úmidos e visivelmente emocionada, agradeço com breves palavras, pois o momento marca um recomeço também para mim. Um novo capítulo está sendo escrito para todos nós...
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Nota da autora:
Olá, leitoras lindas! Saudade de vocês! Agora é pra valer. Precisamos nos despedir de Will e Malu. 🥲
Espero que tenham gostado dessa viagem romântica ao Canadá.
Já estou empolgada com a nova história!
Quem consegue adivinhar onde será nossa próxima aventura?
1. FAZENDA OUTRA VEZ?
2. ITÁLIA OUTRA VEZ?
3. UMA ILHA MISTERIOSA?
Estou louca para começar as postagens.
Assim que tiver a capa e a sinopse prontas posto aqui para vocês, ok?!
Então, não me abandonem!
Sigam-me no Instagram (escritorasarasantos) para ficarem atualizadas.
Obrigada pelo carinho de vocês!
Beijos😘😘😘
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