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Capítulo 7

Já faz duas semanas que Kathe se mudou para meu apartamento, e tenho que admitir que estou amando sua companhia. Não menti quando disse que seríamos grandes amigas. Ela é incrível e tem os melhores conselhos que uma amiga pode querer ouvir.

Aquela sorte que eu disse que estava sentindo que ia mudar... Pois bem.

Não mudou em nada, continuo sem emprego, e andando igual louca atrás de um. Menos mal agora porque Kathe me pagou o "aluguel" adiantado.

Cada dia que passa nos conhecemos melhor, dividimos sonhos e segredos... Não que eu tenha muitos.
Meu maior sonho no momento é arrumar um emprego e sair desse aperto que estou vivendo.

Pego meu notebook para procurar mais uma vez alguma vaga de emprego. Ligo ele, e aparece o rosto de dona Clara em uma foto comigo.
Passo a mão na tela do computador e sorrio. Como essa mulher me faz falta!

Vou na galeria de fotos e abro uma das nossas poucas fotos com meu pai junto. Ele era lindo! Moreno, alto, dos olhos castanhos e cabelo preto. Minha mãe ficava tão pequena perto dele.
Foi para ela que puxei a cor dos cabelos loiros e a pele branca.

Mamãe morava no Brasil e veio para Nova York atrás de um futuro melhor. Seus pais já eram falecidos, ela não tinha irmãos, então não tinha quem a prendia no Brasil.

Me lembro como se fosse hoje, quando ela antes de me por para dormir, me contava quando conheceu o lindo e galanteador Patrick. Ele era pedreiro e ela garçonete, mas foi amor à primeira vista. Enfrentaram muitas dificuldades financeiras, mas o amor um pelo outro compensava as dificuldades.

Ele faleceu em um acidente no trabalho 3 anos após o casamento, ela usou o dinheiro da indenização para comprar nosso apartamento.

Mas a dor da sua perna ela nunca superou e nunca se envolveu com outro homem. Papai foi seu primeiro e único amor. Eu estava com 2 anos na época da sua morte, não me lembro o que é sentir amor e carinho de pai. Mas sei que ele me amava!
Dona Clara fez isso por ela e por ele, ela demonstrou todo seu amor por mim até o fim de sua vida.

Fico pensando por um segundo e, começo a pesquisar sobre a vida do senhor Clark.

— Não sei de onde veio essa ideia absurda. — Murmuro baixinho.

Escrevo seu nome no Google e clico em pesquisar. Fico surpresa com tantas informações sobre ele na internet. Provavelmente boa parte é mentira.

A família dele tem uma rede de hotéis espalhadas pelo mundo, ele tem um irmão, mais novo, chamado Philip Clark, e minha nossa... UAU. É tão lindo quanto o irmão. Os dois são quase a cópia exata um do outro, tem poucas diferenças, Philip é um pouco mais baixo com impressionantes olhos azuis, e cabelos castanho escuro, mas tem um sorriso de tirar o fôlego. Matheus é o presidente das empresas Clark, e o irmão o vice.

— Como eu pensei, podre de rico.

Vejo uma das notícias mais antigas que fala sobre a morte de sua esposa.  Ela morreu em um acidente de carro a 2 anos atrás. Fico com pena dele. Deve ser amargurado daquele jeito pela sua perda, é até compreensivo.
Tem umas fotos dele com sua falecida esposa em eventos sociais. Ela era linda, corpo esguio, olhos verdes e cabelos loiros. Ela se chamava Penélope Frank. Mas não encontrei foto alguma de sua filha, provavelmente ele gosta de preservar a imagem da filha.

Me deparo com uma fotos que ele tirou para uma propaganda da imprensa e penso: “MEU DEUS QUE HOMEM É ESSE?”

Ele está simplesmente lindo, com terno preto, a camisa branca e gravata borboleta preta. Seu olhar é tão intenso, que mesmo sendo uma foto parece que ele está me vendo babando nele. Tenho uma sensação estranha e fico encarando aquela foto mas que o necessário.

Me assusto com o barulho de meu telefone tocando. Dou um pulo e fecho o notebook com força e vou atender o celular.

— Oi Kathe.

— Olá Alice. Poderia me fazer um grande favor?

— Claro. Diga o que deseja e te será concedido.

Brinco com ela, e escuto a gargalhada do outro lado da linha.

— Bom tenho vários desejos, mas vou deixar para outra hora. Agora só preciso que você me traga uns documentos que esqueci no quarto. O chefe está precisando deles urgentemente.

— Espera aí, que vou ver se acho.
— Está em cima da cama.

Corro para seu quanto e abro a porta, tem uma pasta marrom e uma preta em cima da cama.

— É a pasta marrom ou a preta? — Pergunto.

— A marrom. Eu mesmo iria buscar mas, o chefe trouxe a filha para o serviço hoje. Pelo jeito mais uma babá se demitiu. — Kathe suspira alto.

No fundo eu estava achando aquilo ótimo, não que eu seja vingativa. Será que a criança é tão desagradável assim? 

— Já peguei sua pasta, chego aí em 30 minutos.

— Obrigada Ali. Você me salvou! —  Ela agradece.

— Obrigada nada... Quero lasanha hoje a noite como pagamento. E não revira os olhos para mim mocinha.
Sorrio com a brincadeira.

— Como sabe que fiz isso? Está com poder de adivinhação agora é?

— Tenho meus truques na manga.

— O chefe está saindo agora para uma reunião, vou ter que ficar com a Sophia. Vou estar te esperando com a pasta.

— Já estou saindo.

Desligo o celular e agradeço mentalmente por não ter que me encontrar com o troglodita novamente

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